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CAPÍTULO 3 – NOVA VIDA

Após entrarem na casa, Darius e Mira ficaram surpresos com a simplicidade do lugar. Dois quartos pequenos, uma cozinha modesta e uma sala com uma lareira rústica encostada na parede preenchiam o ambiente. Enquanto Victor Magno, o senhorzinho, os guiava pela casa, Darius observava cada movimento dele com desconfiança. Algo no velho o deixava inquieto. "Bom, acho que é melhor do que nada, mas ainda temos o problema dos quartos", comentou Darius, cruzando os braços e lançando um olhar significativo para Mira. "Verdade. Da última vez, a Seraphin dormiu no sofá. Agora é sua vez", respondeu Mira, com um sorriso provocador. "Minha vez? Quem decidiu isso?" retrucou Darius, a voz carregada de irritação. Enquanto os dois discutiam quem ficaria com a cama, Seraphin se afastou discretamente, aproveitando a distração para falar com Victor a sós. "Você ainda tem dúvidas, não é?", perguntou, encarando-o diretamente. Victor desviou o olhar por um momento, hesitando. "Não confio neles, Seraphin. Algo neles me preocupa." "Não precisa se preocupar. Eu confio neles", disse ela, com um tom firme, seus olhos penetrando os de Victor com uma serenidade incomum. O olhar de Victor suavizou por um breve momento. "Se você confia, então eu também confiarei", respondeu ele, suspirando pesadamente. Sua mão foi até o quadro pendurado acima da lareira. Com um movimento simples, ele o deslizou para o lado, revelando uma passagem secreta. O som mecânico de engrenagens ecoou pela casa, e uma porta oculta se abriu, revelando um vasto espaço subterrâneo. Darius e Mira pararam de discutir instantaneamente, boquiabertos. "Que é essa?", murmurou Darius, incrédulo. "Bem-vindos ao verdadeiro coração desta casa", disse Victor, com um sorriso enigmático, enquanto os convidava a descerem. "Venham, quero mostrar algo." Ao descerem pelo corredor iluminado por luzes suaves, passaram por quartos luxuosos, muito mais confortáveis do que a modesta casa de cima sugeria. Cada detalhe do lugar exalava sofisticação. "Eu acompanhei o combate de vocês na casa de Seraphin. Tenho uma surpresa para os dois", comentou Victor enquanto caminhava, com um leve tom de mistério. "Como você sabe disso?" Darius começou, mas foi rapidamente interrompido. "Já estava de olho naquela casa há um tempo, mas vocês se envolveram antes que eu precisasse interferir. Deram o primeiro passo", explicou Victor casualmente. Ele parou diante de uma porta imponente com a palavra "Arsenal" gravada em metal reluzente. Quando a porta se abriu, Darius e Mira se depararam com uma coleção impressionante de armas e equipamentos de combate, cada um mais letal que o anterior. "Isso é tudo para nós?" perguntou Mira, os olhos arregalados. Victor sorriu de forma enigmática. "Vocês não querem proteger a Seraphin?" Darius soltou uma risada amarga. "Proteger ela? Tudo que queremos é nos livrar dela." Victor ficou em silêncio por um momento, franzindo as sobrancelhas. "Mas... ela confia em vocês", murmurou, quase para si mesmo. "Será que entendi errado?" "Eu só quero voltar à minha vida de caçadora de artefatos", disse Mira, impaciente. Victor deu um leve sorriso antes de se virar para eles com seriedade. "Talvez o que vou contar mude isso. Sigam-me." Darius e Mira trocaram um olhar breve e seguiram Victor, curiosos sobre o que ele ainda tinha a revelar. Victor caminhou calmamente até uma estante repleta de livros antigos e retirou um volume desgastado. O silêncio que encheu o ambiente era pesado, enquanto Darius e Mira observavam curiosos, mas desconfiados. Seraphin se mantinha próxima, seus olhos fixos em Victor. 

 

"Chegou a hora de vocês saberem a verdade", disse ele, abrindo o livro em uma página marcada por anotações rabiscadas. 

