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Harmonia - O lobo e a raposa -

O Ragnarok foi anunciado. Uma forma muito inédita de aprisionar o temível lobo Fenrir foi encontrada, um pequeno e frágil bebê, adiando o inevitável. O que nenhum dos deuses esperava era que o recipiente aparentemente sem alma cresceria com amor e dor, para se tornar um homem. Paralelo a isso, uma mestiça nascida de um amor proibido cresce sem noção da antiga e profunda guerra. Os dois embarcam em uma jornada de descobrimento, para acabar ou eclodir de vez o fim do mundo.

Zindi_Ilma · Fantaisie
Pas assez d’évaluations
3 Chs

Capitulo: 01

- Venha. _ela me puxou pela mão, o gosto forte da cerveja estava vibrando em minha língua.

- Aonde? _ como os olhos dela brilhavam. E aquele sorriso... Por que o doido do Charlie havia dito que ela tinha os dentes tortos?

- Ali. Quero te dizer uma coisa, Adrien.

- Estou louco pra ouvir._ fomos rapidamente rumo às imediações da aldeia que não tinham muros, mas sempre tinham alguns homens nos arredores dela justamente pra saber quem sai e quem entra e nem preciso dizer que crianças não podiam sair sozinhas pela floresta, ainda mais de noite.

Benditos sejam os festivais, por mais que o padre Auguste, um velho amargurado, diga que eles incentivam o pecado. O que aconteceria ali que poderia condenar alguém ao inferno? Todos estão reunidos para comemorarem a colheita, mas dizendo ele "aumenta a competição com seu irmão". As luzes são belas e as mulheres mais ainda. A beleza é a arma mais forte do inimigo de deus, as mulheres chamam à luxúria e à danação eterna... Como? Eu me pergunto. A noite estava sendo a melhor da minha vida, uma das poucas vezes em que eu vinha a vila sem precisar carregar coisas pro meu pai ou ir à igreja, e também me deram cerveja como se eu fosse um adulto e Eloise, ah, a fofa Eloise, dissera que gostava de mim. Ao inferno o padre Auguste e seus sermões que davam sono!

- Por aqui. Tem um buraco nessa parede que só eu e as meninas sabemos. Vamos à floresta direto para pegar cogumelos._ ela hesitou frente a brecha nas ripas de madeira na parede logo atrás do altar da igreja, que aliás estranhamente não tinha ninguém._ Adrien?

- Sim?

- Posso te contar um segredo? Mas promete que não vai rir._ a seriedade deixava ela ainda mais linda. Seria hoje que ela diria que queria casar comigo um dia! Eu aguentaria quantas horas fossem precisas no altar da capela para que nós pudéssemos passar o resto da vida juntos. Charlie e os amigos dele nunca mais fariam gracinha quando eu dizia que gostava dela.

- Prometo, se você não contar pra mais ninguém.

- As meninas já sabem, então..._ já sabiam? Tudo bem, ela precisaria de madrinhas mesmo. Ela respirou fundo e continuou. _ Nós vamos caçar fadas...

- O que??_ como ela pôde? _ Você me trouxe aqui para falar que caça fadas?!

- Adrien, para, você está me machucando..._ disse ela chorando, larguei seus ombros e me virei. Eu não podia ficar com raiva dela por causa disso, acreditar em fadas... Ela só era uma criança afinal, um ano mais nova que eu, acho que eu estava adiantando demais as coisas, talvez quando ela fosse mais velha. Respirei fundo.

- Desculpe. Eu não estou bem ultimamente, só isso._ ela assentiu. _Mas você queria minha ajuda para procurá-las? Digo, as fadas.

- Não, eu só falei por que eu sei desse buraco só isso. Nós o encontramos um dia. Eu queria te mostrar uma coisa depois daqui.

- Diga.

- Você vai ver.

Eu a segui floresta adentro, mas ainda podíamos ver um pouco por causa da lua. Ela parou em um ponto de uma clareira alta onde os caçadores geralmente se reuniam e olhou pra mim.

