Quatro da manhã, o sol não nascerá, Hosokawa Koji está desperto e pronto esperando a hora para ir ao colégio. Ele prepara o café enquanto seu celular está sobre a bancada feito em madeira na cozinha, o ambiente escuro onde a única fonte de iluminação é uma lâmpada embutido de led. Apesar de acordar cedo, Koji não aparenta estar cansado é um hábito de anos, não importa o horário que irá dormir sempre o relógio interno o desperta no mesmo horário. No Japão ele passava a maior parte na casa de seu avô e sempre havia algo pra fazer cedo, mas agora, em outro país é difícil encontrar alguma coisa relevante para fazer, pensou seriamente em ir para academia perto do apartamento e passou diversas vezes no intuito de se matricular, funciona 24h, e tinha uma parte especial para lutas. Não era uma má idéia, contrataria um professor especializado em lutas liquidaria com o tédio.
O celular vibra emitindo uma melodia de rock pesado, ele ignora a primeira chamada sabendo do que se trata, mas, o emissor insiste declarando algo urgente finalmente sem paciência, ele atende:
"Não conseguimos obter a informação, tentamos todos meios possíveis mas a boca está selada." Uma voz grossa, rouca e sombria ecoa pelo aparelho em um dialeto japonês arrastado escancarando a etnia chinesa. Koji xinga a incompetência desses homens, ele decidiu não lidar diretamente pois considerava algo simples mas no fim notou incapacidade desses homens em resolver problemas.
"Ok. Estou indo." Ele desliga o celular e volta para o quarto, no armário existem duas gaveta embaixo separando em camisas e calças jeans preta. Apesar da camisa ser manga curta e justo o tecido é grosso de alta absorção e anti térmica impedindo de encharcar facilmente e controla a temperatura corporal. Ele pega uma mochila e põe o uniforme escolar e segue para fora em direção a saída de emergência. O motorista e o segurança fazem parte do grupo de Yakuza do seu avô, e já foram notificados sobre o endereço, dentro do carro, Hosokawa não pronunciou uma sequer palavra o semblante frio e cruel estampava demonstrando a insatisfação. Os dois homens fixam o olhar na estrada concentrado e distantes, o clima pesado proporcionado pelo chefe fazem os dois tremerem de pavor como se fossem eles a serem liquidados.
Koji odeia o fato de lidar com algo diretamente a não ser que seja de muita importância, seus pais - principalmente seu pai - não pode sequer imaginar a vida dupla de seu filho, um segredo guardado a sete chaves o pacto entre ele e seu avô.
Perto da baía de Pequim, grandes navios de cargas trazem e levam itens de diversos tipos, tanto para suprir a necessidade da população quanto comercial, havia vários homens trabalhando com traje fluorescente de segurança na madrugada para receber e confiscar os pedidos. O cheiro do mar, óleo e poluição mesclava no ambiente. Máquinas pesadas transitava carregando containers empilhando um em cima do outro de acordo com o seu departamento, caminhões a postos esperam para levar os pedidos.Contudo, o local não servia só de carga e descarga, serviços obscuro era patrocinado por facções criminosas, gangues negociavam todos os tipos de serviços, de tráfico de drogas à humanos, ou alugar um pedaço para serem utilizados para tortura. Os fiscais recebem suborno semanal desses grupos por seu silêncio e a facilitação de envio e chegada de suas cargas. Gokudo dragão - pertencido à família de Hosokawa - retém a maior porcentagem seguido pela máfia chinesa que dominava quase toda Pequim vez ou outra havia um confronto entre os subordinados das facções mas nada que influenciasse os negócios. As outras organizações dependia de uma pequena quantidade e da autorização dos grandes para montar seus negócios além de pagar subornos aos fiscais também pagava aos peixes grandes, praticamente é um local estéril para se ganhar dinheiro.
A BMW série 3 chega ao local, trabalhadores passam invejando o veículo, dois homens altos e brutos de cabelo raspado e óculos escuros, vestindo seus ternos impecáveis saem do banco da frente e abrindo a porta para um jovem estudante que carrega uma pasta fina de cor bege. Só de encarar os três meliantes eles notaram que não se tratava de inocentes, e trataram de abaixar a cabeça escondendo seu rosto com o capacete amarelo.
