—Pai, por favor, deixe-me ficar em casa, não quero dormir na casa da tia.
Ele implorava.
—Não, já está decidido! Ou você viaja com a gente, ou vai para sua tia, escolhe, ou é um, ou é outro, ponto final. Não tem discussão. Declarou seu pai, um homem alto de estatura esguia, de óculos de aro fino com lentes obsessivamente limpas, com cabelos penteados para trás lavados em gel
—Por que...? Eu não consigo entender por que você simplesmente não pode me deixar dormir em casa, o que você acha que eu vou fazer? Só não quero dormir lá... Prefiro dormir aqui, pai, por favor... Me deixa em casa.
A jovem voz de um menino de 14 anos, que se esforçava ao máximo para manter o discurso coerente sem falhas, ecoava pela sala desprovida de vida, para além dos dois que ali se olhavam. Ele fazia o possível para manter a voz controlada para que seu pedido fosse atendido, mas ainda assim não conseguiu esconder completamente o temor que sentia ao falar.
—Nilian... Sua voz soou cansada, mascarando sua crescente irritação. —Eu...! Eu já não disse? Você não vai dormir sozinho aqui, pronto! Diz ele, trotando em direção à saída.
Seus olhos se fecharam por um momento quando seu pai se vira, sentiu como se estivesse prestes a chorar.
—Pai... O chamado; sua mão se estende, tentando alcança-lo, quando...
—Mas que inferno!!" Um grito, o suficiente para estilhaçar seu coração de vidro.
Seu pai, jogando sua bolsa no chão, se vira bruscamente em sua direção.
—Cala a boca, DEMÔNIO!! Já falei que você não vai dormir aqui, droga!
Este homem na frente dele, seu pai, ele não reconheceu.
—Você não sabe ouvir!? Meu Deus! Se eu disser que você não vai dormir aqui, é isso! Você não tem que discutir! Que inferno!! Um pavor repentino do homem à sua frente, que parecia que iria socá-lo a qualquer momento, paralisou seu corpo.
—Nilian, dê uma boa olhada em mim! Quando eu chegar ao hotel, e se descobrir que você não dormiu na casa da sua tia esta noite, eu juro que vou surrar você, tanto...!
*Estrondo!!
Seu corpo estremeceu com o impacto da porta, seus olhos gradualmente se arregalaram conforme a realidade o afundava, sentindo-se cada vez mais entorpecido.
Seu pai... o homem que ele admirou por toda a vida, apenas acabou de chama-lo de... Demônio...?
Não, ele não esperava por isso. Por mais que seu pai às vezes brigasse com ele e por mais que odiasse as vezes seu pai, jurando nunca mais perdoá-lo, ele ainda sempre o perdoou em seu coração e o amou.
Lágrimas rolaram silenciosamente de cada lado do meu rosto sem impedimentos.
—Eu... Eu realmente não quero dormir lá... Certo, talvez a razão de não querer ir seja porque não poderei usar meu computador, mas.... O que você me diz? Demônio...? Como se ele tivesse caído em um loop infinito, sua mente repassava a cena sem parar.
—De-demônio...?'' Suas palavras foram arrastadas quando uma indignação repentina surgiu.
—Pai... Você entende o quanto me esforço por você...? O quanto busquei sua admiração? E-eu faço tanto por você... Pai... E ainda...!
Não, aquele não era seu pai. Era algo que usava sua pele, que copiava seus gestos, mas não era seu pai. Seu pai para ele, naquele momento, estava morto...
—...Nilian...
Uma voz...
e ainda assim...!
—Nilian...!
Sinto um chamado...
Você não vê nada...!?
—Nilian!!
Meu nome
Meu nome sendo chamado...!
—Olivia...!
....
De repente, do limbo de seus sonhos, ele é despertado, por gritos, era chamado.
Quando sua mente sonolenta enfim despertou, como se fosse um reflexo, seu corpo pulou da cama em direção à porta da frente da casa, pois quem o chamava era sua irmã, que de debaixo da chuva o esperava para que ele abrisse o portão.
Descendo as escadas, por um momento, seu corpo quase tombou escadaria abaixo por causa de sua mente desorientada. Ao despertar de seu sonho, novos sentimentos também lhe vieram, agitando ainda mais sua mente bagunçada.
A chuva já não tão suave quanto horas atrás, neste momento se tornou uma verdadeira tempestade, criando sons assustadores ao bater furiosamente contra o subsolo.
