"Vejo que estão prontas", digo para as duas garotas sentadas no chão em volta da mesinha e me acomodo ao lado de Sakura, enquanto escuto passos próximos a porta.
"Mordred, provavelmente você não vai gostar do que eu irei discutir aqui, mas se quiser participar entre, não precisa escutar através da porta", falo calmamente olhando a porta pela qual acabei de entrar deslizar mais uma vez revelando uma loira esbelta entrar.
"Opss", diz ela fingindo estar envergonhado, quando absolutamente esse não é o caso e sentasse ao lado de Rinka, que não se importou com a intromissão de Mordred.
"Então garotas, vou dizer brevemente o que planejei para Shinji", eu falo seriamente, se livrar de Shinji era fácil, ele não tem valor para sua família, portanto sua proteção é mínima.
Explicar o meu plano foi fácil, difícil foi explicar para Mordred as minhas atitudes, deixar os abusos acontecerem, além de usar Rinka como laranja para apaziguar as vontades do Shinji.
"Yan, você realmente o deixou fazer isso? Abusar de garotas e ainda usou outra para apaziguá-lo durante tanto tempo apenas para conseguir informações?", Mordred ainda era uma cavaleira da távola redonda no fundo de sua alma e apesar de não gostar, era impossível afastar os ensinamentos que viveu durante anos em vida e isso a influenciou, o desgosto em sua voz é notável.
"Sim é verdade", digo calmamente, não sinto vergonha em admitir e pego o suco de laranja que foi servido por Sakura durante a nossa conversa, mas antes que eu pudesse deixar ao menos uma única gota alcançar minha boca a mão de Mordred bate no copo e o faz atingir a parede espalhando suco e cacos de vidro no chão. Seguro a mão de Sakura a impedindo de levantar e ir limpar.
"Havia melhores formas de agir, foi realmente necessário utilizar inocentes para apaziguá-lo?", Mordred, estava furiosa, não como mulher, e sim como alguém que descobriu uma mentira, a personalidade de Yan estava oposta ao que ela viu durante esses dias enquanto o servia, de um mestre amável, respeitável e acima de tudo honrado que foi capaz de cuidar e poupar a vida de um inimigo, mas agora a sua frente estava um líder pouco confiável capaz de usar os outros como peças de tabuleiro apenas para atingir seus objetivos, sem se importar com as consequências para os outros.
"Sim, havia melhores formas de agir, mas eu não iria desistir dos meus objetivos apenas para salvar uma pessoa aleatória", digo calmamente encarando a fúria no olhar sombrio de Mordred.
"Ambos sabemos que havia formas melhores de agir, mas no fim, nenhum de nós realmente se arrepende de ter feito e apenas queremos provar que estávamos certo, estou errado Cavaleiro da Traição?", Minhas palavras pareceram surtir algum efeito nela, pois a fúria que ela estava sentido sumiu e foi substituída por nostalgia e arrependimento, não posso mudar aquilo que já foi feito.
Ela levanta-se e vai em direção a porta pronta para sair, os erros que cometeu em vida ainda a assombravam, Mordred o cavaleiro da traição, aquela que destruiu o reino de seu pai apenas por ter sido rejeitado, fez isso em busca de reconhecimento, mas apenas a morte aguardava no fim de sua revolta. "Somos mais parecidos do que ela pode ver", penso para mim mesmo enquanto observo ela, por alguns segundos, do outro lado da sala.
Assim como eu, ela sacrificou vários inocentes em sua empreitada, a diferença é que eu consegui atingir meus objetivos, enquanto ela não e guardar arrependimentos que não podem ser redimidos.
"Limpe a sujeira que você fez", eu ordeno calmamente e espero a reação dela, gastar um selo de comando agora não é o ideal, mas me preparo para caso seja necessário. O olhar de Mordred é diferente do puro ódio na primeira noite ou da fúria quando soube dos abusos, esse era a definição de nostalgia, saudade, mas ao mesmo tempo decidido.
"Sim, Mestre", diz ela com uma voz monótona e distante. Foi a primeira vez que escutei aquela palavra sair de sua boca, 'Mestre', desde que chegou ela apenas me chamou por Yan, isso significava apenas uma coisa, nossos papeis como Mestre e Servo havia sido definido na mente dela e qualquer amizade restante sumiu.
