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Capítulo 19 de 5 – Droga

No clã Zura, todos eram obrigados a exibir o emblema em um local visível de suas vestimentas. Alguns o carregavam em seus cintos, braçadeiras e outros acessórios, mas a forma mais comum de exibi-lo era nas próprias roupas.

Sob a influência da ideia de Raza, todos os membros do clã foram convocados a se reunirem em um palco proscênio, onde as pessoas se organizavam de frente para o palco. Como era esperado, o emblema do clã estava desenhado no próprio palco.

Antigamente, o local era uma arena, mas devido à intervenção da chefe geral, sua configuração fora reformulada. Diante do palco, as fileiras estavam distribuídas de acordo com as linhagens: à frente ficavam os membros do clã principal, à direita os secundários e à esquerda os descartáveis. Cerca de 150 indivíduos estavam presentes na reunião.

Todos estavam surpresos com essa convocação inesperada, uma vez que normalmente tudo era organizado com antecedência, mas desta vez as coisas tomaram um rumo diferente.

— Ei! Seus inúteis! Estamos aqui hoje para a execução de um traidor!

O público presente na reunião começou a murmurar entre si, compartilhando sua percepção de que algo estava fora do comum. A ideia de um possível espião causava perplexidade, uma vez que sair do clã era uma tarefa praticamente impossível, a menos que se fosse um dos chefes do clã.

— Venha Lixo.

— Sim, senhor Raza.

— Esse é o traidor!

Enquanto a linhagem principal e a secundária permaneceram indiferentes à situação, os membros da linhagem descartável ficaram surpresos, apavorados e temerosos. Esse sentimento de medo era particularmente intenso na esposa de Zick, que, ao testemunhar a convocação inesperada, colocou a mão na boca e começou a chorar de maneira inconsolável.

A chefe da linhagem secundária entrou no palco, seguida pelos anciões, e todos começaram a observar o ambiente ao seu redor. Logo em seguida, Reda e Kena surgiram.

— Ficamos sabendo que tem mais traidores entre vocês. Entreguem-se. Senão…

Reda apontou uma pequena chama em direção a Zick. O olhar dele se encheu de pânico enquanto a chama se aproximava. Num instante, a chama tocou o seu corpo e, em um clarão fulgurante, uma explosão de fogo consumiu seu corpo. O estrondo das chamas ecoou pela sala, criando um cenário de destruição e terror.

— Arrrgggghhhhh!

— Senão vou matar um por um até achar o culpado.

Os membros da linhagem descartável permaneciam em silêncio, temendo que qualquer palavra que proferissem pudesse ser interpretada como uma tentativa de ocultar informações, o que seria considerado um crime punível com consequências fatais. 

Eles olhavam apavorados, impotentes, enquanto viam seu líder queimar, incapazes de tomar qualquer medida para detê-lo ou ajudá-lo. O medo e a impotência predominavam na sala diante da cena horrível que se desenrolava diante de seus olhos.

— Não vão dizer?

— Arrggghhhh!

— Então ele vai sofrer.

— Arggggghhhhuuuu!

Os membros da linhagem descartável continuaram a observar seu líder sofrendo, incapazes de intervir. No entanto, a esposa de Zick, visivelmente abalada, começou a se aproximar do palco e suplicou:

— Por favor. O poupe, o meu marido não sabe de nada. Por favor.

— Oh! És a esposa dele?

— Sim.

— Ok. Venha.

Nessa situação desesperadora, os pensamentos mais sombrios começaram a invadir a mente de Zick. A simples ideia de presenciar sua linda esposa ser consumida pelas chamas era uma angústia que ele não suportaria.

— Pare!!!

Antes que pudesse ponderar sobre as consequências de seus atos, o instinto tomou conta de Zick, e ele soltou um grito de angústia e terror. Seu grito ecoou pela sala, carregando consigo toda a agonia que ele estava sentindo.

— Quê?

— Me perdoe, chefe. Ela não sabe de nada. Na verdade, eu sou o único que sabia das fugas. Peço desculpas por isso.

— É? Como tens certeza disso?

— Uma vez, uma das mulheres havia fugido e, ao retornar, disse-me que havia alguém que poderia nos ajudar e que estaria à espera de qualquer tentativa de fuga. Mas neguei, no entanto, as pessoas continuaram a fugir e não pude fazer nada.

— Podia sim. E esse é o seu crime.

— Sim, me desculpe. E… Adeus, Nara.

— Querido…

— Morra!

Ela liberou uma chama poderosa em direção a Zick, que imediatamente começou a arder e se contorcer de agonia.

— Não! Não! Não!

Nara, incapaz de fazer qualquer coisa para impedir a tragédia que se desenrolava diante de seus olhos, podia apenas assistir à cena, sentindo-se impotente diante da terrível agonia do seu marido.

— Acabou a reunião. Vocês têm um minuto para sumir da minha vista.

Conscientes da regra de que a líder não poderia ser vista de costas, a maioria dos presentes começou a sair rapidamente do palco em meio ao caos. No entanto, uma pessoa desafiou a ordem e não seguiu a multidão. Ela pulou no palco e abraçou seu marido, que ardia em chamas, enquanto Reda estava distraída, observando as fileiras.

Ela sempre saía do palco por último, não percebeu a presença de Nara enquanto mantinha seu foco em outro lugar.

— Não se preocupe. Estou aqui — murmurou Nara.

Fuja Logo. Pensou Zick.

Reda, que antes estava distraída observando as pessoas deixando o palco, finalmente se virou de costas e começou a se afastar.

— Como pode fazer isso?! — disse Nara.

— Hum!

— Sua puta!

Olhando para trás, Reda ficou momentaneamente paralisada ao ver Nara abraçando Zick. Essa visão despertou antigas memórias de sua juventude, fazendo-a reviver momentos passados em sua mente.

— Pare por favor. Já chega!

— Não. Você é minha puta agora. Fique de quatro corretamente.

— Pare, eu não quero mais — disse enquanto chorava.

Essas memórias eram profundamente traumáticas para ela, e testemunhar as duas situações ocorrendo ao mesmo tempo, reacendeu lembranças que ela há muito tempo tentava apagar. A fúria dela foi despertada e chamas vivas começaram a surgir em seu corpo, refletindo sua intensa raiva e emoções descontroladas.

— Do que você me chamou?!

Os chefes das linhagens e os anciões ficaram surpresos ao testemunharem Reda invocar duas grandes bolas de fogo, uma em cada mão.

— Vamos morrer juntos. Querido — disse Nara.

Sim, querida.

— Morram! Morram! Morram! Morram! Morram!

Ela continuou a disparar várias bolas de fogo na direção do casal, embora fosse evidente que ambos já estavam mortos. Gritando de raiva, ela não conseguia conter sua fúria, dominada pelas memórias angustiantes que a atormentavam. A sala se transformou em um cenário de chamas e destruição, enquanto Reda liberava sua ira incontrolável.

No entanto, a frequência dos ataques começou a diminuir. Ela se ajoelhou no chão e, entre lágrimas, murmurou:

— Droga.

O palco e as fileiras foram completamente devastados.