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Capítulo Três

Fujo do passado porque ele insisti em me perseguir no presente...

  Não teria valor que Nikolas não paga-se para descobrir em que parte da vida sua irmã se perdeu, que deixou de ser sua menina alegre e se tornou uma mulher sem escrúpulos que não tem medo nem pena de ferir. Ele mesmo já foi ferido constantemente por si e tem certeza que continuara sendo.

   Em noites solitárias relembra com pesar sua infância, o quanto precisou batalhar para conquistar Jade novamente depois da morte do pai e construir uma relação de amizade e amor genuíno que perdeu-se na transição para vida adulta. Dói notar como foi inútil.

   Algo aconteceu para se desencontrarem, para transformar seus sentimentos puros em raiva, desprezo. O destino quis colocar sua amiga no lado oposto ao seu, a transformando em sua inimiga.

    Entretanto, facilmente poderia ser medido sua maldade com sua beleza, talvez por isso às vezes fraqueja-se diante de si. Jade tornasse mais linda a cada dia, dando a sensação da infinidade de sua beleza.

   No entanto, não erraria mais como tanto errou se deixando levar por sua aparência. Na adolescência fazia de tudo para ganhar seu sorriso, contudo hoje o enoja olhá-lo e notar a perversidade que carrega e não mais doçura que o encantava.

    Mas não consegue esquecer tudo, não quando vislumbra por segundos a doce garota que um dia foi, mesmo no corpo de uma mulher que o exibir como uma arma, que provoca em si coisas indevidas. Todavia, não entende porque o enfurece quando ela dirige a um dos seus namorados o mesmo olhar que um dia o deu, não entende, mas quando acontece a odeia mais porque o deixa assim, por ela esfregar na cara dele que ama outros quando ele que nunca a deixou só não recebe nada, nem migalhas.

    Talvez ele devesse desistir e deixar os maus sentimentos consumirem os bons, talvez todos estejam certos e Jade não possui salvação, sua alma já está condenada e por isso não se importa de fazer o mesmo com outras e sente prazer quando consegue. Sua amiga morreu, e a diante de si e só uma casca vazia que tem seus olhos sem o mesmo brilho, a mulher diante de si e a inimiga do Império que tem que cuidar, Jade e a barreira no seu caminho que tem que se livrar.

— Chegou a hora. — sua madrasta avisa o tirando dos pensamentos. — Recomponha-se!

    Fácil falar, porem não é fácil desviar os olhos de Jade quando ela rouba as atenções para si, principalmente quando sorrir. Sente-se um idiota, um tolo que encara o perigo e não o teme como deve, Jade Mazarratti carrega consigo seu segredo capaz de destruí-lo, e ela sabe que pensou nele quando sorrir por trás do copo com uísque nas mãos. Se ela não estivesse parada ao lado do aparador com bebidas, junta de seus namorados buscaria uma bebida para tomar coragem para prosseguir. Ela roubava todas as suas.

    Sim, por isso não a odiava totalmente, porque ela compartilhava consigo sua dor, sua vergonha. Tinha medo dela e tentava enfrenta o sentimento com um mais forte, o ódio. Porém, não da forma devida.

— Não tenho o que recompor. — fala no mesmo tom baixo para que ninguém além dela ouça. — Ela devia ir embora.

   Na verdade, ele o queria o fazer. Sumir e não participar dessa palhaçada que o obrigam. Nesse instante concorda com Jade sobre suas famílias amarem falsos teatros, como jantares como este.

— Ela não vai e se prepara para o que ela veio fazer.

— E o que ela veio fazer?

— Jade e minha filha, mas não temos relação. Conheço minha filha como você conhece sua noiva. Mas uma certeza tenho, ela não se submeteria a isso sem más intenções.

   Então não era tanto ele pensou encarando Ayla conversando animada com a mãe. O mundo dos negócios é cruel, a farsa para manter um império em pé o torna mais.

   Perdeu quem amava para esse mundo e casaria sem nem uma amizade consolidada. Tudo por poder.

