2 A angústia dos sonhos.

''Aaahhh!!''

Um grunhido horrível é ouvido de repente, sua respiração, que antes era calma e serena, como se tivesse acabado de se afogar nas profundezas de um oceano e pudesse finalmente respirar novamente, agora torna-se frenética e irregular enquanto ele tenta o seu melhor para capturar o oxigênio ao seu redor.

—Meu Deus...! Lágrimas escorreram por seu rosto —Não consigo respirar... Não consigo...! Bruscamente, de seus sonhos, despertou de uma dor lancinante em seu coração que se espalhou em direção a sua cabeça; junto de uma sensação apavorante que parecia consumi-lo.

—Não consigo...! Seu corpo, que hiperventilava, perdeu-se as forças, fazendo-o cair da cama de cara contra o piso de cerâmica de seu quarto.

Cenas vivas do pesadelo em que sonhou momento atrás encheram novamente sua mente, puxando-o para fora de seu pesadelo físico por um momento: ''Você não entende? Você a matou!!''; ''Não, eu não quero ficar sozinho...!''; ''Irmão...? O que aconteceu?''; "D-pai? Você...''; '' Vai, seu merdinha, chupe meu pau!''; ''Vocês não veem!? Como estou sofrendo..?''; Eu Odeio!! Simplesmente os Odeio demais! Desapareçam!!''; ''Hahaha! Cuidado, hein! Ou se você não se defender, vou acabar realmente te matando, hahaah!!''; ''Olivia...? Como, como pode fazer isso comigo...?''; ''Eu sabia, ela realmente é uma putinha.'';''...

—Irh lher...! ehucgou mirer! Sua garganta balbuciava sons sem sentidos algum. Cenas de acontecimentos passados ​​e de seu ocorrente pesadelo se repetiam em sua mente, sobrepondo-se, segundo a segundo, tão vividas, como se ele tivesse acabado de vivenciar cada uma delas. —Pare.... Pare....! Já não tinha mais a capacidade de entender o que estava acontecendo ao seu redor, sua mente, a cada momento, estava cada vez mais perto a ponto de ser quebrada.

Uma sensação nauseante o fez sentir que ia vomitar a qualquer momento, ele só queria cair inconsciente, mas nada disso aconteceu. Por aproximadamente vinte eternos, ele foi submetido a maior tortura de sua vida até aquele momento. Onde, uma dor enlouquecedora tomava conta de seu corpo enquanto sua mente era afogada em um pesadelo terrível.

.....

''.....''

As lagrimas haviam se secado em seu rosto, há muito havia parado de chorar. Quanto tempo se passou desde que tudo começou? Ele já não sabia, nem deseja saber. Seus olhos estavam fixos no que havia por de trás do vidro de sua janela, onde um céu escuro que parecia que a qualquer momento cairia acompanhado por uma torrente furiosa.

Seu corpo latejava de dor por estar na mesma posição por tanto tempo, mas nada que se comparasse ao que havia experimentado, por isso não se preocupou em procurar uma posição melhor. Aos poucos, foi se recordando das coisas com que havia sonhado, desta vez, por sua própria vontade. Ele ainda se lembrava do que tinha feito ontem; passará a maior parte da manhã jogando online e, logo depois do meio-dia, se arrumou e foi para a escola, onde, depois que a mesma terminou, voltou para casa novamente. Em que, outra vez, passou o resto do tempo sozinho jogando online. Com o passar das horas, sua família logo chegou também. Ontem até pediram pizza e todos pareciam muito felizes e unidos para uma cansativa quinta-feira do ponto de vista dele. Mas... Mas ele não conseguia entender; 'que porra foi essa...?' Se sentia sem vida, ele tentava encontrar a razão que o fazia sonhar com tais coisas. Ontem ele não havia visto nada assustador, nem sentiu ressentimento ou razão para ter aquele sonho com qualquer membro de sua família. Então, onde está a origem do problema? Nada, nenhuma respostas foi encontrada.

Longos minutos se passaram antes que finalmente decidisse deixar sua moribunda posição, naquele ponto, a chuva já estava caindo impetuosamente, parecendo querer afogar o mundo em um próximo diluível. Sua cabeça doía e, ao se levantar, seu corpo quase volta novamente para o chão úmido. Sua visão, por um momento, sentiu embaçada, mas logo se acostumou e começou a observar o estado de seu quarto e de si mesmo.

Nojento; uma desordem nojenta.

No chão, onde esteve sua metade inferior quando seu corpo ficou paralisado, um líquido amarelado manchava, e um pouco mais acima, onde sua cabeça uma vez descansou, uma poça de sangue se formou. Ao tomar conhecimento de sua situação, um cheiro repulsivo inundou seus sentidos, levando-o a sair do quarto em direção ao banheiro no final do corredor.

A casa normalmente está silenciosa a esta hora do dia, apenas o barulho da chuva batendo furiosamente contra o telhado quebrou o silêncio que havia se formado Seus passos não eram lentos nem rápidos, apenas constantes, refletindo exatamente como seu estado de espirito estava fraco naquele momento; que nem percebeu a estranha escuridão que envolvia o corredor por onde ele caminhava.

