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Capítulo 84 – Carol: Que comece o segundo dia

Chegamos ao hotel e antes de cada uma ir para a sua suíte, nós madrinhas, nos reunimos no hall para decidirmos sobre a nossa vestimenta, já que os nossos tradutores, quando nós questionamos como deveriam ser, eles nos disseram que deveria ser tradicional e com poucas joias e simples, porém com algum brilho.

Desperto cansada, mas feliz, foi um descanso rápido, pois queria me arrumar mais calmamente, e encontro todos em uma sala ao lado do hall, estavam servindo lassi e chai para todos, eu pego um lassi estamos animados conversando sobre o primeiro dia do shádi.

Samara é a única queixosa por conta da demora, na visão dela, ela não entendeu quase nada, o máximo que fizemos foi rir, para não dar continuidade ao assunto, falamos do quanto o Eros estava bonito e concentrado em cada palavra e conselho que estavam dando a ele. Weenny também estava lindíssima como sempre.

Nossos tradutores chegaram e nos organizamos para irmos para o segundo dia do shádi.

Entramos no micro-ônibus e perguntamos onde seria a próxima cerimônia, nossos tradutores disseram que no forte ali perto, eu creio que seja o que dá para ver em qualquer ponto da cidade, ele é lindo e imponente.

Vamos todos conversando animadamente pelo caminho, quando estamos chegando mais próximos, Tia e Amitabh chamam a nossa atenção para algumas orientações.

Pois assim que chegamos vemos os pais da Weenny recebendo os convidados, então saímos do micro-ônibus. E nos posicionamos como somos orientados, homens de um lado da entrada e nós mulheres de outro.

Cada convidado que entra, cumprimentamos com namastê e alguns de nós arrisca outras palavras de saudação em hindi.

Estamos muito felizes com esse novo dia do shádi, e ansiosos.

Começamos a ouvir a marcha e logo observamos ao longe o palanquim da Weenny adentrando pela entrada do palácio junto com as sete sombras e a marcha logo atrás dela. E quanto mais eles se aproximam a marcha vai diminuindo. Eles não param de tocar, mas o ritmo diminuem um pouco quando o palanquim para em nossa frente, vemos que Weenny olha pela abertura, uma das sete ajuda ela a descer, ela está belíssima, parece que nasceu nesse lugar, melhor, que sempre pertenceu àquele lugar, e cochichamos isso entre nós, ela nos olha com carinho e nos cumprimenta com todo amor que tem, mas mantém uma distância de nós. Ah esses protocolos têm hora que desanima.

Subimos atrás dela e os músicos atrás de nós. Ela diminui os passos até parar e logo depois entendemos o porquê, tem um belo desenho feito com uma espécie de areia colorida, no chão, eu lembro de uma das aulas com o Guru, aquilo é um rangoli, é de uma beleza única.

Weenny fala algo em hindi e logo ouvimos a voz do Eros, atrás de nós, não sabemos o que ele disse, mas ela responde ele em português dizendo que estava se referindo ao rangoli.

Eros está cada dia mais romântico e bonito nesse shádi, mas isso é uma opinião unânime entre nós madrinhas, ele educado e simpático, como sempre, cumprimenta a todos com o famoso Namastê.

Seguimos com Eros e Weenny para o interior do palácio que por um momento mais uma vez durante esse shádi, me tira o fôlego, pela beleza de cada detalhe dessa decoração, em uma coisa posso admitir, os indianos sabem mesmo dar uma festa. A cada momento me surpreendo mais. O padrão de sempre o lugar dos imperadores separados e dessa vez vemos um lugar com seis cadeiras, pelo jeito ali é o lugar dos noivos e acredito que seus pais, acho que nesse momento falo por todos, será que em algum momento desse casamento veremos os pais do Eros? A questão e curiosidade permanecerá até o fim.

Todo o salão está decorado com dourado sendo predominantemente dourado, com alguns detalhes florais.

De repente Eros nos diz que espera que não nos sintamos incomodados com a posição em que nossas mesas ficaram. Que nesse caso estão na área externa, ele nos diz que foi uma opção dos cerimonialistas para que os convidados se sintam mais acolhidos.

