Inferno da Lisa.

"Umm... por que você está no chão?" Exedra perguntou com confusão evidente em sua voz.

"Eu-Eu fiz algo vergonhoso para o marido da minha amiga e ainda por cima um príncipe! Eu imploro seu perdão!"

A mulher anã batia repetidamente a cabeça no chão como se estivesse pedindo perdão pelo crime mais horrível imaginável.

'Dragões realmente têm reputações horríveis.' Ele não conseguia acreditar que esta mulher pensava que ele ficaria tão zangado a ponto de este nível de desculpas ser necessário.

Exedra acenou com a mão e o corpo de Valerie flutuou para cima e ele a colocou de volta em seus pés.

"Eu não acho que foi vergonhoso de forma alguma. Na verdade, eu te achei bem atraente naquela hora." Ele esperava aliviar os nervos da mulher anã, mas parecia que ela estava muito relutante.

"Quanto à arma que você fez..." Exedra apressou-se em mudar de assunto, esperando tirar a mente dela dos eventos que acabaram de acontecer.

"Está muito bem feita. Eu agradeço. Estaremos viajando para o continente demoníaco em breve e imagino que vamos enfrentar nossa justa cota de batalhas."

Valerie congelou e seu embaraço anterior foi substituído por total incredulidade. "O continente demoníaco...?"

"Exatamente esse." Exedra acenou, aparentemente sem entender essa restrição.

Embora os demônios não fossem exatamente populares no mundo, ninguém realmente os temia, exceto os humanos.

"Lisa disse algo para você sobre ir para lá?" Valerie perguntou tentativamente.

A careta de Exedra se aprofundou imediatamente. "Eu ainda não contei a ela, por quê?"

Valerie assentiu em compreensão antes de dar uma rápida olhada para Mira. "Você deveria... falar com Lisa você mesmo e descobrir."

O dragão ia pressioná-la mais, mas percebeu que poderia realmente ser algo que não era seu lugar para falar.

Valerie aparentemente teve outra realização antes de se curvar profundamente.

"Eu sei que é vergonhoso da minha parte, mas eu tenho um pedido e espero que você possa me ouvir!"

Exedra estudou a mulher atentamente.

Ela estava ficando cada vez mais estranha para ele.

"Vamos ouvir."

-

Exedra e Mira estavam atualmente andando de mãos dadas em direção ao campo de treinamento para a prática diária de Mira.

"Papai?"

"Sim, minha filha?"

"Eu vou ter uma nova mamãe algum dia?"

Exedra riu. "Você não está satisfeita com as que você já tem?"

"Não não, estou!" Mira defendeu rapidamente. "Mas às vezes eu penso que a tia Valerie seria uma boa mamãe ou até aquela senhora elfa e o papai gosta delas também então por que você não se casa com elas?"

Exedra suspirou.

Como ele poderia explicar algo tão complicado para uma criança pequena?

Exedra parou e ajoelhou-se para ficar frente a frente com Mira. "As mães que você tem agora, Lisa, Lailah e Bekka são as mulheres a quem me comprometi. Eu prometi a cada uma delas que eu as faria eternamente felizes e eu jamais comprometeria isso buscando outras mulheres."

"Suas mamães me amam tanto que se eu trouxesse outra mulher para casa e declarasse que ela é minha, elas protestariam, claro, mas não se oporiam verdadeiramente. Independente de quão profundamente isso possa machucá-las."

"É por isso que se você vai ter uma nova mamãe, teria que ser uma mulher com quem elas estão felizes em compartilhar comigo, para que elas não percam nem um segundo da felicidade que eu prometi a elas. "

O pequeno cérebro de Mira trabalhava horas extras para entender as palavras de seu pai. Ela finalmente assentiu e ofereceu um simples ok antes de retomarem sua caminhada para a lição dela, onde Exedra observou o tempo todo com olhos orgulhosos.

-

Quando a lição de Mira terminou, Exedra prontamente voltou para o seu quarto onde suas esposas estavam acordando.

Cada uma delas se esticou e se contorceu, seus corpos claramente ainda sentindo dor da noite anterior.

Apesar de vê-las em um estado de desconforto, Exedra ainda queria pular em cima de cada uma delas e reivindicá-las novamente, mas havia assuntos mais importantes em questão.

Bekka: "Bom dia, marido!"

Lisa: "Bom dia, querido."

Lailah: "Bom dia, meu amor."

Todas as três mulheres cumprimentaram seu marido feliz e calorosamente.

Exedra só podia balançar a cabeça enquanto admirava a visão de suas esposas ainda nuas olhando para ele intensamente. "Já é passado do meio-dia, garotas."

