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Cynic’s Second Wind: DxD Chronicles

Debochado e alexitímico: esse era meu antigo eu, vivendo uma existência marcada pela indiferença e cinismo. Minha morte, tão degradante quanto a vida que levei, deveria ter sido um fim, um descanso eterno que, no meu ponto de vista, seria mais do que suficiente. No entanto, parece que os céus tinham planos diferentes – ou talvez, apenas um senso de humor extremamente cruel. Com o que deveria ter sido meu último suspiro, veio, para minha surpresa e desagrado, um novo fôlego de vida. Renascido em um mundo onde magia, demônios, anjos e entidades caídas não são meros produtos de contos fantásticos, mas uma realidade tangível e perigosa, aqui estou eu, reencarnado como um humano comum. Perdido neste estranho novo mundo, uma pergunta persiste, martelando incessantemente em minha mente: Por que eu não pude simplesmente permanecer morto? Qual é o propósito de ser arrancado do nada para ser jogado de volta à existência, e em um lugar tão absurdamente surreal quanto este? Por que, de todos os destinos possíveis, eu tive que reencarnar? Prepare-se para uma saga onde o sobrenatural e o humor negro coexistem, onde poderes, artefatos, criaturas místicas e personagens oriundos de diversos animes e mangás farão suas aparições. No entanto, no cerne desta narrativa enigmática e irreverente, encontramo-nos imersos no universo de High School DxD. Embarque nesta jornada desconcertante e, por vezes, hilariante, enquanto eu tento desvendar o mistério por trás de minha inexplicável reencarnação.

Kuroto_Tennouji · 漫画同人
分數不夠
16 Chs

Volume I - Capitulo 14

"Sim, foi," ela concordou, seu rosto se iluminando com um sorriso gentil. Asia sempre parecia ser aquela pessoa que fazia amigos com facilidade. "Você está aqui a trabalho ou a passeio?"

Forcei um sorriso casual, embora estivesse analisando tudo ao meu redor. "Estou aqui por... negócios, se é que me entende. E você? Trabalha aqui?"

Asia hesitou um pouco antes de responder. "Sim, eu... eu moro e trabalho aqui. Auxilio nas atividades da igreja e faço o possível para ajudar os outros."

Dava para notar que ela tinha mais a dizer, assim como eu. Mas, por agora, ambos parecíamos contentes em deixar as coisas como estavam.

"Você parece ser bem jovem para trabalhar aqui," observei, tentando soar descontraído. "Parece ser uma grande responsabilidade."

Ela me avaliou dos pés à cabeça e soltou uma risadinha, rapidamente colocando a mão na boca, envergonhada. "Mas você também parece bem jovem e ainda está por aqui sozinho!"

Fiquei meio sem graça, como se tivesse sido pego de surpresa. "Touché."

Ela sorriu, agora mais relaxada, como se tivéssemos estabelecido um laço com aquele breve diálogo.

Asia voltou o olhar para a igreja, encantada com sua arquitetura majestosa. "Às vezes, me questiono se este é mesmo o meu lugar. Sinto-me tão... deslocada."

Havia sinceridade em sua voz, e isso me fez observá-la mais atentamente. "Por que diz isso?"

Ela suspirou, "A fé das pessoas aqui é tão forte. Elas acreditam e seguem sem questionar. Eu só... quero entender o mundo ao meu redor, compreender meu propósito."

Refleti sobre o que ela disse. Era algo com o qual eu podia me identificar. "Acho que todos nós procuramos por um propósito, Asia. E, às vezes, o caminho para encontrá-lo é mais complexo do que imaginamos."

Ela pareceu tocada pela profundidade das minhas palavras, mas logo sorriu agradecida. "Você é diferente, Kuroto. No bom sentido. Fico feliz que nossos caminhos tenham se esbarrado hoje."

Com um tom brincalhão, respondi: "Esbarrado, no sentido literal."

Asia riu, sua risada era contagiante e iluminava o ambiente. "Se você não estiver atolado com seus 'negócios', talvez possamos passar mais tempo juntos? Posso te mostrar o melhor do Vaticano?"

Ponderei por um instante e acenei positivamente. "Claro, adoraria ter uma guia tão entusiasmada."

Ela acenou animadamente, seus olhos brilhando. "Tem tantos lugares incríveis que quero te mostrar."