Mordred vai até o canto da sala e começa a pegar caco por caco do chão, havia formas melhores e mais rápidas de limpar, mas sua mente estava um pouco caótica para avaliar melhor a situação, mas de uma coisa ela tinha certeza, "Preciso ganhar essa guerra", murmurou para si.
Deixo Mordred se acalmar, "Esse é o plano básico, venha comigo Rinka, preciso que você faça algo mais e Sakura espere em meu quarto vou até você daqui a pouco", me levanto e saio da sala, Rinka e Sakura seguem o exemplo e me seguem até que nosso caminhos divergem, me deixando a sós com Rinka, no corredor.
Minha casa não era uma mansão, mais é bastante larga, demorou um pouco antes de chegarmos ao quarto onde Medusa estava descansando. "Entre e não resista, ela não vai te matar, apenas vai tomar um pouco de seu sangue", digo suavemente enquanto abro a porta.
Uma pessoa normal nessa situação demonstraria medo, raiva ou no mínimo um pouco de repulsa por ter seu sangue sugado, mas Rinka é diferente, ela conheceu o lado negro que a sociedade humana comum desconhece, um lado no qual pessoas são criadas artificialmente para serem recursos em magia, por isso apenas aceitou calada, enquanto sua irmã estivesse a salvo e feliz poderiam fazer qualquer coisa com ela.
"Obrigado, isso vai ser de bastante ajuda", a voz de Medusa me agradece do interior da sala. A luz do pôr-do-sol que entra pela janela a faz parecer quase uma pintura de tão bela que era a visão.
"não a machuque muito", falo um pouco atônito, parando de apreciar a beleza dela e empurro seu jantar para dentro do quarto, utilizar um homem poderia ser mais eficaz para a recuperação dela, porém não quero ninguém brincando com ela, o seu valor como serva é superior, capacidades de combate altas, seu fantasma nobre é muito útil, além de seu alto nível de lealdade, por isso vou a valorizar devidamente e prezar pelo seu bem estar.
Antes de retornar ao meu quartou vou até o deposito pegar alguns instrumentos de primeiros socorros, ainda bem que limpei quando invoquei Mordred ou iria ter problemas para encontra-los em meio a bagunça.
Enquanto termino de pegar a caixa escuto passos atrás de mim, "Mestre", a voz que escuto era firme e decidida, como se tivesse um mundo aberto para si, "Meu desejo é o de ter o direito de puxar a Caliburn antes de Arthur e provar que sou digna como Rei", fecho o deposito sem dizer nada e me viro para a figura esbelta sendo iluminada pelos raios de luz alaranjados.
"Pelo menos esse era o meu desejo, até conhecer você", suas mãos tremulavam enquanto em suas mãos surge Clarent, "Eu iniciei uma revolta, por meus próprios desejos egoístas, matei por meus próprios desejos, mas no fim ninguém entendeu isso", seu olhar e o meu fixaram-se um no outro, enquanto minha mente entrava em um vórtice de memorias que não eram minhas, guerras, morte, sangue e fogo, vinham a minha mente.
"O povo dizia que eu estava lutando por eles, alguns aproveitaram da minha revolta para pregar suas próprias histórias falsas, meus desejos e motivações nunca foram reconhecidos", a voz dela parecia narrar os eventos, de um lado estava Arthuria e seu exército e do outro lado do campo de batalha estava Mordred em sua armadura coberta liderando inúmeros homens.
"Meus desejos e motivações nunca foram meus, nem em meu ultimo suspiro", a cena muda, vejo dois guerreiros duelando entre corpos e espadas jogados pelo chão, quando um deles enfia uma lança na barriga do outro, aquele que se feriu foi Mordred, "Eu queria apenas o reconhecimento dele, ser o filho do rei perfeito era a maior honra que poderia pensar, era apenas isso", uma lagrima escorre pelo rosto de Mordred.
