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Primeiro encontro

A viagem foi longa, mas consegui chegar ao destino sem problemas.

Na cidade onde passarei um ano, a casa do meu professor era o destino. Claro, não consegui recusar a 'oportunidade'. Quando se trata do meu irmão, ele não permitirá uma recusa.

Meu objetivo é treinar por um ano, com o melhor membro da Facção Humano. Treinar com um amigo da família não seria ruim, se soubesse da existência do amigo em questão, é um indivíduo que não ouvi falar.

Meu irmão comentou que essa pessoa é um amigo de longa data, mas não disse seu nome uma única vez em meus dezessete anos. Desconfiar do amigo é plausível, mas decidi confiar.

Se não conseguir confiar em meu próprio irmão, em quem confiaria?

A viagem foi cansativa. Mesmo que ponderasse desistir no começo. Não me vi conseguindo voltar para casa e encarar meu irmão após desistir. Tudo é válido desde que consiga dominar minha habilidade nascente.

Humanos ou qualquer outra raça, normalmente aprende sua habilidade nascente na infância, claro, o treinamento é necessário, com esse treinamento é possível despertar a habilidade.

Por conta do destino, ainda não consegui despertar a minha habilidade. Treinei por alguns anos, mas não consegui manifestar.

Um dos motivos de meu irmão insistir em treinar com seu amigo. Ele é o melhor em dominar sua habilidade nascente em todo o mundo, aprender com ele poderia me permitir despertar.

Não imaginei que seria possível, estive treinando por anos, Se existisse uma pequena porcentagem de sucesso, poderia tentar…

Ao descer do avião, rapidamente encontrei o responsável que me levaria até minha nova moradia.

Um homem de terno estava na área de desembarque Ao me aproximar, notei que se tratava de minha carona. Ele segurava uma placa com meu nome, tonando fácil reconhecê-lo.

A viagem até minha nova casa foi tranquila. Pude apreciar a paisagem da cidade, uma vista incomum para alguém que morava ao lado de uma floresta.

Paramos em frente a um grande portão, e algo chamou atenção, o muro tinha pouco mais de dez metros de altura, ele escondia a visão de todo o interior da área. Não é possível observar o local, uma área privada que não poderia ser acessada sem identificação.

Ao conferir minha identidade, o responsável por abrir o portão permitiu minha entrada. Seguimos por uma estrada até a casa.

Mesmo longe do local, avistei a enorme mansão, com pouco mais de quatro andares. Várias árvores ao longo do caminho e uma área reservada, que poderia ser usada para treinar em um futuro próximo.

Após chegar na porta, o motorista me instruiu a entrar. Ele explicou que meus pertences estariam em meu quarto e comentou sobre os responsáveis por me receber.

Seguindo as instruções, caminhei em direção a entrada. Prestes a abrir a grande porta de madeira, a porta se moveu, aberta por uma das empregadas do local que me mostrou o caminho.

Caminhei pela entrada da casa e pude notar vários empregados enfileirados de maneira a mostrar o caminho. Notei pouco mais de vinte pessoas no lado direita e esquerda da sala. Todos uniformizados. Senti alguns olhares em minha direção enquanto outros nem se deram ao trabalho de olhar.

Chegando perto da escada que levava ao segundo andar, três pessoas que pareciam importantes estavam esperando.

Parei em frente aos três e a primeira pessoa a me cumprimentar foi uma garota que aparenta ter uma idade superior à minha, talvez vinte anos. Com logos, cabelos negros e seus olhos verdes, sua presença parecia majestosa, lembrando um nobre dos tempos antigos. Ela usava roupas de empregada, um pouco mais curta que as outras. Em suas vestes, detalhes dourados e um pequeno pingente em seu peito. O pingente continha uma runa estranha e o desenho de um dragão protegendo algo.

Me senti familiarizada com o símbolo, algo presente em minhas memórias. Lembro de ter visto algo parecido no passado, mas não consegui descobrir onde exatamente.

"Seja bem-vinda! Sou Beherit empregada particular do jovem mestre Az."

Notei uma segunda garota sorrir após a apresentação de Beherit.

Ela tinha longos cabelos vermelhos que lembraram o crepúsculo. A garota aparentava ter pouco mais de quinze anos e diferente da primeira a se apresentar, ela usava um vestido vermelho simples, com alguns detalhes florais bordados na cintura.

"Beherit, você não deveria se apresentar antes da jovem Srta. Alice."

O mordomo com olhos afiados comentou enquanto repreendia Beherit.

"Oh? Pensei–"

"Tudo bem Malphas."

A criança, de cabelos vermelhos, lançou um sorriso em minha direção e segurou a ponta de seu vestido para uma breve reverência.

