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Seguindo em Frente

"Seu nome é Andressa né?

"Sim... Mas como sabe disso? Ela perguntou com medo de que tivesse sido descoberta por Andrey. Sentia como se tivesse cometido um crime.

"Ouvi falarem ai pelo corredor e imaginei que fosse de você que estavam falando."

Ela então se deu conta pela primeira vez que ninguém fez sua ficha. E a realidade de ter sido encontrada por Andrey passou a ganhar força em seu coração apavorado. Porém a conversa de Cleiton era tão agradável que ela acabou se esquecendo de seus temores. Além do mais estava muito feliz com a maternidade e ansiava que trouxessem logo seu filho para que ela o alimentasse, o que fazia com que olhasse ansiosa para a porta a todo momento.

Foi inevitável perceber que Cleiton fazia o mesmo de olhar ansioso para a porta a cada três minutos. Andressa começou a prestar mais atenção nas atitudes dele e descobriu que ele estava até suando. Ela reconheceu imediatamente o medo no olhar dele. Ela já não lhe ouvia mais as palavras, estava perdida em suas atitudes. O que lhe causava tamanho temor? Andressa aguardou que ele terminasse sua última fala e o interrompeu antes que começasse a falar sem parar novamente.

"Cleiton, o que está acontecendo?"

"Nada..." Ele disse dando de ombros.

"Pode me dizer. Preciso saber se corro algum perigo aqui dentro desse hospital."

Cleiton a fitou com olhar arregalado, mas permaneceu em silencio.

"Cleiton, me diga por favor! Não acha que tenho o direito de ter a chance de pelo menos tentar salvar a minha vida e a de meu filho? Não me esconda. O que você viu lá fora?" Ela insistiu.

"Andressa não sei o que você aprontou, mas as pessoas aí fora são poderosas. São vários homens vestidos com terno caro e em um descuido deles vi que estão armados. E falavam de você. Algo sobre levar você para fora do país. Não sei como vai escapar, pois o corredor está cheio deles. Estão vigiando esse quarto. Mandaram até fechar essa ala."

Andressa voltou ao seu medo anterior. Andrey a encontrou. Talvez não a mate, mas com certeza vai separar ela da criança de qualquer forma. E isso ela não podia permitir. Morreria lutando por seu filho.

"Não pode chamar a polícia?" Andressa perguntou, procurando criar alternativas para sair daquela situação.

"Eles estão aí também. Creio que os homens de terno devam ter porte de armas. Conversam como se fossem velhos conhecidos."

Andressa o fitou mais preocupada ainda. O que será que Andrey andou fazendo esses meses que se separaram? Que tipo de acordo o faria ter uma amizade assim com militares? Ele sempre os odiou. Os tolerava pela conveniência, mas definitivamente os odiava. A ponto de abrir um champanhe toda vez que sabia da morte de um deles. E era quase impossível fazer com que um de seus homens vestisse um terno, pois gostavam de suas bermudas e camisetas demais. Não conseguia imaginar Leco em um terno...

"Cleiton... Como são esses homens?"

"São grandalhões e fortes..."

"Mas pelo que você observou havia algum líder entre eles?"

"Ah sim! Isso foi bem fácil de reconhecer, pois o líder deles disse para a recepcionista que você era parente dele. Agradeceu e deu dinheiro a ela por ter lhe informado que você entrou no hospital para dar à luz essa noite."

"Mas como ela podia saber que se tratava justamente de mim? Imagino que se deva passar inúmeras maltrapilhas por aqui para darem à luz..."

"Sim. Isso é verdade. Mas ela me disse que ele seguiu seu rastro até aqui nessa cidade. Tinha uma foto sua. Só que não quis colocar em nenhum local, pois sentia que estava perto e que fugiria se soubesse que ele estava em seu encalço... Eles sabiam que você daria à luz esse mês e deixaram todos os hospitais e clinicas em alerta... E por outro lado vocês têm muita semelhança mesmo um com o outro..."

Andressa não ouviu a última frase de Cleiton. Ela jogou as cobertas de lado e se levantou com dificuldade e foi até a janela. Precisava encontrar meios de fugir com seu filho. Porém não deu sorte e dessa vez estavam no terceiro andar. Ela conseguiria descer pela escada de incêndio, mas imaginava se conseguiria fazer isso carregando uma criança nos braços.

