Chapter 1Capítulo 1 - Na hora certa, no lugar certo
"Finalmente chegamos!", a mulher de cabelos curtos e olhar afiado exclamou, levantando os braços em celebração. "Nem acredito... depois de meses, encontramos. ELES!" O homem ao volante olhou para o horizonte com olhos brilhantes, como se a descoberta fosse uma redenção pessoal. "Será que Seraphin está empolgada?", ela olhou para o banco de trás, onde Seraphin estava encolhida, dormindo profundamente. "Ou... esquece, ela está apagada." "Então acorda ela, Mira. Ela precisa ver isso!", Darius sugeriu, impaciente. "Eu? De jeito nenhum! Não vou tomar bronca hoje." Mira virou-se no banco, cruzando os braços. "Da última vez fui eu! Agora é sua vez!", ele protestou, tentando convencê-la com uma expressão infantil. "Nem pensar! E que de cara e essa?" Darius suspirou, já sabendo o que teria que dizer. "Te compro aquele negócio que você queria." Mira sorriu. "Agora sim, estamos falando a minha língua." Com cuidado, ela se inclinou para o banco de trás e deu leves toques no ombro de Seraphin. "Ei, Seraphin, acorda..."A jovem abriu os olhos lentamente, ainda atordoada. " Por que diabos você me acordou, sua..."Mira interrompeu antes que a "benção" se completasse: "Calma, só queria te avisar que chegamos." Seraphin esfregou os olhos, olhou para a da janela e viu o horizonte se abrindo para uma vastidão de montanhas e florestas densas. O local era quase sobrenatural, como se escondesse segredos. "Falei que nossa técnica ia funcionar!", Darius soltou uma risada leve, olhando pelo retrovisor. Seraphin, ainda sonolenta, observou o cenário. "O primeiro passo do nosso plano começou. Vocês não têm ideia do que está por vir..."---Oito meses atrás, no interior de São PauloA estrada era longa e deserta, com o sol abrasador refletindo no asfalto. Darius e Mira seguiam rumo a uma organização secreta, carregando um segredo que poderia mudar o curso da história. De repente, um ronco alto interrompeu o silêncio. "Rooonc...", o estômago de Mira parecia estar em guerra. Dario sorriu. "Nervosismo, talvez? Quer parar em algum lugar pra comer?" Mira hesitou, mas depois cedeu. "Pode ser. Estou morrendo de fome." Eles encontraram um restaurante simples à beira da estrada, com uma fachada velha e um letreiro piscando fracamente. Dentro, o ambiente era acolhedor, com mesas de madeira e o cheiro de comida caseira enchendo o ar. Sentaram-se no balcão, pediram água, e Mira olhou para Darius com uma expressão de dúvida. "Dario... você realmente acha que vale a pena contar essa descoberta para eles?" Ele sorriu, mas sua expressão ficou séria rapidamente. "Você deve ser dodói da cabeça, chegamos até aqui, Mira. Não podemos desistir agora. Já te disse como é perigoso guardarmos isso." Ela suspirou, mexendo na água com o canudo. "Mas... e se eles usarem a informação de forma errada? Vai que fazem algo terrível com ela?" Darius inclinou-se para frente, apoiando os cotovelos sem balcão. "Se tem uma coisa que eu não quero descobrir, é o que eles fariam com a gente se descobrissem que estamos escondendo algo assim." Mira olhou pela janela, como se procurasse uma solução mágica no horizonte. "Talvez nos dessem um prêmio?" "Ou talvez arrancassem nossas cabeças", ele respondeu, seco. Ela abriu a boca para responder, mas foi interrompida quando a porta do restaurante se abriu rapidamente. Uma jovem de cabelos negros, suja e com uma roupa de presidiária, entrou correndo, com os olhos focados como se já tivesse tudo planejado. Antes que alguém pudesse reagir, ela pulou o balcão e desapareceu na cozinha. Darius e Mira olham, confusos. Segundos depois, dois militares entraram, armas em punho, o ar cheio de tensão. "Sabemos que você está aqui, Seraphin!", um deles gritou. "Não adianta se esconder!" Eles revistaram o local com rapidez, mas não encontraram a garota. Furiosos, os dois se aproximaram do balconista, que limpava um copo com uma calma irritante. "Ei, velhote, cadê a garota?", perguntou o soldado com uma expressão ameaçadora. O balconista deu uma risada baixa. "Se você fizer um Pix, uh quem sabe eu fale..."O restaurante inteiro começou a dar risadas. Darius tentou conter um sorriso, mas não conseguiu. "Então, soldados treinados deixaram uma menininha escapar? HAHAHA!", provocou o balconista. O militar não gostou da provocação. Seus olhos endureceram e, sem hesitar, ele sacou sua arma, apontando para o rosto do balconista. Antes que pudesse fazer qualquer coisa, Darius