webnovel

Resposta do alfa

— Essa não é uma decisão pra ser tomada tão rápido assim, Nicolas. — Murmurava Milles, soltando a mão do capitão em sua nuca para ganhar espaço e respirar fundo. — Se eu ficar, isso significa que ficaremos juntos independente de gostarmos um do outro ou não. Você não poderá se envolver com ninguém.

— Muito menos você. — Lembrara o ômega, parecendo mais calmo. — Por isso estou te dando a chance de decidir. Já me conhece o suficiente pra saber que seguirei com o combinado que estabelecermos aqui.

Milles fitava aqueles olhos cansados sentindo o seu ombro direito formigar. Parecia ser sincero em suas palavras, e do tanto que conhecia aquele capitão, era plausível ele fingir que nada acontecia. Se sua atitude de mais cedo fosse feita em outro momento que não na partida, provavelmente Nicolas não falaria nada.

— O que você sentiu? Quando fiquei com outra pessoa, você disse que quase ficou no banco.

Nicolas se arrepiava encolhendo os braços ao desviar o olhar. Demorou um tempo para lhe responder, mas quando o fizera a sinceridade era nítida.

— Parecia que minha cabeça ia explodir. Me senti fraco e eu precisava sentir o seu cheiro pra ficar calmo.

— Está me dizendo que se eu escolher ir embora, você vai aguentar isso? — Falara o mais alto, dando um passo na direção de Nicolas. — Irá desejar me sentir por perto, mas não poderá. Terá que de lidar com a saudade que sentirá de mim. Consegue lidar com isso?

— Nem que eu morra. Mas você não verá uma sombra minha pelo resto da sua vida. Já que fui eu quem o mordeu.

Milles queria sorrir diante da determinação que Nicolas apresentava. Diferente dele que desejava loucamente se livrar de tudo aquilo, o ômega ergueria a cabeça enfrentando as consequências de seus atos. Típico de Nicolas.

Mas e ele? Aguentaria ficar longe de Nicolas?

Durante a partida, quando assistia o ômega ficar próximo de outro alfa para se esconder em seu cheiro, Milles pudera experimentar o ciúmes pela primeira vez em toda a sua vida. O ódio de ter algo seu roubado. Fora do seu alcance, sem lhe direcionar um olhar. Era como se Nicolas negasse a sua existência, sendo estranhamente doloroso.

Infelizmente Milles não sabia dizer se era por conta da mordida ou por causa dele mesmo.

Será que Nicolas sentira a mesma coisa quando ele beijou outra pessoa?

— E o que vai rolar se eu ficar?

— Continuaremos como sempre, é claro. Tirando a parte do seu envolvimento com outras pessoas. Sinto muito, mas se você quiser transar com alguém, terá de ser comigo.

Um sorriso malicioso brotava nos lábios de Milles.

— Estaria disposto até esse nível, capitão?

— Seria apenas sexo, não? Posso lidar com isso, não somos um casal apaixonado... Apenas tiraríamos proveito da merda que deixamos acontecer.

— Pode lidar com isso? Só sexo? Você fala como se não fosse grande coisa.

Fora a vez de Nicolas sorrir ladino.

— Não sou virgem, Milles. Já passei meus cios com outras pessoas várias vezes, sem estar em um relacionamento sério. Só parei com isso porque precisava ficar perto de Theodore o tempo todo pra protegê-lo quando sua irmã, e você, começaram a perturbar ele.

Ah, aquele certamente fora um golpe baixo.

Muito baixo.

Alguém já tocara o corpo magro de Nicolas?

Alguém já se embebedara em seu cheiro, deliciando-se em suas curvas sentindo sua textura? O alfa que habitava em sua consciência não gostara nem um pouco daquelas fantasias absurdas. Até rosnara baixo, abafando a própria voz com sua destra receoso de ser escutado pelo mais baixo.

Provavelmente aquela seria a parte mais difícil, discernir o que era do seu alfa ou do próprio Milles. Precisava tomar uma decisão ali mesmo, naquele momento, que não o fizesse se arrepender mais tarde.

Haviam tantas questões a serem ponderadas. Sua família nunca estaria de acordo com sua relação com Nicolas. Provavelmente enfrentariam os mesmos obstáculos que seu primo enfrentara, apesar de isso não ser grande problema para um rebelde sem causa como Milles. Só que isso significava que teria de buscar refúgio em Nicolas.

