O Dragão da Loucura.

A cidade de Grucius era a segunda maior cidade no Reino humano de Baran.

Era uma cidade animada, bem populada e frequentada por mercadores viajantes e aventuras do mesmo modo.

Atualmente, a cidade estava celebrando seu 100º Festival das Luzes Brilhantes anual.

O festival era visto como um tempo para honrar os guerreiros que pereceram valentemente lutando contra os nojentos demônios, assim como para rezar por um novo escolhido com a lendária afinidade divina para aparecer.

Dizia-se que a afinidade divina era uma magia da luz tão pura e imaculada que podia queimar milhares de demônios com um único feitiço.

Naturalmente muitos não estavam certos sobre a autenticidade da lenda, mas muitos gostavam de vir ao festival ano após ano, mesmo assim.

A noite estava apenas começando. O senhor da cidade estava em um grande pódio de madeira olhando para a multidão de homens, mulheres e crianças e sorriu em pura felicidade.

Ele vinha trabalhando bastante em horas extras ultimamente e esta noite era exatamente o que ele precisava para relaxar seus cansados ossos velhos.

'Talvez eu devesse ir ao calabouço e visitar uma ou duas escravas semi-humanas antes de voltar para casa à noite.' O homem pensou com um sorriso pervertido.

Ele não se sentia tão vivo em meses e não conseguia pensar em uma maneira melhor de liberar o estresse do que com os alvos vulneráveis que ele 'colecionou' em suas viagens.

"Certo, todos estão prontos?!" Depois de fixar seus planos para mais tarde em sua mente, ele começou a preparar a multidão para o brinde antes da grande festa começar.

Vendo todos os seus cidadãos sorrindo atentamente, ele mais uma vez sorriu antes de começar sua fervorosa prece.

"Asherah nossa mãe! Nós rezamos para você e pedimos a você para-"

"Mamãe olha!"

De repente, o grito alto de uma criança cortou a multidão e todos se viraram para a direção para onde seu pequeno dedo apontava.

Lá todos puderam ver um enorme dragão se aproximando à distância cujas escamas negras estavam brilhando com uma luz roxa sinistra.

Suas quatro grandes asas pareciam igualmente temíveis e destrutivas, e os ventos produzidos por um único bater de asas eram suficientes para destruir as árvores abaixo.

Ao ver a luz reverberando de suas escamas, os humanos tiveram um vislumbre de um verdadeiro inferno.

Um por um, como se estivessem hipnotizados, a multidão começou a ficar agitada e violenta e começaram a se empurrar uns aos outros com força crescente.

Conforme o dragão voava em direção a eles, eles se tornavam cada vez mais agressivos enquanto se atacavam sem mesmo entender o motivo.

Desconhecido por eles, todos tinham caído presa à mais recente habilidade de linhagem do Exedra que ele tinha adquirido após completar sua transformação pela primeira vez.

< Habilidade Passiva : Dragão da Loucura

- Descrição: Encarar sua horrível forma é conhecer o verdadeiro desespero que leva seres mais fracos à insânia total.

Sem ao menos erguer uma garra ou cuspir uma única chama, os humanos abaixo estavam em estados frenéticos de pânico.

Crianças estavam arranhando e mordendo suas mães.

Mães estavam gritando e lutando contra seus filhos.

Homens estavam lutando com outros homens e chorando lágrimas de sangue enquanto estrangulavam seus irmãos.

Isso levou a expressão 'inferno sangrento' a um nível completamente novo.

Havia, é claro, alguns evoluídos na multidão que tentaram fugir, mas, com um único rugido que sacudia a terra Exedra usou os poderes que havia roubado de Jeddah pela primeira vez e ergueu grossas paredes de gelo ao redor da cidade.

Entre todo esse problema, um pequeno esquadrão de cerca de 40 magos de estágio 1 liderados por um único cavaleiro de estágio 2 conseguiu manter sua sanidade e se preparou para defender contra o ataque iminente.

"Merda... que tipo de dragão é esse?!"

"Foi ele que fez isso com todas essas pessoas??"

"Por que diabos um dragão está nos atacando??!"

Apenas o líder, um homem que Lisa reconheceria como Atticus, parecia relativamente composto, mas até ele começou a mostrar sinais de nervosismo.

Ele estudava dragões há muito tempo e nunca tinha visto um com uma habilidade tão assustadora quanto esta.

Havia apenas uma possibilidade que vinha à mente, mas era quase loucura demais para acreditar.

'Pode ser?… Mas por que ele faria isso conosco?!'

O cavaleiro não teve tempo para pensar, pois, no momento seguinte, Exedra finalmente chegou e quando pousou no chão, a terra abaixo dele tremeu e cedeu.