"Volte para a cama Andressa. Acabou de dar à luz. Precisa de repouso." Cleiton alertou com sincera preocupação.

Andressa voltou para a cama. E ficou por uns segundos em silêncio antes de se voltar para Cleiton que ajeitou a coberta novamente em seu corpo.

"Tenho que fugir."

"Entendo. Por isso olhava pela janela."

"Sim."

"Você consegue sim fugir por ela... Mas terá que deixar seu filho para trás. Não tem a mínima chance de levar ele com você. Primeiro porque é impossível descer até o primeiro andar carregando uma criança. E segundo, porque a criança está nos braços do líder deles."

Andressa sentiu a lágrima rolar por seu rosto quando Cleiton disse aquelas palavras. Se ele reconhecer algum traço dele... Não! Alguém a traiu e contou a Andrey que esperava um bebê... Será que ele teria coragem de matar o próprio filho? Talvez não, mas podia mandar ele para longe com alguma família que desaparecesse com ele e nunca mais ela teria notícias dele... E sabia que ele a torturaria antes de a matar. Conhecia ele bem demais. Sabia o que ele fazia com aqueles que considerava traidores. Ela estava encurralada. Mesmo que conseguisse fugir não iria muito longe. Soube disso quando caminhou com dificuldade até a janela. E agora ele estava com seu mundo em seus braços. Teria que tentar fazer um acordo com ele para salvar pelo menos seu filho. Mais lágrimas caíram e ouviram uma batida leve na porta. Cleiton e Andressa se entreolharam temerosos, mas ficaram firmes.

Assim que a porta se abriu a mãe de Cleiton entrou sorridente e fitou Andressa.

"Alguém que está aí fora quer ver você e faz questão de trazer seu filho para que amamente ele. Está pronta para isso?" Ela perguntou despreocupadamente.

Andressa não conseguiu falar então acenou que sim com a cabeça. Afinal agora a única coisa que podia fazer era implorar pela vida do filho. Ela teve que se resignar com seu destino muito rapidamente.

A enfermeira saiu e logo voltou com um homem que tinha os olhos cinzas iguais aos seus e segurava feliz a criança em seus braços. Andressa o reconheceu da chamada de vídeo que fizera tempos atrás. Ela não sabia o que significava ainda, se era bom ou ruim, mas aquele homem na sua frente era seu pai. De qualquer forma era muito melhor do que ser encontrada por Andrey e seu coração se encheu de alivio.

Ele se aproximou e lhe entregou a criança m seus braços com cuidado. Depois pegou uma cadeira e se sentou ao seu lado. Andressa fingiu que não percebeu, se recusando a fitar ele, pois nunca a atendeu quando precisou dele e começou a amamentar seu filho como se estivesse sozinha com ele.

"Podem nos deixar a sós por alguns minutos, por favor?" Ele pediu educado para Cleiton e sua mãe que saíram imediatamente.

Andressa percebeu que seu filho estava usando roupas bonitas... E caras. Como ele conseguiu encontrar loja aberta naquele horário?

"Lembra de mim, Andressa?" Ele perguntou e parecia cuidadoso com as palavras como se ela fosse desaparecer se ele dissesse algo errado.

Ela pensou em não responder, mas podia sentir que ele não estava ali para lhe fazer mal. E ela tinha plena consciência de que agora com um filho, precisaria do apoio de alguém. Então era melhor conversar com ele e descobrir se poderia ser ele esse apoio.

"Lembro." Ela disse seca. Apesar de precisar de alguém não conseguia fingir que não estava magoada com ele.

"Andressa... Venho te procurando desde que fugiu do hospital no Rio de Janeiro. Esse menino que você alimenta era a única forma de te encontrar aqui já que seu rastro desapareceu depois do relato de algumas pessoas... Meu neto me ajudou a encontrar a você.

"Como soube de tudo isso?"

"Carla me disse que você fugiu e que estava gravida. Andrey só não dispensou mais recursos para te encontrar porque ele ignora que estava para ser pai... Vim para o Brasil imediatamente junto com... Pessoas que podem nos proteger. Você está hospedada em algum lugar?"

"Sim. Numa cabana de papelão no meio da mata do parque florestal."

O pai dela ficou branco e seus olhos marejaram.

"Como fez para..."

