webnovel

Capítulo 15

O Narrador: 

Situações estranhas têm acontecido com Saeed Khani no interior do forte Akbar nos últimos dois dias, o Imperador faz questão que o general Jahangir investigue se são apenas interferências dos deuses ou se realmente são atentados. 

Vasthi segue aborrecida porque tem suas desconfianças de quem está por trás de todos os acontecimentos com Saeed, mas até agora não pode provar, porque tudo está muito bem arquitetado, de tal maneira a não deixar rastros, apenas suspeitas bem óbvias. 

Elas despertam cedo, seguem para o salão do banquete e encontram toda a família, recebem suas refeições e logo começam a comer, mas Shahnaz continua sem se alimentar, de repente Saeed fica com a boca colada, como quem come determinada planta envenenada, deixando todos horrorizados.

— Chame agora mesmo um curandeiro. – Vashti diz.

— Levem-no para a alcova. Quem preparou os alimentos? – Shahanshah pergunta.

— Cozinheiro real, Majestade. – Mojgan diz.

— Convoque o cozinheiro e o provador real à sala do trono, general. – o Imperador ordena. 

— Se fossem os alimentos, todos nós teríamos a mesma condição, Majestade. – a Princesa Shahnaz diz.

— Faz sentido o que diz, mas como apenas Saeed tem essa condição? – Shahanshah pergunta.

— Pode ser um atentado. – Vasthi diz. 

— General, investigue, deixe o cozinheiro e o provador, apenas os ouça. – o Imperador diz.

Seguem para a alcova de Saeed e observam o trabalho do curandeiro, que com muito estudo e cuidado faz um preparado para aos poucos ir desgrudando a boca do homem, isso dura algumas horas.

Enquanto isso, elas vão ao templo a fim de fazerem oblações à Ahura-Mazda, no fogo sagrado para que Saeed tenha mais sorte e segurança. Só então retornam ao palácio. 

 

Princesa Shahnaz POV:

Amanhece e mais uma vez acordo bem-disposta, mas logo recebo uma visita da grande esposa real. 

— Não pense que não sei quem está fazendo essas coisas com Saeed Khani, posso não ter como provar e levá-la diante do Imperador, mas sua cabeça está por um fio. – ela diz. 

— Não sei o que Vossa Majestade está dizendo. Estou cumprindo meu dever, comparecendo a todas as refeições com aquela desagradável família. – digo e ela sai.

Faço questão de por o preparado ainda no prato de Saeed antes de chegar ao salão do banquete e chegar depois de todos, tomo meu chá e aguardo o momento da minha glória, quando finalmente seus lábios hediondos estão grudados. 

Assim não fala o que não deve e não ameaça ninguém! 

Mais uma vez todos ficam compadecidos, mas quase que nossos servos são punidos, acabo temendo por eles. 

Volto para a minha alcova e comemoro a minha vitória, então sigo para os jardins do palácio com as minhas damas, repouso sob uma árvore e suspiro.

— Princesa, como está a sua saúde? – ouço a voz do general.

— Bem general. E o senhor como vai? – pergunto.

— Sigo preocupado com a minha amada, agora ela decidiu vingarse de um sujeito perigoso. – ele diz.

— Compreendo sua aflição. Mas ele a ameaçou e ela está revidando, como em uma guerra. – digo.

— Obrigado por compreender, Princesa. Mas ela poderá ser punida por seu revide e eu o responsável por entregá-la. – Jahangir diz aflito. 

— Sua aflição é sempre a nossa, general. Ela assumirá seus atos sem medo de qualquer punição, seja qual for. – digo com sinceridade.

— É uma honra servir à família imperial. Não posso permitir que isso aconteça. – ele diz com firmeza. 

— Até breve, general. Não esqueça que devem ser fortes. – digo.

— Até breve, Princesa. Não esqueça que ele a ama profundamente. – Jahangir diz olhando no fundo dos meus olhos.

Assim o vejo partir e minhas damas suspiram e elogiam nosso diálogo discreto.

— Vamos até o estábulo, preciso falar com um servo. – digo.

Pego uma caixa bonita de suas mãos e peço que minhas damas guardem em minha alcova sem que ninguém veja e Pari se apressa para cumprir a minha ordem.

Então sigo para o harém para os tratamentos de beleza, Dara está mesmo à minha procura e se sente aliviado com a minha chegada.

