1 Prólogo

- Asgard -

Já fazia mais de seis meses que Fenrir tinha quebrado a corrente Leyding deixando todos os aesires surpresos e nervosos com a força do lobo que, apesar de ser muito novo, já tinha a minha altura estando em quatros patas. Leyding foi um grilhão que os anões forjaram de suas mais puras habilidades e materiais, sendo quase tão forte e pesado quanto o martelo de Thor. Pelas próprias palavras dos anões, a única diferença era que o martelo tinha magia imbuída, o que deixou sua resistência ainda mais poderosa que qualquer material dos nove reinos.

A algum tempo atrás, Odin viajou com sua esposa Frigga para Nidavellir, a terra dos anões, deixando todos os aesires preocupados com sua ausência e como ele resolveria o grande problema do lobo, sem incluir Bragi é claro que quase não sai de sua casa, provavelmente tocando sua harpa e compondo poesias para sua mulher. Blegh! As vezes duvido que seja um dos nossos. Também tem Loki, que desaparecera depois do que Odin fez com os filhos dele.

Eu colocaria Freya no mesmo saco que Bragi por não ligar com o que acontece do lado de fora, enfiada no palácio de Folkvang, treinando seus einherjar, os guerreiros mortos nos campos de batalha. Por mais que ela seja uma Vanir, sua força se equipara aos aesires, e por mais que eu não goste de admitir, consegue ser mais forte que alguns de nós.

Aah...pelos deuses... Freya está tão deslumbrante. Os raios de sol que batem na sua pele rosada enquanto ela se esquiva dos golpes dos einherjar, e os seus cabelos longos e dourados cintilantes se movendo junto com o corpo. O sorriso que ela dar ao acertá-los e tão lindo com seus pequenos lábios, o jeito que seus olhos azuis claro prestam atenção em cada movimento deles era algo bonito de se ver.

Ainda me pergunto porque ela tem uma certa obsessão pelo dourado mas tenho que admitir que eles ficam muito bem nela. Seu colete de ouro maleável que imitava penas de aves, descia até um pouco abaixo de seu quadril onde penas maiores iam até o meio de suas pernas, na cintura ficava um cinto de couro com detalhes prateados realçando sua cintura, e mais abaixo no seu quadril outro cinto que fica a bainha de sua espada. No final do colete, por sua vez, descia seu manto mágico feito de penas de gavião, que cobria suas costas e seus ombros e descia até um pouco acima dos joelhos cobrindo somente suas partes íntimas e a sua bunda deixando assim as laterais de suas pernas à mostra. Em seus braços ela usava braceletes de prata que terminavam um pouco antes dos cotovelos, usava também botas de couro, com detalhes dourados combinando com seu colete.

Ela treinava algumas mulheres e homens que acabaram de chegar de midgard, já fazia algum tempo que não haviam guerreiros novos por aqui. Ela enfrentava um de cada vez, depois duplas e trios. Seus movimentos em combate eram muito precisos e habilidosos mas sobretudo graciosos, quase como uma dança. Depois de derrotar praticamente todos os novatos que chegaram ela vira o rosto para a porta e tenho certeza que ela não esperava ver nada lá, mas para sua infelicidade eu estava aqui.

- Ei Tyr, o que está fazendo aí na porta?_ eu já estava parado aqui a mais ou menos uns quarenta minutos a observando e somente agora ela me percebeu.

- Estava esperando você se dar conta que não existe somente seus Einherjar por aqui em Asgard._ ela dá um sorriso de lado, guarda a espada na bainha e vem em minha direção.

- Não é somente isso, não é verdade? _ assenti _ Aliás, a quanto tempo está aqui?

- Eu não sei, acho que quase uma hora.

- Ah, me desculpe não ter percebido que você estava aqui a tanto tempo para me ver. Não que eu tenha o ignorado de propósito esse tempo inteiro._ ela termina de falar e dá um sorriso de lado. É impressão minha ou ela está brincando com a minha cara? Ela da um sinal para um dos guerreiros._ Vocês aí me tragam duas cadeiras, e alguma coisa pra comer. Então, me diga o que você quer Tyr._ ela se encosta na porta de madeira da entrada me imitando, só que do lado oposto, jogando o cabelo para o lado e olhando em minha direção, ela levanta a sobrancelha direita esperando minha resposta.