"Sou Alice, a segunda filha da família. Estarei sobe seus cuidados."

"Eriel…"

A garotinha então suspirou.

"Sinto muito. Meu irmão não está presente no momento. Ele gostaria de te receber, mas apareceram contratempos."

"Não se preocupe com isso."

Imaginei que poderia conhecer meu novo professor, mas não estou particularmente curiosa para apressar nosso encontro.

"Que tal mostrar a mansão? Você Deve estar curiosa, certo?"

Normalmente poderia dar outra sugestão, gosto de ficar em meu quarto, já que é mais tranquilo que conviver com as pessoas, mas para falar a verdade, Estava bastante curiosa com o lugar.

"Estou ansiosa."

A minha atividade mais interessante hoje seria arrumar minha mala. Conhecer a mansão é imensamente melhor.

"Muito bem! Beherit, você poderia levar um pouco de chá e algo para comer no jardim depois?"

"Entendido!"

Fomos em direção ao segundo andar, um corredor com várias portas, cada porta parecia ter um nome e ao final do corredor, a direita, estava uma porta com o meu nome. Alice então abriu a porta e eu fiquei surpresa ao observar o quarto.

O quarto parecia três vezes maior que o quarto que tinha na outra casa. A cama era grande e todo o quarto foi arrumado de maneira a ser o mais organizado possível. Pensei que teria que mudar algo quando chegasse, mas não parecia o caso.

"Seu irmão veio até a mansão e explicou como seu quarto deveria parecer… Ficou ao seu agrado?"

"Sim, Está perfeito."

Não existem muitos móveis, mesmo grande, meu quarto é minimalista e isso me deixa confortável. Com uma TV perto da janela, não precisarei sair por um tempo, se desejar. Também tinha um computador que eu poderia usar para estudos. O senário ideal para estudos e um local tranquilo para me confinar.

"Fico feliz. Na verdade, foi fácil já que Ethan comentou que deixar o quarto mais minimalista possível te deixaria mais confortável."

Senti-me agradecida. Se fosse um quarto com muitos objetos, ficaria um pouco incomodada.

Deveria agradecer ao meu irmão mais tarde.

"Bom…, você terá bastante tempo para conhecer o seu quarto mais tarde. Vamos para o próximo andar?"

"Claro."

Após mostrar a área dos quartos, fomos para o terceiro andar onde havia uma grande biblioteca. Ela é bem maior que a biblioteca em minha antiga cidade, por isso fiquei surpresa. Não pensei que poderia existir uma biblioteca particular tão grande.

"Essa é a área feita por meu irmão para estudos. Ele gosta de ler sobre a história do planeta e sempre aprender algo novo, por isso juntou vários livros aqui."

"Eu não pensei que poderia existir tantos livros…"

Alice escondeu o sorriso após ouvir minhas palavras.

_Talvez ela tenha achado engaçado?

"Sinta-se livre para usar a biblioteca quando quiser. Na mansão você pode ir onde desejar… devo apenas lembrar que alguns livros estão em outros idiomas."

"Entendi…"

Desnecessário dizer que o terceiro andar era a biblioteca inteira. Não conseguia parar de me perguntar: quantos livros existiam no local.

"Bom, Vamos continuar?"

O próximo andar é uma área de lazer com vários jogos e brinquedos. Notei uma sala de cinema e um parquinho para crianças. Uma área de lazer completo e até um bar existia nesse andar. Segundo Alice, essa é a área de diversão, sendo, a mais importante da casa.

Ela me explicou que quando era mais novo, meu irmão vinha até aqui para brincar.

Não pude deixar de ficar perplexa por não lembrar sobre isso, mas decidi deixar passar por enquanto.

Terminando de conhecer o quarto andar, Alice me levou até uma área no telhado onde tinham algumas cadeiras e mesas. Essa área é usada para descansar ou tomar banho de sol.

Voltamos para a sala principal e seguimos em direção a cozinha, onde fui apresentada a várias empregadas e mordomos. Fui apresentada a cada canto da mansão e em seguida fomos ao jardim localizado atrás da mansão, uma área com várias flores e árvores por todos os lados.

Alice decidiu ficar perto da piscina. Fomos até uma área reservada com algumas cadeiras e uma mesa com uma sombra agradável.

Fui convidada a sentar no local e a brisa era refrescante. Combinando tudo com o cheiro doce das flores, não pude deixar de pensar que esse local se tornou o meu preferido na mansão.

Beherit trouxe alguns doces e chá. Continuei conversando com Alice, ela parecia animada por seu irmão mais velho estar treinando alguém. Ela me contou que seu irmão não desejava ensinar, mas ele abriu uma exceção ao ouvir o pedido de Ethan.