— Precisamos cuidar bem da prometida, seu casamento será em breve. – Dara diz e eu não me importo, apenas deixo que cuidem de mim.

Algum tempo depois vemos uma Imperatriz furiosa adentrar o harém com seu dedo em riste na minha direção.

— Você pedirá desculpas ao Saeed por tudo o que está fazendo e ainda hoje ou não me chamo Imperatriz Vasthi Akbar! – ela diz e eu respondo com um sorriso irônico.

— Não pedi para me casar e nem para essa família estar aqui, mas tenho pedido a intervenção de Ahura-Mazda, quem sabe tudo o que está acontecendo seja porque o deus o bem está a meu favor, se os Imperadores não estão? – digo e pergunto, aumentando sua fúria.

— Não ouse me afrontar, Shahnaz! – Vasthi grita.

— De maneira nenhuma, Majestade, mesmo sem ter qualquer culpa, irei ao seu convidado para me desculpar pelas brincadeiras da sorte ou dos deuses com ele. – digo ironicamente, deixando-a surpresa.

— Não faz nada além de seu dever. - Vashti diz, suspira, ajeita suas vestes reais e sai do harém. 

Todas voltam a se dedicar aos meus tratamentos de beleza e assim que terminam, sigo para a minha alcova, pego a caixa de presente e peço que entreguem, enquanto sigo para o salão do banquete. 

Todos se acomodam e são servidos, conversamos sobre diversos assuntos e desta vez o provador real faz questão de testar os alimentos e bebidas de Saeed e atesta que estão bons para serem servidos, mesmo assim ele come com muito medo, é engraçado de se ver, quero rir, mas não posso. 

— Senhor Saeed Khani, a Imperatriz diz que devo me desculpar por seus infortúnios, então apenas em obediência a ela o faço, mesmo que eu não seja culpada por tais ações e as atribua à sua má sorte ou aos deuses. – digo diante de todos e vejo Vashti me condenar com o olhar e o Imperador reprovar ambas.

— Não é culpa de ninguém, minha querida. Fomos ao templo hoje para pedir à Ahura-Mazda pela sorte de meu filho, tem razão no que diz, são infortúnios e vão passar. Vamos esquecer tudo isso. – Sadira diz. 

Assim que terminamos a refeição, alguns seguem para suas alcovas para fazer suas higienes, enquanto outros partem para atividades, momentos depois ouvimos um grito histérico seguido de um pedido de socorro.

— É a voz de Saeed, o que está havendo dessa vez? – Sirdar Nasim diz. 

Todos correm para a sua alcova e vem a caixa de presente em um canto e um rato morto em outro, enquanto Saeed está de pé em uma poltrona sapateando apavorado, pedindo socorro. 

— Ora, desça já daí! Seja homem, o bicho está morto! – Sirdar Nasim diz e bate-lhe com o sapato na cabeça e Roxy gargalha. 

General Jahangir recolhe o rato e o descarta, sabe que terá mais uma investigação a fazer e quem é a culpada.

Observo tudo pela fresta da porta da minha alcova e o que não vejo, minhas damas me contam, gargalhamos juntas.

Certamente dois ratos juntos combinam, por que será que Saeed está chocado de ver um membro de sua espécie morto? 

Saeed sai da alcova e servos limpam todo o ambiente, enquanto eles estão na sala do trono com o Imperador e as mulheres seguem para um passeio pelo palácio, passam um bom tempo fora e quando retornam ficam enfurnadas no harém realizando longos tratamentos de pele e cabelos. 

Tempo suficiente para o que preciso fazer, entro na alcova e começo o meu serviço, enquanto minhas damas vigiam, devo ser bem rápida e certeira.

Deixo Zena nas portas do harém, Lila nos corredores, Pari próxima da sala do trono e uma serva de confiança na alcova comigo. 

— Vamos Princesa, deve terminar depressa. – a serva diz.

— Não se preocupe, falta pouco. – digo e sigo fazendo o meu trabalho manual, felizmente tenho treinado para o casamento esses dias. 

Termino o trabalho e vou seguindo para a minha alcova no exato momento em que vejo as minhas damas seguindo em minha direção, sinal de que todos estão livres nesse instante.

Essa foi por pouco! Quase fui pega. 