Vejo ela atravessar uma espada no peito de Arthuria, "Em meus últimos momentos soube que o único motivo para não ser reconhecida como herdeira foi minha incapacidade em ser rei, saber disso foi um alivio e ao mesmo tempo doloroso, mas mesmo quase morrendo não tive escolha e matei meu pai", voltamos a realidade, provavelmente nem um segundo passou.
"Então mestre, você disse que somos iguais, então me diga, o que eu quero?", as palavras sinceras dela me pegaram de surpresa, eu sei do passado de Mordred mais do que ela pensa, estudei muito sobre os cavaleiros da távola redonda, devido a eles serem muito utilizados na guerra, tendo Arthuria e Lancelot participando como servos na última.
A minha frente não estava o cavaleiro da traição ou um servo, aqui a minha frete está Mordred Pendragon aquela que nunca conheceu o verdadeiro significado de livre arbítrio, teve sua própria existência manipulada para usurpar o trono de seu pai e seus desejos nunca foram realmente seus, fora a admiração por seu pai e Rei.
Eu queria apenas dizer, "Eu não me importo", e ir embora, minha natureza era essa, era algo simples, não quero me envolver em coisas desnecessárias, depois que a guerra acabar Mordred vai sumir e nossa conexão vai junto, contudo algo não deixou, minha cabeça começou a latejar muito forte.
"Então você veio até mim?", eu escuto a voz daquele dragão vermelho mais uma vez e as palavras saem da minha boca sem permissão, como se meu corpo estivesse possuído.
"Você apenas está repetindo o mesmo erro igual a uma criança, nós podemos ser iguais, mas não somos a mesma pessoa, apenas você pode dizer qual o seu verdadeiro desejo", eu ando até a frente dela, era a minha voz, meu corpo e até mesmo coisas que eu poderia dizer, mas ao mesmo tempo não sou eu.
Eu finalmente recupero o controle de minhas ações, a minha frente estava uma guerreira, o sentimento não sumiu, eu desconheço essa emoção, então tudo que posso dizer a ela é, "Essa é a sua chance de descobrir qual o seu desejo, não a perca", dou um leve aperto em seu braço antes de passar por ela e ir de volta ao meu quarto segurando uma caixa.
"hahahaha! Eu não devia ter perguntado algo importante para um Mestre idiota", escuto a voz chorosa dela vindo da minha costa, ela sussurrou algo, mas decido deixar de lado.
"mais uma coisa, traga toalhas e uma panela grande para o meu quarto, vou precisar", aviso ela e continuo o meu caminho, suspirando um pouco, ainda nem anoiteceu e já estou ficando esgotado, em pouco tempo estava em frente a porta do meu quarto, um leve deslizar e o seu interior me comprimenta.
"Acho que você entendeu errado", digo com pesar em minha voz ao ver Sakura com a parte superior do seu corpo exposta, claramente esperando que eu me alimente, seu olhar inebriante como um viciado que espera sua droga favorita a entregava, ter o sangue sugado por mim desperta o desejo em mulheres e apenas nelas, ainda bem, eu também tenho fome, mas não é o momento para isso.
"Eu vou ser direto, não irei sugar seu sangue hoje e se tudo der certo, nem por algumas semanas", declaro suavemente enquanto termino de a despir completamente, o olhar inebriante deu lugar a decepção, mas ainda assim ficou quieta, tentando entender quais minhas intenções, afinal apesar de minhas ações nunca tentei tirar proveito do seu corpo.
"Se tiver alguma dúvida pergunte", eu falo com Sakura enquanto termino de arrumar os matérias médicos no chão sobre um lençol, ataduras, gases e qualquer material de primeiros socorros que eu achasse útil, além de algumas ferramentas especificas como tesoura e um mini desfibrilador.
"O que você vai fazer comigo?", escutar a voz monótona é comum, mas ela ter feito essa pergunta me fez levantar a sobrancelha, eu não esperava que ela realmente perguntasse.
"Eu vou cumprir minha palavra, vou te ajudar a encontrar a felicidade e para isso primeiro você deve ser livre", a palavra chave é encontrar, não pretendo ser o motivo da felicidade dela, mas posso faze-la encontrar ou dar a outra pessoa esse significado.