- É sobre Odin. Você não acha que as ações dele não estão sendo um pouco exageradas? Digo, você viu o que ele fez com os filhos de Loki. Tudo isso por causa de um suposto futuro visto pela sua esposa. Você sabe... Será que ela realmente tem essa habilidade ou são somente coisas da sua cabeça? Não acha que os dois estão um pouco obcecados com isso?

Freya me olhou com certa dúvida em seu olhar. Se virou para o campo do lado de fora do seu palácio quando chegou duas de suas guerreiras, uma segurava as cadeiras em cada mão e a segunda com uma bandeja onde estava disposta pão e vinho e alguns bolinhos.

- Acho melhor conversarmos direito lá fora. Vocês duas levem as cadeiras para o jardim.

Dessa forma seguimos os quatro para o jardim, com Freya à frente sem dizer uma palavra, provavelmente pensando no que eu disse. Enquanto ela pensava, eu provei um dos bolinhos e cuspi na hora. Imagine mamar nas tetas secas de uma centenária! Essa coisa era horrível, acho que nem Odin sabe a quanto tempo isso estava guardado. Peguei minha caneca de vinho e dei uma boa golada pra tirar o gosto ruim da boca.

Quando chegamos ao jardim, que por sinal não tinha mudado muito desde a última vez que o vi, parecia como qualquer outro lugar do lado de fora de Folkvang. As duas deixaram as cadeiras e colocaram a bandeja no chão no meio de nós dois e se retiraram. Freya ainda parecia pensativa, pegou um pão da bandeja e começou a comer olhando para o jardim a nossa frente com o olhar perdido. Durante um longo tempo o silêncio prevaleceu, onde mesmo seus dois linces apareceram procurando-na. Quando eles chegaram vi uma leve felicidade tomar o lugar da distração em seu rosto, com ela saindo da cadeira e se acomodando na grama para dar carinho a seus animais.

- Me responda Freya._ falo em um tom de pressa. No mesmo instante, ela para de dar carinho para eles e me olha nos olhos.

- Eu não sei o que dizer Tyr, mas você é muito corajoso por falar assim de Odin e sua esposa. Realmente não sei o que lhe dizer sobre esse assunto. Você sabe, e se ela conseguir ver mesmo um futuro não muito distante? Frigga não dorme a dias depois que sonhou com a morte de seu filho Balder, imagine.

- Ai que está! Até agora não aconteceu nada com o garoto, e nem vai acontecer mesmo depois de ela usar aquela magia para deixá-lo invulnerável a tudo. Como alguma coisa ainda pode acontecer a ele?_ Ela franziu o cenho e tirou os olhos de mim.

- Você realmente pode está certo Tyr, mas também tenho medo, e se estiver errado?_ Ela me pareceu muito abatida e triste, seus linces começaram a lambê-la._ Obrigado meus pequenos. Eu realmente não acho que Odin agiu certo em fazer aquilo com os Filhos de Loki. Eu não sei nem onde o pobre Loki está. Coitado dele. Ter perdido os filhos logo depois da separação com sua esposa._ Freya parecia querer chorar, ela estava segurando as lágrimas.

- Me desculpe Freya._ Levantei da cadeira e estendi meu braço em sua direção._ Segure minha mão. Ela olhou pra mim com um rosto muito triste, e sorriu.

- Obrigado Tyr._ Ela segurou minha mão muito forte e eu a levantei para lhe dar um abraço apertado._ Tyr, eu não consigo imaginar a dor de Loki..._ ela começa a soluçar._ Se eu...perdesse...um dos meus...filhos... eu não saberia o que fazer Tyr... Eu já perdi meu marido..._ Ela não conseguia mais falar nada, estava caindo em lágrimas e soluçando ainda mais forte. Nunca tinha a visto desse jeito. A seguro mais forte e a faço carinho em sua cabeça para acalmá-la.

- Me desculpe Freya. Vai ficar tudo bem._ a levei para a cadeira ao lado e a fiz sentar. Me ajoelhei em sua frente e segurei em sua mão._ Não fique triste Freya.

Eu não sabia mais o que dizer para ela, então peguei a caneca de vinho dela que não tinha sido nem tocada ainda e a dei.