Começamos a explorar juntos, com Asia me apresentando os segredos do Vaticano. Enquanto percorríamos ruas estreitas e marcos históricos, ela compartilhava com paixão sobre a história e o significado de cada lugar. Era claro o quanto ela valorizava e respeitava sua cultura.

Em um determinado momento, encontramos um jardim escondido atrás de uma igreja. Era um refúgio pacífico, repleto de flores vibrantes e bancos para descanso. O murmúrio de uma fonte soava ao fundo.

"Este é meu refúgio," confessou Asia, seu olhar perdido na beleza do local. "É tão calmo aqui. Sempre venho quando preciso de um tempo sozinha."

Sentei-me e a observei, "Você encontra sua paz aqui?"

Ela assentiu. "De certa forma, sim. Mesmo com todas as minhas incertezas, esse jardim sempre me traz serenidade."

Admirei o lugar. "Consigo entender por quê. É realmente encantador."

Asia se sentou ao meu lado, fixando seus olhos na fonte. "Sabe, Kuroto, todos têm um lugar que lhes traz paz, seja um jardim, uma cidade ou até uma pessoa."

Refleti sobre o que ela disse e logo pensei em Lisa e em Tosca. "É, eu adoraria encontrar um lugar assim."

Ela me olhou profundamente. "Talvez você já tenha, mas ainda não percebeu."

Brinquei, tentando mudar o tom da conversa, "Talvez esse lugar seja aqui, num banco ao lado de uma linda freira loira e super entusiasmada sera?"

Asia corou e soltou uma risada tímida. "Se for o caso, me sinto honrada em fazer parte desse seu espaço."

Nos sentamos ali, aproveitando a calmaria do jardim e a companhia mútua. A conversa entre nós fluía de forma natural, e comecei a perceber o quão especial Asia era.

Com o pôr do sol tingindo o céu, Asia se levantou, estendendo sua mão. "Vamos. O Vaticano à noite é ainda mais mágico, e eu adoraria te mostrar."

Aceitei sua mão e me levantei. "Mal posso esperar."

Guiada por ela, caminhei pelas ruas do Vaticano, agora iluminadas por postes antigos e lâmpadas suaves, que conferiam ao local um ar místico. O som dos nossos passos sobre as pedras criava uma melodia suave e envolvente.

Ela me mostrou vários pontos de interesse, narrando a história e o significado por trás de cada um. Falou dos papas que governaram, das decisões tomadas e de como tudo isso moldou o Vaticano e a Igreja. Sua paixão e conhecimento eram evidentes.

Paramos em uma praça com uma fonte iluminada, cujo reflexo cintilava na água. Com um brilho nos olhos, ela comentou: "Dizem que se jogar uma moeda aqui e fizer um pedido, ele se tornará realidade."

Tirei uma moeda do bolso e a ofereci, incentivando-a a tentar.

Segurando a moeda e, após um breve momento com os olhos fechados, ela lançou-a na água. Olhando para mim, perguntou: "E você? Não vai fazer um desejo?"

Com um ar despretensioso, retruquei: "Não sou muito de acreditar nessas coisas."

Ela me lançou um sorriso doce e disse: "Às vezes, acreditar é o que nos mantém esperançosos."

Ponderando, tirei outra moeda do bolso e murmurei: "Tá, só dessa vez." E a joguei na fonte.

Ela me olhou com curiosidade. "Vai me contar o que pediu?"

De forma travessa, devolvi: "Se contar, não vai se realizar, né?"

Ela riu, e seu riso ecoou harmoniosamente pela praça. "Você é mesmo uma caixinha de surpresas."

"É o meu charme juvenil", brinquei, posando de forma descolada.

Com um olhar divertido, ela disse: "Você sempre tem uma resposta na ponta da língua, né?"

Rindo de canto, comentei: "Faz parte do meu repertório. Um cara tem que ter algum talento, né?"

Ela soltou outra risada. "Estou começando a pensar que seu talento é me fazer sorrir."

"Comédia é uma arte, né? Mas a minha é mais pro lado negro", brinquei, esboçando um sorriso meio sombrio.

Ela me observou, seus olhos tentando decifrar os meus. "Sinto que há muito mais em você do que mostra. Como se escondesse muita coisa atrás desse jeitão brincalhão."