Ele tinha facilmente 70 metros de altura, e seu corpo era coberto com músculos destrutivos e escamas quase impenetráveis.

Vendo o dragão temível tão de perto, Atticus então notou que a pressão que ele emitia era insuportável.

"Onde… está Atticus Leonhart?"

A própria voz do dragão continha ondas de mana que faziam os ouvintes tremerem incontrolavelmente.

Fraco, Atticus deu um passo à frente e tentou não mostrar seu medo crescente.

"Você é o que eles chamam de Vovin? O quarto príncipe de Antares?"

O dragão apenas assentiu e Atticus imediatamente engoliu em seco.

"Por que você está fazendo isso?! Não temos briga com o seu povo! Pare com isso imediatamente!"

"Parece que você está enganado."

"O quê?!"

"Não estou fazendo nada, pois, por mais que eu quisesse, essa vingança não me cabe a cobrar."

"Vingança?" Atticus estava completamente confuso. "Por quê?!"

Quem na sua mente sã seria estúpido o suficiente para irritar um dragão nobre?!

Exedra estava tentando manter sua calma, mas vendo como este homem estava ignorante quanto a seus atos errados, sua fervente raiva finalmente atingiu o ápice.

"Você formiga! Vermes! Bastardo!"

Ao rosnar, o ar ao redor começou a ficar mais e mais quente e faíscas de chamas negras e roxas podiam ser vistas saindo de sua bocarra pontuda.

"Eu poderia reduzi-lo à cinza um milhão de vezes e ainda não seria o suficiente para vingar minha esposa e minha filha! Eu deveria matá-lo onde você está!"

Então o concreto embaixo dele começou a derreter e ferver e Atticus e os magos começaram a suar por baixo de suas vestes e armaduras.

Atticus ia perguntar sobre o que esse dragão insano estava falando quando uma voz que ele jamais esqueceria em sua vida cortou o vento.

"Meu amor… você prometeu que ele seria meu."

Atticus sentiu suas pupilas se contraírem ao tamanho de agulhas.

"Não… não pode ser."

Exedra rosnou frustrado quando percebeu que realmente quase havia quebrado sua promessa agora, mas ele não conseguia evitar!

Em sua forma dracônica tudo era grandemente aumentado, e isso incluía suas emoções.

Ele sentiu como se já devesse ter sido recompensado por não ter incinerado esta cidade inteira até agora.

Ele ia fazer isso eventualmente, mas a vontade de fazer isso imediatamente era muito forte!

"Desculpas, minha esposa..." Exedra grunhiu e forçou suas emoções borbulhantes a se acalmarem.

"Fufufu, nosso marido também tem seus lados fofos, não acha Bekka?"

E então Atticus viu ela, mas ele não ousou acreditar em seus olhos.

De pé nas costas do poderoso dragão estava Lisa, mas ela parecia... diferente?

Seu corpo estava envolto em uma armadura dourada e preta cintilante, e ela segurava um longo tridente dourado.

Ao seu lado estava uma mulher bestial que estava afetuosamente acariciando as escamas do dragão.

"Com certeza, quem teria pensado." Exedra rolando seus olhos de cores diferentes com as gracinhas de suas esposas.

"Será que elas precisam dizer coisas tão embaraçosas na frente dos inimigos?"

"Não demorem enquanto a presa espera, meninas."

"Certo!"

"Okay okay."

Com pulos impressionantes, ambas as garotas saltaram do corpo de Exedra para o chão abaixo, para ficarem em frente aos humanos tremendo.

Uma vez que as duas estavam no chão, seus semblantes mudaram imediatamente.

A bestial se tornou quase feroz ao se abaixar em quatro patas e flexionar suas longas garras negras.

"Lisa?" Atticus chamou hesitante.

"Você não tem o direito de dizer meu nome."

Quem quer que tivesse falado com Lisa antes imediatamente assumiria que essa mulher seria sua gêmea malvada.

Ela era fria, mas mais que isso havia uma raiva venenosa em seus olhos que ninguém associaria com uma mulher tão doce quanto ela.

"Eu vim aqui hoje com o simples propósito de executar minha vingança e matar meu passado para que eu possa ser livre no futuro."

Lisa girou Raiton com uma graça enigmática antes de apontá-lo para Atticus.

Enquanto seu corpo crepitava com eletricidade, Atticus ficou certo de que essa não era mais a mulher de brinquedo que ele conhecia.

"Eu vou arrancar seu coração e apresentá-lo ao meu amado marido."

Com isso, ela avançou na velocidade do relâmpago com sua arma pronta para atacar.

"Talvez na morte sua vida adquira algum significado."