- Beba um pouco._ ela limpa as lágrimas de seus olhos e segura a caneca com a mão direita. Ela tenta falar algo, mas eu coloco meu dedo em seus lábios macios e trêmulos por causa do choro._ Não precisa dizer mais nada Freya, não precisa se desculpar por nada._ Seus olhos voltam a ficar vermelhos como se fosse cair no choro novamente. ela segura minha mão com seu braço esquerdo e a traz para sua bochecha e começo a fazer carinho em seu rosto que estava muito vermelho.

- Preciso ir ver Hodr, Freya, ele também pode ver o futuro mais distante mas é muito melhor que Frigga que só profetiza através de sonhos._ Me levanto e me viro de costas quando escuto um sussurro.

- Obrigado Tyr... _ paro de andar por um instante mas não me viro, e então sigo caminho para a casa de Hodr.

Depois de andar um pouco, me lembro que não terminei de tomar o ótimo vinho Vanir, mas acho que cairia melhor uma cerveja. Que merda, eu também não comi o pão! Bem, deixa pra lá cheguei na casa de Hodr. Bato na porta e escuto alguns passos na casa. Depois de alguns segundos ele abre a porta.

- Quem é? _ Hodr não gosta muito de sair de casa por causa de sua visão, já que ele é cego.

- Sou eu, Tyr._ ele dá um pequeno sorriso.

- Ah sim, Tyr._ fala se afastando da porta e dá o sinal para mim entrar._ Não esperava a visita de ninguém. Na verdade ninguém me visita a um bom tempo.

- Vim solicitar sua ajuda. Preciso saber sobre certos acontecimentos futuros._ ao ouvir isso seu pequeno sorriso se desfez em seu rosto.

Hodr tem aparência velha com cabelos e barba muito longos e brancos, corpo esquálido e tez pálida, aparentando ser muito mais velho do que realmente é, e mesmo que ele tenha nascido com essas características e seja bastante fechado, basta prestar atenção em como se move pela casa para sentir a energia do homem. Sua túnica velha está suja de poeira e molho, mas a venda em seus olhos é nova e bem amarrada. O sacana ganhou um pouco de barriga desde de a última vez que eu o vi.

- Espero que seja algo muito importante. Todos vocês só me procuram para saber coisas fúteis._ ele fecha a porta com raiva e caminha para uma poltrona em frente a lareira._ Eu sei que não trouxe nada para comer Tyr, você é realmente o mais corajoso dos deuses. Mas devo lembrá-lo que não faço serviços de graça e nem por motivos fúteis.

- Posso lhe trazer o que quiser depois Hodr, mas o que quero saber é muito importante para mim._ sua expressão não mudou nem um pouco.

- Acho que posso confiar na palavra do grande Tyr._ ele dá um bom sorriso._ Sobre o que quer saber?

- Quero saber o que acontece com o grande Fenrisulfr._ somente eu o chamo desse jeito, pois somos grandes companheiros.

Ele pondera por alguns instantes e me previne:

- Não lhe garanto que o que verá será bom, ou quando acontecerá, sabe disso, não sabe?

- Não me importo, eu preciso saber mais._ Hodr sentado em sua poltrona pega seu arco que estava ao seu lado.

- Fenrisulfr não é? Mesmo ele sendo maior e mais forte que qualquer lobo que venha a aparecer na face das nove dimensões._ ele segura seu arco e pega uma flecha e assume a posição de tiro. No mesmo instante e que ele puxa a corda dando pressão na flecha. Na direção onde ele está apontando, o tecido material se rompe no formato de um círculo onde as bordas em branco se misturavam ao negro e nas pontas como água suja se misturando a limpa e dentro do círculo varias cores vivas se mexiam. Assim sendo ele disparou a flecha dentro daquela pequena fenda no mesmo instante que a flecha atravessou ele materializou uma corda de ether no rabo da flecha e a segurou e a fenda se desfez junto com a corda._ Muito bem, chegue mais perto Tyr. Vou lhe contar o que acontecerá com o "lobo Fenrir"_ chegando perto dele ele começa a falar._ Ele está cercado por Thor, Frey e Uller. Fenrir está no chão confuso, algumas pessoas que não conheço tentam protegê-lo e lutam ferozmente. São três deuses contra dois mortais um deles mestiço com uma criatura mágica. Mas... O que é isso?_ Hodr franze o cenho como se não entendesse o que está acontecendo.

- O que foi Hodr? Fenrisulfr está bem? Me fale!