Porém a maioria de nós nem prestou atenção ao que foi dito que estão distraídos com a beleza do local.

Ricardo se manifesta referente ao assunto e diz que já imaginava que seria por esse motivo até pela quantidade de convidados e que essa estratégia até porque somos padrinhos daria muito certo. E todos nós concordamos com o raciocínio do Ricardo.

E pensando bem, até para nós será muito bom, ficaremos um pouco mais relaxados.

Gi aponta para o mandap e diz o que lugar que os deuses vão ficar é a coisa mais linda, e automaticamente Tia pergunta quem, e Iara explica que é assim que são chamados Eros e Weenny entre nós, e ainda pergunta se é ali que eles ficarão, e Tia explica que sim, e nos diz que em todas as cerimônias veremos está estrutura, e de certa forma com isso fica muito mais fácil de todos verem ele e cumprimentarem.

Continuamos olhando ao redor e me dá a sensação de estar mergulhada em um jardim, milimetricamente pensado, como se fosse uma pintura, com muitas flores, uma mais linda que a outras. Em às vezes delicados, outras em mais suntuosos arranjos, tudo é muito claro, isso traz uma sensação de conforto, lar sabe, alegria e tranquilidade, tudo além do dourado sendo sua maioria, mas branco e bege. Olha, preciso pegar o contato dessa pessoa que pensou pessoas decoração, quero um casamento, belissimamente decorado, não nessas proposições, porque não faz o meu estilo, apesar de estar de tirar o fôlego.

Ouvimos ao longe uma música romântica e bem suave. E vemos que os músicos já estão nos seus devidos lugares.

Amitabh e Tia pede para acompanha-los e ele nos levam ao nosso lugar. Olho rapidinho para trás e vejo Eros e Weenny indo em direção a mesa deles, cada vez que olho para eles meu coração enche mais e mais de alegria por ver a minha irmã feliz como ela sempre mereceu.

Assim que sentamos logo somos servidos, já estamos nos acostumando com a comida Indiana, e está tudo deliciosos.

Estamos conversando animadamente sobre a nossa saudade do Brasil, do clima e de namorar também. Samara é a que mais está desesperada de saudades do Enzo. Isso nos faz rir, estamos misturados porém os casais separados.

Estamos distraídos quando vemos a aproximação da Weenny, e ela senta na mesa dos padrinhos que está um pouco mais a frente, mas a uma distância perto suficiente para ouvir a conversa.

Claudio diz que está morrendo de vontade de abraça-la e que ela está linda como sempre, e que por onde passamos por esse salão só ouvimos elogios a eles, por conta da escolha dos hotéis, e agora pela beleza do local e a comida deliciosa.

Dani a abraça e diz que ela pode e pra ele morrer de inveja, impossível não rir da cara que ele faz. Dani concorda com ele e diz que os convidados estão maravilhados com a culinária que está sendo servida hoje.

Weenny diz que isso deixa ela feliz e que ainda vamos experimentar muita coisa diferente, com isso Rafael está fascinado pelo doce que nos foi servido a pouco, ele já está indo para o segundo, e Weenny diz que se chama Ladoo.

Gi aproveita que Rafa vai pegar mais um e pede outro para ela lassi pra ela, como ela não sabe o nome diz que é um suco, Weenny então diz que o nome daquela bebida é Lassi, e naquele caso é de hortelã, e realmente está refrescante e delicioso, como lassi é uma bebida a base de iogurte gelado, com esse toque de hortelã, ficou bom demais.

Weenny recomenda experimentar onde manga também, May e Maria José não perdem tempo e logo vão experimentar a sugestão, e nesse meio tempo Mi, Ricardo, Marília e Enzo aproveitam e puxam a Weenny e Eros para uma foto no mandap.

Ah mas é claro que todos nós vamos aproveitar essa oportunidade, sabe se lá quando o protocolo desse casamento vai nos permitir de novo um registro.

Voltamos para a nossa mesa e durante o caminho vamos cumprimentando alguns convidados.

