43. Negociação

Era o terceiro dia que estava em Storm's End.

Nada fora do comum aconteceu desde então, e nenhuma conversa foi feita, pois estávamos de olho na pequena menina. 4 adultos vigiando o bem estar da criança, na esperança de que ela estivesse bem e curada.

"Acho que podemos finalmente conversar sobre sua vinda até minhas terras, Lorde Glover." Stannis me diz no café da manhã servido em sua sala de jantar.

" Não vou rodear o assunto meu senhor, eu quero comprar do senhor, uma grande remessa de vidro do dragão, que pode ser escavada aqui, nas cavernas de Storm's End." digo sem rodeios.

Ele para seu movimento de levar a colher a boca, me olhando de maneira estranha.

"Se não for um empecilho, pode me dizer o porque de querer comprar um material de tão pouco uso?" ele me olhava de forma curiosa.

"Problema nenhum meu senhor. Mas primeiro eu preciso perguntar, o senhor sabe qual a real função da Muralha?" olho diretamente em seus olhos.

Ele baixa a colher, e começa a pensar na minha pergunta. Ninguém diz uma palavra na mesa, o deixando pensar com calma. Nem o som dos talheres pode ser ouvido agora.

"Sempre foi dito a nós, que sua função era manter os Selvagens fora das terras do Norte. Mas sempre achei o tamanho de tal muralha, exagerado para apenas esse fim. Sem contar que é dito haver um pouco de magia em tal obra, o que descarta ainda mais a afirmação anterior." ele da seu ponto.

"O senhor está completamente certo. A Muralha nunca foi para afastar os Selvagens, muito pelo contrário, era para recebê-los e dar abrigo no caso de eles não conseguirem parar o perigo mais ao Norte. Porém, nossos homens esclarecidos distorceram essa verdade ao longo dos anos.

É por isso que a Patrulha da Noite está no estado atual, com poucos homens, e sem força para manter a Muralha de pé. E para piorar a situação, o perigo mais ao Norte está se reerguendo, e de maneira silenciosa, ficando mais forte.

Para os senhores do sul, é um conto de fadas, mas toda história, deve ser baseada em algum fato. Custo a acreditar que, no mundo onde os Dragões eram uma força de combate, as pessoas realmente acreditem que os Caminhantes Brancos sejam apenas lendas." explico ao homem.

Eu podia ver em sua expressão, facial e corporal o quão tenso ele ficou. Sua esposa, ao lado, estava na mesma situação. Se fosse alguns dias atrás, eles teriam me jogado para fora, e me chamado de louco, mas depois das coisas que aconteceram, eles passaram a ter mais consciência.

"Suas palavras são verdadeiras lorde Glover?" ele me pergunta tenso.

"Eu não tenho qualquer motivo para mentir ao senhor, Lorde Stannis, e poderia muito bem, dizer que a compra do vidro de dragão é simplesmente para erguer ainda mais o comércio do Norte. Mas aqui estou, sendo o mais sincero possível." respondo diretamente.

"Desculpe me intrometer, meus senhores, mas isso não faz sentido algum." quem diz é Davos, o braço direito de Stannis.

"Eu sei, meu senhor, mas a verdade as vezes pode ser mais cruel e sinistra do que os sonhos mais loucos que possuímos. Um dia, uma mulher louca vai chegar a este mesmo lugar, dizendo ser a enviada de seu Deus Vermelho, alegando que você," eu aponto Stannis, "Lorde Stannis, é o principe prometido.

Não quero derrubar sua estima pessoa, mas isso é uma inverdade. O filho do destino realmente existe, mas não é o senhor. Não se preocupe, também não é sua filha, apesar de ela ter uma importância grande em tudo." explico da melhor forma possível.

Fazendo uma pequena pausa, volto meus olhos para Davos.

"Já o senhor, Lorde Davos, também terá um papel em tudo isso, mantendo os nomes com os pés no chão. Nem sempre será fácil, nem sempre será feito, mas ainda assim, lá estará o senhor, sendo quem é. Nunca deixe de ser o senhor." digo ao homem com um sorriso.

"Lorde Glover superestima a minha pessoa. Eu não sou nada no grande esquema das coisas." ele diz diretamente.

"É exatamente o oposto, meu senhor. Somente os pequenos grãos de areia juntos, podem formar uma praia, e é o senhor, no grande esquema das coisas, quem manterá os grãos de areia juntos." explico.

Eu realmente gosto da simplicidade do homem.

"Quanto do material o lorde quer que eu escave e envie para o Norte?" me pergunta Stannis, convencido ou não, ele queria fazer negócio, afinal, era mais receita para sua casa.

"O quanto puder, meu senhor. Tenho ideias de muitos usos para tal material, e a primeira remessa será usada para eu descobrir se será ou não possível que minha ideias ganhem vida. O que me diz, de 500 dragões por tonelada?" pergunto.

Era um preço muito mais alto do que valia, mas ainda assim, não era cócegas nas reservas de dragões que tinha. Além de ser uma grande ajuda para o homem a minha frente, e um incentivo para que as negociações permanecessem por bastante tempo.

"Acho um acordo muito bom, meu senhor. Após o café, podemos ir ao meus escritório para fazer o contrato e assinar." diz Stannis, satisfeito com o preço.

"Fico feliz com isso, meu senhor, enviarei três das nossas carruagens como presente para lady Selyse e lady Shireen como presentes. Acredito que elas vão adorar." eu digo, deixando meu sorriso fácil no rosto.

"E o que faz essas carruagens serem diferentes das que temos?" ela me pergunta interessada. Stannis apenas revira os olhos.

"Conforto, minha senhora. Depois de usar uma de nossas carruagens, jamais quererá estar em um cavalo novamente, nem em outra carruagem." eu faço meu marketing, afinal, é a alma do negócio.

"Estou ansiosa para tais presentes." ela diz, animada, e posso ver Stannis se esforçar para esconder o pequeno sorriso que aparece em seu rosto.