"Procurei emprego por um bom tempo, mas sempre fui dispensada com grosseria. A única pessoa que me ajudou como pôde foi esse rapaz que viu aqui. O Cleiton. Ele me alimentava."

"Ele será recompensado."

"Como encontrou roupas tão bonitas e caras em uma hora dessa?"

"Fiz um enxoval para a criança e sempre que alguma moça com características sua dava entrada em algum hospital desse estado, eu trazia junto comigo..."

"Obrigada." Andressa disse já sentindo que seu coração amolecia. Agora entendia quando ouvia as mães dizer que para ganharem seus corações era apenas necessários tratarem bem seus filhos.

"Não precisa agradecer. Você era para ter sido cuidada como uma rainha e avisei isso a Andrey... Não sei o que aconteceu entre vocês dois, mas vim te dar escolhas minha filha. Sei que é tardio, mas estou aqui para apoiar você. Não sairei mais do seu lado."

"Porque não me atendeu mais? Teria ficado sabendo de seu neto por mim." Andressa perguntou, mas não tinha mais magoas em seu coração.

"Andressa... Eu fui sequestrado pela pessoa que me tirou tudo e estava preso em um cárcere privado. A sorte foi não estar com o celular no momento ou chegariam até você e provavelmente a matariam."

"E ele resolveu o libertar? Ele te torturou?"

"Ele usou de tortura sim, mas jamais me libertaria. Mas o filho de meu amigo descobriu onde me mantinham e os homens de meu amigo invadiram o lugar. Limparam toda área e agora eles mandam nesse estado. Estava em Chicago e desprotegido. Pensei que ele já havia se esquecido de mim... Mas o ódio é um sentimento tão ruim que mesmo ele tendo se vingado de mim e constituído uma linda família, jamais conseguiu esquecer..."

"Lamento que tenha passado por isso... "

"Acho que você também viveu maus bocados."

"Sim. Mas agora que estou com meu filho todo o resto ficou para trás."

"Como disse antes, vim lhe trazer escolhas. Ficar na rua não é uma escolha aceitável então vai ter que decidir entre as que vou lhe dar."

Ele parou um momento antes de continuar. Andressa ainda estava surpreendida pela juventude dele. Pelo celular ele lhe pareceu mais velho, mas não devia ter chegado aos cinquenta anos de idade ainda.

"Você pode voltar para Andrey e se casar com ele, formar uma família..."

"Não. Ele jamais saberá que tem um filho. Não comigo."

"Bom, então tem mais duas. Você continua morando aqui em Curitiba onde Andrey jamais vai lhe encontrar, em um apartamento com cobertura e com empregados e seguranças, volta a estudar, e vive sua vida normalmente. Com todo conforto. Ou pode ter as mesmas coisas, e até um carro só seu, em um lugar onde não vai precisar se esconder e estará perto de mim... Poderei fazer por meu neto o que não fiz por você."

"E onde você mora?"

"Nos Estados Unidos."

Andressa o fitou pensativa. Lembrou de tudo que passou e sabia que estaria segura com qualquer uma das duas opções, mas...

"Fui maltratada e dispensada como um lixo por pessoas daqui. Enxotada porque procurava comida. Nem minha gravidez os comoveu. Uma forma de rejeição e de falta de compaixão que nunca vi antes. Não quero que meu filho cresça aqui e seja uma pessoa arrogante. Vou com você."

"Fico feliz com sua escolha, mas devo lembrar você, que Cleiton e a mãe dele são daqui e são boas pessoas. E a maioria é. Mas o destino a colocou só no rumo de pessoas ruins. Elas estão em todos lugares. O povo daqui é um povo bom e honesto. Nenhum lugar nesse mundo vai encontrar só pessoas boas."

"Sim. Não quis colocar todos como ruins, mas quis dizer que me fizeram ter uma experiencia ruim. E isso vai ficar comigo por algum tempo..."

"Tudo bem então. Vou deixar você descansar." Ele disse e se levantou abaixando até ela e depositando um beijo em sua bochecha e depois na do neto. "Vou arrumar seus documentos para viajar. Já havia começado a fazer isso antes de ser capturado. Amanhã volto para lhe buscar. Mas fique tranquila porque meus homens vão guardar esse quarto como guardam suas próprias vidas e só tem você nesse andar."