"Entendo, mas isso é impossível, a ultima pessoa que tentou fazer algo similar por mim está morta, mas por causa de um acordo idiota você vai me ajudar?", era apenas curiosidade pura, ela quer saber minhas motivações, eu posso sentir, Sakura não acha que terei sucesso, ela não cofia em mim, pois não fiz nada esse tempo todo que estávamos juntos vivendo praticamente como amantes.
"Sim, ao contrário de você, Medusa tem valor, além disso eu já disse que não sou um herói, não vou salvar qualquer pessoa aleatória, mas se você tivesse demonstrado algum valor enquanto estivemos junto eu poderia ter te ajudado", aquele sentimento que tive com Mordred ainda não se foi completamente e me faz falar mais que o normal, me sinto mais leve, talvez seja cansaço.
"Entendo", é tudo que ela diz antes de fechar os olhos e deitar no futon se cobrir o corpo, esperando minhas ações.
"O seu sangue é ruim, mas no caminho de volta eu lembrei de algo, o livro que Shinji tinha tem uma marcação de magia similar a do seu sangue, primeiramente pensei que fosse por causa do selo, mas depois entendi, são os insetos pelos quais os Matou são muito conhecidos", explico para ela enquanto termino os preparativos, "Sabia da existência deles em seu corpo, mas eles não causariam o gosto ruim, porém e se algo mais estivesse no interior do seu corpo? Foi ai que lembrei de um sangue quase intragável e cheguei a conclusão que preciso examinar seu corpo ainda hoje", acaricio entre seus seios, tirando os cabelos da frente para não atrapalhar.
Corrupção essa é a causa provável da queda no sabor do sangue dela, logicamente os abuso repetidos iriam contribuir, mas não são a causa principal e o sangue de Kitsugu era tudo que eu precisava para suspeitar, os gostos são similares, a diferença é a concentração, enquanto Kiritsugu foi corrompido na ultima guerra e teve sua vida roubada aos poucos, Sakura estava vivendo saudável até hoje pela diferença de concentrações, apenas preciso de uma confirmação.
"Trance-on", início o processo básico para a reabilitar, é um processo simples e doloroso, analisar todos os dados do seu corpo, carne, ossos, circuitos mágicos, etc. o interior do seu corpo parecia uma imensa propaganda que dizia, pertencente aos Matou, centenas de insetos espalhados por seu corpo, tem grande parte deles concentrada em seu útero, o tornando quase inutilizável ao seu propósito original, pois os insetos estavam devorando lentamente.
Esse é mais um motivo para não me importar com Sakura, ela era uma espiã, seu corpo todo era um imenso microfone que permitia a Zokuen monitorar meus movimentos, a lealdade dela nunca foi minha, mas estava sendo controlada por ele, os insetos são a prova viva disso, não é uma visão bonita imaginar como esses insetos invadiram o corpo dela.
O meu poder magico os tornou os insetos mais ativos, era possível ver alguns se movendo sobe as pernas, braços e até pelo rosto dela, porém o mais aterrorizante estava em seu interior, a fonte de toda a sua corrupção, "Achei", declaro suando um pouco, a quantidade de poder magico que eu estava gastando era um pouco acima do esperado, esses insetos estavam consumindo o poder magico que eu injetava e isso dificultaria o meu trabalho.
"Aquele velho é realmente inteligente", digo ao começar ao a infundir meu poder magico de forma constante, tendo até mesmo que diminuir saída de mana para Mordred e Medusa, deixando apenas o suficiente para ambas manterem a forma física. São fragmentos do Santo Graal corrompido da última guerra e foram colocados em Sakura, finalmente a frase de Shinji fazia sentido para mim, "Ela não serve para ser um bom receptáculo", pela primeira vez entendi.
O Santo Graal é um artefato criado para conceder desejos, uma ilusão de esperança, ou seja, alguém que não tem desejos não tem motivos para lutar na guerra, Sakura foi escolhida por causa de sua relação com os Matou e as suas qualificações como mestre serem superiores, devido aos fragmentos em seu corpo, porém a ausência de desejos a impede de transformasse em um receptáculo para invocar o Graal.