Desviando o olhar, respondi: "A vida molda a gente. Alguns se tornam transparentes, outros, um mistério. E outros... bem, se escondem atrás de máscaras."

Ela se aproximou, tocando meu braço suavemente. "Mostrar quem realmente é pode ser libertador, sabia?"

Respirei fundo, sentindo sua mão quente. "Quem sabe um dia. Quem sabe."

Houve um breve silêncio, quebrado apenas pelo som da água da fonte.

Reanimada, ela disse: "Vamos, temos mais para ver."

Conforme avançávamos, sentia uma conexão com ela, algo profundo e indescritível.

A noite voou, e logo estávamos de volta à igreja. Ela observou o céu estrelado e agradeceu: "Obrigada por essa noite. Foi especial."

Brincando, fiz uma reverência. "O prazer foi todo meu. E se precisar de um guia no futuro, espero conseguir eu apresentar um lugar da próxima vez."

Ela se afastou rindo, prometendo se lembrar da oferta.

"Parece que você andou se divertindo por aí, moleque." Aquela voz feminina e claramente irritada vinha de trás de mim.

Virei o rosto lentamente e a vi. A ceifeira estava lá com um olhar furioso, porém com um sorriso no rosto, o que a deixava ainda mais ameaçadora. Ela apenas moveu o braço levemente para minha cabeça, a agarrando com firmeza e apertando com força.

"Espero uma boa explicação, pirralho. Tu fez eu te caçar por todo Vaticano."

"Capitã... Eu apenas estava... explorando," tentei explicar, sentindo a pressão da mão dela em minha cabeça.

"Explorando? Ah, claro. E não se esqueça, você ainda está em treinamento para exorcista, moleque. Acha que pode simplesmente vagar pelo Vaticano como bem entender?" Ela disse aquelas palavras com um tom claramente sarcástico.

Soltei uma risada nervosa, "Você sabe, é uma história engraçada. Eu meio que me perdi e... encontrei essa freira chamada Asia." Ela arqueou uma sobrancelha, claramente interessada.

"Asia? Como em Asia Argento da igreja? A portadora do Sacred Gear?"

"Argento? Que nome diferente. Pera, portadora? Ela tem uma gear?" perguntei, realmente surpreso. Então ela é outra portadora de sacred gear.

"Sério que a primeira coisa que te surpreendeu foi o nome dela?" Disse a ceifeira com um olhar de descrença. "Você realmente não sabe nada, não é? Sim, ela é uma das portadoras de Sacred Gear mais conhecidas na Igreja, a Donzela Sagrada. Não me diga que passou todo esse tempo com ela e não sabia disso?"

"Para ser sincero, não falamos sobre isso," admiti, esfregando a parte de trás da minha cabeça, onde a mão dela tinha apertado antes. "Ela estava me mostrando o Vaticano, contando histórias sobre lugares e artefatos. Nós... nós nos conectamos. Não estava pensando em Sacred Gears ou exorcismo."

Escarlate revirou os olhos, claramente irritada com a mudança abrupta de tópico, mas decidiu seguir a onda. "Os 'velhos corocas', como você tão delicadamente os chama, têm informações sobre uma possível infiltração dos 'hereges' no Vaticano. Eles estão preocupados com isso, especialmente considerando a quantidade de artefatos sagrados e informações valiosas guardadas aqui."

"Hereges? No Vaticano?" perguntei, tentando processar a informação. "Aqueles idiotas dos caídos?"

Bufei, cruzando os braços. "E por que eu seria um alvo perfeito? Não sou uma criança indefesa, Capitã."

Escarlate me olhou com um olhar penetrante. "Porque você é impulsivo, você se envolve emocionalmente muito rápido e, mais importante, você tem informações e habilidades que eles poderiam querer. Você é um trunfo valioso, quer admita ou não."

"Impulsivo não, sou explosivo e diferente", retruquei rapidamente, com um sorriso travesso. "Além disso, eu me envolvo emocionalmente? Desde quando?"

Ela deu um suspiro exasperado, passando as mãos pelos cabelos. "Desde sempre, pirralho. Só porque você tenta esconder não significa que não esteja lá. Você se liga rápido demais às pessoas. Lisa, Asia... e aposto que há muitos outros que nem sequer mencionei."

