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Primeiro Dia Do Cerco

Da mesma forma que chegaram, começaram o cerco, como se estivessem descosturando um enorme tapete verde, que se tornava vermelho conforme se aproximavam das muralhas de Gastros.

Enquanto isso, Mickey II estava se aproveitando para anexar as pequenas facções, sob o pretexto de juntar forças para defender a cidade. Com quatro horas passadas e todas as facções insignificantes anexadas, restavam apenas a Horda dos Homens-Rato de seu pai, a Guarda Patriótica de Kidonia, da qual ele fazia parte, e a Prefeitura de Gastros. Formava-se, assim, um triunvirato improvável que se uniu temporariamente para não ser afogado pelo mar visivelmente infinito de goblins.

O ar tinha um cheiro adocicado, lembrando algodão-doce com toques de ferro, graças à quantidade absurda de sangue dos inimigos e aliados, e ao cheiro de doces infantis que a pólvora rúnica exalava.

O moedor de carne não parava; já haviam se passado oito horas de combates intensos, com tripas, cérebros e fezes por toda parte.

A horda continuava avançando, como se não temessem a morte, usando os corpos de seus camaradas mortalmente feridos como escadas e escudos. Eles gritavam palavras na língua primitiva deles, que faziam seus olhos avermelharem e suas veias saltarem de seus corpos, com seus músculos inchando e dobrando de tamanho. "At' accat!"

Enquanto eles avançavam em frenesi gritando essa palavra, no fim de suas fileiras, feiticeiros batucavam grandes tambores feitos com pele humana, levando os goblins a esse transe infinito de batalha.

O que os humanos e seus camaradas não sabiam era que o que os goblins falavam e repetiam era uma palavra de poder da língua ancestral dos dragões de fogo. Quando um dragão a usava, aumentava seu poder em dez vezes; quando outra raça a usava sem as qualificações devidas, seu poder dobraria, mas sua vida se esvairia junto, trocando poder temporário por tempo de vida.

As estimativas do lado humano eram de cinco mil baixas, com as tropas de todas as facções se esvaindo rapidamente, devido ao despreparo e à moral não tão alta.

Com exceção das tropas de Kiros, que, sendo bem treinadas e tendo veteranos em suas fileiras, estavam lutando com uma coordenação invejável, mesmo sob a pressão de javelins e pedras voando em suas direções.

Em alguns momentos, os goblins conseguiram pisar em cima da muralha, sendo expulsos pelas forças de reserva estacionadas por Wolferos para esses tipos de situações.

Depois de dezoito horas seguidas de cerco e com corpos espalhados por toda a extensão da muralha, uma trombeta soou, fazendo os goblins recuarem ainda mais rápido do que estavam atacando, surpreendendo os exaustos defensores, que deram um grito de vitória com suas forças restantes. "Vitória!! Gastros vive!!"