Se a escola toda descobrir que Nicolas era um ômega e que mordera Milles, também renderiam problemas. Apontariam o capitão como um sedutor promíscuo da mesma forma que fazem com Theodore. Só que ele estaria do lado para lidar com a situação, apesar de eles não se amarem.

E esse seria o ponto final.

Eles não se amavam naquele momento.

Milles gostava dos beijos de Nicolas. Gostara do que vira quando o baixinho ficara doente, assim como o fator secreto fosse a pitada mágica de toda aquela situação o excitando ainda mais. Seria burrice da sua parte dizer que não gostava de ficar com Nicolas.

Só não poderia dizer que era amor. Por que Milles não fazia ideia.

Poderia permanecer com Nicolas mesmo assim?

Conviveria com sua consciência pesada, toda vez que ficasse com outra pessoa, de que em algum lugar do mundo Nicolas estaria sofrendo por sua causa?

No instante em que piscara sentira um ardume no canto de sua boca, e sua cabeça ficara atordoada. Precisando se apoiar na parede com o susto que levara, encarava Nicolas poucos metros de distância, acariciando a mão enfaixada.

— Que merda é essa?

— Acha mesmo que eu ia te deixar sair impune pelo que me causou antes, grandalhão? Independente de qual seja a sua decisão, eu continuo puto da cara. Você me traiu com uma zé ninguém.

Recuperando o equilíbrio, Milles soltara um riso abafado. Deveria imaginar que Nicolas não deixaria baixo, ele sempre arranjaria uma forma de se vingar. E até mesmo quando verificava se saía sangue do canto de sua boca, fora atingido pelo segundo soco, dessa vez ainda mais forte.

Mas que droga!

Como ele não era capaz de ver o baixinho vindo em sua direção para lhe acertar um soco? E que maldita mão pesada era aquela que até sua vista ficava perturbada? Dessa vez Milles não fora capaz de se manter em pé, acabando por cair sentado tentando recuperar a visão.

Nicolas agachou-se entre suas pernas, apoiando os braços esticados sobre os joelhos enquanto o encarava com aquele fisionomia sonolenta. Parecia não se importar consigo, mesmo com os olhos escuros e profundos como um buraco negro.

— E então? Qual será a sua decisão imbecil? Terminamos a nossa rixa aqui e agora ou vamos encarar isso?

— É pro resto da vida, Nicolas.

— Eu sei.

Recostando a cabeça na parede fitando o teto alto do ginásio, Milles suspirava pesado. Tentou de todas as formas lutar contra a maré, mas também era responsável pela mordida já que dera ouvidos aos seus instintos que desejavam Nicolas.

Ele era a sua alma gêmea.

Era a pessoa destinada a ficar consigo.

A pessoa que ele mais odiava.

— Tudo bem, eu fico. — Dissera por fim, sustentando o olhar de Nicolas. — Eu serei o seu alfa.

Balançando a cabeça concordando, Nicolas desviara o olhar para baixo antes de voltar a encarar a mordida. O alfa notara o ligeiro movimento de seu nariz, seguida de uma careta nojenta como se odiasse o cheiro que sentia.

Porém, nada prepararia aquele alfa pelo movimento seguinte daquele ômega.

Nicolas ficara de joelhos entre suas pernas estendendo a mão para descer a regata do uniforme preto e dourado livrando o seu ombro. Tendo seu rosto milímetros de distância de sua pele, os olhos escuros foram de encontro aos seus, o fitando por um momento.

Sem dizer nada, os dentes afiados de Nicolas foram no exato local da mordida onde se afundaram pela segunda vez. A dor que Milles sentira não se comparava a da primeira vez, mas a sensação era minimamente engraçada. Seus músculos em volta se enrijeciam, formigava e sentia sua cabeça ficar leve.

Os braços do alfa foram de encontro à cintura do ômega se agarrando em seu uniforme, usando a força para sentá-lo entre suas pernas. Um calor surgia do ponto da mordida se alastrando para todo o corpo de Milles, pulsando o sangue distribuindo a conexão para todos os seus órgãos.

— Vamos nos livrar desse cheiro repugnante, meu alfa.

A voz sussurrara de Nicolas certamente seria o segundo golpe baixo que Milles recebia. Ainda se encontrava atordoado pelo restabelecimento da conexão, sentindo toda a sua pele se arrepiar com a voz baixa do capitão.