"Escarlate, respeito você pelo que fez por mim", disse, meu tom mudando completamente para um mais sério, sem um pingo de brincadeira, o que não era do meu feitio. "Mas não confunda as coisas. As relações que eu faço não dizem respeito a você. Asia foi apenas um caso à parte. Não preciso de 'Pontos vitais' na minha vida para vocês usarem contra mim. Não pense que esqueci nem por um milésimo de segundo que vocês estão usando a Lisa como moeda de troca pela minha obediência."

Escarlate olhou fixamente para mim, seus olhos se estreitando ligeiramente. Ela respirou fundo, a atmosfera entre nós carregada de tensão.

"E se eu não me importasse com você, acha mesmo que teria te acolhido? Acha que teria ido tão longe para protegê-lo?", sua voz era firme, mas havia um traço de emoção que raramente era mostrado. Desviei o olhar, evitando o olhar intenso dela.

"Isso não justifica o que estão fazendo com Lisa", murmurei, meu tom mais baixo do que antes. Escarlate suspirou novamente, fechando os olhos por um momento.

"Eu sei", ela finalmente admitiu, "Eu sei o quão difícil tem sido para você. Mas você precisa entender que a situação é muito mais complicada do que parece. E, por mais que eu queira ajudar Lisa, há coisas maiores em jogo."

Mordi o lábio inferior, meus olhos cinzentos escurecendo com emoção. "Eu só quero minha vida de volta. Quero Lisa de volta. Não quero ser uma peça nessa merda de jogo."

Escarlate olhou para mim, uma expressão suave aparecendo em seu rosto. Ela estendeu a mão, tocando meu rosto com gentileza. "Eu sei, pirralho. Eu sei."

Ficamos em silêncio por um momento, a tensão entre nós agora substituída por uma compreensão dolorosa.

"Capitã..." comecei, minhas palavras pegando em minha garganta, "Eu... Só quero que as coisas sejam claras entre nós. Não quero sentir que estou sendo manipulado. Se realmente se importa comigo, me ajude a entender tudo isso. Me ajude a trazer Lisa de volta."

Escarlate olhou para o chão, ponderando suas palavras cuidadosamente. "Kuroto, eu faria qualquer coisa para te manter seguro. Seu bem-estar sempre foi minha prioridade. Mas você precisa entender que a Igreja tem suas próprias intenções e agenda. E mesmo que eu não concorde com tudo o que fazem, estou vinculada ao meu dever."

Ela deu um passo em direção a mim, segurando meus ombros. "Prometo a você que farei tudo ao meu alcance para ajudá-lo com Lisa. Mas você precisa confiar em mim. Não posso fazer isso sozinha."

Assenti lentamente, uma mistura de esperança e incerteza em meus olhos. "Vou tentar, Capitã. Vou tentar."

O restante da noite foi monótono. Voltamos ao hotel e dormimos, nos arrumamos para a reunião que teríamos no dia seguinte. Já no dia seguinte, sem delongas, nos arrumamos e tomamos um café da manhã para irmos.

As ruas de Roma estavam movimentadas, com o barulho característico de turistas explorando os pontos históricos, vendedores ambulantes e o murmurar da multidão. As pedras milenares sob meus pés e os de Escarlate pareciam ecoar os segredos dos séculos, enquanto caminhávamos lado a lado, cada um perdido em seus próprios pensamentos.

O sol matinal lançava uma luz dourada sobre os edifícios, fazendo com que a cidade parecesse reluzir com um brilho especial. O aroma do café recém-torrado misturava-se com o aroma das padarias e pizzarias nas proximidades, tentando os passantes com suas deliciosas ofertas.

Ao chegarmos na Piazza Navona, ambos paramos para admirar a Fonte dos Quatro Rios, uma obra-prima de Gian Lorenzo Bernini, que retratava os rios Danúbio, Ganges, da Prata e Nilo.

"Parece que cada vez que venho aqui, descubro algo novo", comentei, meu tom ligeiramente mais leve do que na noite anterior. "Roma tem essa qualidade... é como um livro que você nunca termina de ler."

Escarlate assentiu, seus olhos varrendo a praça. "É uma cidade de história, de poder, de fé. E também de segredos", disse ela, um tom enigmático em sua voz.

Olhei para ela. "Segredos que a Igreja guarda?", questionei.