Há cinco metros, havia uma pequena fábrica de pesca abandonada, a estrutura toda é de metal, por causa da chuva ácida devido à poluição retirou o brilho do material e a porta de correr é enferrujada fazendo um barulho estridente toda vez que é utilizado. Por dentro é oco com a luz fraca, o chão coberto de areia com andar levantava a poeira. Dentro, existem quatro pessoas, uma no meio sentado na cadeira de aço, e três homens em volta vestindo roupas informais. Quando eles avistam o jovem e seus guardas costas entrarem um frio subiu pela espinha, o rosto frio dele estampa a insatisfação, rapidamente, o que é encarregado pela tortura se aproxima de Koji com gesto de súplica.
" Mil desculpas senhor, não conseguimos arrancar uma palavra dele...." ajoelhado levanta seus rosto e olha, a temperatura de seu corpo cai cinco graus ele observa o semblante cruel que emanava Koji, sem pena e furioso. Antes mesmo de reagir é golpeado na face com o pé, o som de "crack" do nariz sendo quebrado, o homem cai de costa segurando o nariz que jorra sangue, ele se arrasta para trás para escapar de seu castigo mas o mesmo pé chuta o lado esquerdo do rosto, o bico da bota escura encaixa na mandíbula que faz com o homem cuspa três dentes, a saliva mistura com sangue o homem geme se contorcendo de dor. Koji se agacha e agarra o maço de cabelo do outro e puxando em sua direção, o homem expressa a caricatura de agonia.
"Seu incompetente. Nem para um simples trabalho serve." sussurra no ouvido do outro.
"Per-perdão, se-senhor foi negligência da minha par-parte....não vai acontecer nova-novamente..." chora implorando clemência.
" Claro que não." Ele joga o homem no chão dando o sinal para o segundo guarda costa.
Ele saca a arma com o silenciador e atira na testa do homem. Uma morte rápida, assim como seu avô Koji não tolera erros, o temperamento ríspido e insensível para tratar dos assuntos fizeram homens mais velhos lhe darem o respeito, ele era o avô naquela organização ninguém ousava dizer uma palavra caso não fosse autorizado por ele.
Ele aponta para os dois caras que estava feito estátuas fincado no chão, eles já viram várias mortes, presenciou homens cruéis fazerem atrocidades mas, por mais que a ação de Koji foi corriqueiro havia uma aura maligna em torno da sua ação que o alarmaram dizendo que chegaram na profundezas do inferno e teve o encontro com o próprio dono do submundo. Um deles teve incontinência urinária e mijou nas calças apavorado, o guarda número um não aguentou e supriu o riso, era uma situação inesperada porém provando a autoridade suprema do jovem mestre. Koji reage como se não fosse nada e vai na direção e olha de relance para o torturado, ele estava vendado, mãos e pés amarrados com arame farpado o sangue seco se mistura ao fresco formando uma crosta fina, o machucado não é profundo mas o suficiente para causar uma sensação purgante, cada movimento perfura profundo na pele. No corpo, marcas roxas espalhados derivados da surra não tão recente, em conjunto com cortes de facas localizado estrategicamente para causar ainda mais sofrimento. O torturado babava e arfava com dificuldade.
" Como foi aplicado a punição?"
" Primeiro, levamos para a ala c nos fundo e amarramos com a corda na âncora e batemos com o bastão, em seguida utilizamos o método de afogamento e depois de choque, mas não disse nada, faz seis horas que trouxemos para cá e tentar arrancar algo. Mas não obtivemos resposta." respondeu o cara do cabelo no formato moicano baixo.
" Tem família, parente, namorada ou amigo próximo?"
" Nosso informante cavou por qualquer pista mais ele não encontraram, os pais morreram no acidente, filho único sem quaisquer laço."
" São uns incompetentes mesmo."
Segurando a pasta debaixo do braço ele pisa no meio das pernas do cara que sente seus órgão genital queimar, ele grita de dor, a força gerada para esmagar o pau e as bolas fazendo sair uma mistura de urina com sangue, mas ele não liga e lança outra porrada o cara grita e sente seu consciente ver estrela. Com certeza esse homem não poderia ter mais filhos. Os homens observa a expressão de satisfação do garoto em fazer aquilo, eles selam a boca qualquer palpite significava a morte.
" CLEMÊNCIA SENHOR! POR FAVOR!!!" Berra restringindo o ar para os pulmões.
" Clemência meu ovo filho da puta! Onde está o meu dinheiro que roubou e a carga com as drogas?"
"....."
Koji sobe a perna e golpeia na altura do estômago, o homem vomita mais sangue que atinge no joelho do jovem,o tecido absorve o líquido não manchando a pele.
