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Capítulo 1: 1° Round (1)

Droga... eu desmaiei?

Tentei levantar o meu corpo, mas ele estava fraco demais para responder qualquer comando.

Abri os olhos devagar e então me deparei com um quarto estranho. Não era de um hospital, muito menos o meu. Também não parecia ser o quarto de alguém que eu conhecia, já que a maioria morava fora da Inglaterra. Então onde eu poderia estar?

Novamente, tentei me mexer e, no processo, acabei derrubando algo que estava em cima da cama.

Com o barulho da queda do objeto uma mulher vestida de empregada abriu a porta assustada.

— J-Jovem mestre?

— ...

Eu não conseguia falar, minha garganta queimava intensamente.

— Espere, chamarei a senhora! — a mulher saiu às pressas.

Não entendia o que estava acontecendo.

Meu corpo nunca foi particularmente forte, mas não era tão fraco a esse ponto. Também era a primeira vez que desmaiava no meio do trabalho, assim como era a primeira vez que me chamavam de "jovem mestre".

Talvez eu era o herdeiro de uma família super rica e não sabia?

— Khalid?

Uma voz surgiu do lado de fora do quarto. Depois de um tempo sem resposta, uma mulher usando um vestido luxuoso que parecia ter vindo direto da época vitoriana entrou com outras duas mulheres vestidas da mesma forma que a outra mulher que havia saído a pouco.

— Parece que ainda não morreu. Quanta sorte.

Eu? Ela estava falando de mim?

— Senhora, o jovem mestre está acordado. — uma das criadas que veio com a mulher comentou.

— Então o que? — a mulher me lançou um olhar frio, saindo quase imediatamente sem dizer mais nada.

As empregadas que vieram com ela se apressaram para acompanha-la.

Quem é essa mulher?

A suposta empregada que havia ficado no quarto me fez sentar ao colocar algumas almofadas atrás de mim, me deu um pouco de água logo após.

Estava confuso, mas agradecido, realmente sentia sede.

— Não se importe muito com o que a senhora disse, jovem mestre, ela apenas está preocupada.

Preocupada? Não parece ser esse o caso. E de qualquer forma, nem havia motivos para ela estar, já que nem sequer nos conhecemos.

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Fios de cabelo bloquearam parcialmente a minha visão. Foi então que percebi que o meu cabelo estava enorme.

Isso... não tem como ser meu, certo?

A primeira coisa que havia passado pela minha cabeça foi que eu poderia ter estado em coma, mas se esse fosse o caso, a civilização não deveria estar mais avançada ao invés de parecer que era a década de 1900?

Me observei um pouco.

Estava vestindo um robe branco bem detalhado, olhando assim, ele parecia valer mais do que a minha própria casa. O quarto também era bem luxuoso, então era impossível que seja uma brincadeira de alguém, ninguém que eu conheça poderia arcar com algo assim.

Nesse caso, sobrava apenas as situações mais obvias. Ou eu voltei no tempo e possui alguém que viveu em 1900 na Terra, ou eu transmigrei para algum lugar que definitivamente não é a Terra.

Já que me chamaram de Khalid, eu acredito que seria mais a segunda opção. Khalid tinha mais cara de nome usado para personagem em livros de fantasia.

Mas como isso aconteceu? Pelo que sei a maioria das possessões acontece depois da pessoa ter morrido ou se deparado com algo ou alguém super estranho. Não me lembro de algo assim ter acontecido comigo, ou talvez eu não tenha desmaiado na biblioteca e sim morrido? É possível alguém morrer assim?

Depois de algum tempo fui capaz de começar a me mexer aos poucos. Quando finalmente tinha forças o suficiente para mexer livremente, toquei o meu cabelo.

Realmente não estava delirando, tentei puxa-lo com força, mas doía quando eu fazia isso.

A empregada apenas observou com uma enorme cara de decepção.

Bem, eu não acho que dá para ser uma peruca, então realmente não tem como esse ser o meu corpo. Por quanto tempo eu teria que dormir para que ele crescesse desse tamanho?

— Cough! Cough! Cough! — Sangue começou a escorrer pela minha boca acompanhada pela tosse imparável.

Sinto que vou desmaiar.

Acordei depois de algum tempo. Um homem de meia idade se encontrava sentado em uma cadeira do lado da cama, como se esperasse o meu despertar.

— Acordou? — o homem pós uma de suas mãos em minha testa para verificar minha temperatura. — A febre abaixou, isso é um bom sinal.

— Q-Quem...? — perguntei com uma voz fraca e falhando.

Ao menos aquela sensação de queimação havia passado por completo.

— Algum problema, jovem mestre? — o homem se levantou.

