webnovel

Dragão e Gravidade

Visão de Lucas:

"O livro acaba por aqui."

É bem interessante a história dele. Ele suportou tudo e conseguiu dar a volta por cima. Ele ainda conseguia usar muito bem a afinidade do tempo, mesmo que ele não tenha falado muito sobre ela.

"Lucas? Vamos, estamos prontos."

Hugo aparece abrindo a porta e começa a me chamar. Junto dele, está um capuz que ele carrega na sua mão esquerda.

"Já está na hora?"

Ele faz que sim com a cabeça e me joga o capuz que carregava consigo.

"Pra que vamos usar isso?"

Ele olha para mim.

"Vamos usar para nos camuflar nessa noite de chuva."

O capuz era bastante longo, de cores pretas, e tinha um zíper bem no meio que ia até o pescoço, fazendo com que, caso eu o fechasse, ficasse extremamente difícil me encontrar à noite.

Hugo sai da minha porta e se dirige a outro cômodo. Provavelmente vai chamar Éder. Começo a pôr o capuz e, junto dele, pego a katana e a coloco na cintura. Enquanto faço isso, Hugo aparece novamente na minha porta.

"Garoto, pegue isso. Vai te ajudar a levar as coisas."

Ele me joga uma mochila de tamanho médio e amarronzada, com vários bolsos.

"Guarde os livros nela."

Ele diz isso enquanto sai de frente à porta.

"Tá certo, Hugo."

Vou até a estante, pego os únicos dois livros que possuo e coloco dentro da bolsa. Depois, coloco a mochila nas costas.

"Vamos, Lucas! Estamos te esperando."

Escuto Éder gritando embaixo.

"Já estou indo!"

Termino de me ajeitar e desço. Nós três estávamos com capuz e mochila.

"Achava que iria morar lá, Lucas."

Éder diz enquanto ri.

"Vocês são muito apressados. É diferente."

Enquanto eu dizia isso, uma forte tempestade começa a cair sobre a cidade. Consigo sentir tudo ao redor estremecer. Não havia hora melhor para isso.

"Garotos, me sigam. Não importa o que aconteça, continuem me seguindo. Essa chuva vai nos atrapalhar."

Ele diz, mas consigo sentir uma certa incerteza na sua voz.

Ele abre a porta da casa.

"Não é possível."

Ao abrir a porta, mesmo com a chuva caindo, conseguimos ver corpos dos moradores no chão. Todos foram mortos. Consigo ver uma cabeça no chão. Seus olhos estavam ainda abertos e olhando diretamente para cá. A rua estava infestada de corpos. Já não sabia mais se o que estava chovendo era água ou sangue. Era a visão do inferno.

"Que merda, eles já chegaram."

Hugo diz isso enquanto se apoia na porta.

"Garotos, não se surpreendam. Os Espectros estão aqu-"

Enquanto ele fala, começa a tossir sangue e tenta esconder com a mão. Porém, eu e Éder conseguimos ver o sangue caindo. Ele então se escora na porta e começa a suspirar.

"O que tá acontecendo, Hugo?"

Éder vai até ele, extremamente preocupado.

"Eu tô bem, mas precisamos ir embora daqui logo. O dragão está por aqui."

Ele se levanta e respira fundo.

"Vamos, garotos. Me sigam."

Dragão? Esse era um dos apelidos de um dos Espectros. Hugo logo toma a frente e sai da casa.

"Me sigam."

Ele diz enquanto atravessa a chuva. Éder logo vai depois, e eu vou logo após ele. Ao ter meu pé fora da casa, sinto a chuva cair sobre mim. Essa chuva é diferente das outras, ela dói, dói muito. Se eu não estivesse com esse capuz, estaria sendo massacrado pela chuva.

"Não posso ficar paralisado."

Digo para mim mesmo, enquanto acompanho meus companheiros pela chuva.

Enquanto corro, vejo corpos no chão, sangue no chão. Isso é um pesadelo. Nunca imaginei, em toda a minha vida, um cenário como esse.

Ficamos correndo até uma casa onde Hugo decide entrar.

"Lucas, essa é a minha casa. Não se surpreenda com a sujeira."

Ao entrar, vejo um lugar todo sujo, com coisas no chão, comida em cima da mesa. Vejo moscas em cima da comida, baratas saindo da geladeira.

"Que nojo, Hugo."

Hugo dá uma risada.

"Me desculpe. Nunca fui muito organizado."

Ele diz enquanto adentra a imundície que ele chama de casa.

"Garotos, eu vou pegar algo para vocês. Esperem um pouco."

Ele vai até uma gaveta que estava com roupas por cima e comida em cima.

"Achei!"

Ele tira duas pulseiras com um ímã amarelo. Ele vem até nós, que decidimos não entrar na casa e esperar do lado de fora.

"Coloquem no pulso de vocês. Vai servir para chegarmos ao nosso destino."

Eu e Éder colocamos as pulseiras no pulso rapidamente.

