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Será que Ele Sente a Mesma Coisa?

Helena narrando...

Descendo no elevador, percebo que esqueci de perguntar a Rafael onde fica o andar da redação. Que idiotice a minha! Agora vou ter que voltar até a recepção e admitir minha falta de atenção para descobrir onde fica o bendito andar da redação.

Ao sair do elevador, sou recebida por um homem notavelmente atraente. Alto, com um porte atlético e óculos escuros que acentuavam seu charme, ele retira seus óculos, seus olhos encontram os meus. Penso comigo mesma: "Será que só tem homens bonitos neste lugar?".

— Nunca te vi aqui, você parece perdida. — murmura ele para mim.

— Me chamo, Helena. É meu primeiro dia de trabalho. Eu não sei onde fica o andar da redação.

— Prazer, Helena. Me chamo Gustavo. Eu trabalho na redação, sou um dos editores. Posso te acompanhar até lá. Rafael acabou de me mandar mensagem falando sobre você.

— Ótimo, Gustavo. Obrigada! — respondo, tentando manter uma postura profissional.

Enquanto subimos no elevador, Gustavo quebra o silêncio.

— Então, Helena, de onde você veio? — pergunta ele, com um tom casual.

— Eu sou de Brasília, mas acabei de me mudar para São Paulo para trabalhar aqui no Pulso Jornalístico. — respondo, tentando manter a conversa leve.

O resto do trajeto até a redação é feito em silêncio, mas não é desconfortável. Sinto-me grata pela companhia de Gustavo, que está me ajudando em um momento de necessidade.

Finalmente, chegamos ao andar da redação. Gustavo me acompanha. Sinto-me um pouco mais confiante agora.

Ao entrar na redação, sou recebida por uma agitação frenética. Jornalistas correm de um lado para o outro, digitando freneticamente em seus computadores e discutindo animadamente sobre as próximas pautas. É um ambiente vibrante e cheio de energia, e sinto-me empolgada para fazer parte disso.

Gustavo me conduz até minha mesa. Ele me apresenta à equipe: 

— Helena, deixe-me apresentar alguns dos membros da equipe. Está aqui é Júlia nossa outra editora.

— Prazer em conhecê-la, Helena. Bem-vinda à equipe. 

— Obrigada, Júlia. Estou animada para começar a trabalhar aqui.

— E aqui temos Benjamin, um de nossos repórteres investigativo. Benjamin, esta é Helena.

— Olá, Helena. Estou ansioso para trabalhar com você e Jonathan no caso das eleições.

— Olá, Benjamin. Mal posso esperar para contribuir com a investigação.

— E este é Miguel, nosso fotógrafo. Miguel, conheça Helena.

— Prazer em conhecê-la, Helena. Se precisar de fotos para suas matérias, estou à disposição.

— Helena tem mais pessoas para você conhecer como a editora de vídeo, mas ela não está aqui. Ao passar do tempo você vai conhecer todos.

— Muito obrigada, Gustavo. Estou ansiosa para colaborar com todos vocês.

— Aqui estão algumas informações sobre o caso que você e o Jonathan vão investigar juntos — diz Gustavo, indicando os documentos.

Começo a revisar os documentos, absorvendo o máximo de informações possível. Enquanto trabalho, não consigo deixar de pensar no encontro de John com o tal de Alexander. Espero que tenha dado tudo certo.

Ao revisar os documentos na minha mesa, sinto-me cada vez mais perplexa com a complexidade do caso das eleições montadas por John. É como se eu estivesse tentando montar um quebra-cabeça sem a imagem final, com peças que pareciam não se encaixar.

Lembro-me da conversa com Otávio, o ex-membro da comissão de apuração dos votos em Brasília. Ele foi quem me alertou sobre uma possível fraude na apuração dos votos, uma informação crucial que agora parece ser uma peça fundamental do quebra-cabeça.

Enquanto mergulho nos documentos, tentamos conectar os pontos, relacionando as informações fornecidas por Otávio com os detalhes apresentado por John. Escuto uma voz masculina me chamando. É Gustavo, ele interrompeu meus pensamentos com um convite para almoçar. Sinto-me aliviada por uma pausa, mas a preocupação com John persiste.

— Estou preocupada com John ele não chegou ainda. — confesso.

— Não se preocupe, Helena, vamos? — Gustavo oferece seu apoio.

— Ok, vamos então. Eu não conheço nada aqui mesmo. — sigo ele em direção à saída.

Indo em direção a saída tropeço em meus próprios pés e caio, minhas duas mão e meus dois joelhos estão no chão, levanto a cabeça. Meu olhar fixa no homem que está na minha frente. Um homem bastante bonito estava diante de mim, que estendia sua mão para me ajudar a levantar. Ele está vestido em um fino terno azul marinho, camisa branca sem gravata, cabelos loiros, e olhos azuis.

— Você está bem? — ele pergunta, sua voz soando gentil enquanto me ajuda a me levantar.

— Estou bem, sim, obrigada. — respondo, sentindo meu rosto esquentar de vergonha ao perceber minha desajeitada queda.