Escarlate hesitou por um momento antes de responder. "Nem todos os segredos são ruins, Kuroto. Alguns são apenas... protegidos."

Continuamos nosso caminho, passando pelo Pantheon e nos dirigindo ao Vaticano. Ao chegarmos à Praça de São Pedro, paramos para admirar a imponente Basílica de São Pedro e a esplêndida cúpula desenhada por Michelangelo.

"Bem-vindos", disse ele em italiano, estendendo a mão em cumprimento. "Sou o Padre Giovanni. Estava à vossa espera."

"Obrigado, Padre", respondeu Escarlate, fazendo uma leve reverência. "Esperamos que esta reunião nos traga algumas respostas."

Padre Giovanni concordou, nos levando para dentro da imensa estrutura. "Está em jogo muito mais do que parece", murmurou ele. "Mas espero que possamos encontrar uma solução juntos."

Enquanto seguia o Padre Giovanni pelos longos corredores do Vaticano, não pude deixar de me sentir pequeno. A grandiosidade do lugar, as paredes cobertas por obras de arte inestimáveis e a atmosfera solene faziam com que cada passo ecoasse com um peso histórico.

"O Vaticano não é apenas um lugar de fé", começou o Padre Giovanni, "mas também de poder. E com poder, vem responsabilidade... e segredos."

Escarlate lançou-lhe um olhar aguçado, como se estivesse tentando decifrar algo mais nas palavras dele. "O que o senhor quer dizer com isso, Padre?"

Ele parou diante de uma porta grande e ornamentada. "O que vou mostrar-lhes é algo que poucos olhos viram. Mas acredito que é crucial para entender a situação atual."

Ao abrir a porta, revelou-se uma sala iluminada por velas, no centro da qual havia uma espada exibindo uma aura majestosa e divina. Seu design intrincado e detalhado fazia-a parecer mais uma obra de arte do que uma simples arma. A lâmina dourada se estendia esbelta e forte, culminando em um cabo ricamente decorado com joias que lembravam pedras preciosas de um azul profundo, possivelmente turquesa ou safira. No topo, uma cruz reluzente, adornada com a mesma pedra azul, brilhava, dando a impressão de que a espada era um instrumento de poder sagrado.

No entanto, o que mais chamava a atenção era a maneira como a espada estava apresentada. Ela estava suspensa no ar, envolvida por várias correntes robustas que se estendiam em todas as direções, prendendo-a no centro de uma sala ampla. As correntes eram tão grossas e fortes que pareciam ser capazes de conter um gigante. Era como se a espada, apesar de sua beleza e aura sagrada, possuísse um poder tão grande que precisasse ser contida.

"Esta é uma das Espadas Sagradas", disse ele, sua voz cheia de reverência. "E acredita-se que ela tem o poder de alterar o equilíbrio entre o bem e o mal."

Me aproximei, sentindo uma estranha atração pelo objeto. "Collbrande?" O nome saiu como se fosse algo natural, sem nem mesmo pensar.

O Padre Giovanni levantou o olhar, surpreso. "Sim, de fato é a Collbrande. Mas como...?" Ele pausou, olhando para mim com uma nova intensidade. "Você a reconhece?"

Escarlate, igualmente surpresa, lançou-me um olhar interrogativo. Encarei ambos, me sentindo desconfortável com a forma como me encaravam, tentando encontrar as palavras certas. "Eu... Eu não sei, tá legal! Só olhei para ela e o nome veio à cabeça, sabe? Como se eu já tivesse a visto em algum lugar."

Padre Giovanni franziu a testa, claramente intrigado. "Interessante. Poucos fora do círculo interno da Igreja sabem da existência da Collbrande, muito menos conseguem identificá-la à primeira vista."

"Eu realmente não sei de onde veio", admiti, olhando para a espada com uma mistura de fascinação e apreensão. "Foi como se um déjà vu tivesse surgido, agora que tento focar, ele fica embaçado."

Escarlate estudou a espada de perto e depois voltou-se para o Padre Giovanni. "Por que nos mostrou isso? O que tem a ver comigo?"

Padre Giovanni respirou fundo, dando um passo para trás e permitindo que o peso do momento se estabelecesse na sala.

