Em um bar estava mal iluminado um homem corpulento bebia demais como sempre. Por mais que o dono não gostasse muito da presença do velho conhecido, ele não podia reclamar, afinal aquele homem pagaria muito bem.
Então mais uma sombra se juntou àquele lugar. Era um homem que vestia um terno excessivamente chique para aquele lugar. Ele estampava no pulso um relógio no qual investiu vários meses do seu salário e era cara demais para ele. Seu nome era Wein, um professor da Enki.
"Você finalmente chegou," o homem corpulento bebeu com gosto um copo de cerveja, enquanto sua mão. "Então pode me dizer como meu filho está se saindo?" Ele perguntou.
O homem, depois de elogiar longamente o brutamonte diante dele, disse sobre o que sabia. Ele contou sobre o incidente surpreendente com a Amélia e que ela tinha arranjado tudo para que ele participasse do teste de classe S."
"Por isso aquele garoto estava tão confiante, talvez ele tenha conhecido alguém que o ajudou a ter tratamento especial," Norman murmurou para si mesmo, com uma expressão de absoluto desprezo.
O homem pensou por alguns instantes sobre o que deveria fazer, mas ele não tinha a intenção de sair do seu caminho para ensinar pessoalmente uma lição para seu filho fracassado.
"Entendo, então eu gostaria de pedir um favor."
Wain ergueu uma sobrancelha, curioso, mas já com um sorriso cínico nos lábios. "E que tipo de favor seria esse, senhor...?"
"Não quero que Davi passe no exame de classe S." Ele foi direto ao ponto, o rosto impassível, mas os olhos cheios de amargura. "Não suporto a ideia de ver aquele fracassado insistir em desonrar o nome da família de formas idiotas."
Norman não aceitaria de forma alguma a ideia de que seu filho de fato tinha feito algo para merecer aquela chance. Claro ele tinha uma alta percepção e já tinha notado que talvez seu filho tivesse um despertar duplo, mas mesmo se esse fosse o caso, aquele garoto não tinha o direito de ficar forte tão tarde. Não quando ele tinha falhado em herdar sua classe.
Wain, por um momento, ficou em silêncio, apenas observando o homem à sua frente. Então ele se levantou devagar revelando um sorriso malicioso.
"Ah, o que temos aqui... Um pai que quer destruir o próprio filho. Você é sempre tão impassível." Wain deu uma risadinha irônica. "Sabe, gosto disso, por isso te admiro. Pode deixar comigo. Por favor me siga, eu tenho a solução perfeita para seu problema."
O homem tinha um olhar tomado por felicidade. Fazer um favor para Norman, significa que ele poderia pedir algo em troca. E ele já sabia muito bem o que iria pedir.
Wein finalmente conseguia visualizar o futuro no qual sua maldita irmã estaria abaixo dele.
Norman não estava nem um pouco feliz em deixar seu álcool para trás, mas ainda assim ele aceitou o convite. Os dois caminharam um pouco pela capital, até um galpão que parecia abandonado.
Quando finalmente chegaram à entrada, Wain parou e se virou para Norman, o sorriso cínico ainda mais amplo em seu rosto. Ele puxou um grande cadeado enferrujado e o destrancou com um estalo seco. A porta se abriu com um rangido, revelando o interior escuro e decadente do galpão.
"Venha, Norman, quero que veja a solução para o seu problema" disse Wain com um tom malicioso, entrando na escuridão.
Ao se aproximarem, um barulho de correntes arrastando no chão ecoou pelo espaço. Um rugido baixo, quase gutural, reverberou pelas paredes de metal enferrujado, como se algo monstruoso estivesse à espreita.
"Essa é uma das minhas grandes criações," Wein disse com muito orgulho, então criou um pequeno Slime feito de fogo que iluminou o local.
Com isso ele revelou uma jaula enorme no canto do galpão. Dentro dela, uma criatura gigantesca estava acorrentada.
"Sim, acho que isso vai ser bom o suficiente." Norman assentiu e decidiu deixar o resto com aquele homem.
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Depois de conferir todos os seus equipamentos e garantir que tudo estava funcionando, Luna os entregou para Davi. Então ela sorriu de forma encantadora e disse com convicção:
"Eu tenho certeza de que você vai conseguir passar," ela então deu um passo à frente ao ponto de que seus lábios quase se tocassem. "Mais uma coisa, volte com segurança, por favor eu não quero te perder." Ela implorava com o olhar.
Davi sorriu com uma falta de confiança e envolveu a cintura da garota, acariciando levemente a sua bunda. Então ele a puxou para perto e tomou os seus lábios mais uma vez.
Os dois queriam se derreter em um longo beijo, talvez quisessem até mesmo ir mais longe, contudo se contiveram. Seria um grande problema se o garoto chegasse atrasado, por tanto eles se limitaram àquilo.
"Eu vou voltar com a vitória." Novamente Davi falsificou uma confiança que não tinha, porque não queria preocupar sua amada.
"Eu te amo," ela disse.
"Também te amo," eles trocaram um selinho que pareceu durar menos de um segundo para os dois. Então Davi decidiu quebrar o clima ao perguntar, "mas tem certeza de que está tudo bem eu ir atrás de outras garotas?"
Luna suspirou profundamente e usou todas as suas forças para resistir a vontade de esfaquer o idiota na sua frente. "Se me perguntar isso mais uma vez, eu vou terminar com você."
"Ok, desculpa."
E com isso os dois finalmente se despediram. O garoto pegou a bicicleta da sua amiga emprestada e foi até a academia pedalando rapidamente, enquanto tentava aliviar a tensão que tomava o seu corpo.
Ao chegar à Academia, ele estacionou a bicicleta, pediu instruções a um dos recepcionistas no hall e seguiu ao auditório seguindo as instruções.
O local, como esperado, estava cheio de candidatos. Claro, eram muito menos pessoas do que a cerimônia de abertura, mas ainda assim muitos queriam pelo menos tentar entrar na prestigiada classe S, mesmo que a maioria soubesse que aquilo era impossível.
De qualquer forma, Davi se misturou à multidão e logo notou a presença imponente da Amélia, ela continuava linda como sempre. E com seu olhar imponente de sempre, ela começou o seu discurso:
"Candidatos," começou ela, sua voz ecoando pelo salão. "Hoje vocês darão o primeiro passo para alcançar a glória de serem os melhores entre os melhores, por isso estejam preparados.
Todos se sentiram um pouco tensos ouvindo o discurso daquela mulher, ainda que sua intenção fosse motivar a todos.
De qualquer forma ela também preferiu não gastar muito tempo conversando sobre coisas desnecessárias. Então seus olhos poderosos varreram o salão e ao ver o familiar rosto do Davi ela sorriu levemente.
"Os detalhes sobre a primeira prova poderão ser encontrados no manual que todos vocês receberão. Tudo o que precisam saber é que terão que trabalhar em duplas decididas aleatoriamente. Boa sorte."
E sem mais explicações detalhadas ela, por força do hábito, estalou os dedos. Em um instante, todos sentiram uma energia mágica envolvê-los. O chão sob seus pés desapareceu e tudo foi tomado pelo branco,
O garoto demorou algum tempo para entender que na verdade ele tinha sido teletransportado para uma sala branca. As paredes eram brancas, o teto, o chão e fora isso não tinha mais nada lá dentro.
Bem, na verdade tinha uma coisa, uma linda garota. Não qualquer garota, afinal ela era alguém cujo rosto, e até mesmo o corpo, eram muito familiares para Davi.
Ela era uma ruiva deslumbrante, com um longo cabelo cacheado e um olhar sempre confiante e talvez um pouco arrogante.