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Capítulo 44 de 3 – Não, eu amei

Antes, eu estava imerso em uma postura de ataque, com os músculos tensos e os sentidos aguçados, mas uma súbita onda de reflexão invadiu minha mente. Era como se um lampejo de consciência tivesse iluminado meu entendimento, revelando o absurdo de atacar uma formiga indefesa. 

Afinal, esmagar uma criatura tão minúscula não era apenas desproporcional, mas também uma afronta à minha própria integridade moral. Com essa epifania, decidi abandonar a ideia de agressão e baixei as mãos, expondo minha guarda de forma vulnerável. 

Voltei meu olhar para o homem que estava à minha frente, como se buscasse uma resposta na expressão dele.

No rosto do homem, uma expressão de espanto se desenhou nitidamente. Ele rapidamente reagiu, movendo a mão em minha direção com uma destreza. Um ataque vermelho, foi lançado em minha direção, como se desejasse testar minha resolução. 

Com a clara percepção de que esse indivíduo representava uma ameaça muito mais significativa do que uma mera formiga, não hesitei em ativar minha habilidade Speed Iz. 

Em um instante, cruzei a distância entre nós com uma velocidade inacreditável, deixando-o perplexo diante da minha súbita e surpreendente manobra.

Enquanto ele continuava a lançar cristais em minha direção. Eu emergia do outro lado, surgindo como uma sombra insuperável atrás dele. Por fim, o inevitável se concretizou, e o homem ajoelhou-se diante do poder que eu representava. 

— O que está acontecendo com o meu corpo?

A formiga, ainda no chão, demonstrava uma agonia silenciosa, e eu me aproximava dela com uma lentidão calculada, um sorriso sutil dançando nos meus lábios. Uma intenção assassina, fria e implacável, emanava de mim, pairando no ar como uma sombra sinistra.

— Formiga estúpida. Deverias ter percebido quem é o predador aqui. Por um capricho, desafiaste-me, e por um capricho, vou esmagar-te até à morte, como a formiga que és.

Aproximando-me, ativei minha intenção assassina, deixando transparecer uma determinação gélida em meu olhar. Levantei meu pé com firmeza e, com uma força incontestável, desferi um golpe letal, esmagando impiedosamente a pequena criatura contra o chão.

— O que você fez com o meu corpo? — podia sentir suas palavras trêmulas, enquanto uma sensação de pavor o envolvia.

— No leito da sua morte. Ainda questionas isso? Direi antes da tua morte. Eu simplesmente fui tão rápido que o teu corpo não teve tempo de processar a dor. Chamo isso de "Soco Retardo". — Respondi com calma, mas com um sorriso cruel nos lábios.

— Arrrrggggghhhhh!

Prossegui pisando com força, sem dar margem para qualquer chance de sobrevivência, enquanto seus alunos observavam em desespero. Cada pisada era uma demonstração sombria de poder, uma lição brutal que se desenrolava diante de seus olhos.

No entanto, enquanto a formiga se desfazia sob a pressão implacável da minha bota, algo começou a se acumular na sola do meu calçado. Era uma sensação estranha e desconhecida, um enigma que rapidamente se transformou em uma ameaça. 

Sem compreender completamente o que estava acontecendo, agi por instinto. Balancei minhas botas com uma velocidade incrível, como se tentasse se livrar de algo indesejado e misterioso.

— O que é isso?

No momento em que balancei minha perna, pude observar o sangue coagulando na região para onde o direcionei.

— Entendi. Formiga insolente. Mesmo à beira da morte, você tenta me desafiar? Você pediu por isso. — Minha voz estava repleta de desprezo e crueldade.

— Espere… — tentou suplicar, mas cortei suas palavras abruptamente.

— Tarde demais — proferi as palavras finais com frieza.

Antes de efetuar o pisoteio que esmagaria sua cabeça, ouvi um grito estridente ecoando meu nome. Girei meu olhar ao redor e identifiquei a figura que desesperadamente clamava pelo meu nome, sem esperança alguma. Era o servo devoto do próprio demônio.

— Me desculpe, mas você viu a Ui? — o servo surgiu diante de mim com uma expressão preocupada em seu rosto e fez a pergunta com ansiedade perceptível.

— Isso não tem nada a ver comigo — respondi.

— Por favor, me diga. Ela simplesmente desapareceu e disse que estava indo te encontrar. E quem é esse? — O servo olhou para a figura misteriosa, com curiosidade em seus olhos.

— Espera.

Uma ideia começou a se formar em minha mente: talvez esse servo pudesse ser a solução para o meu problema com Ui. Certamente, ela estaria em minha casa, esperando por mim.

— Tudo bem, mas antes vou finalizar essa formiga. 

— Por favor, não faça isso. Ele já está derrotado. Ele sequer está consciente no momento. Se o matar agora, ele nunca vai sentir verdadeiramente a humilhação que deseja impor — o servo interveio, tentando apelar para a razão.

— Hum? Tens um ponto.

