— Seth, você me conhece muito bem — diz o homem-besta inimigo com um sorriso estampado em sua face. — Não irei me curvar para humanos como um animal de estimação.
O nome de nosso inimigo aparentemente é Osíris. O líder da guilda mandou Seth porque são ex companheiros, as peças vão se encaixando aos poucos, mas esses nomes me parecem um pouco familiares demais.
— Você não entende. — Seth fala dando um passo para frente, mas sem demonstrar qualquer tipo de hostilidade. — Este é o caminho errado, não devemos repetir seus erros, caso façamos, qual será a diferença?
— Não passa de um hipócrita — grita Osíris. — Esqueceu quem foi que nos colocou neste caminho?
Seth parece que coloca algo amargo na boca, por um segundo posso notar sua pequena afastação, como se quisesse dar um passo para trás, mas se recupera e dá mais um passo para frente.
— Sei muito bem sobre meus erros. — O pesar em sua voz é clara. — Por isso esta deve ser minha missão, tenho que arrumar as besteiras que causei.
— Chega de conversa. — Osíris demonstra clara irritação com as palavras de seu ex-companheiro, responde aumentando seu tom de voz.
Com essa resposta Seth tira suas espadas de suas costas. Osíris parecia não estar armado, sua reação é estender a mão em nossa direção, com a palma da mão aberta.
— Venha até mim, minha companheira Nar.
Um círculo mágico aparece à alguns centímetros em frente sua mão — era branco com vários símbolos que pareciam hieróglifos, isso demonstra que sua primeira língua não é a comum deste mundo, pois a escrita em círculos mágicos contêm escritas na língua dominante do mago —, do círculo sai uma espada, diferente das mais comuns, do estilo europeu, tinha uma curva, como uma foice. Já havia visto antes, era uma espada egípcia, khopesh.
— Lembra disto? Agora você usa essas espadas humanas. — Seu desgosto era claro. — Você se tornou fraco.
Quando Osíris fala isso pode-se notar que Seth estava visivelmente abatido.
— Infelizmente, algumas coisas precisam ser sacrificadas para que possamos seguir em frente. — Seth segura a espada com as duas mãos.
— Estamos concordando pela primeira vez hoje. — Ficando em uma posição, parecida com um usuário de adagas, segurando-a apenas com uma mão.
Consigo sentir uma leve movimentação nas árvores atrás de Bianca, as folhas se mexem de uma forma não natural.
— |Lâmina de Vento| — convoco a magia.
— |Lança de Terra| — ouço a voz de Alícia, aparentemente também havia percebido.
As duas magias são disparadas ao mesmo tempo, porém em velocidades distintas. A lâmina de vento era muito mais rápida que a lança de pedra. A primeira magia corta as folhas das árvores, revelando dois homens-besta, que pulam para o chão, desviando do ataque. O segunda magia atinge o local entre Bianca e seus adversários, ela havia mirado no ponto futuro.
— Não se esqueçam de nós — falo enquanto chamo Bianca para perto de nós.
Os dois não tentam correr atrás da garota, provavelmente porque ficariam expostos aos nossos ataques.
— Não estamos esquecendo de ninguém, isso posso lhe garantir — diz aquele que estava mais a frente.
Eram o homem e uma mulher. Este era o homem-besta com orelhas de coelho marrons, sua pele morena, o mesmo que vi no dia anterior, quando recebemos o primeiro ataque. A mulher tinham orelhas e cauda que pareciam de lobo, eram brancos e lisos, assim como seus longos cabelos, que faziam contraste com sua pele, também morena.
— |Fúria Bestial|.
— |Fúria Bestial|.
Ambos falam em uníssono. Ao proferir suas palavras seus pelos e cabelos, antes lisos, ficam arrepiados, parecia algo parecido com o modo |Berserk|.
— Ioan fala demais — resmunga Alícia ao meu lado.
— Sinto muito, tenho que começar a me conter — respondo.
Meu aumento de força, por ingerir sangue humano, que foi o motivo de conseguir lidar tão bem com eles no dia anterior havia passado, além disso, ainda tinha o problema desta nova habilidade que, se for como estou prevendo, irá aumentar ainda mais suas velocidades, infelizmente terei que fazer algo que não queria.
— Alícia, tenho um favor para te pedir.
Assim que ouve minhas palavras ela parece entender minha intenção.
— Alícia deixará beber o quanto desejar — fala baixo.
— Desculpa por isso.
Entendendo do que estávamos falando a mulher tenta correr em nossa direção, com o homem a seguindo logo em seguida. Por reflexo puxo Alícia para mais próximo de nós.
— |Grande caixa de terra| — diz Alícia.
