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Capítulo Quatro

"Ela era tão destruída que cada sorriso escondia lágrimas de dor"

Amor Honra e Sangue

   Poder, adquirido por dinheiro ou posição, ou uma junção dos dois. Jade exalava poder, cada poro do seu corpo demonstrava quem era, o que tinha e o que podia. Suas ações calculadas demonstravam sua frieza, não fazia nada que não trouxesse benefício para si próprio.

   Talvez, por isso, muitos a odiavam ao mesmo tempo invejavam. Igualá-la e um anseio que todos sentem.

   Sua presença imponente abalava qualquer um, não precisavam girar a cabeça para a entrada do restaurante para saber que ela entrou. Ela, principalmente, conhecia sua prima o bastante para saber que os murmurinhos que começaram do nada era sua culpa. Sempre acontecia quando ela chegava em qualquer lugar.

    A comoção inicia-se pelos homens, eufóricos com sua beleza, desejosos com seu corpo, e emenda-se com a inveja das mulheres por provocar isso nos homens, independentemente de suas companhias. Jade já destruiu casamentos por muitos menos que inimizades, por prazer de ver outros sofrendo por sua culpa.

   Não sabia, nem entendia como ela detinha tal poder, não poderia ser só seu dinheiro ou posição, ela também o tinha, e logo ocuparia um lugar mais alto que o seu, seria senhora dos dois maiores impérios mundiais. Todavia, nunca teria a capacidade de Jade para impor-se, comandar, não teria a mesma essência que impacta todos, um olhar que faz qualquer um cala-se. Gostaria de saber o segredo de Jade, e usufrui dele.

   No entanto, sua pessoa superava as expectativas posta sobre Jade, ela não fazia guerra em sua família, trabalhava para saná-las, não disseminava ódio. Não deseja o fim do império, mas que fortalece-se um dia após dia mais.

   Diferenciava-se dela no coração, caráter e bondade. Ayla e o inverso de Jade, alguém que todos amam e não suportam porque temem. Talvez por isso todos sintam sua presença, sente o perigo se aproximando. Ela o sente, por isso escolheu um lugar público para o encontro, não confia o bastante na prima para encontrá-la só.

  Os olhos se voltaram automaticamente para ela e isso a irritou, a irritava mais quando seu noivo fazia o mesmo que eles. Gostaria de ver o que todos viam em Jade para a tonar especial, irresistível. A beleza dela e inegável, porém não é a mais linda que conhece.

— Quanta surpresa não tive com seu convite. — desprezo e tão notável no seu tom que se retrai por instinto, o rapaz que a atendia imita seu gesto. — Obrigado, mas dispenso o cardápio, só quero um copo com conhaque.

  Faz um gesto de dispensa com as mãos, encarando com divertimento, Ayla que sente-se constrangida com seu comportamento. Sabia ser errado, no entanto, gostaria que ela tivesse morrido com seu pai e irmão.

   Não conseguia evitar o desejo, Jade parecia um demônio em suas vidas os fazendo sofrer. Sentia-se realizada sempre que conseguia, como alguém desprezível, sem coração. E enquanto vive-se eles nunca seriam livres.

   Sustenta seu olhar, fazer com desvie e tudo que quer. Não daria lhe essa alegria. Jade gosta de impor-se, fazer quem seja submete-se a si. Em especial sua família.

— Comida não desce com ela do lado. — justifica-se antes que o garçom fuja nervoso. — Tudo bem, Ayla? Mais muda que você só seu irmão que está morto.

   A citação do seu irmão fez sua expressão calma transforma-se em uma rancorosa, e próxima a uma raivosa. Outro aspecto que a diferenciavam, Jade fazia questão sempre que pudesse de destilar sua amargura, tocar em feridas que a mesma criou.

   Parecia sentir um prazer sádico em relembrar sua família da morte do seu irmão, de como ele morreu. A culpava e sempre a culparia.

   Jade com os anos demonstrou um lado perigoso e irracional, procurando uma vingança tola por algo que devia ficar no passado, enterrado e ser esquecido. Trazer tudo a torna desmoronaria tudo, destruiria vidas. Ayla esqueceu, então ela também podia fazer o mesmo.

   O que aconteceu foi pelo bem do império, ela devia aceitar e seguir sua vida.

   Não poderia culpar eternamente sua família por sua infelicidade, quando foi ela mesma que procurou tudo que ganhou. Jade tocou no que não deveria, quis o que não devia.

  Suas ações se não pararem teria desfecho pior. Como a do seu irmão mais velho.

— Não fale dele. Sente-se que serei rápida.

   Uma risada foi contida pela CEO dos Mazarratti, um lado seu lutava para que não controla-se sua língua e dissesse tudo que queria. Detalhes sórdidos da morte de Yuri.