- Chega mais perto._ me aproximei dela quando ela me beijou do nada. Um selar de lábios, tão macia. Eu a puxei pra mais perto. Ela ficou sem ar e nós nos separamos.

- O que você achou?_ mesmo na pouca luz da lua, pude vê-la corar.

- Incrível. Mas o que foi isso?

- Eu só... Tive vontade. As outras garotas ficam cochichando o quanto você é bonito e então eu comecei a notar. Espera. _ disse, se afastando _ você não está achando que eu sou atirada não é, Adrien?

- Não, não. Nunca te vi conversar com mais ninguém._ era agora, a abracei. _ olha, eu já tenho treze anos, acho que se eu conversar com o seu pai, tenho certeza de que...

- Ó meu deus!_ Eloise gritou e começou a chorar. _ Ó meu deus, ó meu deus.

- O que foi? Por que ficou assim de repente? Foi alguma coisa que eu fiz?_ ela apontou para a aldeia atrás de nós e eu fiquei paralisado.

Parte da encosta pegava fogo. Eloise choramingava atrás de mim. Algum bêbado deve ter colocado fogo em alguma casa e acabou se alastrando pelo resto das habitações. Os gritos ecoavam mais alto nessa noite silenciosa e de ventos fortes e por causa dele o fogo se alimentava cada vez mais rápido, e acabava levando cinzas e lamentos pelo céu.

- Você fica aqui, que eu vou ajudar lá, tudo bem?_ ela só assentiu e caiu no chão com as mãos no rosto. Eu não tinha tempo para me preocupar com suas lágrimas. Muita gente desesperada precisava mais de mim. Eu desci a encosta abaixo e vi o inferno na terra. Um homem pegando fogo correu na minha direção gritando e gemendo como um demônio. Eu desviei, precisava encontrar meus pais. As casas em meio a labaredas, o calor queimando meu rosto. As ruas apertadas lotadas de feridos, e a maioria morta. Meus pais... Onde eles estavam? Deus, por favor estejam bem, longe dessa desgraça toda. Minha vista embaçava, e minhas pernas pareciam deixar de existir. Não, não, agora não, eu preciso... Eloise...

- Eloise!

- Para garoto, acorda! O que deu em você?_ as luzes doíam nos meus olhos e um rosto delicado surgiu em cima dele. Cabelos ruivos. Não, estava errado, Eloise é loira, quem é essa ruiva que está me batendo?_ O quanto você bebeu ontem, Adrien?

- Por que você me bateu? O que tá fazendo aqui? Aliás, onde estou?

- Você estava tendo um pesadelo. Se bem que até eu teria se estivesse nessa cama. Bem aí você começou a se debater igual um maluco._ ela falava com a mão esquerda na cintura e com a direita gesticulando junto com as suas orelhas de raposa e inquietas que ficavam no topo de sua cabeça._ Vamos, levanta. O Neville mandou te buscar. Acho que ele sabia que você ia ficar assim._ o rosto finalmente se tornou reconhecível. Claire, a chata. E parecia zangada como sempre. Ela é minha irmã de criação a um bom tempo desde que aconteceram algumas coisas. Ela é ruiva de pele clara, tem um rosto meio diferente das demais mulheres da região, provavelmente por ser mestiça com alguma mulher das terras do leste, tem olhos puxados e cor de mel, um cabelo meio curto que desce só a alguns centímetros pelo seu ombro, que por sinal está preso. Ela usa um colete de couro por cima de uma camisa branca de manga comprida. E no momento me encarava de braços cruzados e ao fundo vi uma garota saindo envergonhada se cobrindo com um lençol.

- Tá bom, ta bom. Já vou indo._ corando, ela levantou uma única sobrancelha, sempre achei isso lindo. Uma das poucas coisas que gostava nela.

- Acho melhor o bebezinho colocar uma roupa._ e começou a rir convulsivamente.

- Se vira pelo menos, droga._ não importa quantas mulheres me vejam, eu sempre vou ter vergonha da Claire. Botei as minhas calças de couro, olhando suas duas caudas alaranjadas balançando impacientes enquanto ela está de costas para mim, em seguida ponho o cinto no lugar junto com a espada então minha camisa no meu pescoço. Enquanto saímos pela porta eu já estava colocando a camisa pela metade do caminho.

