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capítulo 1

Em um dia que parecia igual a todos os outros, mas era especial para mim, pois marcava meu primeiro dia no ensino médio. Sentia uma mistura de ansiedade e expectativas, questionando se este seria "o" ano para mim, se seria um dia que definiria muitas coisas. Foi quando minha irmã, Anna, adentrou o quarto.

"Anna", murmurei enquanto ela se aproximava, "como estou? Hoje é meu primeiro dia e... preciso parecer legal para os garotos?"

Ela, com um sorriso divertido, respondeu: "Paula, para! Não quero ser aquela que você pensa que os garotos vão gostar. Quero ser eu mesma, sem precisar me preocupar com isso. Cansei de tentar agradar a quem não valoriza."

Embora eu compreendesse as palavras dela, a pressão do primeiro dia ainda pairava sobre mim. "Tudo bem...", murmurei, cedendo à ideia de arrumar-me.

Anna sempre foi excepcional na arte da maquiagem. Sua habilidade transformava seu rosto em uma obra-prima, destacando sua beleza natural. Ao observá-la, inevitavelmente me senti como uma figurante perto dela, uma mera coadjuvante em minha própria história. Ela irradiava confiança, enquanto eu me via presa na sombra de suas certezas e talentos.

Essa sensação de inferioridade se intensificava, uma voz interior sussurrava que talvez eu não fosse suficiente, não fosse bonita ou talentosa como minha irmã. Era uma luta constante entre querer ser eu mesma e ceder à pressão para me destacar.

Olhando-me no espelho, observei as mãos de Anna habilmente delineando meus olhos. "Você sabe, Paula", ela começou, "você é única. Não precisa ser como eu, ou como qualquer outra pessoa. Sua autenticidade é o que te torna incrível."

As palavras dela tocaram algo dentro de mim. Era um lembrete de que beleza não se resume a maquiagem ou aparência física, mas sim à confiança e autenticidade que irradiamos para o mundo.

"Obrigada, Anna", murmurei, olhando para ela com gratidão. "Vou tentar ser eu mesma hoje."

Ela sorriu, sabendo que, apesar de todas as incertezas, esse seria o primeiro passo para eu encontrar minha própria luz no meio da escuridão da comparação e da insegurança.

Depois de terminar a maquiagem, olhei para o espelho e uma visão nova se apresentou diante de mim. Não era mais a mesma garota com quem estava familiarizada. Era como se uma transformação tivesse ocorrido, como se eu tivesse me tornado alguém diferente. Nunca me senti tão bonita quanto naquele momento.

"Anna, o que achou?", perguntei, buscando sua opinião.

Ela sorriu e afirmou: "Você está maravilhosa! Mas você sabe, sempre está. Melhor se apressar, não queremos que se atrase. Ah, e você me deve um favor!"

Concordei com um sorriso e me dirigi para fora. Antes de seguir meu caminho para a escola, olhei para trás uma última vez e avistei minha irmã na janela. Acenei um tchau e recebi o gesto dela de volta antes de seguir adiante, determinada a enfrentar meu primeiro dia no ensino médio com uma nova confiança e uma sensação renovada de autoestima.

Enquanto me dirigia para a escola, uma sensação de ser uma pessoa completamente diferente me acompanhava. Era como se eu estivesse adentrando um novo capítulo da minha vida, mais velha e mais madura, pronta para enfrentar o primeiro ano do ensino médio. Porém, a escola parecia um labirinto de rostos desconhecidos, o que despertava um medo de estar perdida naquele ambiente familiar.

Ao chegar, o cheiro característico do ambiente escolar trouxe uma onda de nervosismo tão intensa que quase desejei desmaiar ali mesmo. Em meio a essa ansiedade, acabei esbarrando sem querer em um garoto, desencadeando uma típica cena de "crise de romance".

"Desculpa aí, eu... estou nervosa, é meu primeiro dia", gaguejei, tentando me recompor.

O garoto, Miguel, respondeu com tranquilidade: "Ei, tudo bem. O primeiro dia é assim mesmo para todo mundo. Ah, e eu nem me apresentei, sou o Miguel."

"Eu sou a Paula. Você sabe onde fica a sala 6?" perguntei, tentando disfarçar meu nervosismo.

Ele confirmou que a sala era a mesma para a qual ambos se dirigiam, o que gerou um sentimento estranho de coincidência.

"É muita coincidência mesmo", comentei, tentando disfarçar a ansiedade crescente.

Começamos a caminhar juntos em direção à sala, mas enquanto andávamos, um turbilhão de pensamentos invadiu minha mente. Será que isso era destino? Ou apenas uma casualidade passageira? Decidi que era melhor manter a compostura e não criar expectativas. Afinal, não tinha mais esperanças no amor, especialmente considerando as experiências anteriores que me machucaram profundamente.

