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Capítulo 45 de 4 – Izumi, eu não vou desistir de você nunca!

Com essa ideia fervilhando em minha mente, uma estratégia mais clara se revelou: o servo, que age como o guardião de Ui, não aceitaria qualquer pessoa como companhia para ela. 

Meu plano era simples. Caminhar ao lado do servo pela cidade, deixando-o ciente de que não era a pessoa adequada para Ui.

Antecipava o momento de me livrar daquele incômodo indesejado. Enquanto caminhávamos, chegamos a um local movimentado, repleto de vendedores ambulantes oferecendo seus tentadores produtos culinários. 

À medida que passávamos, as pessoas se afastavam do nosso caminho, evitando olhar diretamente para mim. Ainda assim, os sussurros inaudíveis ecoavam entre a multidão, revelando a curiosidade e especulações sobre a nossa presença.

— Por que eles se afastaram quando te viram?

— Eles recuaram ao me ver porque minha reputação é de alguém perigoso, alguém que as pessoas preferem manter distância.

— Ah, agora compreendo.

Bingo, acredito que o servo tenha começado a perceber que não sou exatamente a pessoa mais recomendável para estar ao lado de Ui. 

A cena que acabamos de vivenciar, quando nos afastamos das pessoas na rua movimentada, deixou claro que minha presença não passava despercebida, e as especulações sobre mim corriam soltas entre os transeuntes.

Além disso, o servo testemunhou aquele momento em que quase matei aquela formiga. Esse episódio, por mais insignificante que parecia, podia ter deixado uma impressão duradoura sobre minha natureza, sugerindo que eu não era uma pessoa com quem Ui deveria se envolver. 

Assim, os indícios se acumulavam, e o servo podia estar se tornando um obstáculo cada vez mais eficaz para manter distância entre nós.

— Izumi! — Max chamou, sua voz ecoando pelo ambiente.

— O que você quer? — Respondi, com um tom de desinteresse.

— Boa tarde, senhor Mito — cumprimentou Max, mantendo sua postura tranquila.

— Sim, boa tarde — retribuiu o cumprimento, sem tirar os olhos de Max, que havia surgido de maneira sorrateira diante de nós.

— Izumi, ouvi dizer que você quase tirou a vida de alguém.

— É incrível como informações se espalham rapidamente, até mesmo entre aqueles insignificantes como formigas — respondi, com um ar de indiferença.

— Fiquei surpreso que a pessoa ainda esteja viva.

— Bem, tive uma ideia melhor.

Continuei a caminhar, aproximando-me cada vez mais, enquanto Max permanecia parado, observando-me de longe. Ao chegar perto do meu quarto, percebi que a porta estava completamente arrebentada.

— Quem fez isso?

O mistério pairava no ar, pois eu não tinha a menor pista da identidade da pessoa que invadira meu espaço, mas sua presença, fosse quem fosse, acendeu um vulcão de ira dentro de mim. Num átimo, entrei na casa, os músculos tensos, pronto para confrontar o intruso. 

No entanto, minha busca revelou um cenário deserto, sem qualquer sinal da pessoa responsável pela intrusão. 

O silêncio reinava, e o ar estava desprovido de qualquer odor estranho. Contudo, uma convicção implacável me consumiu; o único aroma que pairava naquele recinto era uma fusão de dois: o meu próprio e a persistente dor de cabeça que me atormentava.

Não obstante a incerteza sobre a identidade do intruso, o ato de invadir minha morada, uma casa que continha preciosas memórias de minha mãe, fez com que minha ira se inflamasse a tal ponto que não importava mais quem aquela pessoa fosse. O dano estava feito, e eu não estava disposto a aceitar desculpas ou a oferecer perdão.

Decidi retornar à porta, e então, os aromas familiares começaram a penetrar minha consciência. O inconfundível cheiro de Ui, o característico aroma de Max, o peculiar odor dos peitos caídos e a sutil presença do servo escondido nas proximidades tornaram-se evidentes. 

