Bônus. Renata Colunga, parte 1
— Essa puta vai me pagar caro! — grito com raiva, jogo um copo na parede e o vejo se espatifar.
Eu não queria acreditar no que estava se passando ali bem na minha frente. Aquela vagabunda estava de olho no que é meu?— Se acalma, Renata, você tem que ficar tranquila — peço a mim mesma.
Ouço os dois aos beijos lá no escritório, o que me faz quase vomitar de nojo. Como meu Alex podia me trair com aquela puta? Daria um jeito nisso, ela não frequentaria a "MINHA" casa. Quem ela pensa que é? Começo a varrer o copo quebrado, preciso me controlar para tirar aquela mulher de cima do "MEU" homem. Então termino de limpar e vou ao meu quarto, tranco a porta e pego um vidrinho de dentro de uma das gavetas. Nele, há uma pequena quantidade de veneno. — É, meu amigo, parece que vou ter que te usar novamente. — digo acariciando o vidro. Guardo o frasco bem escondido e vou em direção ao meu banheiro, jogo água no rosto, tentando me acalmar, mas me lembro da forma como Alex olha para aquela mulher.
— Essa mulher só pode ser uma feiticeira! — falo comigo mesma. — Ela quer tirar Alex de mim, mas não vai conseguir. Ele é meu, e logo vamos nos casar, ter filhos e vivermos felizes para sempre!
Fico mais calma e saio do meu quarto com a intenção de mostrar para aquela gorda que eu sou a mulher perfeita para o Alex. Quando chego na sala, ela está brincando com aqueles fedelhos. Ai, como odeio essas crianças! Observo-a se divertindo com aqueles mimados, e tenho a certeza de que preciso me livrar dessa mulherzinha. Vou para a cozinha ajeitar a bagunça de depois do jantar. Odeio fazer serviços domésticos. Não nasci para ser serviçal de ninguém.
Acabo meu serviço, vou até a sala, vejo a Tv ligada e Alex dormindo no sofá, mas cadê as crianças? Não demora muito e vejo Jackeline descendo as escadas. Imagino que ela colocou os pestinhas na cama. "Como ela é boazinha!" Ela acorda Alex, conversam um pouco e graças a Deus parece que ela vai embora. Eles não me veem, estou escondida, mas tenho uma ótima visão do que acontece na sala e observo os movimentos deles. A horrorosa já estava na porta para ir embora e o Alex a impede. O que está acontecendo? Eles conversam mais um pouco e sobem as escadas. Será que vão para o quarto transar? Não acredito. Volto para meu quarto furiosa e ficou amaldiçoado tudo que está acontecendo.
Já era tarde, ouço passos no andar de cima e corro para ver se a vadia já estava indo embora, mas ninguém chegou até a porta de saída da casa. Espero um pouco e vou fazer minha ronda habitual pela casa, eu adoro ver o meu Alex dormindo e outras coisinhas mais. Subo as escadas, passo pelo quarto dos capetinhas e eles não estão lá, acho estranho. A porta do quarto do Alex está entreaberta e o vejo dormindo com a pulguenta aos seus pés. Ele está sozinho? Cadê a vagabunda? Vejo a iluminação da TV no quarto de hóspedes, vou até lá. Olho e vejo os gêmeos dormindo na mesma cama da piranha da Jackeline. Ela faz cafuné nos dois. Meu sangue sobe, fico cega, entro no quarto com tudo, toco em Valentina tentando acordá-la. — Caio... Valentina... acordem...vamos para o quarto de vocês... — Eu os chamo. Ao acordarem, os fedelhos logo fecham a cara para mim. — Eu quero ficar com a Jack. — Valentina diz fazendo birra. — Vem te levo, meu amor! — falo em tom doce, pegando a menina no colo que começa a espernear e tenho a vontade de dar uns tapas nela, pela sua malcriação. Nesse momento, o endiabrado do Caio desperta, mesmo sonolento grita: — Deixe minha irmã, ela quer ficar com a Jack, não com você. E eu também! — Vocês vão para a cama agora! — finjo doçura, mas estava puta. E vejo a puta da gorda da Jackeline vim vir em minha direção e pegar a malcriada dos meus braços.— Não. Só vamos se Jack nos levar. — ele grita me olhando bravo. — Calma, Caio. Eu levo vocês, meu anjo. — Jackeline se mete na situação. — Pode deixar, eu os levo, senhorita Jackeline — digo para a gorducha à minha frente. — Como eu já disse, Renata, eu os levo para cama e aviso ao Alex que as crianças já estão no quarto deles. — Ela me avisa, como se fosse a dona dessa casa.
Que intimidade é essa? Ela chamou o senhor Mendonça, pelo nome? Fico irritada com a situação, mas respondo:— O senhor Alex está dormindo — aviso deixando claro.— Sem nenhum problema, como eu disse eu vou colocar as crianças no quarto delas — Jack retruca. Eu a observo, chamando o bocó do Caio, que a obedece na hora, e vão para o quarto. Eu a sigo durante todo o percurso e fico na porta inspecionando tudo o que ela faz. No quarto, ela coloca a mimada na cama e Caio vai para a dele e, não contente com todo o teatrinho que fez, ele ainda pede para ela ler uma historinha. Aff... Quando ela acaba de fazer seu papel de boazinha, passa por mim e diz:— Algum problema? — ela pergunta e a olho dando-lhe um olhar que se eu pudesse matá-la ela estaria morta e isso seria muito em breve mesmo.— Nenhum. Senhorita — respondo com deboche.— Que bom! Acho que já está na hora de você ir para seus aposentos. Agora você daria licença, gostaria de falar com o Alex? — A puta fala e a vontade de acabar com ela estava aumentando cada vez mais.— Claro, senhorita — respondo e saio do quarto logo, tentando manter a calma que eu não tinha.