Ele ordena para tirar a venda do homem, os dois comparsas se olham confusos mas fazem o que é dito. Faz dois dias que seus olhos estão vendados, e ser exposto a luz mesmo sendo fraco machuca sua íris, ele abaixa a cabeça bloqueado a luminosidade. Koji abre finalmente a pasta e pega a primeira folha impressa, contendo algumas informações para encerrar o assunto
" Suzano-san, você enviou uma quantia de cinco mil dólares no mês x no ano passado para uma conta de sua mãe. Após dez dias mais 10 mil dólares americanos foi enviado para essa conta. Já no ano seguinte o senhor foi ousado e depositou 676.276,80 mil yuan para uma conta de sua tia, e mais 378.736,52 mil yuan no mês x deste ano para essa mesma conta, tudo desviado da renda da boate Kiss no qual pertence a mim. Sabe como os informantes não descobriram a sua fraude? O gerente desse banco era seu amigo e devedor e fez questão de apagar o rastro das suas ações. Como se nunca estivesse lá." Suzano fez questão de olhar para seu acusador, as órbitas quase saltaram para fora por tamanha audácia e inteligência desse garoto.
"Esse garoto... como? Se ele descobriu sobre o dinheiro para chegar nas drogas é um pulo. Droga... meu plano foi arquitetado de forma esplêndida sem marcha para erro. E esse fedelho..." ele abaixa a cabeça, humilhado escuta o resto das provas observando o sangue pingar na perna. Ele sabe que é seu fim, tanto para agora morrer nas mãos de um fedelho. Algo pior que dor é a vergonha.
"... agora você deve se perguntar para qual finalidade esse dinheiro foi usado?" Ele chega e dizendo perto do ouvido de Suzano,o outro engole seco. " Você não possui família, parentes, amigos... mas achamos uma menina de 14 anos que mora na Tailândia... e ela é linda."
O jovem puxa uma foto de uma linda garota vestindo o uniforme escolar conversando com uma amiga, ela tinha cabelo longo castanho e pele branca feito neve. Os traços eram indiscutíveis semelhante a do torturado. A cor foge da face do homem, adquirindo o opaco branco giz, o sorriso desdenhoso foi substituído por pavor e medo, ele descobriu o maior segredo desse homem. Ele sacode não ligando para os arames ficando sua pele, esgoelando para não fazer nada a garota. Faz quase dois anos que descobriu a paternidade, e logo dá mulher que mais amava. A mãe se envolveu com o tráfico de cocaína negligenciando a filha, ela vivia largada quase foi pega pela prostituição. Quando Suzano soube dessa situação não mediu esforços em tirar a criança e dar-lhe uma boa vida, mas primeiro tinha que pagar a dívida da mãe que passava de alguns milhares, mesmo trabalhando para máfia anos o seu coração é mole para quem ama cometendo até o pior crime entre as organizações, traição. Ele sabe que era seu fim, mas não pode crucificar a menina então falou toda a verdade.
"As duas primeiras eu iria devolver a grana, cumprindo extra, dando uma parte do meu salário mas os caras ligaram pedindo mais dinheiro se não atendesse o pedido, tanto a mãe e a filha iriam ser comercializados para a Rússia servir de prostitutas. O valor não era baixo como das primeiras vezes, eu não tinha tanto dinheiro então desviei mais algumas vezes, quando fui ver se tornou uma bola de neve." Ele chora, uma lágrima casta escorre pela bochecha mas sem força para cair no ombro. " Foi quando soube da carga... consegui um informante, um fiscal que trabalhava para máfia chinesa.... E a condição era, se eu desse as drogas eles liquidariam a minha dívida com a família. A mercadoria não era grande então ia passar despercebido, contratei uns arruaceiros e consegui e entreguei para o responsável pela ala sul. Com o dinheiro na mala iria devolver para você, não teria dívida e minha filha estaria salva."
Suzano tentou barganhar para salvar a filha, mas a atitude do Koji é igual a nada. Não existem traços de compaixão, empatia ou outros sentimentos bondosos que seres humanos cultivam, ele só queria terminar essa embromação e dá um fim a história. Significa, matar o traidor e liquidar a dívida. Ele levanta e segue em direção a porta deixando a ordem para seus homens.
" Mate e jogue o corpo no mar."
" Senhor, enquanto a dívida de Suzano?"
" O endereço da filha está nesta pasta, encontre e venda para um pervertido que dê o lance mais alto. Com a virgindade dela há de abater e sobrar dinheiro."
Ele sai e o sol fraco ergue iluminando a área, não era mais o lugar obscuro de antes, mas, ainda é frio mesmo sendo verão.
No carro ele tira seu traje colocando na sacola plástica e veste o uniforme escolar, visando a figura imagina que aquilo é um disfarce e o seu verdadeiro eu está dentro daquela sacola.