foi mais rápido. Em um movimento ágil, sacou sua faca de combate e pressionou contra o pescoço do soldado, paralisando-o. O segundo militar virou-se, mas antes que pudesse agir, Seraphin surgiu das sombras com uma frigideira e o nocauteou com um único golpe. O primeiro militar ficou imóvel, tentando processar o que havia acabado de acontecer. "Não vai dizer nada?", Darius murmurou, e sem esperar resposta, deu um gancho de direita no soldado, apagando-o. Seraphin, sem cerimônia, sentou-se no balcão. "Valeu pela ajuda. Como você se chama?" "Darius Gallus, o famoso caçador de artefatos!", ele respondeu com orgulho exagerado, batendo no peito. Mira revirou os olhos. "Famoso... só se for na cadeia." "Quietinha, Mira", ele sussurrou, claramente embaraçado. "Então, Seraphin... por que estavam te caçando?", Mira perguntou, agora mais interessada. Seraphin deu um sorriso torto. "Eu era pesquisadora da OAN, sabe? Mexi onde não devia. Descobri a existência de um artefato capaz de destruir qualquer coisa... e aí, me prenderam sabe como é." "O quê? Um artefato que pode destruir tudo?", Mira se ajeitou na cadeira, visivelmente preocupada. "Eles matam por isso", disse Seraphin, seu tom agora mais sombrio. "E agora, vocês estão no mesmo barco que eu." Mira olhou para Darius, alarmada. "Não vamos contar o nosso segredo, de jeito nenhum!" Darius levantou uma sobrancelha. "Parece que o jogo virou, né?" Mira, assustada, gritou: "NUNCA VOU CONTAR NOSSO SEGREDO!" O balconista, ainda rindo da confusão, interrompeu. "Sugiro que vocês saiam daqui antes que apareçam mais militares. Eu cuido do resto." "Obrigada, senhorzinho. Eu ia te dar uma gorjeta, mas fica para a próxima", Seraphin acenou para ele enquanto se dirigiam ao estacionamento. ---No caminho de casaDentro do carro, o clima estava tenso. O silêncio era cortado apenas pelo som do motor. "O sua criatura maligna por que está nos seguindo?", Darius perguntou, olhando pelo retrovisor para Seraphin. "Vocês me salvaram. Agora, vocês são minha única chance. Não têm escolha." "Temos sim", ele retrucou, desconfiado. Seraphin riu, inclinando-se para frente. "Posso pagar de outras formas...""Ei, vai com calma, não estamos à venda", respondeu Mira, antes que Darius dissesse algo.De repente, um som ensurdecedor rasgou o ar. BANG! BANG! Tiros atingiram o vidro traseiro, estilhaçando-o em mil pedaços. Fragmentos de vidro voaram pelo carro, cortando o silêncio com estilhaços afiados."MILITARES!", gritou Mira, instintivamente abaixando a cabeça enquanto o carro balançava violentamente. Darius puxou o volante com força, tentando manter o controle enquanto acelerava. O som dos pneus cantando ecoava na estrada deserta."Droga, eles estão cada vez mais perto!", grunhiu Darius, com o coração disparado. Pelo retrovisor, ele viu o jipe militar se aproximando rapidamente, os soldados apontando suas armas e disparando sem hesitação.Seraphin, sentada no banco de trás, soltou uma risada despreocupada, os olhos brilhando de excitação. "Isso vai ser divertido!", disse ela, o som de sua voz cortando a tensão como uma lâmina afiada.Sem pensar duas vezes, ela se levantou e, com uma agilidade surpreendente, saltou para fora do carro pelo vidro quebrado. Darius piscou, incrédulo, enquanto via Seraphin desaparecer em um borrão. "O que ela pensa que está fazendo?!"Mira olhou para trás, olhos arregalados. "Ela ficou maluca!"No entanto, em questão de segundos, Seraphin já estava sobre o capô do veículo dos militares, equilibrando-se como uma dançarina sobre uma corda bamba. O vento chicoteava seus cabelos enquanto ela se movia com uma precisão mortal. Os soldados, confusos, hesitaram por um segundo, surpresos pela aparição repentina.Seraphin sorriu de canto, a adrenalina correndo em suas veias. "Desculpem, rapazes, essa carona termina aqui."Com um movimento rápido e decidido, ela estendeu as mãos sobre o capô do jipe, seus dedos parecendo vibrar com uma energia desconhecida. De repente, o motor do veículo militar fez um som metálico e terrível, e o carro parou instantaneamente, como se algo invisível tivesse freado o veículo com força descomunal.O jipe derrapou, lançando faíscas pelo asfalto antes de tombar para o lado. Soldados gritaram enquanto eram arremessados para fora, incapazes de reagir à situação.Darius, com o coração disparado, deu uma volta brusca no volante e freou perto de Seraphin, que caminhava calmamente de volta para o carro, como se nada tivesse