No instante em que sentira a língua de Nicolas limpando o sangue do canto de sua boca, Milles soubera que a sua decisão de permanecer com o ômega custearia a sua sanidade. Agora que admitia ser bom ficar com ele, tinha noção de que precisaria aprender a resistir a Nicolas...

Ou simplesmente viveria só pra saboreá-lo.

Quando as bocas finalmente se encontravam, suas línguas se enroscavam audaciosamente. Agressivo e ousado como era Nicolas, ele mordiscava e brincava consigo perigosamente. Completamente diferente do beijo que experimentara horas antes com outra pessoa.

Sim, claro a menina era bonita e sabia beijar bem. Milles certamente ficaria excitado com a garota se fosse em outro momento. Mas no instante em que suas bocas se encostaram, o alfa já repudiava aquela garota em pura indignação.

Queria beijar o seu ômega.

Agora que o fazia, podia ter paz nos pensamentos. Não existia um instinto gritando consigo, mandando-o procurar certa pessoa já que ela estava ali em seus braços.

A mesma pessoa que agora enroscava os dedos finos em seus cabelos os puxando com violência. Ou então que arranhavam sua nuca com as unhas curtas, causando uma certa ardência. Que sugava a sua língua fazendo o som de seus lábios ecoarem somente para eles como uma bela sinfonia.

O cheiro de Nicolas se sobressaía.

Ah... Como era gostoso sentir o cheiro dele.

Milles respirava fundo quase revirando os olhos em puro deleite.

Não precisou muito para que sua consciência fosse dominada por seu instinto alfa. As mãos grandes e quentes de Milles afastaram a regata do uniforme de Nicolas, entrando em contato com sua pele o ouvindo gemer abafado contra sua boca.

Sentira a textura ruidosa dos adesivos nas pontas dos seus dedos, e um por um Milles o retirou.

Os gemidos de Nicolas em se ver livre dos adesivos foram engolidos por Milles. Junto com o ofego que escapara de seus lábios quando suas pernas foram seguradas e apertadas, para que se sentasse no colo do alfa.

Era um toque que Milles sentira uma única vez, e que desde então passara a desejar por mais. Ou seriam seus instintos que desejavam? Na altura do campeonato, não importava. Era fato de que o corpo de Nicolas parecia se encaixar ao seu.

Afastando-se para recuperar o ar perdido em meio ao beijo, Milles tivera a visão mais tentadora de toda a sua vida. A visão que certamente o assombraria em seus sonhos, o obrigando a se aliviar na própria mão.

Olhos cerrados e marejados. Lábios finos, avermelhados, inchados e molhados pela saliva. As bochechas rosadas e a respiração quente sinalizando que o ômega também se entregara a um simples beijo.

Visão de milhões.

Milles não perdera tempo em voltar a beijar Nicolas, mais afoito ainda. Mais sedento. Mais desejoso. Principalmente quando o ômega liberou mais e mais do próprio cheiro para seduzi-lo. Os lábios de Milles foram para o pescoço de Nicolas onde depositara dezenas de selares molhados, tomando o cuidado para não marcá-lo.

Suas mãos ainda curiosas se deleitavam nas curvas cobertas do capitão, sentindo na palma de sua mão o coração bater descompassado. Roçando o polegar pelo mamilo já enrijecido, Milles contemplara o gemido escapando dos lábios de Nicolas, que imediatamente cobrira com a mão.

Um sorriso ladino e malicioso surgia no rosto do alfa, descobrindo uma nova brincadeira. Roçara o polegar diversas vezes naquele mísero ponto, atentando-se ao fato do ômega estar cada vez mais entregue aos seus toques. Tal como estivera no seu quarto quando ficara doente.

Aquele era o seu verdadeiro ômega, berravam os instintos.

Erguendo-se do colo de Milles, ficando de joelhos, Nicolas segurou o rosto do alfa retomando o beijo. Mais calmo e completamente gostoso. O alfa serpenteava os dedos pela coxa direita do ômega, acariciando sua pele quente sentindo a mesma se arrepiar sob seus dígitos.

Quando Nicolas afastara o seu rosto, tendo apenas um fio de saliva interligando suas bocas, o alfa tivera de conter seus instintos mais uma vez.

— Agora não dá pra voltar atrás, Mckenzie.