- Aparentemente um deus desconhecido está enfrentando Thor e Frey ao mesmo tempo, mas ele parece cansado. eles se confrontam em uma uma escada na subida de uma montanha não sei dizer onde._ ele fica em silêncio.

- Isso é tudo Hodr? como você não sabe onde é essa montanha?!_ O que e isso... fiquei mais confuso do que informado. que merda.

- Infelizmente isso é tudo... Agora eu quero que me traga Um porco inteiro assado._ dei tapinhas no ombro dele.

- Está bem Hodr. Lhe trago qualquer Hora._ falei enquanto caminhava em direção a porta.

- Nidavellir, montanhas de cristal -

Fenrir era mesmo tão poderoso igual as visões de Frigga? Isso ainda se passava na minha cabeça. Mesmo se não fosse, eu não poderia deixar-lo fazer o que bem entende em Asgard, um animal filho de loki, o que esperar? Eu não posso colocar tudo em risco por causa dele.

- O que foi Odin? Está muito pensativo nos últimos dias._ Minha esposa Frigga. Sempre preocupada com todos.

- Estou preocupado se esses anões vão conseguir fazer algo mais forte para prender aquela fera. Você sabe já estamos aqui a alguns dias._ Frigga se aproxima de mim e abraça meu braço esquerdo.

- Fique calmo, Alvis disse que tinha uma solução mas que precisam de tempo para fazê-la.

- Alvis é somente mais um como todos os anões, quando terminar de fazer seus serviços irá me cobrar uma quantia absurda de pedras preciosas. Eu deveria fazer deles meus escra..._ Frigga puxa meu braço. E me olha de um jeito descontente.

- Pare de falar besteira, não faz nem seiscentos anos que saímos de uma guerra contra os Vanires e você já que iniciar outra? não seja tolo! Estamos muito bem sem problemas com os outros mundos, obrigado! _ela termina e larga meu braço claramente com raiva. _ vou olhar como está sleipnir. É a primeira viagem dele entre os mundos e já faz um tempo que não o vemos. Deve está se sentindo sozinho coitado. _é só um cavalo Frigga eu penso, mas não quero falar mais nenhuma besteira.

- Leve alguma comida pra ele. _ digo em tom ríspido.

- Deixe comigo.

Depois de um tempo sozinho em um quarto úmido e pequeno cedido pelos anões, decido sair para ver como estava a forja. Os corredores frios e o teto baixo de suas cavernas torna cansativo a caminhada mais do que deveria, o que obviamente me incomoda um pouco. No meio do caminho dou de cara com Eitri.

- Estava atrás de você Odin, Pai de todos,, me mandaram buscá-lo. Alvis vai lhe explicar o que criamos. _ Eitri, mede no máximo um metro e vinte centímetros, mas não se engane pelo tamanho pois seu corpo é cheio de músculos e cicatrizes, protegidos por uma armadura simples com ombreiras e cinturão de aço, luvas e botas de couro. Tudo obviamente criado por ele mesmo e meio escondidos debaixo da barba espessa.

- Então me guie, Eitri. _ ele me olha, e confirma com a cabeça.

Depois de andar um pouco pelos corredores, chegamos a uma sala grande com uma mesa no centro, Alvis estava na ponta mais distante com os anões Brokk e Andavari à sua esquerda e direita respectivamente. Fjalar e Gallar também se encontravam num canto perto de alguma coisa estranha e coberta, ansiosamente olhando para ela. Somente os melhores anões trabalharam nessa forja, algo muito especial deve sair. Mas fico preocupado com o preço que isso irá me custa.

- Pai de todos._ viro meu rosto para Alvis, ele tem um rosto triangular com uma pequena barbicha dos lados do rosto e cabelos que procuravam os céus como uma montanha. Ele usava um macacão de pano e andava descalço.

- Alvis. Diga-me o que você construiu. _ ele dá um sorriso de orelha a orelha e se levanta.

- Como sempre direto ao assunto, e assim que eu gosto! _ escuto uma tosse do outro lado da sala e Vejo os filhos de Ivaldi, e me assusto pois não os vi. eles apontam os dedos enquanto caminham na direção da pequena silhueta coberta.

- NÓS construímos isso Alvis. _Alvis olha para os dois virando a cabeça e franzindo o cenho.