Atravessando a sala, já chegando à porta da frente, Nilian percebe algo diferente, o antigo presente de seu avô, que o havia pedido para deixar sempre em seu quarto, um pequeno pássaro feito de madeira negra, foi destruído, jogado em um canto da sala.
''Quem fez isso...?''
—Nilian!!
Não tendo tempo para checar, pelo bem de sua irmã Olivia, ele por enquanto o ignora, pega o controle do portão e então abre a porta.
—Nili...
O som do motor do portão soou, indicando que o portão estava se abrindo. mas Olivia, como se fosse uma espectadora, apenas o observou até que enfim estivesse totalmente aberto. A chuva caiu em seu corpo como se quisesse levá-la para longe, encharcando-a completamente e tudo o que carregava consigo. Quando por fim começou a andar, seus passos eram pesados, nem rápidos nem lentos, como se ela já tivesse aceitado a realidade e não se importasse mais, não que a chuva caindo sobre ela pudesse deixá-la ainda mais molhada do que já estava.
Seu corpo, completamente encharcado, parou a poucos centímetros dele. Sua bolsa ensopada, que carregava no ombro, é jogada no chão, respingando água para os lados ao cair em uma poça aos seus pés. E como se seus olhos pudessem perfurá-lo, ela o encarou perigosamente.
—Então...?! Qual é a maldita desculpa, hein!? Que merda, Nilian! Você é surdo?! Você realmente me deixou nessa chuva!? Então? Você não vai para a aula hoje também, certo?!
—Diga algo!
Ela exige uma resposta, mas dele, a única coisa que ela conseguia é um maldito rosto inexpressivo.
Olivia refletiu-se em seus olhos, mas dela não podia ver nada, porque naquele momento, a única coisa que ele realmente enxergou foram as cenas horríveis que sonhou horas antes sobrepostas umas sob as outras.
...O mundo pareceu parar.
Minha cabeça começou a latejar, meu coração começou a bater mais rápido e meu estômago torcer em nós. Um sentimento de tristeza, acompanhado de um profundo desgosto afundava em meu peito esmagando-o.
Ela o encarava furiosamente.
Ele a inexpressivamente.
Por que acontecia o que aconteceu?
Estava tudo errado.
Completamente errado.
Seus punhos estavam cerrados, seus ouvidos latejavam, a chuva naquele ponto estava começando a molhá-lo. Cada vez que sua irmã falava, o que era feito por motivos apropriados, quanto mais ela descarregava sua indignação sobre ele, mais ele se sentia profundamente irritado.
—Cale-se....
Em algum momento, seus lábios soltaram um murmúrio inaudível. Seu peito arfava, a raiva queimava cada vez mais em seu coração, fazendo-o perder mais e mais seus sentidos.
—O quê? O que você disse?
Não tendo ouvido-o, sua cabeça quente o incita a repetir.
—Eu disse...
—Diga-me o que....
—CALA A PORRA DA BOCA, SUA PUTA!!
—!Sua....
.....
Acordo sendo abruptamente sendo sacudido
—Levante-se, Nilian! Você não foi para a escola hoje de novo, que história é essa?! Eu trabalhando, e tudo que eu precisava era receber uma comunicação da sua escola! Caramba, Nilian, você me entende?! Se continuar faltando, vai repetir de ano! Você ouviu? Vai repetir o ano, Porra!
O choque que recebo de meu corpo sendo puxado é esquecido quando ouço a voz de minha mãe, que estava alta de emoção, de raiva. Meus olhos se erguem para seu rosto e vendo sua expressão, sinto o medo borbulhando no meu estômago. —Mãe...?! Mãe, eu... Eu sabia que ela odiava quando eu faltava às aulas, por isso nos últimos tempo tentei parar de falta-las, embora ela nem mesmo soubesse por que eu às faltava...
—Nem venha! Nilian, estou cansado das mesmas desculpas! Eu confiei em você! Achei que não ia faltar pelo menos essa semana, droga, Nilian! Só quero que você saiba, agora a possibilidade é real, ou você para de faltar às aulas ou vai ter que repetir o ano.
Como se tivesse envelhecido alguns anos, sua mãe, caminhando até a porta e dando-lhe um último olhar, sai do quarto, devolvendo assim o lugar ao seu silêncio de origem
Com o corpo de volta no colchão, os olhos fechados contra a luz da lâmpada acesa, sua mente começa a pensar nas palavras de sua mãe. ''Pra repetir um ano... Pra falar a verdade, nem me importo mais se refizer, já não tenho mais....''