"Isso vai doer, mas você já está acostumada certo?", minha voz estava serena, em momento algum eu olho para seu rosto, esse é o momento em que estou mais vulnerável, minha concentração em apenas um ponto, não tenho servos para me proteger ou aliados em quem confiar, essa sensação é inquietante e ao mesmo tempo me ajuda a seguir em frente, afinal eu sempre estive sozinho.
Quando o pensamento de estar sempre sozinho vem à mente, sinto um aperto muito forte no peito que me faz perder o ar, não consigo entender de onde vem essa sensação horrível, mas eu descarto esse sentimento e me concentro no que está a minha frente, quando eu terminar isso vou poder descobrir de onde vem essas inquietações.
Posso ouvir a porta deslizante se abrindo, Mordred havia entrado. Eu foco meu fluxo de mana em dois sentidos, um para alimentar e matar os insetos, o que é bastante fácil de fazer devido a minha afinidade com Espada, quando um inseto consome meu poder magico envio um pequeno sinal e laminas matam eles de dentro para fora, algo assim não funcionaria em combate, mas agora era perfeito para um extermínio, e outro fluxo para o mais difícil, retirar os insetos do seu corpo para evitar infecções.
Levou cerca de uma hora apenas para retirar os insetos do corpo dela, houve até um inseto especial no meio, que mais parecia uma versão menor Zokuen, mas preferi o matar e não guardar para estudos, afinal melhor prevenir que remediar.
Durante todo o tempo Mordred deu o apoio necessário, limpando o suor da Sakura e dando a ela um pedaço de pano para não morder acidentalmente sua língua, fazer esse processo é arriscado caso o paciente não esteja acordado, não conheço a capacidade completa desses insetos então preciso de um Feedback imediato da condição dela e com meus conhecimentos médicos um pouco acima da media não consigo avaliar mudanças mínimas.
Depois de analisar completamente seu corpo eu consigo localizar os fragmentos do Graal próximos ao seu coração, por sorte não havia sinais de sua ativação e isso facilitaria sua retirada.
Sakura começa a treme, os próximos passos da cirurgia vão ser extremante delicados e vai ser preciso que ela fique o mais imóvel possível, me levanto e começo a imobilizar seu corpo.
"Eu nunca pensei que iria estrear meus brinquedos desta forma", não tenho aparelhos ou tempo suficiente para me preparar, pois a qualquer momento o cálice pode começar a encher.
O objetivo da guerra do Santo Graal é encher o cálice com a alma de espíritos heroicos, para isso existem os feitiços de comando que servem para fazer o ultimo servo se matar, até o momento nenhum servo deve estar morto, ou haveria sinais de despertar do cálice, mesmo que fossem poucos, afinal, Sakura não é o cálice original, sendo apenas um experimento malsucedido dos Matou, mas tudo isso poderia mudar no momento que o primeiro servo morrer.
Por causa disso não tenho tempo para preparações melhores, ontem mesmo quase eu mato um servo, a qualquer momento outros mestre podem entrar em conflito e isso poderia ativar esses fragmentos dormentes no peito dela.
De dentro da caixa que peguei no armazém estão ferramentas sexuais, algemas, chicotes entre outros, esse é um passatempo meu que nunca tive chance real de usar para o seu verdadeiro proposito, garotas aleatórias não iriam satisfazer meu desejo.
"Vou prender você agora, me ajude Mordred", digo para Sakura que estava visivelmente cansada, seu corpo suando muito e até o fedor de urina estava pairando no ar, porém não era o momento de se preocupar com esses pequenos detalhes.
"O que está acontecendo com ela?", perguntou Mordred curiosa, enquanto me ajuda a algemar os braços e pernas de Sakura em algumas de minhas espadas que perfurei no chão para prender o outro lado das algemas de silicone reforçada com magia.
"Em resumo vou retirar fragmentos de um experimento falho que estão no corpo dela, antes que seja ativado, apenas por precaução, além purificar o seu corpo", digo sem dar muitos detalhes, prefiro não ter que me preocupar com a reação de Mordred agora, não posso simplesmente dizer que o Graal está corrompido e não poderá realizar o desejo de ninguém, nessa guerra sem sentido ou sobre o passado de Sakura que ninguém realmente se importa.
