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Vinda Temporal

Visão de Lucas:

Não sei como consegui dormir depois de tudo o que vi. Porém, nem tudo são flores. Tive um pesadelo enquanto dormia. Sonhei que estava em uma sala branca, totalmente branca, onde encontrei todas as pessoas que já conheci na vida. Elas me rodeavam e diziam coisas horríveis. Falavam que eu era um assassino, que onde eu estava trazia desastres, que eu não merecia nascer.

Quando abro os olhos, sinto minha cara enfiada no travesseiro e, ao virar o rosto para a esquerda, vejo Éder atacando o ar. Ele parecia extremamente focado, e eu conseguia sentir a frieza e a firmeza com que segurava sua espada, estando sem camisa, apenas de calça.

Enquanto ele treinava, caía ao chão, fazia flexões e, após uma certa quantidade, se levantava e começava a golpear o ar com sua espada. Acho que ele está enfrentando a própria sombra. Começo a me levantar e acabo bocejando, ainda sonolento. Deixo a almofada perto dos livros e começo a pegar um dos livros.

"Ei, Lucas."

Quando olho para trás, vejo Éder extremamente suado e com a espada erguida.

"Eu quero que você me enfrente."

Em seus olhos, eu conseguia ver confiança. Parecia totalmente diferente do garoto de antes.

"Você quer ir agora?"

Ele olha para mim fixamente, parecendo que não há mais alma, apenas o corpo restou.

"Quero. Venha logo!"

Suspiro fundo e vou em sua direção. Ficamos no meio da sala. Ele estava mais à minha frente, perto da área que a sombra se ativa, e eu estava perto dos livros e da almofada. Tiro minha katana da bainha e vejo novamente como ela é bela. Sua lâmina negra, fina e afiada. Embora faça muito tempo que não uso uma katana, ainda sinto o mesmo sentimento da última vez que usei.

Ao olhar para Éder, seu cabelo molhado de suor caía sobre a testa, e uma mecha caía sobre o olho esquerdo. Enquanto isso acontecia, ele olhava fixamente para mim, não temendo nada.

"Vamos começar!"

Ele grita, e vou direto até ele, mas no momento da minha explosão de velocidade, sem perceber, a espada dele já estava na minha garganta. Não tive nem tempo de analisar o que aconteceu; foi a coisa mais rápida que já me ocorreu. Ao olhar para ele, continuava com o mesmo olhar, como se nunca tivesse se mexido, apenas com um movimento rápido suficiente para me deixar nesse estado.

"Isso é só o começo, Lucas."

Ele tira a espada do meu pescoço e volta para a área da sombra.

"Na próxima vez, quero que use sua afinidade. Preciso testar algo."

Ele diz enquanto se move lentamente até a área da sombra, carregando a espada.

"O que porra acabou de acontecer?"

Sussurro para mim mesmo enquanto ele se afasta.

"Por quanto tempo fiquei dormindo?"

Digo isso enquanto caio no chão.

"Eu não posso ficar para trás."

Preciso entender como minha afinidade funciona, e esse é o melhor momento. Tiro minha capa e a jogo no canto da sala, perto da almofada. Vou até os livros e pego o primeiro que vejo. Ele era todo verde, com alguns detalhes em verde claro e o nome na frente.

[O uso do tempo]

***

O livro era bem pequeno, mas nele Joseph explica como o tempo funciona e a teoria por trás disso.

Ele comenta que, para iniciar, é necessário meditação, silêncio e concentração, sentindo-se um com o próprio tempo. Também diz que fez esse lugar com a almofada para ajudar na meditação e concentração. Vou até a almofada e me sento. Cruzo as pernas e coloco as mãos sobre as coxas.

"Vamos lá."

Começo a relaxar, respiro fundo e tento me concentrar no momento. O que me ajuda é a calmaria desse lugar, o sentimento bom que esse ambiente traz. No livro, ele dizia que a meditação serve para se conectar mais com o tempo e, quanto maior a conexão com a afinidade, melhor será o domínio sobre ela.

***

Ao abrir os olhos novamente, senti que meu interior estava calmo e tranquilo. Ao olhar para o lado, encontrava Éder, que ainda estava enfrentando sua sombra.

"Éder, quanto tempo fiquei assim?"

Ele tinha acabado de cair ao chão. Olha para mim com um ar de desinteresse.

"Não sei, acho que ficou umas duas horas."

Como assim? Eu tinha certeza de que havia passado apenas alguns minutos.

"Obrigado."

Ele volta a fazer flexões. Que interessante, o tempo para mim passou tão devagar. Será que isso é um dos efeitos? No livro não dizia nada sobre isso. Bem, pego outro livro que tinha cores vermelhas e detalhes em azul royal.

[Interlúdios do tempo]

***

Nesse livro, Joseph explica que nunca usava muito sua afinidade com o tempo e, por isso, sua conexão com ela nunca avançou. Porém, mesmo sem usá-la várias vezes, ele entendia que a melhor forma de fortalecê-la era através do uso de suas habilidades ou da meditação, mas sempre deu preferência à meditação. Ele comenta sobre seus poderes, incluindo a capacidade de deixar o tempo lento ou até mesmo pará-lo por completo. Isso me chamou bastante atenção. Ele explicava que, para usar as habilidades, era necessário estar dentro do tempo, e o tempo dentro de você. Ele diz que uma das melhores formas de praticar isso é ficar meditando e pedir para alguém derrubar uma folha ou outra coisa sem fazer barulho. Ele dá um pequeno exemplo: A pessoa que está meditando de olhos fechados deve entender o momento certo e pegar o que foi soltado da mão da outra pessoa. Também comenta que, após isso, é bom entender a duração de quanto tempo você aguenta com ele parado ou lento.

Após ler tudo isso, fui até Éder e chamei sua atenção.

"Éder, vou precisar da sua ajuda."

Ele, que estava terminando suas flexões, olha para mim com dúvida. Vou até o chão e arranco a grama.

"Enquanto estou meditando, quero que em um momento aleatório você jogue essa grama na minha frente, mas não diga nada e não faça barulho."

Ele dá um sorriso, entendendo que estou treinando minha afinidade.

"Tudo bem, então."

Após dizer isso, ele termina as flexões e vai novamente ao encontro da sombra.

Enquanto ele faz isso, volto a meditar, fechando os olhos, cruzando as pernas e colocando as mãos sobre as coxas. Enquanto isso acontecia, observei meu casaco, ainda molhado da chuva, e via que a água caía dele para o chão a intervalos diferentes. Sinto todas aquelas sensações de volta: o vento batendo no rosto, o cheiro doce e confortável. Após todas essas sensações, me sentia sozinho, onde só havia eu e o tempo. Porém, vinha à minha cabeça o meu casaco, que ainda gotejava. Um, dois, três, quatro e mais uma gota... Um, dois, três e novamente mais uma gota saía dele...

Tenho que pegar o momento certo, dizia para mim mesmo. Um, dois, três, quatro, cinco, seis e, nesse momento, minha mão aberta vai automaticamente para frente, como se desse um soco. Foi então que senti algo dentro da minha mão e, quando abri os olhos, Éder estava na minha frente, sorrindo.

"Muito bem. Você conseguiu."

Quando olhei para a palma da minha mão, a grama estava lá.

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WendellzDcreators' thoughts