Explicando a Realidade

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"Lilia, cala a boca!" Blake gritou. Ele não se importava se ela ficasse irritada ou não. Era escolher entre morrer por sua mão ou pelo dragão que estava prestes a aparecer. Porque Blake estava tentando fugir rapidamente, ele não tinha notado a reação de Lilia. Se o tivesse feito, teria visto que Lilia parou de reclamar e abaixou a cabeça. Suas bochechas estavam levemente vermelhas. Parecia que ela gostava do lado masculino de Blake.

Quando ouviu Blake gritar com ela, a princípio, ela ficou irritada, mas quando viu o olhar sério no rosto dele e sua determinação em levá-los para longe dali. Ela entendeu uma coisa. Seu destinado não era alguém para brincar. Ele estava fazendo o seu melhor para garantir que todos sobrevivessem. Ela decidiu que precisaria conter seus impulsos e ter mais fé no homem com quem planejava passar toda a eternidade.

Blake os puxou, correndo o mais rápido que podia até ver uma vala onde pudessem se esconder. Ele rapidamente puxou as duas meninas e empurrou suas cabeças para baixo enquanto também abaixava a sua. Seu coração estava acelerado. Desde que voltou àquele tempo, ele não se sentiu tão assustado, nem mesmo quando Lilia estava brava com ele.

*Rugido!*

Um rugido alto ecoou pelo ar. Uma sombra grande cobriu a terra. Gritos podiam ser ouvidos vindo da estrada. Blake cerrou os dentes. Levantou a cabeça levemente e olhou para o céu. Um dragão de escamas vermelhas batia suas asas, olhando para os humanos abaixo. Era tão grande quanto um prédio de cinco andares. Porém, mesmo com seu tamanho estilo godzilia, ainda era um dragão inferior.

Blake só conseguia balançar a cabeça ante a estupidez das pessoas. Elas estavam todas correndo em linha reta em vez de tentar se separar. Estavam simplesmente pedindo para ser massacradas. Pode ser que houvesse alguns inteligentes de vez em quando, mas dessa vez não havia nenhum. Blake assistiu enquanto a parte inferior do dragão vermelho se iluminava e ele cuspia fogo pela estrada. Ele rapidamente se abaixou de novo, certificando-se de empurrar as cabeças das outras duas para baixo também.

O rosto de Tina estava pálido como papel. Se não fosse pelo fato de ter algum treinamento, ela já teria gritado de medo. Agora mesmo, ela estava segurando a respiração. Ela não ousava respirar. Ela nem mesmo se importava com o fato de estar sendo segurada no chão por Blake. Na verdade, estava agradecida por suas ações rápidas.

O tempo parecia se mover lentamente enquanto os sons de gritos podiam ser ouvidos. O cheiro de carne queimada enchia o ar. Havia alguns que imploravam por suas vidas, enquanto outros empurravam seus entes queridos em direção ao dragão. As mentes da humanidade eram fracas diante do perigo. Sacrificariam qualquer coisa para permanecer vivas. Era um acontecimento comum em sua vida passada também. As mesmas coisas aconteciam repetidamente. Quando os humanos encontravam dragões, usavam todos os meios possíveis para escapar. Ele até já tinha visto um homem jogar seu próprio filho na boca de um dragão com a esperança de fugir. Claro, esse homem só conseguiu dar alguns passos a mais antes de se transformar em cinzas.

Dez minutos se passaram quando os sons de asas batendo e a pressão começaram a se dissipar. "Ele se foi. Ele olhou em volta, mas agora se foi." Foi Lilia quem falou.

Blake virou-se de costas e soltou um longo suspiro. "Lilia, desculpe por ter gritado com você." Blake sabia que tinha sido rude, mas não teve escolha, a situação não lhe dava tempo para tentar apaziguá-la normalmente.

"Não… Tudo bem. Deveria ser eu a pedir desculpas. Não deveria ter reagido excessivamente quando já sabia que um dragão estava vindo. Mas Blake…. Como você sabia que havia um dragão por perto?" Lilia perguntou curiosamente enquanto alcançava e tirava a poeira do rosto de Blake.

"Anos de instinto. Dragões emitem pressão e intenção de matar muito antes de chegarem até você. Levei quatro anos para aprender isso e praticamente gravar essa habilidade na minha alma ao ponto de me dar uma vantagem de cinco a dez minutos." Blake explicou.

"Entendo…." Lilia aprendeu algo novo. Ela estava, na verdade, surpresa que ele havia levado apenas quatro anos para aprender tal coisa. A maioria levaria pelo menos dez anos para adquirir tais instintos.

