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acho que é hora de mudarmos de pensamento parte 1

Na sala silenciosa e pouco iluminada dentro da Guilda, Ouranos mantinha seu olhar fixo na direção da Dungeon, como se pudesse sentir cada movimento lá dentro. Ao seu lado, o fiel Fels compartilhava seus pensamentos em voz baixa, refletindo sobre a situação recente.

— Meu senhor, você tem certeza de que ele conseguirá completar a tarefa?

Fels questionou, referindo-se a um jovem misterioso que havia chamado sua atenção alguns meses atrás. Um jovem, que havia chegado a Orario, explorava a Dungeon sem possuir uma Falna.

Inicialmente, Fels havia imaginado que o jovem estaria se exibindo para atrair a atenção dos deuses. Entretanto, conforme o tempo passou, tornou-se evidente que o rapaz evitava qualquer envolvimento com eles.

Ele chegava na Guilda em horários incomuns, geralmente quando todos já haviam retornado da Dungeon, e seu círculo de contatos na cidade era extremamente limitado.

— Ele se esconde — observou Fels. — Quase ninguém conhece seu nome, e os poucos que o viram o descreveram de maneira vaga. Alguns mercadores e aprendizes de ferreiros relataram encontros casuais, mas isso é tudo.

Ouranos, imóvel e sereno, absorvia as informações sem desviar os olhos de sua meditação constante sobre a Dungeon.

— Isso não muda o fato de que ele está agindo sozinho... e, além disso, ele provavelmente tem uma vantagem — Fels continuou, em tom pensativo.

Ouranos, mantinhase silencioso como se estivesse pensando em algo

— Ele está deliberadamente se escondendo... mas por quê? Isso seria uma enorme vantagem na hora de se juntar a uma Família. — O mago Fels refletiu em voz alta.

— Talvez ele não queira fazer parte de uma — Ouranos sugeriu. — Ou... talvez ele não consiga.

Essa última observação deixou Fels em silêncio. Era uma possibilidade que ele ainda não havia considerado.

— Mas... um Infant Dragon? Isso parece extremo para alguém sem a bênção de uma Falna. — Fels estava cético. Ele sabia que até mesmo aventureiros de nível 1, em grupo, podiam derrotar o jovem dragão, mas para alguém sozinho, a tarefa era quase suicida.

— Ele já o fez — Ouranos interrompeu, surpreendendo Fels por um breve momento.

A habitual expressão impenetrável de Ouranos se mostrou surpresa por um momento, mas logo retornou ao seu estado habitual.

— Como? — Fels perguntou, claramente intrigado.

Ouranos respondeu para si mesmo, como se uma peça do quebra-cabeça tivesse finalmente se encaixado.

— Então ele era um espiritualista...

Os dois ficaram em silêncio, as palavras flutuando no ar enquanto refletiam sobre o significado disso. Ouranos permaneceu imóvel, sua mente visivelmente trabalhando em um plano.

— Talvez possamos usá-lo para aquilo... — ele murmurou, quase inaudível, mas o suficiente para que Fels ouvisse.

Fels apenas assentiu, compreendendo que o futuro desse jovem misterioso agora estava entrelaçado com os objetivos maiores da Guilda. E, no silêncio da sala, eles aguardaram, observando como as próximas peças iriam se mover.

...

Alguns dias se passaram desde que cheguei a Orario. Enquanto eu lutava para me recuperar em casa, sofrendo com o rebote das habilidades de Eirina, soube que a Família Loki estava prestes a retornar de sua expedição.

Com quase todo o meu equipamento destruído, decidi que era hora de visitar a Torre de Babel pela primeira vez. Eu precisava de algo mais robusto. Minha espada, por exemplo, não suportou o uso excessivo da bênção de Eirina e acabou quebrando.

Eirina me concedeu três bênçãos...

A primeira é a de recuperação. Eu me curo mais rápido que qualquer pessoa, em uma velocidade superior até à mais poderosa poção. Mas o problema é o rebote: o corpo precisa suprir a demanda dessa cura acelerada, o que pode se tornar um grande obstáculo em batalhas longas. Eu não sou imortal — se não comer ou beber, morrerei em poucos dias. Apenas sou mais difícil de matar.

A segunda bênção de Eirina é mais complexa: a criação de armas. Como mostrei na luta contra o dragão, posso "criar" diversos tipos de armamentos, mas a qualidade depende tanto da quantidade de mana que eu gasto quanto do tamanho da arma. Por exemplo, posso criar uma espada longa capaz de cortar um Orc ao meio, mas precisaria continuar injetando mana nela, ou ela quebraria. Também poderia criar um grande escudo, mas a qualidade exigiria eficiência, então um escudo menor, que eu pudesse carregar com facilidade, seria mais adequado.