- Me diz, quantas foram ontem? Pelo que eu vi até agora, deve ter sido metade desse lugar._ comentou, ainda rindo, me deixando sem jeito. Enquanto ela falava o mundo ao meu redor ainda rodava loucamente, maldito porre.

Logo depois enquanto descíamos a escada uma morena com cara de sono e o batom meio borrado passou por nós com os olhos vidrados nos meus como se fosse me devorar. Congelei. Ela se aproximou de mim com um sorrisinho despretensioso sussurrando "Seria um prazer conhecê-lo melhor qualquer dia desses". Fiquei espantado e olhei pra Claire, ela havia voltado para a sua cara de limão azedo.

- Realmente metade do lugar hum. _ela disse batendo o cotovelo em minhas costelas.

Acho que a noite foi boa. Eu me lembro até o ponto em que uns caras no bar me chamaram pra uma competição para ver quem bebia mais. Acho que ganhei. Não lembro dela na minha mesa, tenho preferência por loiras.

- Qual era o nome dela?_ dei de ombros porque não conseguia me lembrar de quase nada._ Como você pode ter algo tão íntimo com alguém e nem se esforçar pra lembrar do nome dela depois pelo menos?_ ela cruzou os braços, e não olhei para o rosto dela mas com certeza estava revirando os olhos com uma cara de entojo.

Quando o sol me atingiu por uma janela sentir o mundo rodar e meus olhos arderam. Porre maldito, porquê eu fui inventar de beber tanto noite passada? Mas que cidade era essa mesmo? Puta merda eu to muito mal!

- Claire, ela não se importa muito que eu lembrar o nome dela sabe? Ela gosta de dinheiro. E talvez de algumas coisas que eu faça, pra lembrar de mim pela manhã._ eu disse jogando o dinheiro no balcão. Em seguida corri porta afora com a mão na boca antes de vomitar na rua.

Logo depois de eu me recuperar do enjoo, pegamos nossos cavalos e fomos em direção do acampamento que não ficava muito longe da pequena cidade, dez minutos de cavalgada nos levou a clareira aberta recentemente pela nossa companhia, comandados por Neville pai da Claire. Ele devia estar por aqui essa hora para organizar essa cambada de homens, principalmente para evitar confusões. Tantos homens num espaço apertado sempre dá nisso. São todos amigos, mas um pouco de cerveja cria discussões idiotas, por exemplo quem faz mais coisas, quem aguenta mais tempo com uma mulher, bobagens. Mal chegamos no acampamento e já vejo uma roda de pessoas no meio das tendas, bem obviamente deve ser uma briga amarrei meu cavalo no estábulo improvisado pela gente que ficava perto das barracas improvisadas feitas de couro esticado da Claire e do Neville. Me aproximo da roda e vejo um de meus amigos:

- Leroy, vem cá._ o puxo pelo braço. Leroy, ele tem a minha altura e cabelos negros com uma pele que seria branca se não fosse tão queimada de sol. Ele está usando uma cota de malha que ganhou em um espólio da última tarefa que fizemos, uma camisa de pano e uma calça de couro. Ele também é um ótimo espadachim, treino com ele de vez em quando. Está no bando desde que nasceu, sua mãe o deixou com o pai por aqui, não entendo por que seria melhor deixá-lo com mercenários do que cercado de putas no bordel._ O que aconteceu dessa vez?

- Você não vai acreditar, o Morrice pegou a mulher do Fran, e parece que ela gostou._ ambos os dois eram meus amigos, e agora os dois eram adversários que rolavam no chão, e Morrice parecia estar ganhando essa já que era mais forte e mais velho.

- Onde está o Neville? Ele não devia está parando essas brigas? _ os oponentes se levantaram para respirar, Fran estava com o lábio sangrando e os olhos girando nas órbitas, ele tomou muito antes de ter coragem para brigar.

- Ele sumiu na floresta e ainda não voltou.

