webnovel

Ecos da Vitória e Sombras Persistentes

A alvorada trouxe ao vilarejo um silêncio reverente, como se o próprio mundo reconhecesse o sacrifício e a vitória que haviam acontecido ali. Os aldeões se moviam lentamente entre as ruínas e destroços, recuperando suas forças enquanto consertavam tudo o que podiam. Cada sobrevivente carregava uma expressão de cansaço misturado com orgulho — haviam defendido suas casas, sua família, seu lar.

Darius observava tudo com uma sensação mista de vitória e responsabilidade. Ele sabia que o que enfrentaram na noite passada era apenas o começo. A Ordem da Serpente era mais poderosa e influente do que ele imaginava, e Morvyn havia fugido, levando consigo um juramento de vingança. O Guardião sabia que a sombra daquela ameaça ainda pairava sobre todos.

Caminhando entre os aldeões, Darius foi recebido com sorrisos agradecidos, apertos de mão e gestos de gratidão. Mas ele estava focado em algo além dos elogios; precisava entender as motivações por trás da obsessão da Ordem em destruir os Guardiões e capturar o poder das Sombras.

Ele se aproximou de Kael e Thalia, que estavam organizando suprimentos e preparando mantimentos para os feridos. "Precisamos de mais informações sobre a Ordem da Serpente," disse Darius, a voz grave. "Esse ataque foi um aviso, mas acredito que Morvyn tenha deixado pistas que podemos seguir."

Kael concordou, cruzando os braços enquanto olhava para os arredores. "Se existe algum lugar onde possamos encontrar mais informações, é na biblioteca da fortaleza antiga ao norte. Os registros antigos dos Guardiões foram mantidos lá. Quem sabe não encontramos algo que explique o que realmente motiva a Ordem."

Thalia, sempre perspicaz, sugeriu: "Mas você precisará de ajuda, Darius. E o vilarejo ainda precisa de proteção. Não sabemos se Morvyn voltará tão cedo, mas é certo que ele não desistiu."

Darius pensou por um momento, ponderando suas opções. A fortaleza ao norte estava em território isolado, onde as ruínas dos Guardiões antigos e os segredos que eles escondiam estavam intocados. Era um lugar perigoso, mas valioso para desvendar as raízes da Ordem. Mesmo assim, ele não podia deixar o vilarejo vulnerável.

"Kael," ele começou, a voz carregada de seriedade, "você ficará responsável pela defesa do vilarejo enquanto estou fora. Treine os aldeões, fortifique as defesas. Não quero que ninguém aqui seja pego de surpresa se a Ordem atacar novamente."

Kael assentiu. "Pode deixar. Vou fazer o que for necessário. Mas tome cuidado naquela fortaleza. As histórias sobre aquele lugar não são as mais encorajadoras."

Darius assentiu, sentindo o peso da decisão, mas determinado a seguir com o plano. No entanto, antes de partir, ele se aproximou de Thalia, percebendo que ela parecia preocupada. Ela olhava para o horizonte com uma expressão distante.

"Darius, só tenha cuidado," disse ela, com uma seriedade que raramente demonstrava. "Esse caminho pode não ter volta. Se o poder das Sombras realmente guarda segredos maiores, é possível que você descubra algo que mude tudo."

Ele tocou o ombro dela, buscando transmitir confiança. "Prometo que voltarei. E com respostas que nos ajudarão a vencer essa guerra."

Com os preparativos concluídos, Darius partiu no início da manhã, com seu manto e espada. A trilha para a fortaleza era sinuosa, e o silêncio da floresta parecia carregar consigo uma expectativa sombria. Cada passo que ele dava parecia conduzi-lo a um passado distante, ecoando a presença dos Guardiões que vieram antes dele.

Ao alcançar o local, avistou as ruínas. A fortaleza antiga, escondida pela vegetação, tinha um ar imponente, mesmo em seu estado degradado. A arquitetura, uma mistura de pedras escuras e arcos antigos, parecia emanar uma energia estranha, como se a estrutura fosse um guardião mudo de segredos há muito esquecidos.

Darius entrou, passando pelas portas rachadas e percorrendo corredores que ecoavam o peso do tempo. As paredes carregavam inscrições e marcas deixadas pelos Guardiões antigos, narrando suas histórias e desafios. Ele podia sentir uma presença quase palpável, uma conexão com as gerações de Guardiões que um dia lutaram e morreram ali.

Ele chegou a uma sala maior, onde uma mesa de pedra maciça ocupava o centro. Em cima dela, espalhados em ordem caótica, estavam pergaminhos antigos e livros cobertos de poeira. Darius pegou um dos pergaminhos e começou a ler. O texto falava sobre a origem dos Guardiões das Sombras, sua ligação com a Ordem e o eterno conflito entre aqueles que tentavam controlar a escuridão e aqueles que a usavam para manter o equilíbrio.

Uma frase chamou sua atenção: "Somente o verdadeiro Guardião poderá ver a Verdade Oculta na Sombra."

Darius ponderou sobre aquelas palavras. Verdade Oculta? O que isso poderia significar? Ele leu mais sobre os Guardiões que sucumbiram ao desejo de poder, acreditando que poderiam controlar a escuridão para seus próprios fins, apenas para serem consumidos por ela.

"O equilíbrio… é a chave," ele murmurou para si mesmo, sentindo que estava perto de entender algo importante. Mas, antes que pudesse se aprofundar, um som ecoou pelo salão.

Passos. Alguém estava ali com ele.

Darius virou-se, preparado para lutar, e viu uma figura encapuzada, com uma postura imponente e uma aura perturbadora. O capuz escondia seu rosto, mas Darius pôde sentir a energia sombria emanando dela.

"Vejo que o Guardião das Sombras finalmente chegou à fortaleza," disse a figura, a voz baixa e ameaçadora. "Vocês Guardiões sempre foram tolos, tentando balancear algo que não pode ser controlado."

"Quem é você?" Darius perguntou, mantendo sua espada em posição defensiva.

A figura riu, uma risada fria. "Eu sou um mensageiro da Ordem. E vim aqui para lhe dar um aviso: desista. A Ordem da Serpente é maior do que você pode imaginar, Guardião. Mesmo que você busque respostas, elas não o ajudarão a impedir o que está por vir."

Darius estreitou os olhos, determinado a não recuar. "Eu não temo você ou sua Ordem. E eu não desistirei até proteger tudo o que amo."

A figura fez um gesto desdenhoso. "A sombra não é algo a ser amado ou protegido. Ela é para ser usada e dominada. Mas continue, Guardião. Busque suas respostas. E verá que não há fim para essa escuridão."

Em um instante, a figura se desfez em uma nuvem de sombras, desaparecendo diante de seus olhos. A presença sinistra foi embora, mas a ameaça ainda pairava sobre ele como um lembrete de que seu caminho seria árduo e traiçoeiro.

Darius respirou fundo, absorvendo as palavras do inimigo. Talvez ele estivesse certo: o caminho à frente estava envolto em mistérios e perigos que ele ainda não compreendia. Mas uma coisa era clara — ele não poderia parar agora.

Com determinação renovada, ele voltou à mesa e pegou os pergaminhos restantes. Ele estudaria cada linha, entenderia cada segredo deixado pelos Guardiões antigos. A guerra contra a Ordem estava apenas começando, e ele precisava estar pronto para o que viria.

Ainda naquela noite, sob a luz trêmula de uma vela, Darius leu em silêncio.