Ao contrário de seu fim, o começo foi extremamente favorável. Andamos por algumas horas sem problema algum, hoje, assim como no dia anterior, pedi para que Bianca e Alícia fossem na carroça, enquanto fazia a guarda. Outros grupos pareciam estar adotando uma estratégia parecia, deixando apenas aqueles que atacam a longa distância em cima de carroças.
— Parem todos, o caminho está bloqueado, precisamos levantá-las. — Pode-se ouvir o grito de alguém na parte frontal da caravana.
Este era David, um dos parceiros de Sally e um usuário de lança. Hoje, logo antes de começarmos a nos mover, veio falar comigo. Diferente de seu líder, e da maioria de seus companheiros, ele parecia ser alguém legal, pediu desculpas pelo caso em Carmenta e também que pudéssemos nos dar bem durante está missão. Ele está na vanguarda, normalmente aquele que avisa dos perigos.
Chegando perto pude ver sobre o que estavam falando. Foi construída uma barricada com algumas árvores caídas, pessoas a pé poderiam contorná-la facilmente, mas impossibilitava o uso das carroças, já que eram grandes demais para saírem da trilha.
Nos dividimos novamente em dois grupos, metade resolveria este problema, enquanto a outra parte deveria continuar mantendo a guarda.
— Malditos homens bestas... — Um dos aventureiros começa a gritar, mas recebe uma cotovelada do companheiro que estava ao seu lado.
Ele olha com indignação, mas logo em seguida percebe o porquê daquela ação. Seth estava logo atrás, o aventureiro apenas engole em seco.
— Precisaremos de algumas cordas para arrastá-las para fora do caminho — Seth diz parecendo não ligar para o comentário anterior.
Ao fim de suas palavras todos começam a trabalhar no mesmo instante, como esperado de alguém que é considerado um líder apenas por suas ações.
As árvores, deste trecho da floresta, eram anormalmente grandes, além disso não tínhamos muitas pessoas que se destacavam em força física em nosso grupo. Graças a esses fatores se tornou um árduo trabalho retirá-las. Eram quatro ao total e também não tínhamos espaço suficiente para trabalhar, apenas sete aventureiros ficaram com este dever.
— Ioan. — Seth me chama. — Me ajuda aqui.
Enquanto os outros cinco puxavam uma única árvore nós cuidamos da segunda. Pode não parecer, mas pelo fato de ser um vampiro, minha força física ultrapassa a humana, apesar do nível baixo ainda me igualava a humanos de nível mais elevados. Seth que, além de ser um homem-besta, também aparentava ter vários níveis em minha frente, ficou com a maior parte do serviço, mas mesmo assim notava-se grande dificuldade.
Quando estávamos na terceira árvore uma grande explosão pode ser ouvida.
~Pov Bianca~
Como não tínhamos muita força física, fiquei com Alícia na guarda, estamos sentadas na carroça que está sobre nossa proteção. Fico olhando sempre de um lado ao outro, apesar de ter pouco espaço para alguém passar, no meio de todas essas árvores, ainda poderiam nos atacar.
— Bianca. — Ouço a voz da garota me chamando.
— O que foi? — Falo dividindo minha atenção por um instante.
— Bianca pode usar magia de luz, certo? — pergunta.
Estranho, ela nunca falou muito de seus poderes comigo, talvez finalmente esteja me aceitando completamente como sua companheira. Pelo menos é o que penso.
— Sim, tenho domínio de parte do básico. — respondo-a.
— Bianca poderia ensinar magia de luz para Alícia — pergunta novamente.
Achava um pouco estranho sua mania de se referir a si mesma na terceira pessoa, mas quanto mais tempo passo com ela mais acho fofo essa sua mania.
— Claro, chegando em Tot irei dar-lhe algumas aulas, mas porque o interesse repentino?
Na verdade, se formos pensar, seria normal querer aprender o máximo de magias possíveis, desta forma você terá várias opções em meio à um combate. Mas, como Alícia não costuma demonstrar muito interesse acabei ficando curiosa.
— É que... — Ela dá uma pequena pausa em sua fala.
Em seguida leva sua mão ao pescoço, colocando a mão no lenço que sempre costuma usar. Parece que a pergunta deixou-a um pouco incomodada.
— Não precisa falar caso não queira — tranquilizo-a.
— Não é isso, Alícia apenas... — Suas palavras são interrompidas por alguém gritando.
— Estamos sendo atacados"
Neste momento um de nossos companheiros é puxado para dentro da floresta. Não pude ver nada por conta da velocidade, apenas um borrão.
— Alícia. — Coloco a mão impedindo-a de descer do veículo. — Não se preocupe com nada, apenas pense em se proteger.