Agora que estou de pé vejo o quanto ele é alto, deve ter 1,90.

— Meu nome é Wesley Albuquerque.

Sobrenome Albuquerque, deve ser parente do Rafael.

— Muito prazer em te conhecer, Wesley. Meu nome é Helena. — respondo, tentando esconder minha constrangida timidez.

— Ah sim. Você é a Helena de quem o Rafael me falou. — diz ele, confirmando-me.

— Acho que sim. — sorrio, concordando timidamente.

Wesley oferece um sorriso reconfortante, dissipando um pouco da minha vergonha.

— Parece que você está bem. Posso te levar até a recepção, se precisar de algo mais?

Agradeço a gentileza de Wesley e digo que estou com Gustavo.

— Ah sim. Oi Gustavo. Tudo bem?

— Tudo Sr. Wesley.

— Você sabe, Gustavo, apenas Wesley, por favor, não precisa toda essa cordialidade.

Ele se despede de nós e eu vou com Gustavo. Seguimos em direção à saída, deixando para trás a redação movimentada e mergulhando na calma relativa do corredor do prédio. Gustavo parece perceber minha hesitação e decide quebrar o silêncio.

— Você está se adaptando bem até agora? — ele pergunta, com um tom gentil.

— Estou tentando. Ainda é um pouco esmagador, mas acho que com o tempo vou me acostumar. — respondo, tentando manter um sorriso confiante.

Enquanto caminhamos em direção ao restaurante, Gustavo continua conversando, ele compartilha como foi seu primeiro dia de trabalho.

— Eu tinha acabado de começar como editor na redação. Aquele primeiro dia estava cheio de expectativas e nervosismo. Tudo parecia correr bem até que, ao entrar na sala de reuniões para uma apresentação, tropecei no cabo do projetor e derrubei a tela bem na frente de todos.

— Nossa! Sério? — pergunto enquanto racho de rir.

— Sério! "Que começo", pensei, enquanto tentava manter a compostura diante daquela situação embaraçosa. Os olhares de surpresa e risos contidos ecoaram na sala, e eu só queria que o chão se abrisse e me engolisse naquele momento.

Gustavo sorri, e seu olhar parece mais caloroso. É bom compartilhar momentos engraçados como esse, especialmente em um ambiente tão movimentado como a redação.

— A vida é assim, cheia de surpresas, não é mesmo? Mas é isso que torna tudo tão interessante. — ele diz, parecendo refletir sobre isso.

Concordo com um aceno de cabeça, pensando em todas as reviravoltas que a vida já me proporcionou até agora.

Chegamos ao restaurante e encontramos uma mesa, onde nos sentamos e começamos a conversar sobre assuntos diversos. Enquanto comemos, Gustavo compartilha mais histórias engraçadas sobre seus dias na redação, e eu me pego rindo alto várias vezes. Sua companhia é reconfortante, e me sinto grata por ter feito um novo amigo tão rapidamente.

— Gustavo, você pode me contar sobre o Wesley? Ele parece ser uma pessoa importante aqui na redação.

— Claro, Helena. Na verdade, Wesley é mais do que importante. Ele é o CEO do Pulso Jornalístico.

— O quê? Sério? Não fazia ideia. Ele parecia tão acessível e simpático.

— Você teve sorte de ter visto ele, Wesley é muito ocupado. Ele estava na sede do Pulso Jornalístico em Nova York até recentemente. Voltou para São Paulo há alguns dias.

— Uau, que surpresa! E que vergonha, nossa, me estabacando na frente dele daquela forma. — começamos a rir.

Após o almoço, voltamos para a redação, e assim que entramos, meus olhos encontram John. Meu coração dá um salto dentro do peito, e sinto uma mistura estranha de emoções. Por que estou tão nervosa ao vê-lo? Me pergunto.

Ele está concentrado em seu trabalho, digitando algo em seu computador, mas parece sentir minha presença, pois levanta os olhos e sorri quando me vê. Meu estômago se contorce com um nó de nervosismo, e eu sorrio de volta, tentando disfarçar minha confusão interna.

Enquanto me aproximo, tento entender o motivo desse turbilhão de sentimentos. Será que é apenas a tensão do caso que estamos investigando juntos, ou há algo mais?

Cumprimento John e tento manter a conversa casual, mas sinto que algo mudou desde o nosso último encontro. Será que ele também sente o mesmo?

— John, olá!

— Olá, Helena. Como foi o seu primeiro dia?

— Foi intenso, mas estou aprendendo muito.

— Se precisar de mais alguma coisa, estou à disposição.

— Obrigada, John!

[...]

Chega o fim do primeiro dia de trabalho e estou indo para casa com o John. Não sei, mas ele parece diferente, mais leve. O que será que ele fez durante esta manhã? Fico curiosa, mas não pergunto. Não quero ser intrometida. Estava passando uma música muito boa na rádio, antiga mas boa. "Vou deixar. A vida me levar pra onde ela quiser. Estou no meu lugar, você já sabe onde é. Não conte o tempo por nós dois, pois a qualquer hora posso estar de volta. Depois que a noite terminar".