 

Ele os conduziu até uma grande mesa de madeira. Victor apontou para uma série de mapas, arquivos e recortes de jornais que detalhavam acontecimentos aparentemente desconexos, mas que convergiam para um único ponto: a vida de Seraphin. 

 

"Seus pais," ele começou, virando-se para Seraphin, "eram cidadãos comuns. Pessoas simples que jamais deveriam ter se envolvido com nada disso." Ele suspirou, as palavras pesando em sua voz. "Mas você... você é muito mais do que eles. Desde a sua primeira encarnação, você foi caçada. Reencarnação após reencarnação, a organização que eu ainda não sei o nome, teve sucesso em eliminar você... até a última vez." 

 

Seraphin cruzou os braços, observando os documentos com uma expressão de tranquilidade. "Então eles falharam dessa vez," ela murmurou. 

 

Victor assentiu. "Sim, e foi aí que eu entrei. Quando a organização responsável por te matar fracassou, consegui te resgatar antes que te encontrassem novamente. Depois, decidi te entregar à Ordo Arcana Noctis, pensando que você ficaria segura com eles. Mas o que eles não sabiam, e eu também não percebi até mais tarde, é que sua presença mudaria tudo." 

 

Ele apontou para o mapa. "Aqui estão as datas, os locais... eu tentei traçar o caminho de seus pais, entender o porquê deles, mas... não há nada. Nada concreto sobre quem os matou ou por quê. Eles só estavam no lugar errado, na hora errada, vítimas de uma perseguição que deveria ter sido dirigida apenas a você." 

 

Darius, que estava quieto até então, soltou uma risada incrédula. "Então todo esse tempo, tudo que sabemos sobre Seraphin... é apenas uma coincidência cósmica? Nada de destino, apenas azar?" 

 

Victor apertou os lábios, refletindo por um momento. "Não chamaria de coincidência. Algo maior está em jogo, mas minhas pesquisas... só levam a becos sem saída. Sei que há uma força tentando apagar a existência de Seraphin, mas não tenho ideia de quem ou o que está por trás disso. E quanto aos seus pais..." Ele balançou a cabeça. "Eles eram inocentes." 

 

Mira se inclinou sobre a mesa, observando as anotações, suas mãos deslizando pelos papéis com leveza. "Você tentou, Victor. Mas parece que essa história tem muito mais camadas do que imaginamos." 

 

Victor olhou para Seraphin com um olhar grave. "Ainda assim, Seraphin... o que você escolhe fazer agora vai moldar o que está por vir. Não temos todas as respostas, mas sabemos quem é o verdadeiro alvo." 

 

Seraphin assentiu, com uma expressão de determinação nos olhos. "Se querem me caçar, então vamos deixar que me encontrem. Só que desta vez, estaremos preparados."  " Victor permaneceu ao lado da mesa, em silêncio, enquanto Darius e Mira digeriam as informações. O subterrâneo, com suas armas e segredos, de repente parecia pequeno diante da vastidão do mistério que envolvia a vida de Seraphin. "Então, é isso?" Darius murmurou, finalmente quebrando o silêncio. "Passamos por tudo isso, enfrentamos perigos, e no fim... não há respostas claras?" Victor balançou a cabeça. "Infelizmente, é a verdade que tenho. Existem forças trabalhando nas sombras, e a única coisa que sabemos com certeza é que Seraphin está no centro de tudo." Mira olhou para Darius de relance. "Isso não muda nada para nós, certo? Ainda estamos no mesmo ponto — a caça aos artefatos." Darius ficou pensativo por alguns instantes, observando o mapa sobre a mesa. "Sim, Mira. Mas há algo mais nisso tudo... algo que não contamos. Algo que pode mudar o rumo dessa caçada." Victor ergueu uma sobrancelha. "Do que você está falando?" Darius soltou um suspiro pesado, e seu olhar encontrou o de Mira por um momento. Ele finalmente virou-se para Victor e Seraphin, sua expressão sombria. "vou precisar contar algo que vocês ainda não sabem. Algo que venho escondendo desde o começo." Seraphin, intrigada, estreitou os olhos. "E o que seria?" Darius respirou fundo, hesitando por um breve instante. "Vocês saberão... no momento certo."