Eu teria que parar isso sozinho, aqueles dois sempre foram amigos e brigavam por causa de uma mulher? que idiotice. Não seria mais fácil procurar outra mulher? _ forcei minha passagem no meio da multidão, empurrando todos com dificuldade porque minha cabeça ainda não estava lá essas coisas.

- Vamos parar com isso agora, vocês dois._ disse puxando Fran pela sua camisa velha e toda rasgada.

- Não se meta nisso Adrien. Esse maldito roubou minha mulher.

- Não me venha com essa. Ela que veio atrás de mim, disse que a sua banha dava nojo. _ risada geral dos presentes.

- Qual é cara? E os meus sentimentos?

- Tu comeu! _ Leroy gritou do meio da multidão. Nada como risadas pra acabar com um homem.

- Realmente Fran, vocês não eram nem um casal, qual é a dessa confusão? Venha, depois procure uma mulher melhor para você._ ele se vira pra mim com cara de choro e eu o puxo com meu braço para se apoiar em mim.

Quando saímos ele estava capengando com a mão no rosto. Nós nos ajudamos por aqui, eu não ia deixar que o vissem chorando. O levei para a minha tenda, que era um pouquinho melhor que a maioria. Entramos e eu o sentei no colchão de palha.

- Senta aí que eu vou fazer um chá pra gente._ me agacho, pego minha bolsa de couro para procurar as ervas.

- Eu queria era um pouco de cerveja, você tem?_ diz o Fran ainda com cara de choro.

- Tenho, mas não vou te dar, você já tá mal, e claro, eu estou pior. _ ele limpou suas lágrimas e sorriu, finalmente controlando o choro. Coloquei as ervas na água e acendi um fogo baixo no centro da barraca e esperei.

- Então me diga, as mulheres de verdade destruíram você? Hahaha.

- Nada disso, eu ainda estou bem inteiro aqui. Só acho que eu não deveria ter bebido tanto, você sabe agora estou aqui com um porre desgraçado.

- Então a noite foi muito boa. O melhor para se esperar de um puteiro meu amigo._ disse ele gesticulando.

- Você fala como se fosse velho Fran._ a água ferveu rapidamente, peguei uma xícara de barro para ele, acrescentei um pouco de papoula para dormir e a ofereci para ele.

- Não seja idiota, sou dois anos mais velho que você.

- Como pode ter certeza? A mãe que você não conhece te falou por acaso?

- Hahaha, conheci ela sim, mas o que me faz ter certeza disso é que eu já tinha pêlos no saco antes de você quando chegou, garoto.

- Claro, claro. Tome seu chá senhor idoso._ ele pegou, examinou a aparência e provou um pouco fazendo careta.

- Isso é amargo, credo._ ele tomou um pouco mais e esfregou os olhos. Esse chá era uma velha receita que o Neville me ensinou, ótima para porres, te coloca pra dormir rapidinho com um pouco de papoula.

- Ei, você viu a Claire? Ela chegou comigo, mas sumiu.

- Não, quando me carregou ela não estava._ Fran bocejou e se deitou._ Ei, eu posso dormir aqui cara? Acho que bateu.

- Pode, você já se deitou mesmo seu merda. Fica aí que eu vou procurar a Claire.

Eu sai da minha barraca e procurei ela pelo acampamento. Primeiro olhei para ver se ela deixou o seu cavalo junto dos outros, mas não o vi, depois olhei pelo resto do lugar. Meus olhos doíam por causa da luz intensa da manhã e eu perdia o equilíbrio de vez em quando, malditas pernas! Todos os homens já haviam voltado para seus afazeres, treinando, consertando armas velhas, limpando e fofocando como comadres. Olhei para o chão e vi as pegadas do cavalo e supus que eram do dela afinal não temos tantos cavalos por aqui, e elas levavam diretamente para a floresta em volta, então adentrei as árvores seguindo seus rastros que, felizmente, ela não escondeu. Eles iam em direção a um pequeno lago que tem perto do nosso acampamento. As luzes se tornavam mais suaves quando filtradas pela folhagem e eu podia pensar melhor, tentei me lembrar da noite anterior enquanto caminhava, mas não consigo me recordar muito. Nunca mais vou beber daquele jeito. As únicas coisas que me lembro era que havia uma roda em volta de dois competidores, algumas mulheres torciam pelo mais jovem, loiro, bonito e bem vestido, que estava obviamente ganhando. O outro não estava nada bem. Ambos bem vestidos, provavelmente visitas do duque local, Odélio Clermont-Tonnerre, que haviam vindo experimentar as bebidas e outras coisas da vila. Eu chego mais perto e sou barrado por um gigante, bem, não exatamente, mas quase, dois metros pra cima e pros lados.