"Estas Espadas Sagradas são mais do que apenas armas. Elas são receptáculos de poder divino, legados da época dos anjos e Nephilim. Cada uma dessas espadas possui uma conexão única com uma determinada linhagem, uma ligação que vai além do entendimento humano."

Levantei uma sobrancelha, meu coração batendo mais rápido. "Não curto meias palavras, vovô. Se tem algo pra falar, diga de forma clara e sem rodeios, okay?"

Padre Giovanni suspirou, seus olhos se encontrando com os meus, carregados de seriedade. "Kuroto, acredita-se que cada Espada Sagrada escolhe seu portador, alguém que compartilha uma conexão ancestral com ela. A maneira como você reconheceu Collbrande imediatamente, mesmo sem conhecimento prévio dela, sugere que você pode ser o próximo portador destinado."

Olhei para ele com um olhar bem sério e indiferente e disse de uma vez só, "Passo! Não quero mais problemas e não quero carregar um alvo comigo, não, velhote."

Padre Giovanni suspirou, uma expressão de decepção momentânea passando por seu rosto. "Eu compreendo sua relutância, Kuroto. No entanto, você deve entender que as Espadas Sagradas não são apenas armas. Elas têm uma vontade própria. Se Collbrande acredita que você é o portador destinado, recusá-la pode não ser tão simples."

"Na verdade, é bem simples. Quer ver?" Me virei, caminhando para fora da sala. "Falou!"

Escarlate rapidamente se aproximou de mim, pegando meu braço e me fazendo parar. "Kuroto, espere. Não seja impulsivo."

Revirei os olhos, puxando meu braço para longe. "Impulsivo? Ah, não fode, Escarlate. Eles estão tentando me enfiar mais merda para me segurar, como se não fosse suficiente tudo que já me colocaram. E eles ainda têm a Lisa..."

Escarlate suspirou, seus olhos carregados de preocupação. "Eu entendo sua frustração, Kuroto. Realmente entendo..."

A cortei de imediato. "NÃO PORRA, VOCÊ NÃO ENTENDE NADA! PARA DE AGIR COMO SE ENTENDESSE COMO ME SINTO!"

Escarlate me olhou, os olhos cheios de lágrimas ao ver o quanto eu estava sofrendo, mas ela manteve sua postura firme. "Kuroto, cuidei de você desde que você veio para o esquadrão. Te acolhi como um dos nossos! Vi você crescer, vi você lutar, sofrer, resistir e se tornar o jovem forte que é hoje. E, quer você queira admitir ou não, me preocupo profundamente com você. Para mim, você é como um filho."

Seus olhos brilhavam com uma combinação de determinação e emoção. Ela se aproximou e colocou as mãos em meus ombros, olhando diretamente nos meus olhos. "Eu sei que você está com raiva, que sente que o mundo está contra você. Mas estou ao seu lado. E farei tudo o que estiver ao meu alcance para ajudá-lo a trazer Lisa de volta e garantir que tenha uma vida normal."

Tirei sua mão de meu ombro e caminhei em direção à sala sem olhar em seus olhos, tirando qualquer resquício de emoção de minha face, mostrando um semblante vazio. "Nunca prometa o que não vai cumprir."

Caminhei pela sala, ignorando o olhar surpreso do Padre Giovanni. Não queria ouvir mais nada sobre destinos ou espadas mágicas. Já estava cansado de ser um peão em jogos maiores que eu, principalmente quando a Lisa estava em jogo.

"Kuroto, por favor, ouça-me," implorou o Padre Giovanni, correndo atrás de mim. "Entendo sua frustração e medo, mas acredite em mim, há razões para tudo isso."

Parei abruptamente e me virei para encará-lo. "Razões? Você quer falar sobre razões? Tenho dez anos, DEZ! E desde que nasci, fui usado por médicos idiotas que me tratavam como um rato de laboratório. Minha vida tem sido uma série interminável de lutas, treinamentos, missões e segredos. Vocês me arrancaram de uma vida normal, e agora, quando finalmente encontro alguém que me faz sentir um pouco de normalidade, vocês a usam contra mim."

"Eu não escolhi essa vida, Padre," continuei, sentindo a raiva borbulhar dentro de mim. "E agora você quer me envolver em mais uma missão, mais um segredo, mais um jogo de poder? Até quando? Até eu morrer em alguma missão?"