"Hugo, como isso funciona?"

Éder pergunta, com uma cara de nojo, ainda pelo cheiro da casa.

"Quando vocês baterem no ímã, ele vai se levantar e indicar onde devemos ir."

Faço isso e, como foi dito, ele se levanta e aponta para o Norte.

"Bem, garotos, vamos."

Ao apontar para o Norte, eu e Éder acabamos indo na frente. Quando olhamos para trás, conseguimos ver Hugo olhando fixamente para um lugar.

"Hugo! Não vai vir?"

Ele volta a olhar para nós e dá um sorriso.

"Já estou indo, rapazes."

Ele começa a correr em nossa direção e toma a frente.

***

Após algum tempo correndo nesse cenário, conseguimos sair da cidade.

"Finalmente saímos da cidade."

Fala Éder, dando um suspiro. Mesmo após sair daqui, a chuva continua. Parece até pior.

"Hugo, o que acha da gente descansar na árvore ali do lado?"

Estávamos em um terreno limpo, mas com algumas árvores ao redor. Descansar na árvore era uma boa forma de recuperar nossas energias, então fazia sentido essa ideia de Éder.

"Acho uma ótima id-"

Enquanto falava, Hugo começou a olhar para a entrada do reino repetinamente. Era visível o medo em sua expressão.

"Garotos, corram. AGORA!"

Da entrada do reino, vindo da chuva, um ser carregava consigo uma espada de lâmina preta. Era difícil ver seu rosto. Porém, o que vestia era uma longa vestimenta que ia até os pés, branca, com um símbolo de sol no canto inferior direito. Senti uma pressão quando o vi, falta de ar, e fiquei um pouco tonto.

"Morra, seu maldito!"

Hugo olha para ele e usa sua afinidade da gravidade. Seu poder deveria deixá-lo com a cara no chão, preso, esmagado igual a um inseto. Mas não foi o que aconteceu.

"Você ainda está por aqui? Lawrence não te deu o aviso?"

Ele vem calmamente chegando perto de Hugo, que começa a cuspir sangue e se senta no chão, vomitando muito sangue. Enquanto eu me sentia tonto, a cada vez que ele se aproximava, Éder estava em pé, como se nada tivesse acontecido, apenas observando.

"Você ainda tenta usar isso? Você é incapaz de usar. Não entendo por que ainda tenta."

Hugo já estava deitado no chão, vomitando sangue. Eu e Éder apenas ficamos paralisados.

"Bem, acho melhor eu terminar o que comecei. Afinal de contas, meu veneno está cada dia te matando, e você está se contorcendo igual uma barata tonta. Não consegue nem mais usar sua afinidade."

Ele pega Hugo pela capa que usa e o levanta, ficando olho a olho com ele.

"Seu... Maldito... Você vai... Morrer."

Hugo já não conseguia mais falar direito, completamente debilitado só com a presença dele.

"Adeus."

Ele levanta a sua lâmina negra, ele segura ela firme, e coloca ao lado do pescoço de Hugo. Em um único movimento, arranca a cabeça de Hugo e solta o seu corpo no chão.

Enquanto estava paralisado vendo tudo, Éder parte para cima dele.

"Seu desgraçado. Como você pode!"

Éder, em fúria, não pensa e saca sua espada, indo em direção a ele.

"Morra!"

O homem, ao olhar para o lado e ver Éder, simplesmente ri e espera ele dar o seu golpe.

"Você de novo?"

Éder tenta acertar no peito, mas a espada não atravessa sua pele.

"Por quê? Você de novo? O que você quer de mim?"

Ele tira a espada, cai no chão e começa a lacrimejar.

"Me impressiona, você está vivo. Você consegue se mover? Pelo visto, você perdeu sua afinidade. Que coisa rara."

"Seu merda. Você tirou tudo de mim, eu vou te matar."

Éder se levanta novamente e tenta atacá-lo, mas sua espada novamente não atravessa sua pele.

"Corra enquanto ainda tem tempo, garoto. É inútil."

Ele tenta e tenta novamente acertá-lo, mas sem sucesso.

"Seu desgraçado, seu desgraçado! Morr-".

O homem dá um golpe na sua nuca, fazendo-o cair. De imediato, ele olha para mim e começa a fazer um sinal para ir até ele.

"Ei, você. Leve esse garoto embora, ou eu mato vocês dois."

Sinto um tremendo medo vindo do meu interior, e no mesmo momento, pego o corpo de Éder e começo a ir embora.

"Na próxima vez que vocês entrarem no nosso caminho, vou matá-los. Esse homem não quis aproveitar sua segunda chance e teve o que merece. Vão embora."

Como um rato correndo de um gato, peguei Éder e o apoiei no meu ombro e fui correndo, sem olhar para trás.

Gostou da leitura? Adicione a sua livraria! Caso tenha alguma idéia ou sugestão, por favor me mande!

WendellzDcreators' thoughts