- Que seja, eu dei a ideia._diz dando de ombros._ Chegue mais perto e venha ver Odin! _ ele tira o pano que cobria, e o que estava de baixo era uma espécie de dispositivo estranho. Conforme eu me aproxima dava pra ver que era feito de um metal meio esbranquiçado e liso. _ isso aqui é a nossa obra prima._ Olhei melhor e vi que no meio havia um vidro e dentro uma espécie de líquido que continha um bebê.

- Isso é sério Alvis? Um Bebê?_ Ele está brincando com a minha cara. Me viro para ele e o seguro pela roupa e o levanto. _ Me diga seu maldito anão! Como você espera que um bebê contenha aquela besta? Me diga!

- Odin!!! Coloque-o no chão agora! Não é possível, eu saio por alguns minutos e você já está querendo matar os outros!_ escuto a voz de Frigga irada atrás de mim, e depois de ouvir suas palavras o solto o deixando cair de bunda no chão. Ela se aproxima de mim e me solta um olhar fumegante, envergonhado viro o rosto e dou um passo para trás. _ você está bem Alvis? me desculpe por ele agir assim. _depois escuto ela sussurrando algo em seu ouvido em seguida os dois dão uma risadinha. olho para e ela Frigga está levantando ele. _agora nós conte como exatamente esse bebê vai nos ajudar.

- Obrigado Frigga. _depois de falar ele olha em minha direção com o rosto franzido. Para vocês deuses, pode até parecer um bebê normal mas não é bem assim. Ele é o que vocês me solicitaram: a prisão perfeita para qualquer ser.

- Explique isso direito. _ me aproximo novamente._ você conseguiu minha atenção agora continue.

- Nós o fizemos como uma esponja viva, quando eu estava pensando no projeto para essa prisão "inescapável" assim que você me pediu. Você queria algo que ele não pudesse destruir. E eu pensei e se a prisão fosse seu próprio corpo?_o sacana dava um sorriso cheio de orgulho, assim como seus confrades.

- Continue.

- Eu criei uma nova versão dos seus Einherjar, todo o tecido da pele desse bebê é imbuído do mesmo cristal, na verdade uma versão mais forte da qual você usa agora. Em teoria ele é capaz de sugar uma alma mesmo de um corpo ainda vivo. Bem, você sabe. EU fiz alguns testes e deu certo. _eu estava certo em pedir essas coisas aos anões. Eles são muito espertos. _ Só tenho uma pergunta Odin.

- Diga.

- Se você quer tanto se livrar dele, porque não o mata?

- Então Alvis meu amigo, eu não posso matá-lo pelo mesmo motivo de eu não poder matar Loki, nós temos uma relação além desse tipo de coisa entende? É complicado, mas as coisas vão entrar nos eixos. _ ele me olha com dúvida. Mas não diz nada, assentindo em seguida. Ele dá um sinal para Brokk que ele aperta algum botão fazendo assim o líquido sair. Logo depois de esvaziar o recipiente na qual estava o bebê ele começa a chorar. Eitri chega logo depois e entrega para mim e para Frigga duas luvas de um material estranho.

- Coloquem essas luvas e estiquem as mangas da roupa, não podem deixá-lo tocar diretamente em vocês. _ nós dois fizemos o que Alvis falara. E primeiro Frigga o pega, sinto o medo de algo dar errado, felizmente nada acontece.

- Olhe para ele Odin, tão fofo com seus cabelos castanhos. _Quase como um passe de mágica, o bebê para de chorar e começa a sorrir nos braços de Frigga. Quando me aproximo para vê-lo de perto ele me olha com seus olhos negros como a noite e parece querer chorar novamente.

- Espero que isso funcione Alvis.

- Ele vai _ ele responde quase me interrompendo

- Que assim seja. Vamos Frigga _ eu me viro e vejo Fjalar e Gallar na porta.

- Não me entenda mal Odin, nós não podemos deixá-lo ir sem pagar antes entende, negócios. Ao contrário do presente que demos a vocês, isso nos braços dela não é mais valioso, e perigoso. _ só conseguem pensar nisso? malditos anões.

- Nós? _ digo rispidamente e me viro na direção dele. _ pelo o que eu saiba eu contratei somente os seus serviços AlVis não de todos esses outros aqui. _ ele força um sorriso e olha para os outros na sala.

- É isso mesmo Alvis? você acha que não vale a pena nós pagar pelo nosso trabalho?_ Disse os filhos de Ivaldi.