Mas quando pensa nisso, imediatamente em sua mente, como se estivesse em transe, ele se vê como um espectador em primeira pessoa em uma espécie de sonho onde ele, tendo abandonado a escola por um tempo, se viu tendo que repetir seu ano escolar. Em seu transe, desta vez, tentava desesperadamente não desistir da escola, e agora estudava como nunca antes. No fim, depois de um tempo, tudo parecia que ele ia ter sucesso desta vez, mas por várias razões aparentes, ele se vê falhando novamente. A cena se repetiu, ele se viu se repetindo ano após ano, envelhecendo um pouco mais a cada ciclo, e por causa de suas ações, sempre tendo que suportar um novo tipo de inferno. Até que chegou a um ciclo em que já era tão velho, que no sonho seguinte, o sonho só lhe mostrou um mundo negro assustador, tirando-o assim de seu transe.
*Crash!
Ouve-se o som de algo batendo, mas isso era irrelevante naquele momento. Meu corpo suava, meu coração batia tão alto que não conseguia ouvir direito. Não conseguia mais sentir o que me cercava, estava com falta de ar, parecia que eu não conseguia respirar, como se eu não conseguisse respirar, como se eu não pudesse respirar...!
—Calma... Calma, respira...
—Por favor, respire... estou aqui, sempre aqui, preste atenção em minha voz, ouça-a..."
Há uma voz, é tão relaxante. Como se eu já tivesse ouvido antes...
....
Gradualmente, o mundo escuro em que fui exposto desaparece.
Mas ao olhar para os lados, quem esteve aqui ao meu lado? Ele ansiava por saber a resposta, mas em sua mente não obteve a explicação que desejava. Será que tudo o que ele pensou que viu e suportou não eram apenas coisas de sua cabeça?
Não, não podia. Ele não podia aceitar que ele estava tão vazio de coração.
Agora que tinha parado para pensar sobre isso, ocorreu-lhe que não se lembrava de como tinha ido parar em seu quarto. Ultimamente, teve tantos sonhos que parecia que meses haviam se passado, esquecendo por um momento o que tinha feito esta manhã quando esteve acordado.
Suas sobrancelhas franziram, mas mesmo depois de pensar sobre isso por um tempo, ele não conseguia se lembrar como chegou aqui, até que a sede que sentia o fez se lembrar de algo... Água.
Olivia encharcada de água da chuva...
Sua cabeça latejava, quanto mais ele tentava e lembrava, mais a dor aumentava. Mas mesmo assim não desistiu, tinha que lembrar, algo o fez sentir que deveria se lembrar.
Os ventos, os pingos da chuva o molhando... Aos poucos, ele foi reconstruindo a cena em sua mente, sua irmã vinha em sua direção furiosamente, e ele se lembra de seu corpo, que a observava enquanto ela falava... Falava... Sim, agora ele se lembrou.
Por nenhuma razão real, não importa o que Olivia dissesse, a única coisa que me fazia sentir era raiva, como se cada som que saísse de sua boca fosse um insulto.
Sinto um nó se formando em meu estômago, cada vez mais eu tinha a sensação de que não deveria evocar tal lembrança, mas um sentimento desesperado me obrigou a tentar recordar, como se precisasse que eu lembrasse.
E então, então...
Meus deus....!
Lembrei-me.
Eu gritei com ela e naquele instante, eu...!
—Aaahhh!!!''
Um grito de agonia sai da minha boca, minhas mãos agarram minha cabeça, minha consciência começa a vacilar, minhas pernas começam a perder força, cenas borradas passam pela minha mente.
'' Irmão, o que está acontecendo?! ''
A última lembrança que me lembro antes de minha consciência escurecer foi o choro ansioso de Yuna.
...
Estou editando este capítulo novamente. (10/01/2022)
Deu, edição finalmente terminada... (12/01/2022)
Talvez eu adicione mais algumas coisas amanhã, mas não vou adicionar nada muito grande, se eu decidir colocar, vou adicionar no próximo capítulo.
''Se encontrar algum erro, avise-me''
Ah, eu troquei o nome do protagonis de 'Ren' para 'Nilian'
Bem, por enquanto é isso.
Obrigado por ler até aqui, espero que tenham gostado.