No sétimo andar inferior enviou os sinais do 'Olho de Seth' até achar a minha sala, a qual ficava em um dos espaços mais largos das paredes intercaladas.
A porta é de madeira com o perfil de duas criaturas desenhadas em alto relevo, um dragão oriental com chifres de cervo e uma juba de folhas e cipós, a outra criatura um lobo como o corpo alongado como o de um felino com orelhas tão longas quanto as de um coelho e uma cauda bifurcada.
Coloco a minha mão na porta, e limpo a lágrima que caiu de um dos meus olhos..
"Seiryuu e Seth" eu sussurro a mim mesmo "Obrigado por tudo."
Faz tempo que não me deixo processar as minhas emoções, com medo de disparar os 'Oito Demônios da Mente' por acidente mas, agora que estou aqui vou ver se tem algo que eu possa fazer para mitigar esse risco.
Com mão ainda na porta eu sussurro:
"Vire pó."
E a tranca se desfaz em pó, como se tivesse sido erodida por milênios e dou um passo adiante entrando na sala, com exceção de uma mesa no final da sala e duas prateleiras de documentos uma em cada lado da sala, o lugar está basicamente vazio.
Atrás da mesa há uma grande espada pendurada na parede, com uma lança sem ornamentos e um arco de madeira verde-azul em pendurados em cada lado da espada. Ao lado da mesa havia havia um cabideiro no qual estava pendurada uma capa de pele de urso polar.
"Acho que ele só moveu o necessário, e o resto é comigo."
*********
"Bem, eu lhes guiaria pelo resto da Torre, mas agora que Kaz voltou eu tenho que ajeitar algumas coisas com os membros da torre, especialmente aqueles que se juntaram após Kaz sair então, se me derem licença." O Mestre Observador de Estrelas fala e salta para o centro das escadas e dispara para os andares mais altos da torre, e claro que ele tinha que parecer alguém respeitável enquanto fazia isso, então ele fez tudo isso com a mãos nas costas.
"Ele não falou onde a gente vai dormir, falou?" Eu pergunto para Baha.
"Não. E agora?" Baha responde ainda olhando para os murais dos guerreiros de 'Aurora Eterna'.
"Vamos para os andares de baixo ver se achamos Kaz." Agora que estamos aqui está na hora de colocar aquele acordo maldito em pratica.
"Pode ser mas como vamos acha-lo se ele se nem sabemos em que andar fica o suposto escritório dele?" Baha pergunta.
Ele realmente não prestou atenção na mudança que despertar o sexto sentido traz a percepção de uma pessoa.
"É um jeito de dizer, é mais provável que ele nos ache com o sexto sentido dele." Respondo.
Após termos decidido o que fazer, não que a gente tenha muitas opções mesmo, começamos a descer as escadas, degrau por degrau infelizmente.
Conforme passamos os andares vemos os mapas dos outros mundos, os quais eu me pegunto se são mesmo habitáveis, chegamos ao sétimo andar.
"Ei venham já aqui os dois." Kaz fala segurando uma porta entreaberta em uma das salas que passamos.
Fazemos como nos é pedido e vamos a sala a qual ele se encontra.
Baha e eu escaneamos a sala com o olhar, eu só consigo pensar em como raios o velho bêbado tem tanta autoridade se nem mantem contato com qualquer pessoa por aqui? Outro mistério de Kaz, ao que parece são bem comuns.
Já o Baha depois de dar uma olhada rápida pela sala, fixa o olhar nas armas presas a parede atrás de Kaz e na capa de couro próxima.
"Que criaturas são essas?" Baha pergunta ainda olhando para as armas.
"A capa é de um urso polar de cabeças-gêmeas, o arco é feito dos ossos e tendões de u dragão de madeira a espada é só metal normal com exceção da joia em seu pomo." Kaz fala, no entanto a expressão dele trai a tentativa dele de passar a espada como 'só metal'.