- Aonde pensa que vai?

- Vou parabenizar o campeão e pedir pra competir também, humildemente, também bebo alguma coisa. _ ele se virou para o loiro e perguntou alguma coisa, em seguida ele me deu sinal pra eu passar. Me sentei a mesa e ele virou pra mim e me perguntou:

- Você bebe? _ confirmei com a cabeça ótimo, então vamos ver na prática._ gostei dele nessa hora._ Parece que o meu amigo sir.Romane não aguentou muito, deve está acostumado com os vinhos do norte. Levem-no daqui._ então o monstro carregou o pobre com nome de padre para o lado de fora.

Sir Armand tinha um sorriso aberto e conversa fácil, se as mulheres o adoravam aqui imagine na corte. Minhas lembranças foram interrompidas pelas vozes baixas de Claire e Neville. Eu sai para um lago claro com flores nas margens e passarinhos cantarolando, perfeito para um encontro romântico, um daqueles lugares inóspitos proporcionados pelas montanhas. Claire me notou pois vi suas orelhas de raposa se movimentarem em minha direção, mas obviamente ela me ignorou, já Neville, o pai dela, me notou e não me ignorou.

- Talvez a rede pequena não seja suficiente para o alvo. O senhor sabe que a outra ainda não foi remendada e o lorde o quer abatido dentro de dois dias ou irá diminuir o pagamento.

- Por que não pergunta à Adrien? Que bom que se juntou a nós meu filho._ Neville estava sentado em uma pedra perto ao lago, seu rosto é marcado por algumas rugas e o seu sorriso parecia meio cansado. Ele tem um cabelo ruivo grisalho e mais comprido que o da filha, mas ele sempre o deixava amarrado, sua altura é somente um pouco menor que a minha, e ele usava uma armadura simples com ombreiras e caneleiras.

- Olá, está passando bem Neville?_ Claire botou sua cara emburrada novamente e virou o rosto, ela sempre detesta quando suas ideias são contestadas. É fácil de perceber quando ela está com raiva, pois suas caudas arrastam no chão. Pessoalmente eu acho uma pena as outras pessoas não as verem.

- Você sabe como é Adrien, a idade chegando. Mas então, o que acha?_ me sentei na grama ao lado dele.

- Acho que os rumores sobre o dragão estão um pouco exagerados, você sabe como são os camponeses. Uns dizem que tem 20 metros, outros, que tem 30. O melhor seria levar a pequena que seria mais rápido e daria conta da média desse bicho. Quem sabe ele tenha apenas uns 10 metros e os moradores estão com problema nas vistas

- Ou na língua, Hahaha._ adorava fazê-lo rir._ Então está decidido. Claire, meu anjo não tem problema ser menos cautelosa às vezes. E Adrien?

- Sim?_ a ruiva saiu com raiva para pegar seu cavalo que bebia água no lago.

- A noite foi boa? _ meu sorriso respondeu por si só.

- Melhor impossível. Como o senhor costuma dizer, uma noitada que não der porre não valeu o seu dinheiro.

- Sempre com a resposta na ponta da língua, não é? Hahaha. Então, acho melhor voltarem, vocês sabem eu gosto de ficar um pouco sozinho._ ele sempre precisava nesses tempos, Neville não aceitava muito bem a idade chegando. Olho para Claire que ja está voltando com o seu cavalo, dou um sinal com a cabeça para irmos. Já Neville se vira para observar o lago.