Enquanto caminhávamos em direção à sala, levou alguns segundos até chegarmos lá. Ao entrarmos, deparei-me com uma garota que estava lá.

"Oi, Miguel! Cara, acredita que vamos ter aula de matemática? Eu odeio matemática", disse a garota, chamada Iasmin.

Miguel concordou, compartilhando seu descontentamento com a matéria: "Sério, eu também. O professor não liga pra mim, parece que seleciona quem são seus 'queridinhos' na sala."

Enquanto eles conversavam, senti-me deslocada, especialmente ao notar que talvez aquela garota fosse a namorada de Miguel. Era algo que eu já pressentia, então não criei expectativas. Iasmin olhou para mim e perguntou:

"Quem é essa garota?"

"Miguel, essa é a Iasmin. Iasmin, essa é a Paula", apresentou Miguel.

"Oi", cumprimentei, tentando disfarçar o nervosismo.

"Oi, entendi. Você está nervosa, não precisa ficar assim", disse Iasmin, tentando ser gentil.

"Paula, a Iasmin é minha amiga desde o 5º ano do fundamental", explicou Miguel.

Essa revelação trouxe um alívio, mas ainda mantive aquela sensação de antecipação, esperando por algo ruim. Sempre que começo a gostar de alguém, parece que o destino reserva algo negativo.

"Iasmin, a Paula eu encontrei esbarrando sem querer, foi engraçado", explicou Miguel, tentando amenizar a situação.

"Bom, vamos entrar. O professor disse que estará aqui em 10 minutos", sugeriu Iasmin.

Concordamos e nos encaminhamos para a sala, enquanto eu tentava controlar a ansiedade que se misturava com um certo receio de como as coisas poderiam se desdobrar com essa nova dinâmica.

Ao adentrar na sala, um cheiro familiar preencheu o ambiente, reforçando a sensação de que eu pertencia àquele lugar.

Miguel, gentil como sempre, sugeriu: "Olha, foi muito legal te conhecer, Paula. Vamos sentar lá na frente, não quero que você leve um castigo."

"Está bem", concordei, me sentindo como se ele fosse meu príncipe encantado e eu, a princesa em um conto de fadas. Dirigi-me a um lugar vago, ainda absorta nos pensamentos sobre Miguel, quando fui abordada por um garoto desconhecido.

"E aí, garota estranha, meu nome é Isaac", ele se apresentou, cabelos enrolados e olhos castanhos, vestindo uma camisa preta com a inscrição "Take care", calças azuis e tênis branco.

"Eu sou a Paula", respondi, mantendo meu olhar um tanto apaixonado na direção de Miguel.

Isaac percebeu para onde meus olhos se direcionavam e comentou: "Entendi que você conhece o Miguel."

"Sim, o Miguel", respondi, tentando disfarçar meu interesse.

Ele prosseguiu: "Mas é melhor tomar cuidado, especialmente com quem? Com a Raíssa. Parece que ela gosta do Miguel desde o 4º ano, pelo menos foi o que me falaram."

"Não devemos confiar totalmente no que os outros dizem por aí", retruquei, um tanto insegura.

"Eu só estou te alertando", respondeu Isaac. "Quer que eu te mostre a sala?"

"Claro", aceitei, agradecendo por sua gentileza enquanto seguia Isaac para nos acomodarmos na sala, tentando absorver todas as informações novas que surgiam naquele primeiro dia no ensino médio.

Enquanto caminhávamos pelo corredor, um turbilhão de pensamentos invadiu minha mente. Era como se uma voz interior insistisse para que eu parasse de pensar em Miguel, afinal, havia outra garota interessada nele e eu sabia bem como isso poderia acabar, igual ao ano passado.

"O diretor não vai brigar conosco por estarmos nos corredores?", questionei, preocupada com as regras.

"Ah, não se preocupe, tenho o passe dos corredores", tranquilizou-me Isaac.

"No primeiro dia de aula?", surpreendi-me.

"Sim, todos ganham no primeiro dia de aula", explicou ele.

"Aliás, sobre a Raíssa... ela realmente gosta do... do Miguel?", perguntei, tentando disfarçar meu interesse.

"Sim, acredite em mim. É melhor você esquecer o Miguel. A Raíssa é bastante competitiva, ela te esmagaria se soubesse que você gosta dele", alertou Isaac.

Aquela situação parecia definir o final da minha história de primeiro amor no ensino médio, e eu sabia que não podia terminar assim. Foi nesse momento que uma ideia surgiu em minha mente: tornar-me amiga dela. Não poderia deixar que o amor por Miguel causasse problemas, então encontrar uma abordagem diferente talvez fosse a chave para manter a paz e evitar conflitos desnecessários.

Continua...

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