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Capítulo 20 de 6 – Sim, vou te dar meu sêmen

Alguns meses atrás, uma das mulheres da linhagem descartável fugiu e não foi localizada. Em geral, ao perceberem a fuga, os aldeões da cidade os denunciavam. Não tinham condições de viver no mesmo ambiente que aqueles seres distorcidos.

Não importava para onde tivesse fugido, sempre havia um aldeão à espreita. Os descartáveis não conseguiam fugir, mas continuaram fugindo. Apenas seis opções estavam disponíveis para eles.

A primeira era despertar afinidade com o fogo, mas era praticamente impossível. Na história dessa linhagem, poucos foram os que tiveram êxito. 

A segunda era ser o chefe da linhagem dos descartáveis, mas isso era difícil, pois apenas um podia ser o mais forte e apto para esse cargo.

O benefício da posição era que ele teria a opção de escolher sua esposa dentre os descartados e não se tornaria um prostituto. Os líderes optaram por conceder esse privilégio para diminuir um pouco os suicídios e oferecer uma esperança, mesmo que fosse pequena.

A terceira era ser escolhido por uma família. Se tivessem sorte, uma família poderia se interessar por você e, assim, ter a oportunidade de ser o prostituto pessoal de um dos membros da linhagem principal.

A quarta era ser um prostituto coletivo, a pior escolha. O descartável não seria utilizado apenas por uma família, mas por diversas famílias, passando de mão em mão como um objeto sexual. Com medo disso, diversos descartados buscavam as próximas alternativas.

A quinta era o suicídio. Ao atingirem a idade de quinze anos, muitos preferiam se suicidar do que enfrentar a desgraça. Era a opção mais frequente entre os descartados.

A sexta era fugir. Alguns dias ou meses antes de cometerem suicídio, ou se entregarem à prostituição, fugiam com a esperança de ter uma vida melhor, mas sempre eram perseguidos. As fugas continuavam acontecendo, mesmo que as chances fossem reduzidas, eles mantinham a fé.

Nita, uma das mulheres da linhagem descartável, foi condenada a ser prostituta coletiva porque não era considerada bonita e nenhuma família demonstrou interesse nela. Ela era uma mulher negra de olhos castanhos e cabelos pretos curtos, destacava-se apenas pelos lábios carnudos e pelo olhar penetrante.

As famílias perceberam que ela seria uma ótima opção para uso coletivo nos banheiros, por qualquer homem que desejasse usar sua boca. Era uma situação de humilhação da qual ela desejava fugir, e não pensou duas vezes antes de tomar a atitude.

Fugir do clã não era tão difícil. Os guardas às vezes viam algumas pessoas fugindo, mas não ligavam para isso. No entanto, se eles desejassem se divertir com eles, a fuga seria difícil. Muitas já haviam sofrido nas mãos deles. Havia um ditado no clã que dizia que "gemidos à noite eram menos um puro".

No entanto, Nita teve a sorte de conseguir escapar. Ela foi encontrada por um dos soldados de lider da cidade. Ela pensou que estava chegando ao seu fim, mas o soldado assegurou que ela não se arrependeria ao encontrar o líder. 

Ainda tinha medo, pois, no clã, o líder era considerado um homem safado e que não perdoava nenhuma mulher. Ela ficou apreensiva, mas decidiu arriscar em algo desconhecido. Chegando ao escritório, Nita observou Castiel sentado em frente a uma mesa, e sua assistente Nana ao seu lado.

— Seja bem-vinda ao paraíso.

Ao deparar-se com a afirmação, ela exibiu confusão. Uma avalanche de pensamentos invadiu sua mente, levando-a a ponderar se, para ela, o paraíso traduzido para o seu idioma não seria, na verdade, o próprio inferno.

— …

— Qual o seu nome?

— Ni-Ni-Nita.

— Nita é? — disse, enquanto observava com cautela o corpo dela.

Seu velho escroto! Pensou Nana.

Ao perceber os olhares penetrantes, uma sensação de constrangimento e apreensão a envolveu. Seus pensamentos foram invadidos por cenários sombrios, nos quais ele poderia explorá-la de maneiras que a faziam estremecer.

Cauteloso, Castiel observou atentamente as reações dela, notando o medo evidente em seus gestos e expressões. Após um breve silêncio, ele proferiu com uma voz firme, mas carregada de um tom que deixava suas intenções ambíguas.

— Não se preocupe, Nita. Não faremos nenhum mal a você.

Incapaz de articular uma resposta, permaneceu em silêncio, mantendo-se encolhida. Suas mãos estavam firmemente entrelaçadas e ela as apertava com força, como se buscasse algum tipo de ancoragem em meio à incerteza.

— Nita. Não enrolarei. Quero apenas uma coisa de você. Nita, tenha um filho comigo.

Ela foi tomada por uma explosão emocional avassaladora, e lágrimas brotaram de seus olhos. A dura realidade assentou-se em seu coração, fazendo-a perceber que, mesmo fora daquele lugar opressivo, sua vida ainda seria marcada pela miséria.

Sem forças para suportar o peso emocional, ela desabou de joelhos. Seus olhos, outrora repletos de alguma esperança, agora refletiam um vazio desolador.

— Quero morrer.

Nita repetiu esses pensamentos sombrios diversas vezes, como um eco persistente de desespero que ressoava em sua mente. Cada repetição parecia afundá-la mais fundo na melancolia

Veja só o que você fez, seu eunuco.

— Nana. Sua vez.

— Sim, senhor Castiel.

Nana se aproximou dela, apoiou a mão no ombro dela e disse com suavidade:

— Não se preocupe. Caso não queira, não é necessário ter uma relação sexual com o líder. Podemos simplesmente colocar o sêmen em ti.

— Ah? — confusa, murmurou em resposta.

— Tendo um filho do líder, você poderá viver a vida que desejar sob a nossa proteção e o clã não poderá fazer nada.

— Sério? — disse, desejando acreditar nas palavras de Nana.

— Sim, você também terá a oportunidade de despertar a sua afinidade com o fogo, caso o plano seja bem-sucedido. Salvaremos outros como você.

Nita, envolta na incerteza sobre a sinceridade das palavras de Nana, resistiu à dura realidade, optando por se apegar novamente à esperança, mesmo que essa esperança fosse possivelmente uma ficção. 

— Sim, eu aceito.

Num esforço para ludibriar a própria consciência, ela respondeu, permitindo que a ilusão temporária oferecesse algum alívio à sua angústia.

Ela se ergueu, lançando um olhar duvidoso na direção de Castiel. Apesar das dúvidas que permeavam seus pensamentos, ela escolheu acreditar que esse futuro apresentado era, de alguma forma, uma melhoria em relação ao presente desolador que vivia.

— Por favor, me dê seu sêmen — disse, tremendo ao externar suas palavras.

— Sim, vou te dar meu sêmen — disse, sorrindo enquanto pronunciava suas palavras.