Padre Giovanni suspirou, olhando-me com tristeza. "Kuroto, lamento profundamente por tudo o que passou. A Igreja, em sua busca por poder e proteção, às vezes toma decisões difíceis. Mas você precisa entender que não estamos tentando usá-lo. Estamos tentando proteger o mundo de forças que nem pode começar a compreender."

Balancei a cabeça, rindo amargamente. "Proteger o mundo? Ou proteger seus próprios interesses?"

Escarlate interveio, colocando-se entre nós. "Kuroto, entendo como se sente. Mas agora não é a hora para isso. Precisamos focar no que é importante. Agir assim coloca a Lisa em perigo, e a única maneira de ajudá-la é trabalhando juntos."

Olhei para ela, minha raiva se misturando com a dor. "Você realmente acha que posso confiar em vocês depois de tudo?"

Ela segurou meu rosto, forçando-me a olhar em seus olhos. "Nunca mentiria para você, Kuroto. Por mais que as circunstâncias nos coloquem em lados opostos às vezes, meu amor e lealdade a você nunca vacilaram."

"Vocês querem que eu pegue essa espada, né?" disse, tirando meu rosto de suas mãos e criando uma lança de energia amaldiçoada em minha mão, invisível aos olhos deles. Lancei a lança nas correntes, que se romperam com um estrondo.

As correntes balançaram, se chocando com a parede e fazendo o lugar tremer. A espada, agora liberta, caiu em direção ao pedestal no centro, e eu fui em sua direção, segurando-a. Com meu toque, a espada parecia corroer, a lâmina escureceu até ficar totalmente negra e enferrujada.

O silêncio na sala era ensurdecedor. Todos estavam em choque. A espada, que antes exibia um brilho dourado, agora tinha uma aparência sombria.

Padre Giovanni deu um passo para trás, sua expressão misturava horror e surpresa. "O que... o que você fez?"

Escarlate, apesar de seu treinamento, parecia tão surpresa quanto ele. Ela olhou para a espada e depois para mim, tentando entender.

A espada parecia morta em minha mão, não sentia nada ao segurá-la. Olhei para a espada e depois para eles, com expressão neutra. "Felizes?"

Padre Giovanni se aproximou com cautela. "Nunca vi algo assim antes. Collbrande é uma espada sagrada, sua natureza é de luz e pureza. A transformação que ocorreu... é como se ela tivesse sido corrompida ao entrar em contato com você."

Escarlate me olhou preocupada. "Kuroto, o que você sente segurando ela?"

"Não sinto nada. É como segurar um vergalhão enferrujado," respondi.

Padre Giovanni murmurou uma oração. "Isso é muito preocupante. A reação da espada a você sugere uma conexão profunda entre vocês."

Cansado disso, larguei a espada no chão. "Eu só quero a Lisa de volta e ficar longe de todas essas merdas."

Ao encostar a espada no chão, uma luz intensa e pulsante, semelhante ao fenômeno que eu conhecia como "black flash", irrompeu do metal. Uma vibração poderosa percorreu meu corpo, e em questão de segundos, a escuridão tomou conta dos meus sentidos. O último resquício de consciência que retive foi o grito angustiado da Escarlate ao pronunciar meu nome.

Gradualmente, uma sensação peculiar e desconcertante se fez presente. Era como se eu tivesse sido sugado por um vórtice violento e logo depois cuspido em outra dimensão. Minha visão estava embaçada e desorientada, mas conforme os segundos passavam, comecei a distinguir onde estava: deitado em uma cama com lençóis brancos, em um quarto totalmente desconhecido para mim.

Ecos de risadas e conversas distantes começaram a ressoar, trazendo-me de volta à realidade. Meus membros pareciam pesados, e uma dor latejante martelava em minha cabeça. Quando tentei levantar, uma mão delicada e firme me pressionou para que eu permanecesse deitado.

"Calma, calma," uma voz feminina suave e reconfortante me disse. "Você não deve se mover tão rapidamente."

Concentrei-me, tentando ajustar o foco da minha visão, e pude ver a mulher que estava cuidando de mim. Seu rosto me era vagamente familiar, mas, naquele momento, não conseguia identificar de onde a conhecia. Ela me observava com olhos transbordando de preocupação, e sua expressão refletia um carinho maternal.

"Onde estou?" perguntei, minha voz soando rouca e fraca.