Tranco-me e escuto as conversas nos corredores.

— Arrume suas coisas, Saeed. Devemos ir embora hoje depois do banquete. Retornaremos daqui dois meses para seu casamento com a Princesa. – Sirdar Nasim diz.

— Não vejo a hora de sair desse pesadelo, prefiro não voltar mais aqui. Quero aproveitar as mulheres que tenho na Pérsia e não isso que ela se tornou. – Saeed diz. 

— Cale-se, as paredes têm ouvidos, faça o que mandei. – Nasim diz e parece ter saído. 

Então é verdade que tem nojo de mim?

Você tem outras mulheres na Pérsia, Saeed? 

Humm, isso pode ser muito bom para o nosso casamento, se não serei sua primeira esposa a aliança não será firmada, quem sabe um escândalo? 

Sigo para o salão do banquete, nos acomodamos e todos desfrutam do banquete, tomo meu chá e ninguém se conforma com a continuidade da minha resistência em me alimentar. Acertam os detalhes do casamento e encerram a refeição. 

Então os homens seguem para o salão do tabaco por alguns momentos, enquanto as mulheres conversam no jardim coberto e os servos se encarregam de pôr todos os pertences da família nas carruagens.

Finalmente os Khani seguem para as portas do palácio, quando vão se despedir, as costuras das roupas de Saeed se desfazem, deixando-o desnudo diante de nós, Sadira e Sirdar Nasim não sabem o que fazer, Roxy, as damas, a Imperatriz e eu, desviamos os olhares e rapidamente subimos as escadas, enquanto os nobres e os demais homens gargalham da situação vexatória de Saeed, que tenta vestir outra roupa imediatamente. 

Eles seguem viagem e Saeed vai chorando, enquanto eu gargalho em meus aposentos.

Está cansado, Saeed? Mas eu não desisti de você!

 

O Narrador:

Amanhece e Shahanshah está aborrecido com todo o acontecido com Saeed nesse tempo que permaneceu aqui, chama o general Jahangir.

— Majestade, estou à sua disposição. – o general diz.

— Saber como anda sua investigação a respeito dos acontecimentos com Saeed. – o Imperador diz.

— Perdoe-me, Majestade, por adentrar a sala do trono dessa maneira. – Princesa Shahnaz diz e faz uma reverência. 

— Está interrompendo uma reunião. – Shahanshah diz. 

— Trago a solução para o questionamento que acaba de fazer. – ela diz e Jahangir olha preocupado em sua direção.

— Diga o que tem a dizer. – o Imperador diz.

— Sua culpada está aqui. Eu sou responsável por cada acontecimento com o homem que escolheu como meu prometido. – a Princesa Shahnaz diz e todos se surpreendem.

— Shahnaz como ousa tratar nosso convidado e seu prometido de uma maneira tão vil? - Shahanshah pergunta. 

— Se Vossa Majestade deseja me punir, estou aqui, mas não exija arrependimento, pois nunca haverá. – a Princesa Shahnaz diz. 

Inicia-se uma discussão na sala do trono entre o general e os nobres, sobre a culpa e a inocência da Princesa. 

— Se me permite, Majestade, a Princesa está abalada pela notícia de seu casamento e adoentada por sua restrição em se alimentar, fazendo com que não reflita bem sobre suas atitudes, não considere e não a puna. – Babak diz.

— Além disso, a própria família Khani não faz questão da investigação e punição de um culpado, acreditam em infortúnio e má sorte do rapaz, conforme a Senhora Sadira disse em outro dia. – o general Jahangir diz. 

— Majestade, acredito que a Princesa tenha realizado sua vingança em plena consciência e maldade, prejudicando Saeed e envergonhando-o diante de todos por muito tempo, devendo ser punida. – Omid diz.

— Concordo com ele, Saeed passou muita humilhação no decorrer desses três dias, situação que nenhum homem desejaria passar, a Princesa deve ser punida. – Sinbad diz. 

— Tenho a minha decisão. Princesa Shahnaz, toda a sua luta e vingança é justamente por não querer se casar, mas esse é não apenas o seu dever, quanto a sua punição. Saeed, o que você humilhou diante de todos, será o seu marido, a quem você amará e honrará em breve. – Shahanshah diz.

— Antes disso estarei morta, esteja certo disso. – Princesa Shahnaz diz, faz uma reverência e sai.