Nesse momento Amitabh, Tia e os outros tradutores nos chamam a atenção para o próximo compromisso e convida a todos, nos padrinhos, convidados e imprensa, para que terminemos as refeições para nós encaminharmos para o hotel, para um breve descanso e nos arrumar para o Muharat e Griha Shanti.

Terminamos de comer rapidamente e vamos para o micro-ônibus em silêncio, bom falo por mim, estou cansada de tanto que comi, é tanta variedade de coisas que tiveram, que experimentei de tudo. Então bate aquela tristeza básica depois de comer sabe. Assim que entramos, Amitabh começa a falar, ele nos explica o que devemos saber sobre a próxima cerimônia, me esforço o dobro para prestar atenção. Ele diz que teremos que fazer e continuaremos a caminhar separados para entrar no local, sentaremos divididos mas ao mesmo tempo lado a lado, e devemos manter o silêncio e respeito. Essa cerimônia será dirigida pelo Brâmane e o Pandith. Eles serão os sacerdotes responsáveis por fazer o mapa astrológico dos noivos, farão a previsão de futuro do união entre eles, e qual o melhor horário, como eles dizem o horário "auspicioso" para a conclusão do casamento, e dizem que não é para nós não nos preocuparmos pois eles irão traduzir tudo que for dito. E não deixando a gente esquecer que a noiva não participará dessa cerimônia.

Marília expressa nossos pensamentos perguntado o porquê ela não poderá participar novamente.

Amitabh nos pergunta se lembramos do Sagai, que nele a Dulhana também não participou, porque o casamento indiano é uma aliança de acordo entre as famílias, as duas famílias expressam seu desejo de compromisso, mas antes que isso se formalize é necessário que ambas as famílias e o futuro noivo se encontre na presença do Pandith para que vejam o resultado do estudo e saibam se combinam e se podem ser felizes juntos, ou se a noiva é amaldiçoada para o amor.

Rafa questiona sobre ao amaldiçoada para o amor, e diz que lembra de ter aprendido nas nossas aulas com o Guru.

Ricardo questiona também se só as noivas podem ser amaldiçoada e Amitabh diz que não, que tanto homens quanto mulheres nascem assim, e esses são chamados de manglik, e segundo suas tradições, a pessoa que se casa com um manglik pode ter sua vida destruída, porque eles trazem na sorte que vai desde brigas, discórdia, divórcio e até a morte.

Maria José fica horrorizada, e melissa acha isso injusto, e nesse momento nossas diferenças culturais se manifestam.

Dani pergunta como sabemos se somos manglik, e Tia responde dizendo que isso só é possível por estudo astrológico, e tem como se resolver, essa na sorte fica com o primeiro marido. E nessa hora o ponto de interrogação acende na minha mente e eu pergunto se os indianos não se casam uma vez.

Tia nos diz que somente em caso de manglik são feito dois casamentos, e nesse caso o primeiro serve para passar a maldição que está na mulher ou no homem para uma árvore ou um animal e logo depois que o casamento for concluído a árvore deve ser cortada ou no caso do animal deve ser morto, e assim eles acreditam que a maldição foi anulada, deixando para ser feliz no segundo casamento.

Mesmo diante de toda essa explicação Gi pergunta por que a noiva não pode ir. E Amitabh diz que ela tem que obedecer e aceita a escolha de seu país, ele estará lá para representá-la.

Maria José inconformada com tudo que escutou se questiona o porquê na Índia tudo é tão difícil e porque as mulheres não podem nem ver com quem vai se casar, e como ela ia saber se gosta daquele homem.

Tia diz que Amitabh explicou só uma parte disso, o pai da noiva representa a vontade dela, e vai escolher um homem para a sua filha, com todo cuidado que se deve ter, e ela faz um questionamento bem pertinente e que me fez pensar algo que nunca passou pela minha cabeça.

Ela diz que "que pai vai querer que sua filha sofra?". E isso me traz um estalo gigante, porque é muito mais fácil julgar e condenar, porém não vemos a situação a fundo, e nem todos os lados, lógico que tem suas exceções.