"Deuses, por que você não nos acordou!" Lisa se apressou e se preparou para sair da cama.

"Como nós dormimos tão tarde? Ah, espera...." Lailah deu a Exedra um olhar acusatório, ao qual ele sorriu sem jeito.

"Ah, já perdi metade do dia então vou voltar para a cama." Bekka prontamente se virou e se preparou para voltar a dormir.

"Espera... o que são esses anéis?" Lailah foi a primeira a notar os acessórios correspondentes que elas de repente estavam usando.

"Presentes." Exedra tirou seu casaco fofo preto antes de mergulhar na cama com suas esposas.

Sem deixar que nenhuma delas perguntasse qual era o propósito dos anéis, ele continuou. "Vocês perderam muita coisa esta manhã."

Assim, ele começou a informá-las sobre tudo o que aconteceu enquanto elas estavam em suas comas induzidas por esperma.

Em trinta minutos, Exedra havia explicado tudo o que as meninas perderam enquanto dormiam.

Enquanto Lailah e Bekka estavam animadas com a viagem repentina, Lisa parecia hesitante, um fato que não escapou aos olhos de seu marido.

Ele pegou a mão dela com delicadeza antes de olhar em seus profundos olhos âmbar. "O que você não está nos contando, meu amor?"

Ela hesitou brevemente antes de abrir a boca para contar ao seu marido e amigas a história do nascimento de Mira e sua fuga do continente humano.

Lisa nem sempre tinha vivido em Antares.

Nem sempre amou apenas Exedra.

Oito anos atrás, ela estava vivendo no continente humano.

E amava um homem chamado Atticus.

Atticus era um cavaleiro de alta patente que ocasionalmente entrava em sua livraria.

Ela estava encantada com sua aparência elegante e bem cuidada e suas doces palavras.

Eventualmente, eles começaram um namoro e ela estava completamente apaixonada.

Ela acreditava que tinha encontrado o homem com quem queria passar o resto da vida.

Eventualmente, começaram a tentar ter um bebê e, embora tudo estivesse bem no começo, essa felicidade não durou muito.

Dragões são notórios por suas dificuldades em se reproduzir.

É a maneira da natureza de garantir um equilíbrio para que uma raça não domine o mundo.

Enquanto o casal sabia disso desde o início, eles não esperavam que a dificuldade fosse tão grande.

Atticus se tornou temperamental e irritadiço. Culpando a incapacidade de Lisa de engravidar como um sinal de sua falta de comprometimento com ele.

Lisa rapidamente ficou deprimida e culpou seu corpo por suas dificuldades e se tornou mais deprimida a cada dia.

Um dia, enquanto Atticus estava em patrulha, Lisa estava limpando seu estudo e acidentalmente encontrou cartas entre Atticus e o general a quem ele servia.

Nessas cartas, Atticus falava de um plano para adquirir uma Mantícora pura-sangue e criá-la para ser sua montaria, com seu general prometendo que, se ele conseguisse tal coisa, receberia uma promoção imediata.

Mantícoras são o resultado de um acidente ocorrido em dragões recém-nascidos.

Se o mana de um dragão recém-nascido for suprimido à força e substituído pelo de outra pessoa, esse dragão se tornaria uma Mantícora.

Mantícoras nascidas por esse método são extremamente leais àqueles que as transformaram e não hesitarão em queimar uma cidade inteira caso seu criador receba o menor arranhão.

Mantícoras, ao contrário dos dragões, não possuem inteligência e agem inteiramente de acordo com os caprichos de seus mestres como cachorros escamosos e desmedidos.

Elas também são significativamente mais fracas do que os dragões e perdem a habilidade de assumir a forma humana.

No entanto, ao contrário dos dragões, elas crescem ridiculamente rápido, atingindo a maturidade em apenas dois anos.

Embora seu poder físico e mágico não seja nada comparado ao de um dragão real.

Devido a esses defeitos, Mantícoras são vistas como abominações repugnantes por dragões menores e nobres e são apelidadas de 'Os quebrados'.

Lisa ficou completamente horrorizada.

Enquanto ela sabia como as Mantícoras surgem, ela nunca em seus sonhos mais loucos teria imaginado que o homem gentil que costumava trazer-lhe flores toda semana queria criar seu filho para ser uma arma.

Com o coração partido e com lágrimas nos olhos, Lisa imediatamente se preparou para fugir de casa, apenas para encontrar Atticus retornando para casa e vendo-a saindo de seu escritório em pânico.

Foi assim que o inferno de Lisa começou.