 

Princesa Shahnaz POV:

Desperto bem cedo e as minhas damas adentram a minha alcova, preparam meu banho e me arrumam. Sigo para o salão do banquete e fazemos a primeira refeição do dia, assim que terminamos, o Imperador segue para a sala do trono com o general e seus nobres.

Faço questão de adentrar e me acusar dos acontecimentos com Saeed e aguardar a punição, mas ela não vem, o Imperador apenas reafirma meu casamento e eu a ameaça de me matar, saio da sala do trono.

Peço que minhas damas levem uma mensagem para o general, pedindo que ele me encontre no lugar de sempre quando a lua estiver alta. 

Espero ansiosamente até que chegue o horário e sigo ao seu encontro. 

Qual não é a minha surpresa quando chego e vejo Jahangir conversando com uma outra donzela, saindo correndo e percebo que o general vem atrás de mim, volto ao palácio e subo para a minha alcova e deito em minha cama e choro amargamente por ser traída. 

 

General Jahangir Azimi POV:

Assim que acordo, vou ao quarto de banho, me arrumo e sigo para o meu gabinete. Dou as ordens para os comandantes e vou para o palácio, no salão do banquete.

Quando terminamos, o Imperador requisita a nossa presença na sala do trono, exige que eu dê explicações sobre as minhas investigações sobre os acontecimentos com Saeed Khani, mas a grande surpresa é ver Shahnaz se acusando e esperando ser punida, alguns nobres e eu saímos em sua defesa e o Imperador acaba sem puni-la, apenas reforçando a necessidade desse casamento absurdo, o que a deixa irritada e a faz devolver a ameaça. 

Seguimos com a nossa reunião e depois cumpro os meus deveres, recebo uma mensagem da minha amada, pedindo que eu a encontre no lugar de sempre.

Espero ansioso por esse momento e talvez meu maior erro seja ficar perdido pelo palácio tarde da noite. 

— General, o que faz aqui tão tarde? – uma mulher se insinua e me pergunta.

— Senhora? Não deveria estar no palácio? – pergunto sem olhar em sua direção.

— Sou uma senhorita. Marjan, da família Baran, muito prazer. Tenho visto o general pelo palácio e me interessa conhecê-lo melhor. – ela diz e se posiciona diante de mim, pondo sua mão direita em mim. 

— Perdoe-me, Senhorita, mas eu não posso e não estou interessado. – digo e retiro sua mão de mim, é nesse momento que a Princesa Shahnaz aparece. 

Corro atrás e grito por ela, mas a Princesa não me dá atenção. 

Será que a perdi para sempre? 

Retorno para meu gabinete e choro desesperadamente. 

Desperto antes do amanhecer, neste primeiro dia de folga desde a minha escolha como general. Vou ao quarto de banho, me arrumo, decido fazer a refeição com o exército.

Pego o cavalo encilhado e sigo para a casa dos meus pais, chego algum tempo depois e quando vejo minha mãe e recebo um abraço, choro como uma criança desamparada, assustando-a.

— Me conte o que está havendo, meu menino. – ela pede, ainda abraçada comigo.

Solto seu corpo frágil e logo meu pai se junta a nós, me abraçando e aumentando a intensidade do meu choro. 

— Feroze, Jahangir chegou assim, está muito triste hoje. – ela diz e ouvem meu soluço.

Enxugam minhas lágrimas, me põe sentado e vem ao meu lado.

— Agora conte tudo, meu querido. Tem a ver com a Princesa Shahnaz, não é? – mamãe pergunta e eu faço um sinal afirmativo com a cabeça.

Respiro fundo para começar a contar tudo.

— Shahnaz pensa que a traí. Marcamos um encontro ontem quando a lua estava alta e no mesmo momento uma nobre do palácio saiu e veio se insinuar para mim, tocou em mim bem no instante em que ela apareceu. – digo e mais lágrimas embaçam os meus olhos. 

— Oh meu filho. – mamãe diz, horrorizada. 

— Me digam o que eu devo fazer para recuperar a confiança dela. – imploro. 

— Ela não quer te ouvir? – papai pergunta.

— Não. E nem me ver. – digo.

— Eu irei até o palácio e falarei com ela. – mamãe diz. 

— É uma ótima ideia, mas como você vai passar pelos portões? – papai diz.