E agora Tia fala sobre o amor e o relacionamento comparando com uma panela com água, que nos ocidentais já começamos fervendo, com tudo a flor da pele, porém com o tempo muitas vezes vai se esfriando, diferente dos hindus, que vai com o tempo, como a água que começa fria e aos poucos começa a esquentar até o ponto de fervura, claro que exige esforço de ambos os lados para construir o amor. Amor cada vez maior e com isso mais forte, e é por conta dessa filosofia que a taxa de divórcio no país é muito pequena. E isso realmente faz sentido. Então Tia conclui dizendo que Weenny e Eros são especiais e todos nós podemos ver que há muito amor entre eles, porém mesmo assim é auspicioso que está cerimônia aconteça, a Weenny faz questão que seu pai esteja lá para representar o seu deseja na confirmação desta aliança. E ela nos pede para abrir os nossa mente para tupi de shádi e veremos como é precioso e único.

Nós concordamos pensativos e felizes com tudo que ouvimos de certa forma, e Mi aproveita para perguntar o que devemos usar.

Tia explica que devemos mudar roupas típicas, com joias simples e até com um pouco de brilho, porque é uma cerimônia de dia, se precisarmos de ajuda podemos chamar, mas ela diz para não esquecermos que temos uma certa importância e que devemos chegar antes.

Chegamos ao hotel e cada um dos padrinhos corre para a sua suíte e nos madrinhas decidimos nos reunir para ver se devemos todas usar a mesma cor. Depois de algumas discussões, chegamos à conclusão que não seria legal, já que a Weenny não estará presente. Então vamos apressadas para as nossas suítes escolher a nossa roupa, então tomo um banho rápido, e escolho um sari, azul Tiffany com detalhes e bordados em dourado, prendo o cabelo em um rabo de cavalo baixo, faço uma make bem leve e coloco um colar dourado com pequenas pedrinhas, ele brilha mas não tanto, coloco o brinco que é conjunto do colar.

Me olho no espelho e me acho cada dia mais linda. Amo essas roupas, a elegância que ela traz a mulher sem mostrar demais.

Saio encontro o pessoal no saguão em torno de meia hora, e logo partimos para o local, o percurso é bem curto e muito rápido, já estamos nos acostumando com a paisagem local, estranhamente estou começando a me sentir em casa. É doido isso?

Quando paramos percebemos que estamos em um lugar imponente e enorme, e Amitabh diz que esse e o Forte, e as cerimônia serão feitas aqui.

Descemos e já nos colocamos no lugar para receber os convidados, ficamos um pouco desconfortáveis pois ficamos sabendo que ali é a morada de marajás, Mi para quebrar um pouco o clima pergunta onde estão os pais da Weenny, e Tia diz que eles saíram antes de nós do hotel, então já devem ter chegado e já estão prontos para receber os convidados.

E falando neles, já estão chegando e são recebidos por nós, vemos que os últimos convidados estão chegando e logo atrás deles estão os bailarinos dançando e comemorando muito.

Vamos atrás dos últimos convidados e chegamos até o hall principal, tão imponente e elegante quanto sua entrada, vamos reparando em sua suntuosidade, logo estamos passando por duas enormes portas que nos leva para um salão lindamente decorado com dourado e um enorme lustre, aparadores de ouro, também tem funcionários nos recepcionando, seguimos o caminho e logo vemos uma sala de estar com finas poltronas e mesas com doces e bolos e doces, várias e longas cortinas e tapetes indianos, e continuamos seguindo até uma sala que parece de descanso, como tudo nesse casamento é requintado tudo em tons de bege rosado, os tapetes aqui estão diferentes, o centro está livre e os tapetes ao redor da sala, e algumas mesas pequenas com grandes almofadas, mas não paramos por aí, continuamos até o salão principal, amplo e luxuoso que tem um enorme tapete branco e ao seu redor ao longo do caminho, lindas cadeiras estofadas, formando o caminho que Eros, os pais da Weenny e os sacerdotes passarão, no final está um suntuoso mandap decorado com flores de seda brancas.

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