  Unir as famílias e os impérios nasceu como um sonho com o crescimento da Terceira Aliança, os deixariam mais forte, unidos e concentrariam poder em menos famílias. Evitariam que futuramente não tivesse mais de uma Jade para enfrentar.

— Ninguém conhece Jade.

    Dayse não rebateu. Sua madrasta não tinha o que contestar. Perdeu sua filha faz tempo, muitos antes de casar com Victor, mais por conveniência do que por amor. Todos acreditavam que seu marido deixaria algo para si, mas qual não foi a surpresa ao saber que tudo, literalmente tudo foi deixado para sua filha.

    Sorriu para Ayla quando seus olhares se cruzaram, não o desviou quando deixou o sofá e aproximou-se da sua poltrona, tomando sua mão no meio das suas a puxando para cima. Acaricia seu rosto não sabendo o que dizer, esperando que o gesto compense suas faltas de palavras.

    Nikolas não fecha os olhos para a beleza de Ayla. A acha linda, sempre achou, mas isso não acende em nada alguma coisa em si. No entanto, reza para que no futuro acenda. Não suportaria viver em um casamento vazio por toda vida, a deseja, mas deseja muito mais outras, porém seus desejos não podem sobressair seu caráter.

— Ayla, você aceita casar comigo? — alimenta a farsa que protagonizam. Pinta de mentiras um pedido que não é nada além de uma fachada.

— Sim! — a resposta alegre veio acompanhada de lágrimas, remexendo algo dentro de si por não poder compartilhar da mesma alegria. — Sim, Nikolas! — toma seu rosto em mãos para soltá-lo e abraçar seu corpo. Ele pensou que ela o beijaria e um sussurro em sua mente mandou que ele vira-se o rosto. — Estou tão feliz...

  Ele tentou responder o mesmo, mas seus olhos se fixaram na imagem de Jade abraçada a Kirsten com o outro acariciando seu rosto, um sorriso debochado nos lábios o desafiando a continuar com tudo.

— O anel Nikolas, o anel! — A voz da futura sogra o despertou novamente.

— Sim, doce Nick, o anel. — Jade se liberta do abraço por trás de Kirsten. — Aquele que é igual ao qual você compra para suas amantes, porém acho que esse é especial... Já vi essa mesma história anos atrás.

— Cale a boca Jade. — Nélio diz exaltado.

— Que foi tio? — se faz de sonsa. — O senhor também tem amantes, não se sinta excluído. A diferença e que seu moralismo que tenta manter para esconder isso dos outros não serve para mim. Como é mesmo o nome dela, Nikolas?

— Não existe amante, Jade.

   Um arrepio atinge seu corpo junto de um pavor conhecido. Aquele que consume alguém quando algo pelo qual morreria esta a um fio de ser revelado.

— Então estou mentido? — aproxima-se mais de si. — Ela não era ruiva, cabelos cacheados, olhos verdes e olhar sonhador?

— Não ouse falar dela. — afasta-se de Ayla em uma ação rápida tomando os braços da irmã em um aperto forte. — Ela não era minha amante. — fala com fúria, rostos próximos um do outro.

    Mais uma prova da ausência do seu coração, tocar no passado que busca esquecer. Não importava a presença da sua família, não deixaria Jade fazer o que deseja.

  Todos os olhavam curiosos e assustados com a reação de Nikolas, seja de quem Jade se refere e alguém que não deve ser mencionada. Contudo, a curiosidade e substituída pela raiva, ela conseguiu, estragou o jantar que daria início a uma nova era, selaria a realização de um sonho. E alimentaria hipóteses traiçoeiras na mente de todos, sobre um alguém especial .

   Demonstrou para deixar claramente sua posição sobre a união e que tentaria ao máximo evitá-la.

— Você está certo, ela é o amor da sua vida... — aproxima seus lábios do seu ouvido sussurrando seu segredo, seu tormento. — Quer saber quais foram as últimas palavras dela? Eu lembro, estava com ela quando tudo aconteceu...