- Neville, Só mais uma coisa. Um mensageiro do duque veio hoje mais cedo e "comunicou a vontade de seu lorde"_ ela disse fazendo careta e revirando os olhos e me segurei para não rir._ De que o líder dos mercenários vá hoje a sua "humilde fortaleza" para ajustar os últimos detalhes e jantar. Eu disse que sim.

- Fez bem em aceitar. Os montanheses são cuidadosos com seu dinheiro, se não gostam do jeito de alguém, mandam embora. Acho que dessa vez vamos nós três.

- O quê?_ dissemos em uníssono. O senhor não pode me forçar a comer com um duque velho que vai ficar olhando pra mim de novo. E nem pense em tentar me colocar naqueles vestidos desconfortáveis._ prosseguiu Claire.

- Digo o mesmo._ ela olha pra mim sorrindo

- Como é Adrien? Você também não gosta de vestidos?

- Digo quanto a parte do duque velho e chato, não pelo vestido é claro.

- Não reclamem. Você é minha filha e precisa conviver com alguém que tenha modos à mesa. E Adrien, por favor, dessa vez vou precisar de um..._ ele deu uma certa pausa._ sucessor para apresentar._ fico sem reação e de boca aberta. Ele nunca havia mencionado nada do tipo.

- Mas pai! EU sou sua sucessora!_ disse Claire batendo o pé.

- Veja bem, nós não vamos discutir isso agora, e eles nunca acreditariam na capacidade militar de uma mulher, nisso você precisa concordar._ ela amua e cruza os braços._ está decidido. Agora vão.

Levantei e passei a mão na cabeça da Claire para ela se acalmar e ela me responde com um empurrão no ombro enquanto seguimos a trilha de volta. Ela está calada, ainda parece emburrada comigo por causa da manhã e piorou ainda mais depois dessa discussão com Neville. Então resolvi falar primeiro.

- Claire? Onde estão as chatas?_ ela suspira.

- Quantas vezes vou dizer para que não as chame assim?_ suspirou e então soube que estava de bem com ela._ Tão por ai na floresta não as vejo a uns dias. Você sabe como elas ficam inquietas com as viagem, ainda mais quando não podem ir muito longe.

- Como sei. Tenho arranhões para provar.

- Hahaha, a culpa não é delas se você enche o saco._ respira fundo de novo._ Ainda não sei por que ele prefere você._ disse ela colocando a mão no rosto._ E não venha me dizer que é porque sou mulher. Neville é meu pai e sabe muito bem das minhas capacidades, ele sempre soube mesmo antes de eu resgatar você. Mesmo agora ainda sou mais habilidosa.

- Olha ruiva, eu também não entendi._ não sei muito bem se incentivo ela ou não ou se mudo de assunto._ Não vai me ouvir dizer isso de novo, mas você vai ser uma líder melhor que eu pelo menos. Mesmo tendo essas duas... Coisas aí._ coloco as mãos em concha sobre meu peito e ela ri.

- Você é mesmo impossível Adrien. Venha, ainda tenho que arranjar algo pra vestir hoje.

- Espera! Você vai de vestido?_ exclamo chocado.

- É claro que não._ diz colocando a língua para fora._ Vou só tirar o mofo de alguma roupa.

- Ah sim.

Que merda, eu não esperaria isso do Neville! O que estou pensando? A culpa não é dele, é de todos esses homens malditos que acham que uma mulher só serve para parir e fazer comida. Que merda. Não sei como vou aguentar esse jantar, não estou de bom humor esses dias. Essa vontade de gritar me deixa muito pior. Sempre foi assim, quando Neville se encontrava com aqueles que nos contratavam para sufocar motins, caçar bruxas ou escoltar filhinhas mimadas, achavam que eu era uma puta qualquer do chefe. Bem, levantei do catre que comprei na cidade portuária de Calais e fui colocar uma das minhas blusas, essa era branca e tinha cordões na frente, gosto muito dela porque mostra os ombros e pode ficar folgada ou apertada conforme eu quiser, perfeita para qualquer situação. Vou colocar por cima o corpete que ganhei em um dos meus aniversários,, ele é preto com filigranas azuis. Pessoalmente não gosto de azul, mas Neville adora, era a cor que minha mãe usava quando se conheceram, uma das poucas coisas que já me contou sobre ela. Me olho no espelho de mão, único que eu tenho. Que droga. Meu cabelo está todo bagunçado e estou com preguiça de pentear ele. Suspiro e pego o corpete. Como vou colocar esse troço? Enquanto olho o corpete, alguém entra na tenda.