Muros de pedra surgem de três lados, fechando a parte de cima logo em seguida. No momento em que se torna tudo escuro pode-se ouvir barulhos de fortes golpes acertando a parte de cima.
— Prevendo que o teto fecharia por cima eles focaram seus ataques naquele local — falo admirado. — Não estamos lutando contra amadores igual aos aventureiros que vimos até agora.
Alícia tira o lenço de seu pescoço, revelando as marcas negras em seu pescoço. Bianca mostra uma expressão de surpresa, mas não comenta nada sobre o assunto, parecia ainda estar atordoada com a magia da garota, pois logo em seguida fala alto.
— Nós deixamos Seth lá fora sozinho!
— Fracos demais, ele teria que nos proteger durante seu combate. — Alícia responde.
A garota parece querer argumentar contra, mas entende rapidamente. Sua expressão muda rapidamente para de vergonha, afinal, a mais jovem foi aquela que lhe explicou.
— Além disso, ainda tem outros aventureiros lá fora — completo.
Me abaixo para que possa ficar próximo da altura de Alícia.
— Desculpe por isso — falo.
— Sem problema — responde.
Levo minha cabeça para perto de Alícia, que vira seu rosto, um pouco ruborizado, para o outro lado. Mordo seu pescoço e começo a beber seu sangue, durou cerca de dez segundos. Diferente da primeira vez em que bebi, não fiquei descontrolado, talvez porque fosse Alícia que estava em minha frente, caso não mantivesse-o ela poderia se machucar. A sensação também foi diferente de quando bebi de Sally, de alguma forma o sangue estava mais saboroso, melhor do que qualquer um que já tinha bebido até o momento, além disso, sinto algo como uma carga de energia, estou muito mais forte do que fiquei daquela vez.
Solto seu pescoço e me levanto antes de olhá-la novamente.
— Ioan pode beber mais se quiser — fala ainda com o pescoço descoberto, mas claramente mais lenta, como se estivesse com sono.
Quando tomado diretamente causa um leve atordoamento, como um cansaço repentino.
— É o suficiente, obrigado. — Passo a mão em sua cabeça e sorrio enquanto respondo-a. — Quando sairmos daqui fiquem atrás de mim, vou tentar segurar os dois.
— Lutar contra dois ao mesmo tempo é loucura. — Bianca se recupera ao me ouvir.
— Não entenda errado, irei lutar corpo a corpo contra eles, mas apenas porque vocês não podem acompanhá-los. — Ela abaixa a cabeça. — Mas, não significa que não poderão fazer nada, preciso de apoio mágico, assim como nossos outros companheiros, sempre que houver uma oportunidade os acertem também.
As duas acenam em positivo com a cabeça. Alícia desfaz sua magia, nos tornando completamente livres. Quase que instantaneamente recebemos um ataque direto dos dois, ambos miram nas garotas atrás de mim.
— |Muro de Terra|.
A magia de Alícia bloqueia o nosso lado esquerdo, bloqueando a mulher-besta, enquanto acerto um soco direto no homem que tenta atacar pelo outro lado.
— Consigo ver seus movimento novamente — falo.
Embora ainda esteja um passo abaixo.
~Título trocado para |Caçador|~
Ao conseguir meus primeiros títulos, achei que eram inúteis, mas com o tempo aprendi como eles funcionavam completamente. Funcionam como habilidades passivas de um jogo, ou seja, aumentavam alguns status ou me dão alguma habilidade que está sempre ativa. O título caçador melhora minha visão, desta forma minha percepção ficar�� no nível de seus movimentos.
— Aquela habilidade de vocês era apenas um blefe? Aparentemente não mudou nada — provoco.
Sim, fiz novamente.
— Você deveria prestar mais atenção na luta — diz a mulher, atacando pela parte de trás.
Mas já sabia que estava ali, desvio de seu golpe, com suas garras, e acerto um chute em suas costas. Ela cai para frente, mas se recupera rapidamente voltando-se para nós.
— Não precisa se preocupar, estou sempre prestando atenção em minha volta — respondo-a sorrindo.
Finalmente posso olhar em volta, a maioria dos aventureiros que lutavam corpo a corpo estavam no chão. Aqueles que podem atacar a longa distância procuravam uma brecha, várias flechas e marcas de magias podiam ser vistas no chão.
Estamos frente à frente com ambos. Seus rostos mostram que estão preocupados, talvez aquela habilidade fosse seu único truque na manga.
— Agora, que os dois medrosos pararam de se esconder na floresta, acho que ele devem receber uma pequena lição, espero que consigam me agradecer no fim — falo com um sorriso.
Os dois ficam ainda mais nervosos, mas não atacam, estão inseguros sobre seus ataques, objetivo um comprido, vamos aos próximos passos.