45. Não Há Esquemas

Eu estava nos muros de Winterfell, com uma caneca de cerveja descansando no muro, enquanto minhas mãos estavam ocupadas enroladas no pescoço do culpado por fazer minha mãe se apaixonar.

"Que esquemas você e seu pai estão tramando? Eu o recebo com respeito, e você vai para cima de minha mãe? Sua vontade de morrer é tanta assim? Tyrion?" suas pernas balançam no ar, já que eu o ergui para que seu rosto ficasse plano ao meu.

"Não há esquema nenhum com relação a sua mãe. De fato, eu vim aqui para descobrir como fazer uma aliança entre a sua casa e a minha, ou mesmo as plantas para a construção de seus navios. Mas jamais colocaria em mira, qualquer outra pessoa.

Eu não sou meu pai. Eu não atropelo as pessoas ou as machuco para me sentir bem e no poder.

Quando cheguei aqui, eu fui recebido por ser Tyrion, não por ser o anão Lannister. Sua mãe sempre me mostrou respeito e afeto, sempre me tratando como pessoa, não como uma falha ou uma doença contagiosa. Isso me fez me aproximar dela.

Foi então que aconteceu um beijo, e pude sentir que ela tinha de fato algum sentimento por mim. Quando ou como aconteceu, eu não sei dizer, mas se quer me matar por sua mãe, fique a vontade, eu não moverei um músculo para impedir isso." eu podia ver a resolução nos olhos daquele anão.

O solto ao chão, de maneira educada. Eu posso aceitar a verdade de um homem quando a vejo, mesmo que isso me corroa por dentro. Porque é tão dificil aceitar as coisas, ainda mais quando se tem um pré-conceito sobre eles?

Bebo de minha cerveja em um único respiro, na esperança que minha mente se nuble e pare de pensar em meios e modos. Eu tive não uma, mas duas chances de perseguir meu sonho, então acho que devo a ele o que me foi dado.

"Vou ser extremamente franco com você, Tyrion. De todas as pessoas, você é a que mais me deixa na defensiva. Sua mente é estrategicamente brilhante demais para seu próprio bem, mas ainda assim, o vejo com respeito.

Mas se por um acaso, você pisar uma vírgula fora da linha, machucar minha mãe de qualquer forma, eu juro, seja pelos Velhos Deuses, novos Deuses, Os Sete, O do Fogo, O das Sombras, O das Muitas Faces, não importa.

Eu juro a você, não haverá canto, seja nesse mundo, ou nessa vida, que poderá afastar você da minha retribuição. Espero estar sendo bem claro quanto a isso. E mais uma coisa. Qualquer segredo que esteja enviando para seu pai, pare, ou mesmo que isso doa e machuque minha mãe, eu mesmo vou levar sua cabeça e seu coração para seu pai em uma bandeja de prata."

Digo, olhando diretamente nos olhos do anão.

"Desde minha chegada, eu não enviei uma palavra a meu pai. Não seria diferente agora." ele responde, então se senta com dificuldade na ameia do muro. "Sabe, eu me apaixonei no passado, e depois de muito tempo, descobri que meu pai e irmão, mentiram para mim.

Eu não guardo qualquer sentimento de amor para com meu velho, e perdoei meu irmão pela mentira. Afinal, ele fez o que era esperado dele, seguir as ordens de nosso pai. Mas ainda assim, me feriu, muito.

Me afundei na bebida e obscenidade, esperando minha mente ficar longe das lembranças do que aconteceu a aquela garota. Eu sinto medo e vergonha ao lembrar. Eu deixei de ser humano naquele dia, e passei a ser o anão que todos viam.

Mas sua mãe, de alguma forma, ela viu o humano embaixo da casca de anão. Aliás, vocês viram. Sempre me trataram com respeito e dignidade, e isso me impediu de trair esse respeito. Quando desenvolvi sentimentos por sua mãe, eu tive medo.

Não de você, ou de qualquer um do Norte ou até mesmo do Sul, mas de mim. Medo de a machucar como fiz no passado. Medo de não ser o homem que ela viu, medo de a matar como fiz.

Digo isso, porque não espero de você, sua benção ou aceitação, mas porque quero alguém de olho em mim, para não cometer os erros do passado. Para me manter sóbrio com relação as minhas decisões, para manter meu pés no chão."

Ficamos então nos encarando por um tempo, sem ter mais o que falar um ao outro, eu apenas aceno ao anão, e saio, indo novamente para o salão, onde encontraria minha mãe e poderia ter uma conversa com ela.

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Estávamos de volta a Deepwood Motte. O tempo passa bastante rápido e as coisas estão seguindo seu curso, ou pelo menos do jeito que as coisas podem seguir.

O Norte agora era auto suficiente em seu sustento, as pessoas estavam felizes, tendo trabalho e comida para seus filhos e mais velhos.

As ruas estavam seguras, e a vida prosperava.

Eu mantive minha vigilância, ainda de olho na dupla que estava nos corações das pessoas mais importantes da minha vida. Tyrion estava se mostrando um homem melhor do que imaginei, mas aquela pulga atrás da orelha não me deixava perder a vigilância.

Jon, estava crescendo um homem forte e bom. Ele ainda seguia os dogmas de seu 'pai', Ned, mas estava se mostrando um soldado melhor até do que um comandante.

Olhando de uma outra perspectiva, eu tinha um bom soldado para comandar o campo de batalha, e um gênio estrategista para elaborar planos para situações mais desesperadas ou mesmo não tão desesperadas.

Mas algo chamou minha atenção. Uma sensação estranha que me puxava para o mar. Eu não sabia o que era, então peguei uma das carracas estacionadas no porto e segui na direção que o sentimento me mostrava.

Estava eu e alguns homens, que me olhavam de maneira estranha, pois era incomum meu pedido, eu mesmo achei estranho, imagine eles. Mas então, a resposta veio.

Do céu, uma luz vermelha, seguida por um buraco, e dele, caiam pedras e um corpo.

"Porra".