- Ele só pode está caçoando da nossa cara! _ falaram Brokk e Eitri.

- isso não é verdade não é Alvis? _ disseram em coro Fjalar e Gallar. Nervoso Alvis se aproximou de mim.

- Vamos Odin, não brinque com isso. Me ajude. _ disse sussurrando. Puxo um pequeno saco e gotejo várias cópias mais fracas do meu anel Draupnir, que consegui inclusive em um golpe de sorte de Eitri e Brokk a muito tempo, e o coloco na mão de Alvis.

- Acho que vocês podem dividir o prêmio agora.

Sigo caminho para fora das minas pensativo se isso realmente irá funcionar, não sei o que eu vou fazer se não funcionar. Na verdade não sei nem dizer se tomei a decisão certa. Infelizmente não tenho tempo para pensar nisso, preciso seguir em frente. Saindo das minas vejo dois anões trazendo Sleipnir que parecia bem como sempre, apesar de um pouco inquieto com suas oito patas batendo no chão, foi uma cena muito engraçada pois a cada batida de patas no chão os anões faziam esforço para manter o equilíbrio.

- Chega, podem soltá-lo. _eu digo em voz alta, segurando o riso e mantendo o rosto sério. Quando Sleipnir escuta minha voz e os anões o soltam ele vem em minha direção trotando devagar. Nos rodeando ele relincha feliz e curioso com o que Frigga traz nos braços.

- Não deixe ele encostar no bebê Frigga. _ela me escuta e assim cobre o bebê com um tecido grosso. Sleipnir depois de cheirá-lo fica ainda mais inquieto. Me aproximo dele e lhe dou carinho no focinho para acalmá-lo enquanto ajudo Frigga a subir, depois subo também._ Vamos.

- Asgard, Floresta ao redor do grande muro -

As vezes sinto faltas das grandes florestas de gelo de Niflheim e seu clima congelante e vívido, principalmente de minha mãe e irmãos. Depois de andar bastante para dentro da floresta, escuto sons ao longe, espero que seja um animal grande. Quando vou me aproximando já consigo distinguir o cheiro comum de um cervo. A caçada nessas florestas nunca são emocionantes. Em um piscar de olhos eu já rasguei a garganta do cervo em uma mordida. Mas quando olho para o corpo já morto não sinto vontade nenhuma de comer, só consigo pensar em coisas confusas. Onde estão meus irmãos? Por que a minha mãe deixou que eles nos levassem?

Seguindo meu caminho pela floresta ao longo de um desfiladeiro por onde corre o Rio Van, após algum tempo há um lago com uma pequena ilha. Eu amo os ventos que percorrem por aqui, o sentimento de liberdade, mas principalmente a quietude. Sem ninguém para me olhar daquele jeito. Posso ser quem eu quiser. Apesar de tudo me sinto deslocado e sozinho. Porque os Deuses não me trazem mais coisas para quebrar? sou muito bom nisso, minha força é incomparável a qualquer um deles.

O tempo passou e já é noite, a lua está cheia, quase no meio do céu noturno. Escuto os sons das corujas e de vários outros animais vindo da floresta atrás de mim. Os Deuses, será que eles me temem porque sou mais forte que eles? Na maior parte do tempo acho que não, isso é besteira. Quando a Lua chega em seu ponto mais alto do céu começo a sentir o cheiro de alguém conhecido trazido pelo vento, mas prefiro não me levantar, estou cansado. Depois de um tempo a luz de sua tocha começa a iluminar a clareira perto do desfiladeiro.

- Ei amigão! O que faz aqui por aqui sozinho ?_ ele se aproxima de mim, passa a mão em minha cabeça e começa a fazer carinho, que eu levanto instintivamente._ Você realmente gosta daqui não é? Me diga o que você acha do céu de Asgard?_ olho no fundo dos seus olhos e viro a cabeça.

- Você sabe o porquê de eu gostar de ficar sozinho. Sim, eu adoro esse desfiladeiro me traz tranquilidade. Já sobre o céu daqui, ele é bonito eu diria, nada mais nada menos. _ ele se afasta um pouco e finca a tocha no chão.

- Só isso? Quando passo noites em claro gosto de ver o céu noturno principalmente a lua daqui é muito linda comparada com os outros reinos. E as estrelas então? não tenho palavras para descrevê-las. _ me levanto e sento de frente pra ele.