"Dragão de Madeira? Nunca ouvi sobre essa fera antes, como você a caçou velhote?" Eu pergunto.
A essa altura já deu pra notar que Kaz não se importa com insultos, na verdade as vezes eu me pergunto se ele ainda se importa com alguma coisa, até eu pisar em alguma ferida e ele demonstrar que tem coisas com as quais ele se importa de fato.
"Eu não o cacei, com exceção da capa, os outros dois items atrás de mim foram sacrifícios e presentes de velhos amigos que não estão mais entre os vivos." Lembra como eu disse que ele é indiferente até eu pisar em uma ferida, acho que acabei de pisar em uma.
Tento fazer contato com os olhos dele, e sinto um arrepio subir pela minha espinha, apesar deles não estarem brilhando em azul pálido.
"COFF, cough." Baha solta uma das tosses mais forçadas que eu já ouvi "Já chegamos a torre, e agora?"
Na verdade eu nem tinha pensado nisso.
Me viro para Kaz esperando uma resposta.
"Bem, quanto ao que fazer com você Baha eu não faço ideia." Ele começa a falar "Já você Mingten, pra começar comece a se disfarçar, não quero que o alvo em suas costas passe para a Torre."
Okay, a parte do disfarce faz sentido, eu já pensei nisso varias vezes desde que minha vida desabou, mas a fuga constante não deu nem tempo de pintar o cabelo para esconder esse tom de vermelho chamativo.
"O disfarce é fácil desde que eu tenha um pouco de tempo mas, e depois?" Eu pergunto.
"Depois? Vamos colocar nosso acordo em prática, você vai trabalhar como minha assistente enquanto se esconde aqui e eu estudo as técnicas que você vai me passar." Ele responde sem nem pensar muito.
"Aurora Eterna, o que eu teria que fazer para chegar lá?" Baha pergunta de forma súbita.
"Vá até o planeta mais externo de 'Horizonte Expandindo' espere uma ponte cósmica longa o suficiente para atravessar a distorção espacial cair entre o local que você está e o planeta mais externo de Aurora Eterna." Kaz responde de forma resumida.
"Bem, apesar de tudo acho que seria uma boa ideia vocês tirarem uma pausa do treinamento hoje tanto para descansar quanto acumular Ki."
Ele fala logo depois da explicação corrida sobre viagens entre mundos.
"Okay, só tem um problema. Onde a gente vai ficar?" Pergunto ao velho monstro.
"O primeiro andar subterrâneo é uma área residencial, verifiquem quais salas vocês podem usar e aproveitem a estadia." Ele responde num tom indiferente, o que faz com que eu me pergunte se ele está sendo irônico quanto a ultima parte de sua resposta.
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Conforme os pirralhos deixavam a sala comecei a revirar os livros, nas prateleiras de documentos, procurando por um compilado das notas das últimas pesquisas que eu estava fazendo, depois de passar por uma fileira de dez livros os quais o conteúdo pode ser resumido como: astrofísica desse mundo.
A maioria desses livros são resultados de testes do velho Estrela ou teorias soltas que eu lembro vagamente da minha outra vida. Não são esses que eu estou procurando.
Os que eu procuro são sobre a minha própria especialidade: extrapolar os limites do poder conhecido como Synchro. E também uma pesquisa paralela sobre a possibilidade de coisas como reencarnação.
Passo mais três livros, de história dessa vez, um sumario dos 'Onze Mundos' e finalmente acho os livros que me interessam.
'A natureza do Sexto sentido'
'Características de Synchro em expansão'
'Fluxo da mente e Karma, há relação?'
'Simplificação e Composição'
'Synchro através de dimensões'
Eu os chamo de livros porque forma elegantemente encapados, mas honestamente enquanto algumas paginas funcionam de forma coesiva outras não fazem o menor sentido sem o conhecimento adequado, além disso há as notas e rabiscos que eu fiz para ilustrar minha racionalização.