A terceira bênção... bom, meu corpo ainda não está pronto para usá-la plenamente. A segunda já é exaustiva o suficiente. Eu preciso pensar muito bem antes de recorrer a essas habilidades, porque, se levadas ao extremo, meu corpo — ou melhor, minha casca — começará a rachar e quebrar, algo que devo evitar a todo custo.

— Haaa...

Ainda estou com fome...

No dia seguinte, depois de voltar da Dungeon, devorei toda a comida que tinha em casa, como se fosse um fantasma atormentado pela fome insaciável.

"Maldito contrato..."

Estava começando a me arrepender de tê-lo feito.

Hm...?

Então, este é o 8º andar da Torre de Babel. Havia muitas pessoas por aqui, entre elas ferreiros novatos e aventureiros. Hoje, usando roupas mais comuns, ninguém parecia se importar comigo, o que era bom. Não estava procurando atenção.

Comecei a explorar as prateleiras cheias de armaduras e equipamentos variados. Foi quando meus olhos caíram sobre uma lâmina exposta. Seu formato era semelhante ao de uma Zweihander — uma espada muito bem feita, mas o preço... 45.000 valis.

Caro, sem dúvida, mas era um trabalho de qualidade. No entanto, não era o que eu procurava. Eu precisava de algo menor, mais discreto. Como eu conseguia "reforçar" armas, não fazia sentido comprar algo tão grande e pesado.

Algo menor que uma espada longa, mas maior que uma espada de uma mão...

Então, notei uma espada encostada na parede, coberta de poeira. Parecia não ser tocada há muito tempo. Ao lado, o preço havia sido riscado três vezes: 20.000 valis, depois 18.000, e, finalmente, 15.000. Alguém realmente queria se livrar dela.

Quando a peguei, à primeira vista, parecia uma espada comum de aço, sem adornos extravagantes no cabo ou no pomo. Era simples, uma espada bastarda. Confiável. Um pouco mais longa que uma espada comum, mas não o suficiente para ser considerada uma espada longa.

Era um pouco pesada, mesmo com o sulco na lâmina para reduzir o peso... mas, com o tempo, me acostumaria.

O nome do ferreiro estava próximo ao preço: Ray Gadriel.

Nunca ouvi falar dele... Pelo menos, não nos livros que li.

hm...?

Assim como eu, havia muitas pessoas na Torre de Babel em busca de armas para explorar a Dungeon, variando de jovens de 15 anos a adultos na casa dos 40. Fiquei me perguntando sobre as motivações de cada um. Será que eles não tinham medo de morrer?

Minha mente então vagou para uma conversa que tive com Eirina. Hehe, eu ainda não posso morrer; ela ficaria muito chateada se eu morresse.

— Chega de ficar aqui — disse para mim mesmo. Já consegui o que precisava, e era hora de continuar a busca por outros itens essenciais.

Depois de um tempo procurando sem sucesso, decidi descer para o 7º andar da Torre. Voltei a examinar as prateleiras, até que algo chamou minha atenção: uma armadura em um suporte. Era uma peça imponente, com um design robusto e intimidador. .

O elmo, uma peça particularmente impressionante, tinha uma visera alongada e pontiaguda, com uma malha de proteção que cobria o rosto. As linhas do elmo eram elegantes, mas ao mesmo tempo agressivas, projetando uma imagem de destreza e força. O interior do elmo estava forrado com um acolchoado confortável, garantindo um ajuste perfeito.

A armadura não tinha adornos supérfluos; seu design era funcional, focado na proteção e no impacto visual que transmitia. Cada peça parecia ter sido forjada com precisão, feita para resistir às mais severas adversidades do campo de batalha.

Peguei o elmo e, apesar de ser um pouco pesado, encaixou no meu rosto como uma luva. A folga era mínima, devido à falta do meu habitual gambeson, mas ainda assim, parecia adequado.

No entanto, quando olhei o preço...

— 60.000 valis... — pensei, quase gritando. Era caro, sem dúvida. Mas a armadura estava bem feita, e eu estava cansado de investir em equipamentos descartáveis. Talvez gastar um pouco mais em algo robusto fosse a escolha certa, especialmente se isso significasse maior segurança e a possibilidade de juntar dinheiro de forma mais segura no futuro.

Hm...

Olhei novamente para o nome do ferreiro: Ray Gadriel.

Era o mesmo ferreiro da espada. Não parecia ruim; na verdade, era até bom que fosse o mesmo, assim eu evitaria problemas com diferentes fabricantes.

Vou levar !.

...