Enquanto bebia o líquido, notei a presença de alguém se aproximar.

Era uma garota da minha idade. Seu cabelo loiro e olhos negros eram marcantes e apenas seu olhar afiado era o suficiente para não esquecer de seu rosto. Ela tinha uma maneira nobre de agir e não se aproximou mais que o necessário, esperando Alice ir até onde ela estava.

"Finalmente chegou…", falou Alice em um múrmuro.

Alice levantou de seu acento.

"Tenho alguns assuntos para tratar. Você se incomodaria em esperar um pouco?"

"Claro, não tenha pressa. Não tenho planos de sair por um tempo…"

Estou realmente bem nesse lugar, por esse motivo posso apreciar a calmaria que sinto no local. O chá estava realmente bom e o mesmo poderia dizer para os doces, então ficarei ocupada por um tempo.

Alice saiu do local.

Fiquei esperando sua volta, passaram-se pouco mais de dez minutos, mas Alice não voltou. Os doces já haviam acabado e eu estava apenas apreciando a brisa suave do vento bater em meu rosto.

_Não será tão ruim morar aqui.

Na verdade, todo esse lugar parecia ser para diversão e entretenimento. Fácil notar isso devido ao terceiro andar, a área de jogos, perto da piscina onde eu poderia descansar e apreciar a vista do campo de flores, até mesmo a biblioteca é um local agradável.

Notei cada flor de diferentes tipos. Rosas, algumas espécies diferentes de orquídeas, tulipas e Hortênsias. Eram as categorias de flores que eu conhecia bem. Também haviam algumas flores que eu não conhecia no jardim.

A pessoa responsável por essas flores era realmente cuidadosa, já que elas estavam lindas e algumas espécies precisavam de um tratamento diferente, algo que precisa de trabalho árduo e conhecimento.

Perdida em pensamentos, notei uma sombra em meu campo de visão.

Uma pequena garota com roupas no estilo Lolita gótica. Seu vestido tinha bordados vermelhos e ela estava usando uma meia-calça transparente que combinavam com seus sapatos leves. Em suas mãos uma luva preta de tecido quase transparente. Seus cabelos negros atingiam a altura da cintura, enquanto sua aparência era a de uma criança com pouco mais de seis anos.

Em seus braços ela estava carregando várias embalagens de doces e algumas sacolas. Com dificuldades em carregar tudo, ela acabou deixando um dos doces cair e estava tentando pegar com o máximo de cuidado possível para que os outros doces em seus braços não caíssem.

Aproximei-me da pequena garota e peguei a embalagem no chão.

"Você quer que eu te ajude a carregar isso?"

"Eh?"

A garota não notou minha presença e se surpreendeu por um momento. Seus olhos Violeta se focaram em minha presença, enquanto sua expressão confusa deixavam-na com o tom ainda mais infantil.

A dúvida em seu rosto quase me fez sorrir, mas consegui conter minha expressão.

"… Você poderia me ajudar?"

Sua voz suave e tranquila era como uma melodia feita para acalmar os ouvintes.

"Claro."

Demostrei um sorriso amigável e peguei alguns doces em seus braços.

Seguimos em direção a estufa, me mantive distante de maneira considerável pensando em não perdê-la de vista. A pequena garota parecia calma com a minha presença e em alguns momentos notei seu olhar em minha direção.

Após entrar na estufa, notei que a temperatura no local estava levemente diferente do ambiente no lado de fora.

A garota me levou até uma área no fundo da estufa. Rapidamente notei uma árvore que proporcionava uma sombra para as flores que não necessitavam de luz do sol.

"Voltei."

Olhei para a mesma direção que a garota, e foi quando meus olhos encontraram um rapaz. Ele estava com a cabeça baixa. Parecia estar dormindo antes da nossa chegada. A voz da garotinha o acordou.

O garoto olhou em minha direção e por um momento os nossos olhos se encontraram.

Ao olhar diretamente para seus olhos, uma sensação estranha percorreu todo o meu corpo. Senti que aquela era a pessoa mais importante de toda a minha vida, mesmo não sabendo quem era.

Esse foi nosso primeiro encontro.

Fiquei congelada no local tentando entender o que estava acontecendo e me recusando a acreditar em meus próprios pensamentos. Nunca encontrei esse garoto, e mesmo assim, ele parecia familiar.

Tudo o que eu queria fazer naquele momento era correr e abraçá-lo o mais forte possível.

Senti Noir encostar em meu braço e logo voltei ao normal.

Toda a sensação que tive momentos atrás desapareceu e por um momento senti como se tudo o que senti fosse apenas um delírio. Melhor, queria acreditar que foi um delírio.