"Pai..." Andressa chamou. "Preciso agradecer outra pessoa daqui que me ajudou. A ajuda dessa pessoa me acompanhou por toda minha estada aqui. Devo ir lá e agradecer."

"Você a agradecerá e eu a recompensarei. E também passaremos nos locais públicos de que você disse ter sido enxotada."

Andressa viu o pai saindo e sem pensar em mais nada dormiu ainda com seu filho em seus braços mamando.

Quando acordou. Lembrou de seu bebê e ficou assustada quando não o encontrou em seus braços. Pensou que ele havia caído e em seu desespero nem percebeu que havia alguém ali bem do seu lado. Só quando se virou para ver se seu bebê estava no chão é que viu dois sapatos de luxo lustrados e foi erguendo a cabeça até ver o rosto sorridente de Cleiton todo vestido de terno.

"A enfermeira levou a criança para arrumar ela e para que você possa se trocar também."

"O que faz aqui?"

"Vou trabalhar para seu pai. Vou com vocês para fora do país."

Andressa abriu um sorriso de felicidade. Teria com quem conversar que também não sabia outro idioma.

"Estou contente por você... Ele disse qual é a natureza do seu serviço?" Ela perguntou se certificando que o pai não revelou que era um mafioso.

"Serei um segurança da família. Seu pai também vai custear meus estudos para que me forme junto com você. Ele acredita que como aluno eu posso fazer meu trabalho de segurança sem deixar você encabulada na frente dos outros. Em outras palavras... Sei o que seu pai é. E sei quem ele é."

"Não se importa em se envolver em algo tão perigoso..."

"Não. O que me importo é em saber que ficando aqui eu vou trabalhar a vida inteira e nunca vou ser mais que um simples garçom. Eu quero mais para minha vida. Muito mais. E sei que posso conseguir aproveitando as oportunidades certas."

Andressa sorriu suavemente.

"Será bom ter com quem conversar... Afinal não sabemos o idioma deles..."

"Eu sei falar inglês!" Ele disse em tom revoltado.

Andressa o fitou surpresa e indagadora.

"Fiz um curso. Precisava saber inglês para trabalhar nos melhores restaurantes. Só que infelizmente não consegui vaga em nenhum deles..."

"Cleiton... Então eu fico muito feliz por nós dois, mas a verdade é que... Não posso deixar você tomar essa decisão sem saber onde estará se envolvendo de verdade..."

"Como eu disse antes. Já sei de tudo Andressa. Seu pai me explicou nos mínimos detalhes. Eu aceitei assim mesmo porque até hoje a honestidade não me recompensou em nada. Então estou disposto a correr o risco de levar um tiro, mas ganhando para isso e tendo oportunidade de ter meu próprio restaurante um dia do que ficar aqui e me arriscar a levar um tiro perdido em uma guerra que não participo."

Andressa acenou confirmando que entendia do que ele estava falando e virou para o armário e seus olhos pararam em uma bandeja ao lado da cama com suco natural e misto quente que ela gostava muito. Voltou novamente indagadora para Cleiton.

"Chega de restos para você. Alguém que conhece você disse para seu pai que era seu café da manhã preferido... Vou sair para que se alimente em paz e se vista com privacidade. Ficarei do lado de fora da porta. Qualquer coisa basta dar um grito." Ele disse e se retirou.

Andressa sabia que aquela informação só podia ter vindo de Carla. Era sempre tão atenta. Comeu tudo satisfeita por saber que nunca mais precisaria acordar sem saber se conseguiria alimento naquele dia. Seu pai não permitiria que lhe faltasse nada.

Foi até o armário imaginando se ia encontrar suas velhas roupas, mas o que viu a deixou muito feliz. Jeans novo e um casaco que devia ter custado uma fortuna. Havia também roupas de baixo, camiseta e um par de botas.

Feliz por vestir roupas limpas e cheirosas, ficou pronta rapidamente. Seus cabelos haviam sido penteados na noite anterior e ela podia sentir com a mão que ultrapassavam a região do traseiro. Gostava de seus cabelos compridos, mas não tanto. Pediria ao pai para passar em um salão e pediria que o cortasse até a altura da cintura.

Ela não encontrou um pente, mas no banheiro do quarto havia uma escova ainda na embalagem, pasta de dente e enxaguante bucal. Tudo da marca que ela gostava. Olhou se no espelho do banheiro e deu uma ajeitada no cabelo com as mãos.

