47. Nefalem

Eu nuca quis ser o mais poderoso, eu apenas quero pagar o que devo, ajudando quando possível. Eu apenas quero limpar meus arrependimentos, e acho que essa é uma boa forma de fazer isso. Não pude no passado, então quero ser do tipo peregrinador, ajudando quando possível.

Eu tinha a resposta na ponta da língua, mas ao mesmo tempo, sabia que ela seria um limitador poderoso. Me daria uma gama de habilidades, mas me deixaria longe de qualquer maestria ou especialização dentro dela.

Mas ainda assim, eu queria.

Wanda me olhava com muito interesse, e um sorriso não parecia querer se afastar de seu rosto, vendo o quanto eu ruminava a ideia. Então meus olhos se encontram com o dela.

"Pode não fazer sentido para você, mas acho que sei o que quero." respondo, e parecia que algo no mundo estava reagindo a isso.

O silencio era rei agora. Nem mesmo o barulho do mar, ou dos marujos trabalhando poderia ser ouvidos. Parecia que nem mesmo em um barco eu estava. Era uma sensação de solidão, mas ao mesmo tempo, parecia que não.

"Diga em voz alta, e veja como funciona." a bela garota olhava com expectativa. Por um instante, ela parecia mais ansiosa do que eu.

"Nefalem." eu falo, e um trovão soa no céu, como se um decreto fosse feito.

Nada de fato aconteceu, além de inúmeras informações assaltarem minha mente. Mas eu parecia em um estado completamente diferente, recebendo tudo aquilo com muita calma, apenas como se meus pensamentos estivessem correndo em algo normal.

Eu notei o olhar de Wanda, que parecia agora apenas conformada que não aconteceu algo extraordinário como um show de luzes ou algo do tipo. Apenas um trovão ensurdecedor e nada mais. Tédio podia ser lido em sua expressão.

"Eu esperava mais sabe." ela diz finalmente, se deixando cair na cama, algo que pelo visto, ela mesmo mudou sem eu nem mesmo perceber.

"Nem tudo é como esperamos. Mas eu devo agradecer de alguma forma pela sua ajuda." digo finalmente.

"E como fará isso?" ela me olha animada novamente.

"Lhe darei aquilo que você tanto quer e deseja, um filho." respondo, sem perceber o quão estranho isso poderia parecer.

"Ei, posso ter gostado de você, mas não a esse ponto. Ajudei, sim, mas não vou abrir minhas pernas para você." ela responde, entre o furiosa e o envergonhada.

"Acho que me expressei mal. Apesar de estar feliz em saber que você goste de mim, não era nesse sentido que estou falando. Eu acho que sei como realizar seu desejo, adotando uma criança que realmente quer amor." eu explico.

"É sério?" ela parecia entender agora.

"Sim, mas precisamos primeiro resolver algumas coisas." eu digo, a fazendo se acalmar novamente. "Como chegaremos a ela, e para onde vai depois. Eu posso realmente querer aceitar o papel de pai por aquela criança, mas eu não tenho a capacidade para isso."

"Lá vem você de novo, dizendo algo estranho." ela resmunga.

"Não quis dizer ser o pai dela ao seu lado. Eu já tinha a intenção de levar a garota comigo, mas eu não tenho qualquer habilidade de ser pai. Eu já sou extremamente super protetor com minha irmã e mãe, imagine com uma filha." respondo.

"Espere, é uma menina?" ela diz, se levantando de uma vez, e segurando meu braço. "Vamos logo, não podemos deixar essa garotinha esperando por uma mãe." ela diz, extremamente ansiosa.

"Ela ainda está para nascer mulher, tenha calma." eu reclamo, a provocando um pouco. "Mas então, depois de a receber, para onde vai?" eu pergunto, com uma sobrancelha erguida.

"Não sei. Eu realmente não sei." ela parecia murchar com isso.

"Relaxa, seu poder lá será o mesmo que em qualquer mundo. Só peço para que você não cause um tumulto descabido lá. Tente viver como sempre desejou, e eu tenho certeza que tudo sairá bem." digo, a acalmando um pouco.

"Quando posso ir?" ela volta a seu estado animado e ansioso.

Solto apenas um longo suspiro. "Agora, se quiser. Mas por favor, não destrua o mundo lá ok?" eu respondo, e abro um portal, que dava de frente a uma entrada estranha, onde dois garotos pareciam estar bolando algo.

"Olhe na mente deles o rosto da garotinha, e saberá o que estou dizendo. Mas me prometa, salve-a e deixe o mundo seguir seu curso. Por favor." digo, enquanto ela passa pelo portal.

Assim que ela passa, ao qual eu notei que ela muito sutilmente encostou no portal, eu o fecho, e uso meu poder recém adquirido para fazer os homens no barco acharem que nós apenas viemos pescar em mares mais longínquos.

Claro, eu usei a magia para ter uma bela remessa de peixes presos em redes no barco, para dar mais sustentabilidade a minha mudança.

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Depois de alguns dias, chegamos mais uma vez ao porto de Deepwood Motte, e enquanto eu ajudava os homens a descarregar nossa pesca, eu pensava se o que fiz, foi certo.

"Bem, espero que sim. Ou as coisas podem muito bem descambar de uma maneira um tanto estranha." resmungo, indo em direção a mansão.

Assim que chego, vejo sentados na mesa do jantar, minha mãe com Tyrion ao seu lado, minha irmã com Jon do outro, e a mulher que a poucos dias atrás, enviei para outra realidade, para buscar sua filha. Ao seu lado, a garotinha de com um lindo sorriso estava sendo alimentada por sua mãe.

Minha mãe percebe minha chegada e diz diretamente.

"Bem vindo de volta filho. Sua amiga Wanda veio trazer a filha dela para você conhecer. Ela disse que você a ajudou quando a menina estava doente. Tenho tanto orgulho de você." ela diz, com um sorriso de orelha a orelha.

"Mamãe, esse é o tio Gaw?" a pequena menina pergunta curiosa para Wanda, que parecia ainda estar em estado de graça ao cuidar da menina.

"Sim pequenina, esse é seu tio Gawen, ele que ajudou a mamãe quando minha pequena Eris estava doentinha." Wanda responde, com uma voz doce e amorosa.

Como em um transe, lembrando pelo que essa menina passou, eu ando até ela, e dou um beijo amoroso em sua testa, enquanto lágrimas de alegria rolam pelo meu rosto.

"Tio Gaw está feliz por ver a pequena Eris bem." eu a abraço, como se por algum motivo, minha alma estivesse um pouco mais limpa e leve.