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Capítulo 46 de 5 – Você que sabe

Quando ela disse isso, apenas a encarei e respondi:

— Faça o que quiser, mas mantenha-se longe de mim.

— Sim — respondeu com um sorriso, aceitando a condição imposta.

Ela estava visivelmente abalada momentos atrás, porém, reuniu forças para me acompanhar novamente. Eu sabia que, mais cedo ou mais tarde, ela atingiria o seu limite.

Virei as costas e iniciei minha saída do quarto, deixando uma atmosfera carregada de emoções não resolvidas para trás.

— Aonde vais?

— Não te interessa.

Saí do quarto e comecei a correr, como era de se esperar, Ui veio atrás de mim. Desta vez, optei por ignorá-la, pois estava convencido de que dialogar com ela era uma perda de tempo. Continuava minha corrida, deixando para trás qualquer tentativa de interação.

— Izumi. Vamos a onde?

— …

— Izumi?

— …

— Me responde, Izumi.

— …

— Por favor, Izumi!

A situação estava se tornando cada vez mais irritante. Decidi ativar meu "speed Iz" e desapareci de sua vista, seguindo em direção ao campo de treinamento. Tinha certeza de que ela não me encontraria tão facilmente.

Chegando ao campo, dei início à minha rotina de exercícios. Meus aquecimentos eram simples, consistiam em cinco mil flexões, abdominais e agachamentos, seguidos por uma corrida de 100 quilômetros. Com a ajuda do meu "speed Iz", sabia que não demoraria muito para completar tudo, e desde que aprendi o "super speed Iz", tudo ficou ainda mais rápido.

Após concluir as cinco mil flexões, percebi alguém se aproximando. Eu sabia que, mais cedo ou mais tarde, ela me encontraria, mas imaginei que isso aconteceria apenas no final do meu treinamento. Agora, o breve momento de paz que eu tinha desfrutado chegara ao fim.

— Izumi, te encontrei. O que estas fazendo?

— ...

— Izumi fala comigo!

Comecei a realizar meus abdominais, decidindo ignorá-la. No entanto, quando se tratava de Ui, estava certo de que ela não hesitaria em fazer algo ousado. Enquanto completava meus 107 abdominais, percebi que ela se sentou, indicando que ela tinha algo em mente.

— O que estas fazendo?

— Estou te ajudando.

— Saia!

— Não.

— Saia! — falei enquanto soltava minha intenção assassina.

Ela estava claramente perturbada, visivelmente arrepiada e tremendo. Percebi que, mesmo que isso a afetasse, ela estava determinada a continuar com seu comportamento.

— Não importa o quanto esfregue. Isso não vai subir.

— Ah! Me desculpe, não era minha intenção — respondeu, ficando vermelha enquanto saía de cima.

Continuei a realizar meus abdominais e comecei a suspeitar que essa mulher talvez encontrasse prazer quando eu a tratava mal. Era difícil de acreditar que alguém considerado normal gostaria de estar perto de mim. Essa dinâmica complexa entre nós estava longe de ser compreendida.

— Vou te ajudar.

— Quê? O que você está fazendo?

— Te ajudando.

— Solte o meu pé.

— Não.

Que mulher irritante! Sempre me fazia sentir o impulso de eliminá-la, mas por alguma razão, nunca conseguia seguir adiante com isso. Lidar com um inimigo natural como ela não era algo que eu deveria manter, mas talvez eu tenha me tornado mais complacente ao longo do tempo.

Visto que ela não me escutava e eu não conseguia infligir nenhum mal a ela, decidi encerrar essa situação o mais rápido possível.

— Super Speed Brute Force Iz.

Continuei com determinação, e à medida que prosseguia, as veias começaram a se destacar em meu corpo. No entanto, eu estava decidido a encerrar essa série de exercícios o mais rápido possível. Cheguei a dois mil, mantendo o ritmo implacável.

— Izumi, és muito rápido.

Três mil.

— Seu corpo fica todo zoado em alta velocidade.

Quatro mil.

Faltava apenas mais um pouco para esse pesadelo de exercícios terminar. Minha determinação era firme, e eu estava determinado a completar a tarefa.

— Izumi, és o melhor!

Cinco mil. Finalmente, terminei e me levantei, completamente exausto. Ativei o "Cure Iz" para me recuperar. Sempre que ela me chamava de "melhor", uma sensação estranha percorria meu corpo, algo que eu dificilmente conseguia controlar. 

Talvez, de alguma forma, meu corpo estivesse começando a aceitar a presença dessa mulher, mas minha mente permanecia inabalável em sua resistência.

Iniciei a série de agachamentos enquanto me recuperava, mesmo sabendo que isso afetaria meu desempenho. No entanto, eu estava determinado a concluir logo essa parte do treinamento.

— Vou fazer contigo.

Assim, Ui começou a fazer os agachamentos ao meu lado. Contanto que ela não abrisse a boca e não tentasse me tocar, eu conseguia tolerar sua presença. Era um pequeno passo em direção a uma convivência mais pacífica.

— 885, 886, 887, 888, 889, 890. Chega, não aguento mais — disse ela enquanto caía no chão sem fôlego.

Passar tempo com Ui estava me enlouquecendo. No entanto, eu finalmente terminei as cinco mil repetições de agachamentos e sabia que ainda tinha que correr cem quilômetros, mesmo que a noite estivesse se aproximando rapidamente.

Comecei a correr, e Ui, como previsto, me seguiu. No entanto, ela desistiu nos primeiros 20 quilômetros e partiu, finalmente me deixando em paz. Terminei minha corrida e já era noite quando voltei para casa.

Ao entrar, vi Ui dormindo na minha cama. Eu poderia simplesmente tê-la expulsado, mas tinha a certeza de que ela não iria embora tão facilmente. Deixei-a lá, afinal, fazia anos que eu não usava a cama para dormir.

Fui até o banheiro e percebi que ele havia sido usado. Ela ousou tomar banho no meu banheiro? Ela realmente pensa que isso é uma casa de tolerância?

Tomei um banho e vesti roupas mais casuais, algo menos apertado que o meu traje de treinamento. Minha camiseta era amarela, a calça branca, e na camiseta estava escrito "Morte aos fracos" em letras vermelhas de sangue.

Eu estava pronto para ir ao mercado negro, onde o submundo da sociedade se reunia.

— Izumi, Vais a algum lugar? — disse Ui sonolenta.

— Não te interessa.

— Vou com você.

Eu poderia negar e deixá-la para trás, mas uma ideia intrigante cruzou minha mente. Se ela fosse comigo, teria a chance de perceber que eu estava envolvido com atividades perigosas e que aquele lugar era um antro onde as pessoas podiam morrer se não tivessem cuidado. 

Talvez alguém a visse como uma ameaça e tomasse medidas. A perspectiva era intrigante. Decidi levá-la comigo.

— Você que sabe.