48. Pontas Soltas

Eu me sentia pronto. Ou pelo menos o mais pronto possível para dar seguimento em minha vida. Estava na hora de eu ver como estavam as pontas soltas que deixei no passado. Eu sabia que no Universo HP de onde saí a primeira vez, as coisas dariam certo, mas no caso do Mundo Witcher, eu não estava com a esperança em alta.

Minha morte naquele mundo pode ser o desencadear de algo perigo para os envolvidos. Eu me lembro de ter deixado tudo o mais pronto possível para esse caso, mas ainda assim, eu não tinha a absoluta certeza que as coisas seriam como imaginei.

Mesmo quando as coisas estão dando certo, eu ainda estou esperando para quando tudo descambar, pior agora, que estou longe e não tenho como interferir. Aquele mundo era tão fodido, que não seria surpresa alguma ele ter sido dominado pelos Vampiros Superiores.

Enquanto eu pensava nas coisas que precisava fazer, eu assistia a pequena Eris brincando com as outras crianças na fonte, em frente a casa dos Curandeiros. Wanda estava a menos de 5 metros da menina, com uma atenção acima do comum na criança.

Eu sabia o quão tensa a mulher estava, principalmente depois de ver quanta dor e sofrimento a menina teve em sua curta vida. Ainda não sei o que Wanda fez, e para ser bem sincero, tenho medo de perguntar. Só espero que aquela realidade ainda exista.

Ouço passos ao meu lado, e minha mãe se aproxima. Desde que ela e Tyrion começaram a estar juntos, eu a vejo mais alegre. Mas isso não me deixa tranquilo com relação ao homem.

Um fato que não mudou desde a primeira chance que tive, é não parar de praticar minha oclumência, ela não apenas mantém minha mente sã, como tem um objetivo maior agora, não me fazer perder o controle.

"Não vou oferecer uma moeda por seus pensamentos meu filho, pois eu sei que você está se preparando para algo. Mas ofereço duas para saber o que é." brinca minha mãe, ao ficar do meu lado e segurar minha mão.

"Descobri que tenho uma doença mãe. E ela não pode ser curada." começo, e vejo a preocupação em seus olhos. "Se acalme, não é nada grave. Bem, nada com relação a me levar a morte eu quero dizer." acalmo os pensamentos da mulher, que ainda mantém aquele olhar para mim.

Suspirando, eu continuo. "Não posso ter filhos, então eu estou preparando minha irmã para assumir meu lugar, após seu casamento com Jon, se acontecer. Caso não, bem, as coisas vão continuar do mesmo jeito. Ela vai assumir de qualquer forma.

Eu sei que ela pode ter filhos, e sei que a esperança de manter a casa Glover viva, agora reside em seus ombros. É por isso que estou a deixando ter seu tempo, fazendo o que ela deseja. Não quero despejar uma responsabilidade desse tamanho nela.

Ela é forte, eu sei, em muitos aspectos, mas ainda assim, esse fardo é pesado. Então quero deixar um local seguro e feliz para ela, para que ela possa criar meus sobrinhos em paz, mesmo que por um motivo ou outro, eu não esteja mais aqui." digo, e minha mãe continua a me olhar firmemente.

"Desculpe filho, por algum motivo, eu me sinto culpada por ter falhado com você." ela me diz, ao qual eu a abraço com força, surpreendendo-a um pouco.

"Eu falhei com você mãe, não o contrário. Jamais pense novamente que falhou comigo, ou eu jamais poderei me perdoar por fazer você pensar assim. Tudo o que você fez por mim, é meu motivo de acordar e viver um novo dia. Nunca pense o contrário.

Infelizmente, eu não poderei lhe dar um neto de sangue, mas acho que posso dar uma neta amorosa e gentil." eu aponto a pequena Eris, que sorria para nós, enquanto nos acenava com sua mãozinha fofa.

Nem eu, nem minha mãe, conseguimos conter o sorriso que brotou em nossos rostos, essa garota tinha um poder de nos fazer rir que era incomum.

"Aceito a neta, na verdade, eu já a aceitei desde sua chegada. Ela te chamar de tio Gaw sempre me fez rir, então eu tomei a liberdade de dizer a ela para me chamar de vovó Syb." ela diz, brincando com o nome.

"Isso é ótimo, porque preciso fazer uma viagem com Wanda, e não podemos levar Eris para lá. Não demorará muito, pouco mais de duas ou três luas, então ia pedir para a senhora cuidar dela um pouco." eu digo, e minha mãe parecia uma criança, correndo para a fonte, para agarrar Eris.

Com isso, Wanda se aproxima, para ao meu lado e olha para minha mãe, que brincava com as crianças na fonte.

"Então, o que foi isso?" ela pergunta.

"Bem, ia te convidar para uma viagem de alguns meses, mas infelizmente a pequena Eris não poderia ir conosco. Não porque ela atrapalharia, mas porque não sei como serão as resoluções dos lugares que iremos." respondo, esperando uma explosão que acabaria com minha vida ou coisa parecida.

"Sou realmente necessária?" ela me olha um pouco incerta.

"Na verdade não, mas seria bom para você se acostumar. Eris não será uma criança para sempre, e um dia, ela irá para uma escola ou faculdade, e ficará um tempo longe de você. Você se apegou demais a menina e não posso te culpar por isso, mas é preciso parcimônia em tudo." respondo sinceramente.

"Me acostumo quando chegar a hora, eu não irei com você." ela responde, fazendo bico.

"Tudo bem, mas tente não causar problemas enquanto estiver fora ok?" eu respondo, me virando para deixar alguma papelada pronta.