Suas intenções permaneciam um mistério, mas estava claro que qualquer plano que tramavam não teria sucesso contra minha determinação inabalável. Se buscavam a morte, então a morte seria a única resposta que encontrariam.

Caminhei serenamente até a porta, pronto para enfrentar qualquer desafio que viesse em meu caminho. 

— Parabéns, Izumi! Pela derrota do primeiro Destemido!

— Quê?!

Fui pego completamente de surpresa, mesmo que estivesse mentalmente preparado para qualquer situação. A ideia de que ela tomaria tal atitude simplesmente não havia cruzado minha mente. 

Neste momento, não tenho como avaliar a expressão em meu rosto, mas essa sensação de espanto imprevisto me transportou de volta à lembrança do meu aniversário de cinco anos. Curiosamente, aquele dia permanecia como o mais feliz da minha vida até hoje.

— Agora, comemore o momento soprando as velas do bolo, Izumi.

— Sim, Izumi, você merece esse reconhecimento.

— Por que eu também tive que estar presente nisso?

— Idalme! 

— Desculpa.

Ui, eu estava pronto para agir, mas agora me encontro perdido, sem saber como proceder. O que diabos está acontecendo com essa mulher? Ela sempre conseguia bagunçar meus pensamentos e me fazer questionar minhas próprias intenções. Eu simplesmente não entendia você. 

Sou considerado uma aberração aos olhos de todos, mas esse sorriso radiante que você exibia agora estava me perturbando profundamente. Por favor, pare! Esse sorriso me afetava de maneira desconfortável e perturbadora.

— Sopre as velas, Izumi.

Eu não sei como responder a isso, não conseguia retribuir gentilezas. Essa habilidade me escapava por completo. A angústia se tornou insuportável, e acabei virando as costas, dizendo:

— Vão embora e me deixem em paz.

— Falei que essa abordagem não estava de acordo com a sua personalidade.

— Idalme, sem mais comentários.

— Desculpa.

Como de costume, Ui fez ouvidos moucos ao meu protesto e simplesmente invadiu meu quarto mais uma vez, sem sequer pedir permissão.

— Entrem!

— Eles não vão entrar — quando falei, deixei transparecer minha intenção assassina.

— Está bem, Izumi, vamos deixar o casal aproveitar o momento juntos. Vamos — disse Max.

Eles finalmente partiram. Olhei para Ui, visivelmente constrangida, lançando olhares furtivos em minha direção repetidamente. A confusão começou a tomar conta de mim. Eu não entendia o que estava acontecendo aqui. 

Espere um momento, eu pedi para todos não entrarem, mas ela pôde entrar à vontade.

Caramba, eu realmente estraguei tudo. Agora ela podia pensar que estava interessado. Precisava resolver esse mal-entendido o mais rápido possível.

— E você, já pode ir embora.

— Não, eu vou dormir aqui.

— Você sabe que não pode.

— Eu não vou sair.

— É. Quando eu voltar, espero não te ver aqui.

— Não vais comer o bolo?

— Eu já disse que não preciso comer.

— Mas só um pedaço não vai te matar.

— Me deixe em paz. Você não entende isso?

— Eu não entendo! Eu sempre tento te agradar, mas você sempre tenta me afastar. Eu não entendo você!

— Não precisa entender. Somente fique longe de mim.

— Aquela noite não significou nada para você.

— Nada.

Ui virou-se de costas e começou a mexer no rosto, indicando claramente que minhas palavras a haviam magoado. Era evidente que minhas ações tinham causado um desconforto, sugerindo que talvez, finalmente, encontraria algum alívio em breve.

— Izumi, eu não vou desistir de você nunca! — Com um sorriso no rosto, proclamou, fixando seu olhar em mim.

Parecia que esse capítulo poderia ser o fim da história, mas estava claro que essa mulher estava profundamente obcecada por mim. 

Eu compreendia bem essa sensação, afinal, eu próprio carregava uma obsessão em exterminar todos os demônios. Sabia que ela não abandonaria essa obsessão da noite para o dia, mas isso não me preocupava. Eventualmente, ela desistiria de perseguir um monstro como eu.