A Reunião & o Novo Rei do Abismo.

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"Eles estão aqui. É hora."

Lusamine havia chegado cedo e em ponto para buscar Exedra e levá-lo perante os pecados.

Suas esposas e filha, que não iriam comparecer à reunião, deram suas despedidas enquanto ele partia.

Na verdade, estavam um pouco preocupadas com o rumo que as coisas poderiam tomar, dado a tendência do senhor demônio à violência.

Mas confiavam que seu marido voltaria ileso e com notícias sobre toda essa situação.

Enquanto Exedra e Lusamine se aproximavam em silêncio da sala de reuniões, a súcubo não podia deixar de lançar olhares furtivos para o homem ao seu lado.

Ele parecia estar completamente calmo e sem medo algum do que poderia acontecer.

Ela sabia que ele não era ingênuo a ponto de acreditar que os senhores demônio jamais o machucariam, então, de onde vinha essa confiança?

Infelizmente, quando chegaram ao seu destino, ela ficou sem tempo para perguntar.

Sem esperar por mais nenhuma palavra, Exedra abriu as enormes portas duplas e entrou destemido.

Dentro havia uma grande sala mal iluminada com sete tronos cercando as paredes.

Exedra parou no meio da sala e observou curiosamente os ocupantes dos tronos.

"Você.. Você se parece com ele."

Uma voz antiga e cansada desviou Exedra de seus pensamentos e o levou a encarar o senhor demônio da preguiça.

Ele era incrivelmente alto, com um corpo que parecia feito de uma árvore apodrecida e uma cabeça de crânio de ovelha.

"Não, vocês não conseguem sentir o cheiro?"

Um demônio imenso, com cabelo alaranjado e inúmeras cicatrizes de batalha, levantou-se do seu trono e parou diante de Exedra.

"Ele exala o cheiro do abismo."

Um a um, todos os senhores demônio começaram a farejar o ar e perceberam que a ira estava certa.

O cheiro do abismo emanava do ser à frente deles em ondas, e ainda assim ele permanecia lúcido.

Isso não deveria ser possível a menos que...

"O que é o abismo?" Exedra finalmente falou.

A risada gutural de um demônio gordo e azul foi de repente ouvida.

"Ah, que piada boa! O garoto está no meio de um teste sem nem saber o motivo!"

O senhor demônio da gula, belzebu, de repente cessou suas gargalhadas e inclinou-se para frente com um sorriso zombeteiro. "Nós o chamamos aqui esperando que se juntasse ao nosso exército, mas agora parece que você não está destinado a viver por muito tempo!"

"Vocês vão me responder ou fazer mais previsões inúteis?"

"Não me importo em te contar." Uma voz feminina se manifestou.

O olhar de Exedra pousou em uma mulher de cabelos negros como corvos com a metade inferior de uma serpente.

Ela era o pecado da inveja, Leviatã.

"No entanto, eu pediria algo que você cobiça em troca."

O olhar do dragão imediatamente se endureceu e Leviatã apenas riu baixinho.

"Chega. Vamos ao ponto desta reunião para que todos possam ir embora." A voz cansada de Belphegor trouxe todos de volta ao foco do encontro.

"Há algo que você precisa ver." O pecado da ganância, que até aquele momento estivera calado, finalmente falou.

Com um estalar de dedos, ele materializou uma parede de pedra negra envolvida em correntes.

Na base do monolito estava um homem que Exedra não reconhecia, mas quanto mais o olhava, mais ele se encontrava incrédulo.

"O que é isso?!" Exedra rugiu, e estava claro que ele não estava nada divertido com o rumo dos acontecimentos.

O homem tinha a pele negra como a noite e longos cabelos cinza como cinzas.

Ele tinha dois chifres negros como obsidiana e altivos como uma montanha brotando do topo de sua cabeça.

Ele era tão incrivelmente lindo que parecia que a palavra luxúria havia sido criada pensando nele.

Foi então que Exedra percebeu algo que não pertencia àquele lugar.

O homem tinha seis asas em suas costas.

Três eram negras como a noite mais profunda.

Três eram brancas como a neve mais pura.

O pecado do orgulho, Lúcifer, que até então mantivera-se calado, também se levantou de seu trono e veio para observar diretamente o demônio acorrentado diante deles.

"Ele era nosso irmão."

O coração de Exedra começou a bater descontroladamente ao perceber que suas suspeitas mais loucas eram de fato verdadeiras.

"Este é seu pai, ou pelo menos o que resta dele."

De repente, o homem acorrentado despertou e Exedra pôde olhar nos olhos de seu pai.

Um olho era vermelho com esclera negra, o outro era dourado puro.

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Na cidade arruinada de grucius, o pequeno destacamento religioso estava atualmente reunido ao redor de um homem de vestes brancas e uma mulher com asas nas costas.

A mulher tinha uma pele bronzeada suave e seu corpo estava decorado com correntes douradas.

Seus olhos permaneciam fechados e escondidos por trás de uma cortina de cabelos brancos.

Ela olhava os corpos de todos os caídos com uma expressão imperceptível de nojo.

"Encontramos eles assim algumas horas atrás. A cidade inteira foi arrasada durante o que deveria ser um festival." Explicou o homem de vestes brancas.

"Não sabemos o que aconteceu, mas acreditamos que os demônios possam ter uma nova arma de algum tipo. Eles nunca causaram esse tipo de inferno antes."

A anjo podia concordar com esse pensamento.

Os demônios, mais vezes do que não, gostavam de brincar com suas presas e mesmo assim nem uma única dessas pessoas parecia ter sido torturada, roubada ou devorada.

Eles realmente morreram se estraçalhando uns aos outros, mas como isso era possível?

Havia outro cheiro aqui que a anjo não conseguia exatamente identificar.

Era velho e malévolo.

De repente, a mulher estremeceu ao se lembrar exatamente de onde vinha aquele cheiro.

"Um membro do abismo.." a anjo finalmente sussurrou. "E julgando pelo fato de que não há rastro e nada mais foi destruído, só pode ser um deles."

A anjo finalmente abriu seus olhos dourados brilhantes e virou-se para encarar os humanos que a contemplavam admirados.

"Um novo rei do abismo está prestes a ser coroado."

"Considerando que ainda há terra sob nós para ficarmos de pé, ele não pode ser muito forte ainda, mas o tempo é essencial."

A anjo reprimiu a vontade de tremer ao falar.

Se um novo rei do abismo fosse permitido caminhar sobre a Terra, horrores inimagináveis aconteceriam.

Os humanos se olharam confusos.

Eles nunca tinham ouvido falar desse abismo que ela mencionava, mas pelo tom de sua voz, não poderia ser nada bom.

"Quais são suas ordens, minha senhora?"

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