Acendendo a luz, seu olhar pousa em seu reflexo, que foi exibido no espelho da cômoda da pia, e então, ao se observar, dá-se conta do seu lamentável estado onde se encontrava. Sua face branca era uma bagunça ranhenta de sangue e lágrimas secas. Ainda descrente de seu estado, sua mão alcança seu nariz pintado de vermelho, imediatamente, a imagem refletida no espelho abre sua boca e um grito de dor sai de sua garganta. Sua mão se afasta de seu rosto como um raio. Por um momento, teve medo de ter quebrado o nariz com a queda, mas esperava que fosse tudo imaginação de sua cabeça.

''.....''

Olhando para o meu reflexo uma última vez, lentamente começo a me despir. Minhas roupas estavam imundas, minha camisa, que antes era branca, estava pintada de vermelho; e meu short, que até poucas horas atrás era limpo, estava pegajoso e fedorento.

Me sentia fraco; como se fosse cair a qualquer momento, por isso me apoio contra a parede com uma das mãos e entro debaixo do chuveiro. Girar a válvula de água imediatamente traz um jato de água quente sobre minha cabeça, esperando que a água lave o pesadelo que está afogando minha mente desde que acordei. Lágrimas rolaram silenciosamente de cada lado do meu rosto sem impedimentos. Em uma tristeza avassaladora afundei, como se a água que caia sobre mim fosse a corrente do oceano me levando a cada vez para o fundo.

Respirando fundo, abro e fecho os olhos, e mais uma vez, lembro-me das cenas do meu sonho, tentando dar-lhes sentido, saboreando a profunda tristeza que cada uma me trouxeram.

''Por que...?

Por quê? Foi apenas um pesadelo bobo, então por que estou tão triste!? Por que quando fecho meus olhos a unica coisa que vejo é o meu sofrimento, meu Deus...?! Por que sonhei com isso!?

—Por quê? Foi apenas um pesadelo bobo, então por que estou tão triste !? Deus...? Por que quando fecho meus olhos a única coisa que vejo é meu sofrimento...?! Por que eu sonhei com isso!

—Foi apenas um maldito pesadelo!

—Um pesadelo...!

—Isso foi apenas um pesadelo...!

—Não foi...?

—Droga...!

....

Acabei ficando embaixo da água por mais tempo do eu poderia esperar, meu corpo não estava bem, nem mesmo minha mente. Quando terminei de tomar banho, notei que minha pele estava enrugada. Minhas roupas que usava antes, naquele momento, estavam encharcadas sob meus pés, já perdendo sua aparência nojenta, sendo apenas agora; roupas molhadas. Apenas a camisa branca, que ainda estava um pouco vermelha do sangue que havia se secado antes. Ainda um pouco desorientado, pego uma toalha do gancho, seco-me e envolvo-a na cintura. A caminhar ao meu quarto, caminho como uma concha vazia; sem nada, sem alma. Mas quando me aproximo da porta, minhas narinas de repente dilatam fortemente quando sinto um cheiro horrível de sangue vindo mais e mais forte conforme me aproximo do meu quarto.

E não era apenas qualquer cheiro como era antes de partir, era um cheiro completamente inexplicável que atacou seus sentidos. Suas pernas tremiam, o cheiro forte de sangue o deixava tonto, por um momento teve pavor do que se escondia atrás da porta de seu quarto, do desconhecido criando coisas assustadoras que não existiam em sua mente já cansada. Mesmo assim, isso ainda não o impediu de girar a maçaneta e abri-la, e como um truque de mágica, quando ele abriu a porta, o cheiro simplesmente desapareceu, deixando espaço para sentir o cheiro fraco de seus próprios fluidos anteriores vindo de o chão na sua frente.

''.....''

Da porta, seus olhos pousaram em todas as superfícies visíveis em seu quarto, tentando encontrar aquele cheiro horrível, mas no final, não deu em nada. Então, ainda cauteloso e um pouco assustado, entrou em seu quarto e começou a procurar por algo que causasse aquele cheiro após colocar uma muda de roupa. Olhando embaixo da cama, nas estantes de livros, mesmo fora de seu quarto, mas ele ainda não conseguiu encontrar a fonte do cheiro que sabia vir de seu quarto.

—Chega, droga...!

Ele se sentia fraco, sua mente estava ficando turva depois de tanto esforço, exausto demais para continuar. Seu corpo cai em direção à cama, envolvendo-se no cobertor. Sua consciência mergulhada em sonolência, perguntando-se mais uma vez por que todos esses eventos aconteceram esta manhã, mesmo que fosse um pesadelo, ele ainda desejava que tudo isso tivesse algum propósito.

O barulho da chuva batendo na casa, mesmo sendo ruidosa, carregava um toque reconfortante, sua respiração se acalmava, logo o fazendo adormecer. Mas nos últimos resquícios de consciência, antes de adormecer, ele pensa ouvir uma fraca risada vindo de trás dele.

...

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