Racionalização que em retrospecto foram pelo menos metade das vezes saltos de lógica sortudos.
Coloco os cinco livros na mesa, o livro sobre karma diretamente a frente da minha cadeira, os outros quatros empilhados na mesa, o sobre o sexto sentido no topo da pilha e sobre a minha ideia estupida de usar Synchro para atravessar dimensões no fundo da pilha.
Quase começo a gargalhar, pensando no quão fundo ia meu desespero, e ansia por respostas para até mesmo pensar nessa tese, pura baboseira.
Eu ainda tenho fome por respostas mas, o desespero? Não mais.
Chega de remoer o passado, de volta ao trabalho.
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Como Kaz havia dito o primeiro andar subterrâneo é uma areá residencial, então Baha e voltamos ao dito andar, pelas escadas, já que nenhum dos dois pode voar.
Quando chegamos ao sexto andar pergunto:
"Você está pensando se talvez deva ir até o lugar que encontraram as ruínas dos ligverborge, é por isso que perguntou como chegar até Aurora Eterna." Falo com um tom de certeza, enquanto espero uma resposta de Baha.
"Mingten, eu queria ser um mercador antes de artista mas ninguém queria contratar um muleque de doze anos sem educação como aprendiz, mas eu tentei ainda assim, sabe por que?" Ele responde com uma pergunta.
É vingança pelas vezes que eu me recusei a dar a resposta diretamente? Bastardo.
No meio da conversa chegamos ao quinto andar.
"Não, e eu vou assumir que não é só porque você é idiota cabeça de vento." Quando as palavras saíram da minha boca, percebi que exagerei, os maneirismos do velho monstro estão me afetando? Droga.
"Woah, pra que me atacar assim?" Baha diz com uma cara que ao invés de parecer irritado com insulto, me olhava com preocupação. Por que? "A psicose de um Synchroner tá piorando por acaso?"
Ah, a cara de preocupação era atuação então.
Quarto andar.
"Okay, desculpa por te chamar de idiota. Quer continuar com sua historia agora?" Falo com as mãos erguidas para cima em sinal de rendição.
"Desculpas aceitas, e eu quero sim acabar com minha historia." Ele diz com um sorriso irritante, o tipo que diz: eu ganhei, você perdeu. Não de forma esportiva.
"Eu nasci em uma vila pequena e isolada, cada vez que um mercador viajante vinha com produtos diferentes e histórias de lugares que eu nunca vi, meu mundo se expandia. Conforme eu crescia mais eu queria essa sensação de ver o mundo se expandir, e então quando tive a chance explorar o mundo é claro que eu o fiz, não me importa se é como artista ou mercador." Ele toma folego enquanto passamos pelo terceiro andar, e então continua. "Ou Synchroner, então sim, os ligverborges tem a ver com meu interesse por Aurora Eterna, mas pra mim eles são só o que expandiram o meu mundo ainda mais."
Segundo andar.
"Bem, cuidado com esse interesse o Culto das Chamas Cinzentas é tido como religião de estado em alguns planetas de lá." Falo para Baha.
"Bem, isso soa como um problema, mas também não é como se eu estivesse indo para Aurora Eterna logo, eu quero virar um Synchroner razoável antes de fazer uma jornada dessas." Ao que parece eu realmente não devia te-lo chamado de idiota, só cabeça de vento.
E finalmente chegamos ao primeiro andar.
Nele vamos até um balcão posicionado em umas das intercessões menores, no balcão havia um aparato parecido com uma campainha de hotel, atrás do balcão um mapa do andar com as salas numeradas usando o balcão como ponto de partida, e dai contando da esquerda para a direita.
No momento não há ninguém no balcão.
Baha e eu nos entreolhamos, e naquele instante chegamos a mesma conclusão.
Apertar a campainha pra ver se alguém nos ajuda não deve causar nem um mal, certo?