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CAPÍTULO V: ROUBADO

Enquanto dirigia para fora da cidade, meu querido cliente iniciou uma conversa comigo.

- Me diga, qual seria o nome só senhor ?

- Não gosto de dizer meu nome a estranhos, mas como você é o cliente e em um futuro próximo nos encontraremos, creio eu, te revelo meu nome. Me chamo Heitor, Heitor de Carrus.

- Seu sobrenome é de origem Latina?

- Sim! - Respondi surpreso, acontece que nem eu sabia o significado desse sobrenome e nem sua origem. Recebi essa alcunha de um professor, meu amigo e velho cliente, já que me recusei em lhe revelar meu sobrenome então ele me apelidou com esse nome "Carrus". Não sei porque, mas gostei desse apelido e o adotei. Desde de então o uso como uma espécie de pseudônimo.

- O senhor é professor ? - Perguntei.

- Não, apenas tenho uma gama boa de idiomas de outras regiões, principalmente as mais antigas como o latim.

O silêncio se estabeleceu. Ficou tudo um mar de tranquilidade. Quando enfim saímos da cidade, ele olhou pela janela como se estivesse garantindo que ninguém nos seguia, sei disso porque o observei pelo retrovisor. Novamente ele começou uma conversa.

- Me diga, senhor Heitor, o senhor é feliz ?

- Carro! - Respondi

- Vive a sua vida ao máximo, digo, aproveita os momentos que a vida lhe proporciona ? Os de alegria, tristeza, raiva ?

Sinceramente, achei estranho essa indagação.

- O senhor é psiquiatra ou psicólogo ?

Ele me olhou com um olhar de surpresa e depois de Conformidade, quase como se tivesse assumido outra identidade.

- Digamos que sim...mais ou menos, mas assim como esses doutores trabalho com coisas abstratas!

- Desculpa, qual o seu nome ?

- Me chamam de César!

- Senhor César, porque está me indagando ? - disse um pouco frustado. Olha, devia ter ficado calado, foi essa fala que possivelmente me queimou - Não estou louco meu caro, nem sofro de distúrbios mentais, não preciso de uma consulta!.

Depois do que eu disse, a face de César mudou quase como de um assassino pronto para atacar. Seus olhos cansados se levantaram e seu largo sorriso murchou.

- Me diga, quem são os loucos ? - Ele disse, e continuou - Não seriam os ditos normais os verdadeiros loucos ? Eles que estabeleceram um sistema onde aquele que não o segue é tido como louco ou anormal. No fim o que são os normais ? Quem pode ser considerado normal ? Olha em volta meu amigo, ninguém é totalmente normal, somos todos um bando de esquisitos que insistem que são normais. Eu porém te digo, os loucos são os verdadeiros normais pois estão livres das amarras sociais que tanto nos prendem! - finalizou satisfeito e furioso.

Meu querido, nesse momento tudo que passava na minha cabeça era:"Papo de maluco!". Que tolice a minha, meu cliente e futuro inimigo, apenas tentou abrir meus olhos e me mostrar o que muitas vezes é bem óbvio. Pena que eu era um ignorante.

No fim da conversa apenas o ignorei e segui adiante.

Enfim, quando chegamos na minha rua disse que estávamos no destino, ele me olhou e me pediu um copo d' água pois estava com sede. Bom, eu não sei porque mas apenas por instinto o levei para minha casa com se fossemos grandes amigos. Literalmente eu nem neguei nem refleti perguntar quem ele queria encontrar simplesmente adentrei em minha residência e o convidei para entrar.

Depois disso, pedi para se acomodar e segui para cozinha e peguei o copo que iria o refrescar. Porém ao chegar na sala onde ele estava, vi várias luzes coloridas saindo de suas mãos, ele recitava alguma coisa mas era tão embaralhadas as palavras que não consegui entender nada.

- Obrigado, seu coração será de muito agrado! - Disse ele correndo para cima de mim e enfiando sua mão em meu peito.

Nesse momento, senti uma dor terrível em meu coração. Luzes e uma espécie de energia começaram a sair de dentro de mim, eram recheadas de diversas cores, amarelo, azul, roxo, todas as cores do arco-íris. Eu estava dominado pelo medo e não consegui fazer nada, ao mesmo tempo uma raiva emergiu dentro de mim e as misteriosas luzes começaram a ficar avermelhadas. Porém foi tudo em vão, esses sentimentos começaram a desaparecer, o copo que estava em minha mão caiu no chão e no mesmo instante César arrancou de meu peito um coração, não o musculo chamado coração, mas um sólido irregular o famoso coração que desenhamos ou pintamos na escola quando criança.

Esse sólido absorveu todas as luzes e negras que saiam do meu corpo. Nesse momento cai no chão de boca aberta e olhos bem abertos, apenas vi César olhando para mim com um olhar de decepção e depois partindo para fora de minha residência.

Após esse evento, adormeci.