Sinto uma rajada de vento por um breve momento, porém era muito forte, tudo ao redor parecia se distorcer, alguns aventureiros, que estavam em nossa frente, flutuam no ar por um instante. Tudo ocorre em milésimos de segundos, talvez por minha vida estar por um fio consegui ver tudo claramente.
— |Muro de Terra| — Tudo que ouço são as baixas palavras de Alícia.
O som de um grande impacto vem em seguida, quase que ao mesmo tempo meu corpo parece ser arremessado para trás. Partes do muro, que foi invocado, voam junto comigo.
— Bianca! — O grito de minha companheiro se perde em meio à bagunça.
O projétil, que era meu corpo, acaba parando em uma das grandes árvores que nos cercavam. A dor parece circular por todo meu corpo, mal consigo respirar, mas não podia ficar parada, me forço a levantar com os dois braços e viro ao combate, para ver o que estava acontecendo.
Logo em minha frente estava Alícia, atrás do muro que foi quebrado pela metade. Em sua frente um homem, que pelas orelhas e cauda, de lobo negro, era obviamente um homem-besta, porém o que chamava atenção era sua altura, chegava facilmente à dois metros. Todos os aventureiros, que estavam ao redor, haviam sido arremessados e estavam caídos por todos os lados, porém o maior terror era o que estava aos pés de nosso inimigo, naquele local terminava um trilha, que se olhando para trás, podia-se ver que seguia para dentro da floresta, atravessando diversas árvores.
— Essa magia é incrível,faz algum tempo que não vejo algo tão poderoso desta forma — diz tocando no muro e olhando para Alícia em seguida. — Isto é obra sua?
— |Armadilha de Terra| — A garota fala em resposta.
A terra sobe por suas pernas, como se fossem garras. Costumo usar a mesma magia para imobilizar meus inimigos, mas apenas de olhar posso ver a diferença, sua força era diversas vezes maior que a minha.
Ao ver a magia subindo por seus pés o homem apenas levanta a sobrancelha, porém ao tentar se mover sua feição muda.
— Muito poderoso para ser magia de uma criança, mas... — Ele coloca mais força, saindo da terra.
— |Armadilha de Terra|, |Armadilha de Terra|, |Armadilha de Terra| — Alícia repete em sequência, deixando-o novamente preso.
Desta vez as garras sobem até seu abdômen.
— Já te disse, isso não vai me prender... — Começa a falar, mas é interrompido por Alícia.
— |Lâmina de Água|, |Lâmina de Água|.
Duas lâminas surgem rapidamente em sua frente e disparam como raios cortando o muro e acertando o adversário, que é cortado, mas não profundamente.
— Alícia não pretende prendê-lo — diz.
Dois vultos passam rapidamente, não consegui ver quem, mas sabia que esses eram amigos.
~Pov Ioan~
Assim que ouço o alto som me viro e saio correndo em direção à minhas companheiras. Chegando vejo um homem-besta alto, estava preso pela magia de Alícia, este era nosso inimigo.
— Espere — Seth para de correr.
Pude ouvi-lo, mas mantive minha decisão em fazer o ataque. Miro em seu pescoço, já que estava usando uma armadura leve que cobria seu peito.
— Decisão errada garoto.
Quando estava próximo de cortar um de seus pontos vitais minha visão escurece, porém não havia desmaiado ou qualquer coisa parecida. Aquele homem-besta era muito mais veloz, sua mão estava solta, mas não pensei que poderia ter reação para revidar. Ele segura minha cabeça, sua mão era tão grande que cobria todo meu rosto, estava sendo levantado.
— |Lança de pedra| — Alícia grita.
Sou arremessado antes que a magia possa acertá-lo, mas Alícia também o jogou para trás. Iria voar por diversos metros, mas sou segurado por Seth, que acaba sendo arrastado comigo, mas ficando de pé.
As magias de Alícia causam dano a ele, mas ela não tem reação para acertá-lo, agora que está solto será um problema, se ao menos pudéssemos segurá-lo para que fosse atingido diretamente... Não tenho tempo para pensar nisso.
Corro até Alícia, pegando-a em meus braços e pulando para trás. Como se fosse planejado um machado acerta o lugar que estávamos há poucos instantes.
— Os comerciantes? — pergunto para Seth.
— Foram todos para perto da barricada, metade de nossos homens estão lá — responde.
Ao nosso redor os aventureiros começaram a se levantar. Alguns iam para trás, também podia ouvir o som de poucos se aproximando, pelo cheiro eram o grupo de Sally, guardei bem para que não pudesse ser surpreendido por eles.
O homem-besta inimigo se levanta. Todos ficam em completo silêncio, os reforços ficam atrás de nós. Parece que ambos os lados esperavam o adversário dar o primeiro movimento. Seth, estava em sua frente, enquanto eu em sua direita, Bianca e Alícia vão para trás, assumir o lugar de suporte.
— Ainda está nesta vida, Osíris? — Seth é aquele que quebra o silêncio.
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