Quando Darius retornou ao vilarejo, havia uma inquietação no ar. Os aldeões andavam apressados, murmurando entre si, e o som de martelos e ferramentas ecoava pela praça. À primeira vista, tudo parecia normal, mas ele logo percebeu que algo estava errado. Thalia e Kael estavam no centro da agitação, orientando grupos de aldeões a fortificarem as cercas e a fecharem o mercado. A tensão no olhar de ambos era evidente.
Assim que Darius se aproximou, Thalia veio até ele, sua expressão misturando alívio e preocupação. "Darius! Ainda bem que voltou. As notícias correm rápido, e já sabemos sobre o encontro com a Ordem da Serpente. Um mensageiro trouxe um aviso: eles vão atacar. Estamos nos preparando para o pior."
Kael, ao lado dela, tinha o rosto sério. "Morvyn não vai desistir tão facilmente. Ele é conhecido por não recuar até que consiga o que quer. E agora que sabe que você está aqui e é uma ameaça real, ele usará tudo o que puder para conquistar esta vila e tentar destruir você."
Darius assentiu, ciente do peso daquela ameaça. "Então, precisamos estar prontos. Vamos fortalecer o vilarejo, treinar os aldeões, preparar armadilhas. Não vamos permitir que eles tomem este lugar sem luta."
O dia passou em uma série de preparativos. Thalia orientou os curandeiros, garantindo que houvesse suprimentos médicos suficientes. Kael reuniu os poucos guerreiros da vila, treinando-os em técnicas defensivas e na melhor forma de lidar com as sombras. Enquanto isso, Darius ajudava a fortificar as barreiras, mantendo-se próximo da população para acalmar seus medos.
Mais tarde, quando a noite caiu, Darius subiu ao alto de uma colina ao redor do vilarejo, onde pôde observar o horizonte. A lua iluminava a paisagem e, ao longe, ele avistou o que temia: uma linha de tochas brilhando como estrelas em movimento. A Ordem da Serpente estava marchando. Eles vinham em grande número, sua formação rígida e disciplinada. À frente, ele reconheceu a figura de Morvyn, conduzindo o grupo com um sorriso sombrio no rosto.
Darius desceu rapidamente até o centro do vilarejo, reunindo Thalia, Kael e todos os guerreiros. "Eles estão vindo. Não temos muito tempo. Precisamos nos preparar agora."
Thalia segurou sua mão por um instante, encarando-o com uma determinação que o confortou. "Estamos prontos, Darius. Este vilarejo é nossa casa, e faremos o que for preciso para defendê-lo."
"Que os Guardiões antigos estejam conosco," murmurou Kael, enquanto todos assumiam suas posições.
Então, a noite ficou densa e quieta, até que o som dos passos dos soldados da Ordem ecoou, rompendo o silêncio. As sombras projetadas pelas tochas criavam figuras ameaçadoras nas casas e muros. Morvyn caminhava à frente de seu exército, como uma serpente prestes a dar o bote.
Ele ergueu a mão, e a tropa parou. "Darius! Guardião das Sombras! Você não precisa fazer isso difícil," gritou ele, com uma voz que soava quase amistosa, mas carregada de ironia. "Venha a mim e poupe este vilarejo. Sua presença aqui só trará destruição para esses inocentes."
Darius saiu das sombras, permanecendo à vista, mas a uma distância segura. "Você nunca terá o que quer, Morvyn. Este vilarejo não será sua conquista. E eu não sou uma ferramenta para você usar."
Morvyn riu, sua risada fria ecoando na noite. "Assim seja, então. Que o sangue seja derramado nesta noite em sua honra, Guardião!" Ele abaixou a mão, e seus soldados avançaram com uma força que parecia imparável.
Mas Darius e os aldeões estavam prontos. Armadilhas foram acionadas, buracos ocultos se abriram, derrubando vários soldados na lama e nos espinhos escondidos. Os aldeões, armados e preparados, atacavam com o que tinham, cada um determinado a proteger seu lar. O caos tomou conta da vila, enquanto sombras e luz se misturavam na batalha.