"Não entendo o que está dizendo, criança," ela respondeu, e percebi que havia falado em italiano, provavelmente devido ao tempo que passei na Europa. Quando percebi que ela havia me respondido em português, reformulei a pergunta em minha língua natal, embora meu sotaque carioca e paulista ainda estivessem misturados.

"Onde estou?" repeti, sentindo um leve desconforto ao falar em português depois de tanto tempo.

"Você está na Paróquia de Santa Maria," ela informou, alisando gentilmente o lençol ao meu lado.

O nome "Santa Maria" fez com que flashes da minha infância voltassem à minha mente. Era o lugar onde Lisa e eu tínhamos crescido. Uma avalanche de emoções me atingiu. Mas por que estava ali? Como cheguei até aqui?

"Como vim parar aqui?" questionei, tentando me apoiar nos travesseiros.

Ela me ajudou, acomodando-me melhor. "Eu te encontrei desmaiado na entrada da igreja. Você estava sozinho e parecia extremamente fraco."

Tentei recobrar minhas memórias. A imagem da espada, da luz pulsante e do grito de Escarlate ainda estavam vívidas em minha mente. E, de repente, estava de volta ao ponto inicial de tudo.

De repente, a porta do quarto se abriu e uma figura inconfundível adentrou o espaço: Lisa. Ela parecia mais velha, mais madura, mas seus olhos profundos e característicos não haviam mudado. Ela me encarou, inicialmente com confusão, e em seguida, uma surpresa genuína tomou conta de sua expressão.

"Kuroto?" ela murmurou, aproximando-se de maneira cautelosa.

Sorri, sentindo lágrimas começarem a formar-se em meus olhos. "Lisa..."

Ela parou, observando-me com um olhar incrédulo. "Não pode ser... você... você cresceu tanto..."

Assenti, sentindo o peso das adversidades que enfrentei nos últimos anos. "Aconteceu muita coisa, Lisa. Muita coisa mesmo."

Ela se aproximou, tocando suavemente meu rosto. "Eu pensei que nunca mais voltaria. Que nunca mais nos veríamos."

"Eu também pensei o mesmo," confessei, segurando sua mão com firmeza. "Mas estou aqui agora. E vou ficar."

Houve um breve silêncio entre nós, e então Lisa me envolveu em um abraço apertado e carregado de emoções. "Eu senti tanto a sua falta, pequeno," ela murmurou, sua voz embargada.

O contato com ela, a sensação familiar e reconfortante de seu abraço, fez com que minhas emoções transbordassem. Lágrimas escorreram e eu a abracei ainda mais forte, deixando-me levar pela onda de sentimentos. "Lisa, senti... Tanta... saudades!"

Ela me acariciou, tentando me acalmar. "Eu sei, Kuroto. Eu sei." Seu tom era suave e reconfortante.

Passamos algum tempo assim, apenas nos reconectando. Quando finalmente nos separamos, Lisa ainda segurava meu rosto, estudando-me atentamente. "Você está diferente," ela comentou. "Parece mais... cansado."

Respirei fundo, sentindo cada cicatriz e cada dor que carregava comigo. "Exausto é a palavra, Lisa. E a jornada não foi nada fácil."

Ela assentiu, entendendo o peso das minhas palavras. "Você precisa descansar, se recuperar. Você está seguro aqui."

Olhei ao redor, as memórias da infância inundando minha mente, e senti uma estranha sensação de pertencimento e nostalgia.

A mulher que me havia cuidado retornou, tocando meu ombro com carinho. "Vou preparar algo para você comer. Você deve estar faminto."

Agradeci com um gesto e ela saiu do quarto, deixando-me e Lisa sozinhos para conversar e nos reconectar.

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Ola a todos, então eu meio que sumi por estar tentando achar um jeito de continuar a historia existe acontecimentos que devem acontecer e meio que fiquei em duvida como faria, então agora que achei uma forma, deve seguir mais fluido.

E tambem to tendo problemas financeiros pessoais, então estou tentando resolver para poder forcar na historia porem esta meio complicado, e adoraria o feedback de todos sobre a obra, seja comentarios ou ate mesmo com review precisamos dela para conseguirmos uma boa pontuação então quem puder ajudar assim agradeço

Kuroto_Tennoujicreators' thoughts