   Memórias que se mantêm viva, como se tivessem acontecido há poucas horas, não quatro anos.

   Se tivesse que escolher um dia o qual ele o deu felicidades, não pensaria tanto para apontar da sua morte. Foi a única vez que Yuri fez abrir em seu rosto um sorriso sincero, feliz e de alívio.

— Quanta agressividade. — finalmente se senta. — Diga o que tanto quer, meu tempo para você é precioso. Você e a doce menina do papai, sou a dona de um império.

   Jade levanta as mangas do seu blazer preto, cruzando as pernas aguardando sua prima começar. Cancelou uma reunião para esse jantar.

   Sabia que não seria nada importante, mas perder a oportunidade de infernizá-la não condiz consigo. Ayla e o seu próximo alvo, a tiraria seu maior sonho e o transformaria em pó.

   A encarou aguardando, nem dando atenção para o copo posto a sua frente pelo garçom. Retornaria a falar quando enfim ela chegou onde desejava.

— Quero que se mantenha longe de mim, de Nikolas, do nosso relacionamento, que nem mesmo vá em nosso noivado ou...

— Ou o quer doce prima? Seja corajosa e termine. — toma toda sua bebida em um gole, para continuar; — Vai me ameaçar? Logo a mim? Quem é você Ayla, quem é você perto de mim? — levanta se da mesa, chamando atenção de algumas pessoas nas mesas ao redor. — Prima... Ayla. — pega sua bolsa na cadeira ao lado, andando até Ayla, inclinando seu corpo para ficar com a boca próxima a seu ouvido. — Antes que pense em fazer algo contra mim, estarei a fazendo implorar por salvação igual seu irmão, foi lindo vê-lo morrer... Implorar por piedade, e sabe o que fiz? Deixei o queimar!

 [...]

    A mão livre de adereços, toca com suavidade as teclas do piano, no entanto, não formula melodia, apenas notas soltas. Tocar, lembrava seu pai, seu amor pelo instrumento e seu incentivo para que aprendesse a manuseá-lo, o fez, porque sabia que ele ficaria feliz, como ficou quando a viu tocando a primeira música que aprendeu.

   Com raiva, tristeza e saudade recorda dos fins de tarde que sentavam diante do pino para tocarem juntos. Um dia antes de o perder mostrou com entusiasmo a música que aprendeu para tocar na sua apresentação de escola, ele chorou de emoção e sorriu como nunca mais faria.

   Tocar, de algum jeito a faz sentir que ele esta do seu lado, sorrindo como tanto amava, torna sua presença mesmo que por instantes viva. Mas no fim quando a magia acaba fica a dor, o vazio impreenchível e um ódio doentio.

— Faz tanto tempo que a ouvir tocar. — Célio para nas suas costas, mãos nos seus ombros em um aperto leve. — Quando o faz na madrugada e porque acordou de pesadelos.

    Jade não responde. Não precisa, Célio sabe a verdade.

    Tocar a aproxima do seu pai e ajuda a afastar seus pesadelos, e a acalmar sua mente sempre turbulenta.

— Toca, você é linda tocando.

   Jade o fez, tocando uma melodia triste, que criou há muitos anos, quando acordou no meio da noite chorando e gritando de medo, de saudade. Nunca tinha a tocado para Célio com ele tão próximo, mas sabe que ele conhece a melodia por ouvi-la escondida quando a toca.

    Sabia que ele queria chorar, só não o fez por esta do seu lado. Ele é seu porto seguro, não poderia desmoronar junto consigo.

— O que foi dessa vez?

— A noite que perdi meu pai e irmão. — fala um tom acima do sussurro. — Antes que pergunte, sim, descrevi tudo naquele seu maldito caderninho. — sorrir sem humor.

    Levanta os olhos das teclas para a janela, a sua frente, dando para seu jardim. Fazia algumas horas do encontro com sua prima, todavia a raiva que ela inflamou em si revivia forte, talvez por ela seus pesadelos foram desencadeadas.

   Há meses não acordava chorando, com um vazio impreenchível no peito, e uma dor beirando a insuportável. Novamente tentou gritar, mas sua voz faltou como naquele dia e uma mudez dolorida a tomou.

— Também concordo que ele é maldito, um dia vamos queimá-lo junto.

— Eu vou! E na mesma fogueira que queimar, vou fazer aquela família inteira ir junto. — se vira para o encarar. — Quero eles todos mortos, como fizeram com meu pai e irmão.

    Célio sorrir, um repuxar pequeno cheio de promessas maldosas. A baixa iluminação do cômodo sombreia seu rosto o deixando sombrio, seu cabelo escuro torna-se mais, a pele pálida destaca-se, como seus olhos azuis opacos que brilham com perversidade.

— Vou te ajudar. — pega suas mãos, dando um beijo em cada. — Eles vão morrer, Jade, te prometo!