"Acho que essa vai ser a primeira vez que vou fazer algo de bom para você, mas só estou fazendo isso por causa do meu acordo com Medusa, não entenda errado", reafirmo minhas intenções a ela, mas não recebo uma resposta, afinal ela estava amordaçada, para sua própria segurança.
"Mestre, tenha cuidado", eu escuto as palavras de preocupação de Mordred, mas não respondo, o processo tinha começado, primeiro abri o centro do tórax dela cautelosamente utilizando uma adaga de lamina pequena e cabo grande, facilitando sua manipulação com precisão, um grande abertura é feita dividindo seu peito em dois, as algemas começam a ranger e seus olhos a lacrimejar, o odor no ar confirma, ela se urinou de dor novamente.
Sakura começa a se debater, sangue escorre de seus olhos, a dor que ela estava sentindo é inimaginável, mas mesmo assim ela consegue manter a consciência intacta, o quanto ela já sofreu para ser capaz de resistir a esse nível de dor.
"Trance-on", faixas de luz azul tomam conta do meu braço enquanto se projetam em direção ao interior de dela, agora começa a parte difícil, retirar os fragmentos sem causar danos fatais ou sequelas permanentes.
E para tal a cirurgia durou até quase o horário em que Rin chegou, o fedor de Sangue, urina e fezes encheu o meu quarto, uma cena digna de um filme gore estava retratada no centro do meu quarto, em alguns momentos Sakura desmaiou, mas Mordred fez questão de a acordar.
Escuto a porta abrir atrás de mim e uma voz sensual dizer, "Mestre, a sua convidada chegou", eu estava cansado, mas reconheço a voz de Medusa. "Tudo bem, sirva a ela algo para beber, vou tomar um banho, diga para ela esperar e depois limpe essa bagunça", solto um suspiro, a cirurgia foi um sucesso, apesar dos contratempos, não era apenas para o Graal que Sakura estava servindo de receptáculo, servia como embarcação para Zokuen, um dos insetos dele quase me fere, durante a cirurgia tive que utilizar um selo de comando como fonte de magia reserva, pois estava quase sem poder magico, mas no fim deu tudo certo, em uma ou duas semanas ela ficaria bem como nova, apesar da cicatriz no peito que nunca iria sumir sem auxílio de Magia.
"Certo, mestre", ela escuta as ordens e se retira da sala, apesar de seu rosto inexpressivo era possível sentir um pouco de alivio em sua voz.
"Você toma banho primeiro, vou terminar de fazer os últimos tratamentos apenas por garantia", ordeno Mordred enquanto começo a limpar o corpo de Sakura com uma toalha molhada, Mordred seguiu o meu comando e foi primeiro, a ideia de tomar banho com ela passou na minha mente, mas acabamos de nos conhecer e eu planejava manter uma certa distância para evitar conflitos desnecessários, afinal a pós a guerra todos os servos voltam para o Trono do heróis, não consigo entender o motivo de pensar em tomar banho com uma mulher que acabei de conhecer e parecia tão natural na minha mente.
A sensação de calor no corpo de Sakura era quase inexistente, a perda de sangue foi severa, um pequeno erro na operação ou se eu demorasse muito acabaria em sua morte, porém pode ser necessário uma doação, por sorte a irmã dela está aqui.
Em trinta minutos termino de limpa-la e trocar suas roupas a levando para o quarto onde Rider estava acomodada, coloco-a sobre a cama delicadamente e visto um pijama leve branco, "O primeiro passo foi dado", digo suavemente para não a acordar, deslizo minha mão por seu rosto sentindo sua pele.
Meu peito dói um pouco, sentimentos controversos sempre me atingem, eu não me importo com Sakura essa é a verdade absoluta, ela é fraca e desistiu de lutar, mesmo quando a dei a chance de seguir em frente e tomar sua liberdade apenas decepção me esperou em suas decisões, mas eu não consigo a deixar de lado, algo em mim quer a salvar e Medusa deu a desculpa que essa pequena parte precisava para agir e talvez tenha sido o estopim para as fortes emoções que senti hoje.
"Mordred já deve ter acabado, vou tomar meu banho e depois falo com Tohsaka", digo me dirigindo ao banheiro e abro a porta que estava destrancada.