"Aquilo… Obrigada!" Tina abaixou sua cabeça para Blake e Lilia. "Se vocês dois não estivessem dispostos a me deixar acompanhá-los, provavelmente eu já estaria morta."

"Não é nada. Estou ajudando você porque você uma vez se ofereceu para me ajudar. Gosto de retribuir a bondade das pessoas. Trato os outros com o mesmo respeito que tratam a mim." Era apenas como ele era. Depois que ele se endureceu, sempre retribuiu bondade com bondade e maldade com maldade.

Tina olhou para Blake e suspirou. Ela não pôde evitar de ver Blake como uma boa pessoa. Após um momento de silêncio, ela disse: "Eu me pergunto como está aquele garoto Morgan agora. Será que o pai dele conseguiu pagar aos dragões para não matá-lo?"

"Ah, ele provavelmente morreu antes de eles aparecerem," Blake disse casualmente enquanto se levantava e se esticava. Depois, ajudou Lilia a se levantar e tirou a poeira do vestido dela.

"Hã? Por que ele teria morrido antes deles aparecerem?" Tina perguntou. Ela estava confusa com o que Blake quis dizer.

"Porque eu fiz a Lilia amaldiçoá-lo. Ele sofreria doze horas de dor enquanto seu corpo apodrecia sem poder fazer nada a respeito." Blake respondeu honestamente. "Está planejando me prender agora? Quero dizer, o garoto mereceu."

"Hã? Não, eu só... Nunca esperava isso. Mas espera... A morte de Darrel...." Tina de repente se sentiu como se tivesse sido atingida por um raio ao olhar para Blake com um pouco de medo.

"Darrel e seu amigo David morreram queimados. Eles tornaram a minha vida um inferno ao ponto de me fazer querer me matar várias vezes. Você não vai me dizer que pessoas assim merecem viver? E não me diga que eles cumpririam sua pena na prisão. Quero dizer, que tipo de merda é essa? A prisão só deveria ser usada para delitos pequenos. Infratores pela primeira vez. Não contra pessoas que atormentam outras por uma merda de rancor. Se você tem pena de tais pessoas e quer tentar ajudá-las, então foda-se e vá embora agora. Porque você se tornará um fardo para Lilia e para mim." Blake fez uma pausa e estreitou os olhos em direção a Tina.

"Este mundo está prestes a mudar. Essa ideologia não levará você a lugar algum. Este mundo vai mudar tanto que você nem vai entender o que aconteceu com você enquanto estiver deitada no meio da rua em algum lugar nua depois de ser fodida por vários homens contra a sua vontade. Acredite, eu já vi isso acontecer." Blake pode parecer que estava sendo grosso com Tina, mas estava tentando dar a ela um choque de realidade de que o mundo nunca mais seria o mesmo. "Vamos dizer que eu estava me livrando de pessoas que poderiam me causar problemas no futuro."

Tina olhou para Blake com uma expressão vazia. Ela estava tentando absorver tudo o que ele tinha acabado de dizer. Embora não gostasse do que ele disse, e ele poderia ter colocado de forma mais delicada, ela sabia que ele estava certo. Ela sabia como os humanos eram. Eles eram egoístas e fariam coisas nojentas. Mas isso também não era todos os humanos. Ela respirou fundo e soltou devagar enquanto reunia seus pensamentos.

Ao lado, Lilia se levantou e abraçou Blake por trás. "Você é realmente bondoso," Lilia disse em um sussurro abafado que só os dois podiam ouvir.

"Eu só não quero que ela acabe como muitas das meninas que vi. Nunca foi uma visão bonita." Blake respondeu. Lilia sorriu e o abraçou mais apertado. Seu namorado apenas de nome havia acabado de marcar alguns pontos com ela.

"Tudo bem, vamos," Blake disse enquanto se preparava para avançar antes de pausar e se virar para olhar para Tina. "E você? Ainda vai seguir, ou vai continuar com a mesma linha de pensamento de antes?"

"Hã?" Tina olhou para Blake surpresa. "Eu vou seguir." Certo, ela seguiria. Blake era sua única chance de sobrevivência. Se ela ainda tinha dúvidas sobre o que ele tinha dito antes, todas haviam desaparecido agora. Nesse momento, ela acreditava em tudo o que Blake disse. Ela ficaria viva e tentaria ser útil para o homem que decidiu mostrar bondade para com ela. Ela, claro, não tinha intenções de nada além de amizade. Ela não queria contrariar Lilia. Na verdade, ela desejava ser amiga de Lilia também.

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