O que ele disse era incontestável; assassinar a formiga naquele momento não traria benefícios. Apreciar o medo em seus olhos à distância proporcionaria um prazer muito maior. Hahaha! Antecipava com ansiedade a energia negativa que ele certamente me ofereceria.

— Ok, me siga.

— Sim.

Ponto de Vista de Miguel.

Quando recebi a notícia de que o infame Izumi havia retornado e derrotado o destemido, uma mistura de emoções tomou conta de mim. A alegria de ter finalmente a chance de enfrentá-lo se mesclava com o temor de sua reputação formidável. 

Consciente de que não poderia simplesmente abordá-lo e desafiá-lo, sabendo que tal ousadia poderia resultar em minha morte, decidi traçar um plano meticuloso que permitisse o confronto sem risco de fatalidade.

Antes disso, eu costumava treinar jovens cadetes em um local de treinamento seguro, mas eu guardava um segredo: conhecia um lugar proibido, um terreno que jamais deveríamos usar para práticas de combate. 

Foi para lá que conduzi meus cadetes, que, apesar de hesitantes e curiosos, concordaram em seguir-me. Eles ainda não estavam cientes da triste notícia sobre o retorno de Izumi.

Quando chegamos ao campo de treinamento proibido, uma aura sombria de antecipação pairava sobre nós. E então, ele apareceu: Izumi em toda a sua imponência. Meu coração começou a bater mais rápido, a cada passo que dei em sua direção, como se parte da minha própria essência escapasse de mim.

O momento em que Izumi liberou sua intenção assassina foi avassalador. Quase desejei recuar, mas eu não podia perder a oportunidade que se apresentava diante de mim. Com determinação firme, propus um duelo, mas esse gesto se revelou um erro colossal. O que se seguiu não foi uma luta justa; foi uma exibição brutal de sua superioridade.

Quando Izumi mais uma vez envolveu o campo com sua aura assassina, fiquei paralisado, impotente diante de seu poder avassalador. 

O medo percorria minhas veias como uma corrente elétrica. Mesmo confiando em meu cristal sangrento, uma arma na qual depositara minha confiança, Izumi soube o momento exato de se livrar dela, deixando-me desarmado e vulnerável.

À medida que a batalha continuava, eu me via à beira da morte e, inevitavelmente, perdi a consciência. Mesmo diante da perspectiva sombria da minha própria morte, não senti arrependimento. 

Morrer pelas mãos de alguém tão extraordinariamente poderoso era, de certa forma, uma honra que aceitei com dignidade. Afinal, Izumi era como um demônio encarnado, uma força da natureza implacável e inescrutável.

Adeus mundo!

Não vá!!!

Essa voz? Kritina?

Sim! Viva.

Antes que eu pudesse sequer pensar, as lágrimas começaram a fluir incontrolavelmente, trilhando caminhos salgados pelas minhas bochechas. 

A agonia da derrota e a sensação de impotência se misturaram em um turbilhão de emoções. Meu coração estava pesado, e a frustração de perder diante da mulher que preenchia todos os cantos do meu coração era esmagadora.

Me desculpe Kritina. Eu sou fraco.

Eu não ligo. Te amo do mesmo jeito.

Enquanto as lágrimas ainda escorriam pelo meu rosto e a frustração dominava meus pensamentos, ela quebrou finalmente o silêncio. No momento em que suas palavras deixaram seus lábios, algo incrível aconteceu. Uma mulher misteriosa emergiu das sombras e me envolveu em um abraço acolhedor.

Seu corpo todo irradiava um tom vermelho profundo, como se fosse feito inteiramente de sangue, mas seu toque era surpreendentemente humano. O calor emanado por seu abraço era inegavelmente real, como o de uma pessoa viva.

Naquele instante, a sensação reconfortante de seu abraço me fez esquecer, ainda que por um instante, a derrota e a frustração que eu havia experimentado momentos antes. 

Ela era uma presença enigmática, e seu abraço era um bálsamo para minha alma ferida, trazendo uma sensação de vida e esperança em meio àquele cenário sombrio.

Então é assim que és.

Sim. Gostou?

Não, eu amei.

Retribuí o abraço de forma calorosa e apaixonada. A mulher que eu amava, cuja verdadeira aparência permanecia desconhecida até aquele momento, havia se transformado em uma figura de longos cabelos e curvas exuberantes. Seu abraço era intenso, envolvendo-me de maneira profunda e afetuosa.

À medida que suas mãos acariciavam minhas costas, eu podia sentir a força do amor entre nós crescendo avassaladoramente. Era como se, naquele abraço, todos os segredos e incertezas desaparecessem, e o mundo ao nosso redor se dissolvesse. 

Novamente, experimentei o sentimento de ser amado por ela de uma maneira singular e inesquecível, um amor que transcendia todas as barreiras e dúvidas. Era um momento de conexão profunda e emocional que preenchia nossos corações de uma forma que palavras não poderiam expressar.