Darius lutava ferozmente, canalizando as sombras como nunca antes. Ele sentia o poder dos Guardiões antigos ao seu lado, e sua conexão com a escuridão lhe dava uma agilidade sobrenatural. Sempre que era cercado, ele evocava a sombra de seu próprio ser para atacar, criando ilusões que confundiam seus oponentes e os faziam lutar entre si.
Thalia e Kael também lutavam com destreza. Thalia, com sua habilidade curativa, movia-se entre os feridos, fortalecendo-os com magia e trazendo-os de volta à luta. Kael, com sua experiência em combate, estava lado a lado com Darius, mantendo a linha de defesa contra os soldados de Morvyn.
No entanto, mesmo com todas as suas estratégias e força, a Ordem era numerosa e impiedosa. Darius sabia que, se continuassem assim, poderiam ser dominados pelo número esmagador de soldados. Ele precisaria confrontar Morvyn diretamente.
Percebendo a situação, Darius gritou para Kael: "Continue mantendo a linha! Eu vou atrás de Morvyn."
Kael assentiu, mas não pôde esconder a preocupação em seu olhar. "Darius, tome cuidado. Ele é mais perigoso do que parece."
Darius atravessou o campo de batalha, desviando dos inimigos e derrubando os soldados que tentavam impedir seu caminho. Finalmente, ele alcançou Morvyn, que o aguardava com um sorriso satisfeito.
"Então, você decidiu enfrentar seu destino, Guardião?" disse Morvyn, sacando sua espada, cuja lâmina parecia absorver a luz ao redor, tornando-se negra como a noite. "Perfeito. Mostre-me o que realmente aprendeu com os Guardiões."
Darius empunhou sua própria espada, sentindo a energia das sombras pulsar dentro dele. Os dois se encararam, e, em um instante, suas espadas se encontraram em uma explosão de poder. Morvyn era habilidoso, sua técnica precisa e implacável, mas Darius sentia algo mais em seu inimigo: um ódio profundo e uma sede insaciável por poder.
"Você se apega demais à sua humanidade, Darius," disse Morvyn, enquanto ambos trocavam golpes. "A escuridão não é algo a ser temido. Ela é um caminho para o poder absoluto!"
"Você não entende," retrucou Darius, bloqueando um golpe com força. "O verdadeiro poder está no equilíbrio. A escuridão sem controle é destrutiva, e é isso que você nunca verá."
Os dois se envolveram em um combate intenso, suas espadas ecoando na noite como trovões. Darius canalizou toda sua energia, usando cada movimento que aprendera, cada técnica dominada ao longo dos meses. Mas Morvyn era forte, movendo-se com uma fúria quase sobrenatural.
Finalmente, em um golpe rápido e preciso, Darius desarmou Morvyn, fazendo sua espada negra cair ao chão. Morvyn recuou, claramente surpreso, e Darius apontou sua lâmina para ele.
"Você perdeu, Morvyn. Sua sede de poder não vai destruir este lugar," declarou Darius, a voz firme.
Morvyn deu um passo para trás, respirando pesadamente. Mas ele apenas sorriu, um sorriso distorcido e frio. "Acha que isso acabou? Essa batalha é só o começo, Guardião. A Ordem da Serpente é muito maior do que você imagina, e eu voltarei."
Antes que Darius pudesse responder, Morvyn murmurou um encantamento, e seu corpo foi envolvido em uma sombra espessa, que o fez desaparecer como uma fumaça. O campo de batalha ficou em silêncio, os soldados da Ordem recuando aos poucos e fugindo pela floresta.
Darius respirou fundo, sentindo o peso da batalha. Eles haviam vencido, mas ele sabia que a guerra contra a Ordem da Serpente estava longe de acabar.
Voltando ao vilarejo, encontrou Thalia e Kael, ambos cansados, mas aliviados pela vitória. Darius sabia que eles haviam dado um importante passo naquela noite, mas também sabia que, em breve, enfrentaria desafios ainda maiores.
Com a determinação renovada, ele ergueu a espada ao alto e declarou: "Hoje vencemos, mas precisamos nos preparar para o que virá. A Ordem não vai parar, e também não vamos. Somos Valdara, e defenderemos nosso lar até o fim."
Os aldeões vibraram em resposta, inspirados pela força e coragem de seu Guardião.