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Ataque surpresa ao ômega

Jamais tinha brigado com Nicolas naquele nível. Quando eram crianças já discutiram por coisas bobas, nada que não fosse resolvido minutos depois. Mas Theodore sentia que agora era diferente.

Sentia que havia falhado com o seu melhor amigo.

Era um alívio que o mais baixo tivesse jogado bem e garantindo a vitória do seu time. Mas Theodore não conseguia ficar completamente feliz como o restante do grupo, pois sabia o motivo de Nicolas ter jogado tão intensamente.

Fizera bem em lhe contar a verdade?

Se Milles ficara com outra pessoa, isso não quer dizer que ambos estariam longe de se resolverem? Será que sua percepção sobre eles estava distorcida?

— Vem comigo.

Erguendo a cabeça, Theodore olhara para Gabriel que vestia o moletom de volta. Levantando-se do banco, ficara ao seu lado caminhando pelo ginásio parecendo não ter um rumo certo.

— Parece que vai chorar a qualquer instante. — Comentara Gabriel, olhando para Theodore com o seu costumeiro sorriso. — Está preocupado com aqueles dois?

— Será que julguei mau a situação? Imaginei que eles tivessem alguma coisa já que sentem serem a alma gêmea do outro.

Gabriel fizera uma careta ao menear a cabeça.

— Você fez o que pode para ajudar o seu melhor amigo, assim como eu fiz o que estava no meu alcance. O resto é por conta deles.

Theodore sabia que o moreno tinha razão, e por isso permitiu-se relaxar por um instante. Deixando as mãos ao lado do corpo, suspirou profundamente mandando embora a nuvem negra que ousava dar voltas sobre sua cabeça.

No instante em que entraria para o vestiário da qual guardaram seus pertences, Gabriel agarrara a sua mão e o puxara para o fundo do corredor onde encontrariam um esconderijo secreto. Bem... Não tão secreto assim, mas fora o melhor jeito de Theodore nomear o espaço onde ele e Gabriel ficaram pela primeira vez.

Sem curiosidades.

Apenas dois garotos desejando um ao outro.

— Por que me trouxe até aqui?

— Privacidade. Não conversamos bem desde quinta.

Theodore lembrou-se do encontro no corredor antes da aula. Era verdade que ele fugira de Gabriel. Ora essa, não estava pronto para as perguntas sobre seu comportamento repentino, mau saberia ele mesmo do porquê jogar indiretas sobre Gabriel para Sadie.

Encarar aquela questão mau resolvida esquentara as pontas de suas orelhas.

— Tem algo pra conversar, então?

Gabriel soltara um riso baixo negando com a cabeça.

— Não preciso explicar que quero ficar com você, Theodore. — O alfa dedilhou o braço do ômega até chegar em suas mãos podendo entrelaçar seus dedos com ternura. — Ou preciso?

Theodore apressou-se em negar com a cabeça, apertando a mão de Gabriel contra a sua. O calor subira pelo seu braço até se espalhar pelo corpo todo quando se recordara da última vez em que se tocaram. A vergonha imediatamente lhe tomou a face, e o ômega era incapaz de encarar o moreno mais alto.

Ora essa... Eles fizeram aquilo.

Gabriel o tocou. O masturbou na escola.

E ainda fizera questão de deixá-lo completamente eufórico quando pedira para lamber seus dedos. Oh...céus... Seu coração estava batendo muito acelerado.

— Está com vergonha de mim agora? Por acaso andou se lembrando daquele dia?

— Como sabia? Quero dizer, eu posso estar me lembrando de qualquer outra coisa. Não seja metido.

Gabriel rira rouco, parecendo se divertir do rubor que surgia nas bochechas do ômega.

— Estou bastante orgulhoso do meu progresso, sinto até que mereço algum prêmio.

Fora a vez do ômega soltar um riso baixo. Certo, certo... Gabriel havia feito a lição de casa e tirado nota dez. Theodore não se esquecera dos toques quentes e da sensação de estar na palma da sua mão. Mesmo que ficasse bravo com Gabriel por vê-lo tão perto de Sadie, não superaria o fato de ter sido tocado intimamente pelo alfa.

E pelos céus, como aquela noite fora boa.

Baixando a cabeça tomado pela vergonha, Theodore queria fingir ser um avestruz só pra enterrar a cara no chão.

— Não tenho a menor ideia do que poderia ser bom.

Os dedos compridos de Gabriel gentilmente erguera seu queixo o fazendo lhe olhar. Não poderia fugir, era uma mensagem bem clara do alfa. Tampouco desejava escapar, certamente ficaria ali por anos recebendo seu calor. Só não saberia lidar com a própria vergonha.

— Sabe sim. Sabe exatamente o que desejo.

Mordendo o canto dos lábios, Theodore abrira um ligeiro sorriso ao inclinar-se para beijar Gabriel. Cálido, amável e doce. Um beijo furtivo e secreto.

— Essa é a sua recompensa, está feliz?

— Nem um pouco. Ou terei de provar os meus recém-descobertos talentos?

As bochechas quentes de Theodore eram um graça para Gabriel, que ria mesmo recebendo socos em seu ombro.

— Nem pense em fazer alguma coisa aqui! Vão sentir o seu cheiro em mim.

— O que mostraria que tem um alfa. Só enxergo vantagens.

— E o que diria se falassem sobre o meu cheiro em você? Arranjaria alguma desculpa?

Apoiando o braço na parede, poucos centímetros da cabeleira loira, Gabriel inclinou-se em sua direção com um sorriso vitorioso em seus lábios.

— Deveria dizer que estava com o nosso belo assistente, recebendo orientações particulares sobre como me comportar na quadra.

— Está me provocando Gabriel.

— De fato, estou. E você está adorando.