Desço as escadas, mas minha vontade era de dar uns tapas naquela folgada. Vou resmungando e falando comigo mesma enquanto caminho para meu quarto... Quem ela pensa que é para falar assim comigo? Que raiva! Que ódio! Eu não fiz tanto sacrifício para essa aí ficar com o Alex. Ao chegar ao meu quarto, deito em minha cama e começo a lembrar de toda a minha trajetória na casa dos Mendonça...
Fui contratada para trabalhar como empregada. Quando conheci o Alex, foi amor à primeira vista. Ele tinha que ser meu! Mas eu tinha a idiota e ingênua Sarah no meu caminho...
Já perdi as contas de quantas vezes ouvi o senhor e a senhora Mendonça transando. Toda vez que eles iam ter relações, ficava com o ouvido na porta, imaginando-me no lugar daquela babaca. Eu já não aguentava mais os beijos e abraços que os dois davam. Toda vez que eu os via expressando amor um pelo outro, sentia inveja e queria matar Sarah. Então fui atrás de uma erva para fazer o trabalho. Eu precisava de algo inodoro, sem sabor, que matasse aos poucos e não deixasse vestígio... e achei...
Mas antes de executar meu plano, ouço a conversa do casalzinho apaixonado e descubro que se Sarah engravidasse, poderia morrer. Senti uma alegria indescritível. O universo estava a meu favor. Lembro-me que Sarah descobriu um problema no coração. Eu continuei com meu plano mesmo assim, eu queria resultados rápidos. Então comecei a batizar com a erva mortal o suco que ela bebia todos os dias pela manhã. Como Sarah era inocente, agradecia-me todos os dias, nem imaginava meu plano. — Renata, você vive me mimando. Desse jeito eu vou ficar mal-acostumada —Sarah brinca.— A senhora merece tudo do bom e do melhor. Toma o eu suco, vai lhe fazer bem! — falo de forma carinhosa.— Você é um anjo! — ela diz me abraçando. Eu tive que retribuir aquele abraço. Que nojo!O tempo foi passando, Sarah descobriu sua gravidez e passava mal todos os dias. Eu fingia preocupação, mas não via a hora dela morrer.— Senhora, está tudo bem? — pergunto num tom fingindo que me importava.— Renata, não sei o que houve, estou muito mal! — ela diz, dando um sorriso triste.— A senhora quer que eu chame o senhor Alex? — Finjo preocupação. — Não o quero mais preocupado. — Ela se retira indo em direção ao quarto.— Levo seu suco? — pergunto, escondendo o meu sorriso de satisfação. Acho que o veneno está fazendo efeito.— Sim, por favor. E bom que aproveito e tomo minhas medicações.— Medicações, senhora? — finjo não saber de nada.— Sim, minha amiga. Eu tenho problema no coração e as medicações são para ele — diz.— Sinto muito, senhora! — respondo.— Fica tranquila, não é nada grave. — ela me consola e brinca. —Vou viver muitos anos ainda.— Sim, patroa, é o que eu espero — dou um sorriso falso e vou preparar o suco. Se depender de mim, você morre logo, sua moribunda.
Meses depois...
Então, numa linda tarde, a senhora Sarah acabou falecendo. Eu, é claro, fingi tristeza e consolei Alex que estava arrasado. Lembro-me que naquele dia, Alex foi até seu quarto, pegou um retrato da falecida e chorou muito. Eu queria abraçá-lo. — Como isso aconteceu? — pergunto para meu Alex. — Não sei, Renata, os médicos disseram que foi o coração, que não aguentou — diz triste.Calma, meu amor, eu estou aqui para cuidar de você, mesmo que eu tenha que aturar esses insuportáveis dos seus filhos, penso, dando um pequeno sorriso de conforto.— Agora o senhor tem que descansar um pouco! — oriento.— Não posso, tenho que esperar os pais da Sarah chegarem para gente seguir para o velório — Dava para notar como estava cansado e triste e muito em breve isso iria acabar.— Ok! Quando o senhor puder, descanse. — peço querendo fazer um carinho nele, mas não podendo.— Vamos ver. — ele só me responde isso e segue para seu quarto. Sigo-o, vejo-o pegar o porta-retrato e ouço seu choro." Não chore, meu amor, ela não merecia nenhuma lágrima sua. Logo estarei dormindo ao seu lado nessa cama, te fazendo o homem mais feliz. Depois de casados, queimarei todas as suas fotos com ela, mandaria os fedelhos para um internato."
Mas os anos foram se passando e nada do Alex me notar. E agora aparece essa prostituta barata querendo pegar meu lugar. Ah, não! Eu darei um jeito nela, mesmo que o universo não me ajude dessa vez. E pode incluir nessa lista essas crianças insuportáveis. Agora volto ao presente e vejo que aquela puta não vai embora, pois estou ouvindo tudo o que eles dizem e não estou gostando nada disso. Quando eles se afastam da cozinha, ouço Alex dizer que quem manda aqui é ele e não eu. Aquilo me machucou muito, eu dava minha vida para essa casa, ele não vê isso? Uma prostituta está mexendo com a cabeça dele. Preciso me livrar dela, Alex precisa ser meu, "ELE SERÁ MEU." Você me aguarde, Jackeline, que me livro de você e daquelas crianças chatas e só viveremos nós dois aqui em casa.