- Acho que tudo que tenho a dizer você já disse. Também acho a lua linda, principalmente por causas das estrelas. Na minha opinião a lua não seria nada sem as estrelas que a acompanham. começo a me sentir empolgado e levanto novamente começando a dar voltas em torno dele.

- Sabe Fenrir, você... Digo estou preocupado com você. _ ele não vira o rosto para olha em minha direção. Não é comum dele, o único deus que não tem medo de mim.

- Diga o que lhe incomoda Tyr? Eu estou bem._ ele se levanta e abraça meu pescoço.

- Você não tem comido direito não é? Você sabe também que não pode ficar saindo para as florestas de fora do muro de Asgard. _ ele me solta e se afasta um pouco. _ Vou pegar lenha pro fogo, já volto. _ e começa a andar rumo a floresta.

- Espere eu vou com você! _ dou um salto para pegar a tocha do chão com a boca e outro para ir para o lado dele. Ele pega a tocha sorri._ Como você ia pegar lenha sem luz? vamos, vou lhe fazer companhia._ sem dizer nada ele assente com a cabeça.

Conforme andávamos pela floresta o silêncio se estabelecia por onde passavamos, e isso parecia me corroer por dentro. Tyr ia recolhendo pedaços pequenos de galhos pelo caminho.

- Ei Tyr, está com fome? _ ele olha para mim.

- Estou sim como adivinhou? _ eu já vinha escutando a um bom tempo a barriga dele fazendo barulhos. Bem eu não iria dizer isso pra ele.

- Intuição eu acho. _dou um pequeno sorriso de lado para ele.

- Que seja. Você consegue pegar algo por aqui? Digo...já está de noite.

- Claro que consigo, isso é brincadeira de criança pra mim. Você pode continuar pegando a lenha e eu já volto._ mal termino de falar e começo a correr em direção ao cervo que matei mais cedo com algumas farejadas eu já sabia exatamente onde ele estava e com a mesma facilidade que foi pra farejar foi para encontrá-lo. Sem demorar dez minutos eu encontrei Tyr voltando para o desfiladeiro com a lenha em uma mão e a tocha na outra.

Passei por ele correndo com o cervo em minha boca e o soltei em sua frente.

- Veja, eu disse que conseguia. Surpreso?

- Bom garoto, agora vamos comer muito bem. _ ele me disse com um sorriso no rosto. Eu abocanhei o cervo novamente e fui correndo até a ponta do desfiladeiro e o joguei perto de uma das árvores que tinha por ali, em seguida deitei esperando por ele. Três minutos depois ele aparece.

- Você está mais forte e mais rápido a cada dia. Nem parece o mesmo lobo de um mês atrás. _ enquanto ele falava ele acendia a fogueira e eu limpava minha boca do sangue do cervo.

- Você está delirando? Ou a fome está lhe fazendo delirar?

- Talvez seja isso mesmo, vamos comer. _ Ele saca sua espada da bainha e começa a tirar pedaços de carne do cervo. Depois de um tempo cortando agora ele coloca a carne para assar no fogo em gravetos de madeira em volta da chama.

- Não deixe muito no fogo se não perde a graça. _ digo para ele.

- Ok, ok. _ ele me responde atiçando o fogo com outro graveto maior. Depois de um tempo com a carne no fogo ele separa os pedaços de cada um me dá uma carne um pouco assada, mas sangrando por dentro. Não sei dizer qual é o melhor jeito de comer uma carne, mas sem dúvida comer com um amigo a deixa ainda mais saborosa.

Depois de terminar de comer, ficamos os dois em silêncio, coloquei minha cabeça sobre as minhas patas cruzadas.

- Fenrisulfr? _ levanto minhas orelhas primeiro e logo depois minha cabeça.

- Diga Tyr.

- Odin solicita sua presença na grande morada dos Deuses. _de novo Odin me chamando, será que ele me trouxe outras coisas para quebrar?

- O que ele quer comigo? _ Tyr não olhava no meu rosto.

- Ele trouxe algo pra você de Nidavellir e quer sua ajuda para saber se é tão resistente quanto os anões disseram que seria. _ dou uma gargalhada, eu sabia que ele ia trazer algo para mim.

- Espero que seja algo mais resistente que aquelas correntes frágeis de antes.

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