Theodore ria soltando a mão do alfa para envolver os braços em seu pescoço.

— Sinto muito, mas não vou deixar que faça aquilo aqui.

Um bico formara nos lábios do alfa. Theodore precisou de muita disciplina para não rir diante da descoberta de um lado rabugento e infantil do seu ficante.

— Por que não? Estamos escondidos e temos tempo até a próxima partida. Tempo suficiente para...

— Nem ouse, Gabriel Jones! — Ria Theodore cobrindo sua boca com a mão — Não me importo de a gente aproveitar um tempo por aqui sem sermos incomodados... Mas nada além de beijos.

Tivera de se contentar com aquilo. Ambos, já que Theodore também se encontrava ansioso para saber mais das lições secretas que Gabriel aprendera com suas histórias. Trazer à realidade cada fantasia que já tivera com ele seria tão bom...

Entre beijos e carícias quentes, os dois rapazes compartilharam o seu mundo ali no corredor silencioso por um bom tempo. Até mesmo se sentaram ao chão, onde puderam ficar mais confortáveis. Gabriel abraçava Theodore pelo ombro, sentindo o cheiro enquanto conversavam assuntos corriqueiros.

Certamente era algo que eles nunca poderiam fazer na escola. E mal tinham tempo um para o outro quando não estavam na escola.

— Seu cheiro está mais forte. — Comentara Gabriel ocasionalmente, ganhando o olhar curioso de Theodore.

— É mesmo? Não sinto nada diferente.

— Está sim. — Aproximando a ponta do nariz em seu pescoço, Gabriel aspirava profundamente. — Mas não como de costume, é forte e gostoso.

O aroma que um ômega homem exala costuma ser mais doce se comparado a de uma mulher da mesma classe. Apesar de que o seu cheiro seria perceptível em primeiro plano caso estivesse num ambiente com outras ômegas. Então era um tanto quanto comum ele ouvir falar do seu cheiro...

Mas não tanto.

Um estalo se fizera em sua mente.

Qual foi a última vez mesmo? Erguendo os dedos para fazer as contas, o ômega corava intensamente ao esquecer-se completamente das datas mais importantes da sua vida, desde o ano anterior.

— O que foi? Está todo corado...

— Você está sentindo meu cheiro por causa do... do meu... — O olhar de Gabriel sobre o ômega o deixava ainda mais nervoso. — Do meu... Cio...

Esbugalhando os olhos, Gabriel até farejou o pescoço do ômega mais vez.

— Está chegando o seu cio? O que pretende fazer?

— O que tenho feito, ora essa. Tomo comprimidos supressores e fico em casa de licença até passar.

Gabriel mordera o lábio inferior sem fazer comentário algum daquela novidade. O loiro até se permitira refazer as contas, imaginando se aquele ciclo seria desregulado. Geralmente seus cios aconteciam sempre no mesmo dia, a cada três meses. Tudo bem, estava no mês de acontecer, mas... A data não era a mesma...

Como o alfa pudera sentir seu cheiro antes?

— Theo, eu posso passar o cio com você?

A pergunta singela viera sem preparo algum para o choque que Theodore sentira ao repensar nas palavras proferidas. Imediatamente o ômega virou-se para Gabriel, sentindo todo o seu rosto esquentar na mais pura vergonha.

— Acho que ouvi errado, desculpa. O que você disse?

Coçando a nuca parecendo também encabulado, Gabriel o olhara diretamente nos olhos ao repetir.

— Queria saber se posso ser o seu parceiro no teu cio.

— Meu, meu parceiro?

— Isso.

— No meu cio?

— Exatamente.

— Você?

— Somente eu.

Sufocando o grito com as duas mãos sobre a boca, Theodore arregalava os olhos claros. Tinha escutado certo? Ou teria pego no sono no corredor ao ponto de sonhar com aquela pergunta? Não, não, seus sonhos não eram prudentes ao ponto de perguntar se poderia. Geralmente sua mente fértil já partia para a ação, já que se tratava dos desejos secretos de Theodore.

Como lidar com aquilo?

Uma onda de nervosismo o assolara completamente. Ficara enjoado e suas mãos suavam frio, engolindo em seco.

— Tá... Falando sério?

— Seríssimo.

— Mas... Gabriel, seria a sua primeira vez com outro cara, não é?

— E daí?

Empertigado e um tanto quanto zonzo com a resposta direta recebida, Theodore virou-se de frente para o ficante o encarando seriamente.

— Não quer pensar melhor?

O alfa segurou as mãos de Theodore as beijando ternamente. E como de praxe, entregou-lhe seu cavaleiro sorriso amável e quente. Theodore até se esquecera de expirar e inspirar, já que ainda processava as informações daquela conversa tão maluca.

— Se for pra ter a primeira vez com um cara, que seja contigo. Quero ser o único a te tocar, Theo, porque quero te fazer meu.

A falência de um coração poderia ser declarada naquele instante. Como Gabriel era abusado em dizer aquilo com aquele sorriso lindo de morrer, e calmaria? Ousava brincar com seus sentimentos? Certamente aquele ômega sonharia com o dito cio até que o dia chegasse, e deveria rezar aos céus para que não tivesse um infarto só de imaginar passar alguns dias dividindo a cama com Gabriel o tocando intimamente.

— Me, me fazer t-teu? Ha... Hahaha... Hahahahaha... Ah céus vou ter um treco.

Gabriel rira baixo abraçando o ômega contra seu peito, era tão divertido ver suas reações! Theodore fechara os olhos por um momento e cogitara estar sonhando. Quando os abrira novamente, a conversa ainda repassava na sua cabeça.

O pedido fora feito.

E agora, Theodore aguardaria ansiosamente o início do seu cio.