— Quem-m é-é você?

Com a pergunta, o homem que já estava arrumando seus pertences ficou paralisado por alguns segundos.

— Vejamos... não se lembra de mim?

Eu deveria saber quem é você?

Acenei com a cabeça negando.

— Sou Edgar, o médico da família. Cuidei do jovem mestre desde quando ainda era um recém-nascido, realmente não se lembra? — ao ver que eu não reagia as suas palavras o homem continuou. — O jovem mestre pulou da janela para fugir das aulas. Foi assim que terminou todo machucado. Se lembra disso?

Mais uma vez, neguei acenando com a cabeça.

Isso é terrível! Talvez a queda deva ter provocado uma amnesia. Pensou Edgar.

Meu estomago roncou de fome. Eu deveria ter ficado um dia inteiro ou mais sem comer.

— Céus! Pedirei para prepararem algo. Por enquanto, continue descansando. — Edgar se curvou respeitosamente e saiu logo em seguida.

Ele pulou a janela para fugir de uma aula? Com certeza devia ser algo relacionado a matemática, eu te entendo Khalid, já estive a um passo de fazer o mesmo que você em uma aula de física sobre eletromagnetismo. Infelizmente não sou tão bom estudando quanto sou para ler.

Meooow!

Um gato branco arranhou repentinamente a porta da sacada com miados imparáveis.

Meow! Meeow!

Me levantei para abrir a porta.

Ao contrário de antes, podia me mexer muito bem agora, consegui me levantar sem sentir dor alguma. Aquele tal de Edgar deve ser um médico muito bom para fazer eu melhorar tanto em um tempo tão curto.

Ao abrir a porta o gato se acomodou rapidamente debaixo da cama.

— Que folgado. — me sentei na cadeira que estava próxima.

A porta do quarto se abriu e Edgar entrou carregando uma bandeja grande.

— Trouxe a sua comida, jovem mestre. — Edgar se apressou para pôr a bandeja na mesa.

Era um creme de cogumelos juntos com algumas fatias de pão integral. Estava com uma cara boa.

— Se me permite ser grosseiro... posso pergunta-lhe algo?

— ahn? Ah! Sim, sem problemas. — Estava muito focado na comida que demorei de dar a resposta. Joguei toda a etiqueta para os ares e comecei a comer como se nunca tivesse comido na vida.

— Arram! — Edgar parecia um pouco incomodado com a vista, mas apenas continuou. — Por acaso se lembra de quem é?

— Nhem ideia. Nham. Nham.

O pão estava magnifico.

— O senhorito é o filho mais velho do barão Morris. Seu nome é Khalid Morris Hence, Hence é o sobrenome que o seu mestre lhe deu.

Era um nome que eu não lembrava, talvez seja de algum papel secundário. O título da família também não era um dos melhores, eu podia ao menos ter reencarnado em um marquesado e desfrutado de uma vida boa. E quem seria esse mestre?

Apenas observei Edgar em silencio enquanto enchia a boca com mais creme de cogumelo e pão. Seu rosto mostrava uma enorme preocupação.

— Jovem mestre... realmente não lembra de nada?

— Desculpe...

— Está bem, não é como se fosse sua culpa.

Verdade, é culpa do verdadeiro Khalid por ter pulado de uma janela e sumido do nada.

— É possível que sua memória volte com o tempo. Até lá, apenas descanse e coma bem. Tente não se estressar e nem se envolver em coisas estranhas.

Elas não vão voltar porque não são minhas.

Edgar retirou um frasco com comprimidos de sua bolsa e me entregou.

— São as vitaminas que costuma tomar. Deve tomar um comprimido por dia após o café da manhã.

— Devo tomar um agora?

— Sim, mas termine de comer primeiro.

Faltava apenas algumas colheres de sopa e uma fatia de pão. Terminei tudo bem rápido e tomei a vitamina que tinha um gosto esquisito.

— Este homem velho deve se retirar agora. Rezo para que fique sã e salvo. — Edgar se despediu.

Agora só sobrava eu e o gato naquele quarto. Como se percebesse isso, o gato saiu do seu esconderijo e começou a vagar pelo quarto, depois de alguns minutos se sentou na minha frente.

Não prestei muita atenção antes, mas era um gato bem bonito, tinha uma pelagem branca e era bem felpudo.

Me perguntava se pertencia a alguém, parecia bem cuidado, mas não tinha coleira.

Meow!

Antes de poder pensar em uma solução logica para isso, me vi abraçado com o gato. Sempre fui uma pessoa de gatos. Quem se importa se era de alguém? Agora ele era meu e nós viveríamos felizes para sempre.