— Jahangir é comandante, pode dar um jeito. – mamãe diz.

— Na verdade agora eu sou general. Fui escolhido há mais de um mês, mas tive muito trabalho e não pude vir lhes dar a notícia. – digo.

— Meu filho, que notícia maravilhosa! Bem que disseram que o novo general era um homem novo, muito honrado e heroico. – papai diz e bate palmas.

Ambos me abraçam e festejam emocionados. 

Combinamos a ida de mamãe ao palácio e passamos um dia agradável juntos, então retorno ao forte. 

 

Princesa Shahnaz POV:

Desperto arrasada, minhas damas vêm à minha alcova e preparam meu banho, me arrumam, mas eu não quero sair e passo o dia todo lendo e as voltas com meus pensamentos e tristezas. 

Como pode alguém como Jahangir me trair dessa maneira? 

Nada faz sentido para mim, quando penso em suas juras e declarações de amor, em nosso compromisso firmado naquela noite sob a luz do luar, naquele mesmo lugar. 

Talvez seja porque eu não sou mais uma bela mulher ou uma verdadeira guerreira, tornei-me um arremedo de ser humano, que nem mesmo eu reconheço, nem minhas vestes posso usar, tudo porque estou cega por um plano para salvar a minha vida e minha liberdade...

Mas para isso perdi o único homem que amei.

Passo mais uma noite insone e ao amanhecer vejo as damas invadindo a minha alcova, preparam o meu banho e me fazem levantar, entro na tina e desfruto da água quente e relaxo, logo saio, me enxugo e elas me arrumam. 

— Vamos ao jardim, Princesa, não pode ficar trancada nessa alcova.

– Pari diz.

— Não quero. – digo.

— Vai sim, precisa ir. – Lila diz. 

Elas insistem, me dão chá e me arrastam pelos corredores e escadaria. Chegamos na minha árvore favorita e recosto, passa algum tempo e vejo uma bonita senhora se aproximar de mim.

— Princesa Shahnaz? – ela diz e faz uma reverência.

— Sim, minha Senhora...? – digo.

— Sou Banu, ao seu dispor. Me permite ter uma conversa breve com Vossa Alteza? Temos um importante assunto em comum. – ela diz e sua feição me lembra alguém, sua conversa me deixa curiosa. 

— Por favor, Senhora Banu, prossiga. Essas damas são como irmãs para mim. – digo.

— Peço que me ouça com atenção até o fim porque é importante e depende do seu julgamento de Princesa, guerreira, mulher e também do seu coração. – ela diz. 

— Prometo ouvir tudo. – digo.

Criei um menino desde pequeno para ser íntegro, respeitador, para que sua dignidade estivesse acima de tudo, que tivesse coragem para lutar por tudo o que quisesse, mas que não desejasse o que fosse alheio, que fosse justo, fiel e leal em todos os momentos e sob todas as circunstâncias. Esse menino cresceu, adquiriu força e vigor para lutar por seu único desejo até então e se tornou guerreiro! Seus pais ainda queriam mais porque achavam que sua vida estava incompleta e queriam casá-lo, mas não era o sonho desse menino, ele dizia que o amor talvez não estivesse escrito em sua vida ou se estivesse, não deveria ser frágil ou submissa, deveria ser obstinada, e ter uma alma guerreira como a dele... Então a guerra chegou e com ela vitórias e uma grande surpresa para o coração do meu menino, seu verdadeiro amor estava escondido entre os guerreiros, entre os homens, pode acreditar? O coração dele foi tomado de uma maneira que eu jamais imaginei ver, seus olhos, seu sorriso e até mesmo sua alma pertencem apenas à uma pessoa, assim como suas preocupações e toda a dor que vi ontem por conta de uma confusão... Uma nobre veio diante do meu menino e o tocou, mas ele disse que não está interessado, afinal seu coração e até mesmo sua alma estão comprometidos, por que seria de qualquer outra se seus olhos estão presos em sua guerreira? Suplico por seu julgamento e por seu coração, que não estenda o pranto e o desespero do meu menino e o sofrimento de sua guerreira... Sou Banu Azimi, Alteza. – ela diz. 

Não esperava estar diante da mãe de Jahangir, ouvir toda a nossa história e receber um pedido para julgar a situação e perdoá-lo.