Ela saiu do quarto no mesmo momento em que seu pai já ia bater a porta. Ele lhe sorriu e deu o braço para que ela o acompanhasse. O bebê lhe foi entregue já na recepção quando o pai estava entregando uma boa quantia de dinheiro para a sorridente recepcionista. Logo , ela trouxe o bebê. Ele estava muito bonito e assim que foi para seus braços abriu os olhinhos e Andressa sentiu um aperto no peito. Eram os mesmos olhos cor esverdeado, de Andrey.

Ela se permitiu pensar nele por mais alguns minutos enquanto seguia para o carro e depois o esqueceu quando o pai perguntou para onde ela queria ir primeiro.

Andressa saiu do salão irreconhecível para as pessoas que a tinham visto como mendiga. Viajaram de carro por onde ela os guiava até ela reconhecer a cabana de lona da mulher que lhe salvara de morrer congelada.

Junto com os seguranças e seu pai carregando o neto foram até lá. Andressa abriu a barraca e apenas a mulher que lhe dera a roupa estava lá. Seus dois amigos deviam estar em outro lugar. Ela olhou assustada para Andressa.

"Não roubei nada não! Pode revistar o barraco. Sou pobre, mas sou honesta."

"Não se lembra de mim?" Andressa perguntou cuidadosa. Para não a assustar.

"Eu não conheço ninguém da alta sociedade não moça. Olha para mim. Acha que frequento algum lugar de onde poderia reconhecer a madame?"

"Há uns meses atrás você me deu um casaco e uma coberta."

Ela então deixou transparecer que se lembrava e olhou para as pessoas que a acompanhava.

"Já ia perguntar se tinha conseguido um velho rico, mas o moço ali parece muito com você... O bebê que está com ele é o seu? E ele é seu pai?"

"Sim." Andressa respondeu sorrindo feliz por ela reconhecer ela. "Quer ver ele de perto?"

"Posso?" Ela perguntou surpresa.

"É claro que pode. E pegue o um pouco também. Aquela noite você salvou duas vidas. É justo que possa ver de perto a que estava escondida dentro de mim."

A mulher cambaleou um pouco e saiu de sua barraca. Se aproximou receosa do pai de Andressa e ele lhe entregou o bebê. Andressa ficou observando e viu que seu pai exibia um olhar de orgulho.

"Você quer vir conosco para fora do país?" Andressa perguntou para a mulher que voltou imediatamente para ela e entregou a criança para o avô novamente.

"Como?"

"Onde estão seus companheiros?" Andressa perguntou e ela pareceu triste.

"Foram presos. Avisei que não precisava roubar. Era só ganhar uma coisa aqui e vender ali que conseguíamos dinheiro para nossas necessidades, mas eles não me ouviram..."

"Estou indo embora. Venha comigo. Você pode ir para uma confortável clínica de reabilitação, consertar seus dentes e depois viver confortavelmente. Pode até voltar a estudar..."

"E a moça faria isso por mim só por causa de uma blusa?" Ela perguntou com olhos lacrimejantes.

"Não. Estou apenas salvando sua vida como fez por mim e meu filho um dia. Isso aqui não pode ser chamado de vida. Vida é você poder ter uma cama quentinha para onde voltar depois de jantar e tomar um bom vinho em um restaurante onde lhe tratam como uma pessoa importante. Chega de miséria. Venha conosco." Andressa disse pegando na mão da mulher.

"Eu vou. Não tenho nada a perder mesmo... A propósito, meu nome é Cibele."

Andressa sorriu vitoriosa e ninguém percebeu naquele momento que havia algo oculto no que ela fazia. Ninguém percebeu até ser tarde demais que as trevas haviam dominado um lado de seu coração, antes tão puro.

Não sei se tem alguém lendo essa obra, mas se tiver, vai perceber que esse capitulo não contém travessão nas conversas e o formato não é muito comum aos brasileiros. Existe um motivo para isso. As plataformas, por motivos que eu considero justos, estão recusando trabalhos em português e então eu estou traduzxindo todos os meus livros. Porém, se tiver alguma resposta, continuarei publicando os capitulos em portugues aqui para que conheçam o final dessa história. Agradeço a oportunidade. Beijo a todos, ou...

Shirley_Santos_5513creators' thoughts