- Tá precisando de ajuda?

- Adrien? O que está fazendo aqui?_ coro, e junto o corpete aos meus peitos._ Ainda não terminei de me vestir garoto!

- Calma, eu só vim ver se você estava pronta. Neville já quer sair.

- Recado dado, pode sair, ainda não terminei aqui._ digo me virando.

- Deixe de ser chata ruiva. Venha cá eu posso te ajudar com isso aqui pelo menos. Sabe, não é só a beber que eu aprendo nos bordéis._ ele deu uma risadinha irônica, me senti envergonhada, mas não pude evitar sorrir de volta.

- Tudo bem, vem logo._ de costas estico a mão com o corpete e escuto ele se aproximando. Então ele pega o corpete de minha mão.

- E... Acho que você pode levantar um pouco os braços._ sinto meu rosto ficando quente de vergonha, respiro fundo e levanto um pouco meus braços, ele passa a mão pelos lados para colocar ele, pude senti um de seus dedos tocarem minha pele sem querer. Depois ele começa a apertar os cordões. Sim, é difícil admitir mais ele é melhor nisso do que eu. Digamos que eu não sou tão feminina quanto garotas da minha idade costumam ser, perfumes e rendas nunca foram minha especialidade.

- Pronto._ respirei fundo e ele continuou.

- Você me tocou de propósito?_ digo me virando, e vejo o rosto dele todo corado.

- Foi sem querer Claire...de verdade!_ disse ele todo nervoso._ Queria saber o que te fez usar isso logo hoje. Algum garoto bonitinho da vila?_ ele sorri de um jeito charmoso mas ao mesmo tempo desajeitado.

- Não! O que te faz pensar assim?

- Nada, só que é estranho você colocar algo tão feminino do nada. Na verdade, você nunca coloca.

- Adrien, é só que... Neville diz que eu preciso conviver mais com mulheres, como aquelas menininhas ricas e frescas que choram por quebrar uma unha sabe? Às vezes não sei se ele fica triste ou contente por eu ser o contrário disso. Então eu meio, hum... Pensei que talvez um meio termo fosse bom._ suspiro novamente. Ele segura minha mão.

- Ei Claire... eu acho que, bem, você pensa muita besteira. É meio óbvio que ele gosta de você do jeito que você é. E deve ser meio estranho ter uma filha que mais parece um garoto, mas sério, ele faria tudo para ver você feliz.

- Como? Você acha isso mesmo?_ ele confirma com a cabeça e me dá um sorriso. Pulei no ar e então abracei ele tão forte que o tirei do chão. Por que eu fiz isso?

- Você é o melhor irmão do mundo Adrien!_ beijei sua bochecha e o soltei. Ele está parecendo um tomate de tão vermelho. Acho que eu também estou envergonhada, agora que parei pra pensar. Nós nos conhecemos mais velhos e tudo, então não tivemos essa intimidade, e ele sempre foi distante quanto a contato físico que não envolva hematomas ou sexo. Ele coçou a cabeça e deu um passo pra trás.

- Também não precisa disso tudo Claire. Você está muito estranha ultimamente, é a febre da lua ou o que?_ ele quase não me chama desse jeito.

- Não, você não precisa saber dessas coisas. Apenas mulheres.

- Eu sei, mas algumas já me falaram disso, então...

- Não enche. Vá agora e diga que estou quase pronta. Só falta pentear meu cabelo.

- Realmente estranha._ ele saiu rindo e eu gritei de volta:

- Pensa que sou algum tipo de freira ou algo assim? Credo.

Às vezes é bom conviver com ele, é sim.

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