acontecido."Você... é mesmo... uma criatura maligna, hein?", Darius disse, ainda tentando recuperar o fôlego. Sua voz estava entre o choque e o alívio.Seraphin entrou no carro com um sorriso provocante. "Desde sempre", respondeu ela, os olhos ainda cintilando com o resquício da adrenalina.Mira, ainda com o olhar fixo na estrada à frente, murmurou com uma risada nervosa. "A gente devia ter trazido pipoca para esse show."Enquanto continuavam a viagem, a tensão ainda pairava no ar, mas agora com um toque de excitação. Todos sabiam que os militares não iriam desistir tão fácil, e a estrada à frente ainda guardava muitos perigos. Mesmo assim, uma coisa estava clara: Seraphin era um trunfo que eles não esperavam... e isso mudava tudo.Depois de várias horas na estrada, o carro parou em frente a uma casa modesta, escondida atrás de árvores altas e um portão enferrujado. Era simples, mas acolhedora. Darius desligou o motor, e o silêncio repentino parecia estranho após tanta ação."Finalmente, chegamos," disse Mira, espreguiçando-se no banco, aliviada. "Se eu ouvisse mais um tiro, acho que ia ter um colapso nervoso."Seraphin riu, jogando os cabelos para o lado. "Ah, qual é? Foi uma emoção a mais no passeio. Um pouco de ação nunca fez mal a ninguém."Darius soltou um suspiro cansado enquanto tirava as chaves da ignição. "Vou ter que discordar dessa parte. Meu coração ainda está batendo como se eu tivesse corrido uma maratona.""Ah, para com isso," Seraphin disse, saindo do carro. "Você se saiu bem. Não viramos churrasco, então eu diria que foi um sucesso."Mira saiu do carro e olhou para a casa. "E eu só queria um banho quente e uma cama macia. Só isso. Será que é pedir muito?""Se a cama ainda estiver no mesmo lugar que deixamos, você está com sorte," Darius brincou, pegando suas coisas do porta-malas. "Mas o chuveiro... bom, talvez precise fazer uma dança da chuva pra conseguir água quente."Seraphin ergueu uma sobrancelha, rindo. "Temos que resolver isso antes. Eu não luto contra militares pra depois tomar banho frio, tá?"Darius abriu o porta-malas e puxou uma sacola. "Falando nisso, Seraphin... suas roupas estão, digamos, um pouco... queimadas." Ele fez uma careta e entregou a sacola para ela. "Aqui, consegui arranjar uma camisa longa roxa e um short preto pra você. Nada de especial, mas pelo menos não vão feder a queimado."Ela pegou a sacola e cheirou suas próprias roupas, torcendo o nariz. "Ah, caramba, você tá certo. Eu tô cheirando a fumaça e destruição." Riu e balançou a sacola. "Valeu, Darius. Prometo não invadir seu quarto depois disso.""Por nada," ele respondeu com um sorriso. "Mas, se eu fosse você, tomaria um banho antes de vestir isso. Não vai adiantar nada se continuar fedendo."Mira cruzou os braços e olhou para os dois, divertida. "Então, quem vai dormir no sofá?"Darius deu de ombros. "Seraphin, é claro. Quem mais? Nem sabemos de onde ela vem.Seraphin revirou os olhos, mas não pôde deixar de rir. "Tá, tá... mas, se o sofá for horrível, eu vou invadir o quarto de alguém. Considerem-se avisados."Mira riu e foi até a porta da casa, já sentindo o alívio de finalmente estar em um lugar seguro, mesmo que por pouco tempo. "Tudo bem, mas se você entrar no meu quarto à noite, vai ser expulsa com travesseiros. Que isso fique claro!"Darius riu, destrancando a porta da casa e deixando Mira passar primeiro. "Então tá decidido, sofá pra Seraphin."Enquanto entravam, o ambiente simples e acolhedor os recebeu com um silêncio tranquilo. A adrenalina começava a se dissipar, e por um breve momento, o grupo pôde sentir um toque de paz.Seraphin, segurando a sacola de roupas, olhou para o sofá e depois para Darius. "Se eu sobrevivi a militares e a essa viagem com vocês, acho que aguento um sofá."Mira, já abrindo as janelas, virou-se para eles com um sorriso. "Amanhã, o mundo pode desabar de novo. Mas, por enquanto... estamos seguros. Vamos descansar, porque o que vem a seguir... bom, algo me diz que não será fácil."Darius assentiu, com um ar mais sério. "Amanhã é o começo de algo grande. Estamos preparados?"Seraphin deu de ombros, já indo em direção ao banheiro. "Eu tô pronta. E vocês?"Mira e Darius se entre olharam antes de soltar uma risada nervosa. "Prontos ou não, aqui vamos nós," disse ele, sentando-se no chão, exausto.Enquanto a noite caía e o silêncio envolvia a casa, todos sabiam que o próximo passo dessa jornada seria decisivo. E nada jamais seria como antes.FIM DO CAPÍTULO - CONTINUA...