Medusa observou a cena estática, a venda já estava em seus olhos impedindo que Sakura petrificasse. A visão de Yan maltratando Sakura a deixou incrédula, não pela crueldade do ato, de alguém tão forte bater no mais fraco, mas por causa dos pequenos sinais que ele estava liberando e apenas alguém como Medusa conseguiria notar devido a suas capacidades de observação elevadas.
Era ódio próprio e estava descontando em Sakura, a imagem de seu mestre anterior se sobrepôs à de Yan, ambos vão passar por cima de tudo para chegar aos seus objetivos e quando algo não sai conforme o planejado vão descontar em outra pessoa, mas havia uma diferença bruta entre ambos, enquanto o primeiro não aceitava seus próprios erros e queria apenas ver Sakura sofrer o máximo possível, o seu novo mestre aceitou seu erro e a estava atacando para faze-la revidar, querendo a fazer sentir alguma emoção já que amor era impossível para ele dar há ela.
O chute que ele acertou nela poderia ser esquivado facilmente até por um humano comum, apesar de ter um nível de força superior, ele não quer desistir dela, mas não pode tolerar alguém dependente, uma que não consegue reunir suas próprias forças e lutar vale mais morta.
Sakura jogada no chão faz meu coração doer, ela me lembra de minhas irmãs, frágeis, incapazes de se defender, eu tenho o sangue delas em minhas mãos, mas Sakura ainda está viva e por ela vou me sacrificar, para que ela seja feliz em nosso lugar. Por isso disse calmamente, "Mestre, não desista dela e eu irei obedecer todos os seus comandos", meu rosto normalmente sem emoção estava sofrendo, sou um servo, mesmo sem minha palavra enquanto ele tiver pelo menos um selo de comando estou sobre total controle dele, não há necessidade dele aceitar meu acordo, mas eu preciso me agarrar a uma última esperança.
O silencio reinou na sala, senti seu olhar sobre mim, olhando de cima a baixo meu corpo coberto pelo lençol, ainda em silencio, avaliando minha resposta. Eu retiro o lençol e fico completamente exposta, meu corpo jamais será tão bonito quanto e de minhas irmãs, mas ainda fui capaz de cativar um Deus, se esse for o preço a pagar eu irei.
Finalmente mente escuto a voz dele, sua irá havia ido embora e seu humor melhorou, isso me deu esperanças, assim como eu, ele não queria desistir dela e precisava de um motivo para continuar insistido, mas tudo tem um preço.
"Prove que isso é verdade", disse ele enquanto se aproximava do meu rosto o suficiente para sentir a sua respiração e retirou minha venda, me olhando mais uma vez nos olhos, isso nunca vai deixar de me surpreender.
"Seus olhos são como duas joias", eu posso notar que não há mentiras em suas palavras, apenas admiração genuína, talvez tenha sido a primeira vez que isso me aconteceu, mas as palavras seguintes não foram tão acalentadoras, "Me dê eles agora mesmo", fala sedutoramente enquanto desliza a mão pelo meu cabelo entre a minha orelha e sua outra mão apoia as minhas costas.
Dois dias foram o suficiente para me apegar a Sakura e saber que não posso hesitar depois de dar minha palavra a esse homem, ouvi historias dos feitos invejosos dele por Shinji e alguns comentários de Sakura, mas agora, frente a frente entendo finalmente o que eles estavam sentindo, é como se fosse um contrato com o demônio, enquanto ambas as partes fizerem seus deveres haverá paz, contudo se o acordo for quebrado apenas a irá do demônio restara.
Esse era um testes simples para saber o meu comprometimento em proteger Sakura, até onde eu iria por ela, se minha lealdade era dele, por isso fiz exatamente o que foi mandado, nas minhas mãos surge uma adaga que agarro firmemente e com movimentos um poucos letárgicos direciono ao meu olho direito, sem hesitar, um único movimento limpo.
O som familiar de carne sendo dilacerada e ossos rachando enchem meus sentidos, aquilo que atingi não foi meu olho ou qualquer parte do meu corpo, afinal não senti nenhuma dor.
"Haaaaaaaaaaaaaaaaaaaa!", a voz de Sakura encheu a sala, era a mão dela que Yan em poucos momentos colocou em frente a adaga atravessando-a e deixando uma poça de sangue na cama, eu não entendo como isso aconteceu, eu posso identificar o corpo de Sakura ainda jogado no chão, em momento algum ela se moveu, mas agora estava ela aqui na minha frente sendo petrificada aos poucos.
Meus sentidos entorpeceram, eu estava muito confusa para raciocinar, enganar meus sentidos era um feito ainda mais digno do que resistir ao meu olhar, uma mistura de admiração e medo encheu o meu peito, admiração por suas capacidades e medo pelo que aconteceria com Sakura se eu diminuísse a minha força ao menos um pouco, talvez fosse o pescoço dela que estaria perfurando.
"Tudo bem, não precisa me dar eles, você é minha agora", ele fala seriamente em um tom de satisfação sorrindo enquanto devolve a venda ao meu rosto, larga meu corpo e eu caio sobre a cama, a ferida de Sakura começou a regenerar, devido a ela usar magecraft deixando uma cicatriz horrível costa da mão, minha adaga havia se dissipado logo após feri-la.
"Sakura você fica e cuida da Medusa e Mordred, elas estão um pouco machucadas, mas no ritmo atual logo elas estarão recuperadas", ele ordenou Sakura e saiu da sala.
Ser designada como uma posse não me surpreendeu, a escolha foi minha, durante anos minhas irmãs foram perseguidas por sua beleza, homens e mulheres de todas as partes do mundo vinham adorar ou sequestrar, por isso é algo que posso aceitar, esse destino é apenas meu.
"Ele é exatamente como você falou, um Shinji que deu certo", digo para Sakura acariciando o ferimento em sua mão, ele me lembra um pouco Perseu, mas vou guardar isso para mim.
"Sim, ele é", escuto a voz sem emoção dela, Sakura não passa de uma boneca sem emoções que reage apenas a estímulos físicos.
"Espero que ele seja capaz de ensina-la a ser feliz", penso enquanto uma forte sonolência me ataca e minha consciência desaparece, apesar de servos não precisarem dormir meu corpo precisa concentrar-se em recuperar os danos da última noite.
Estava no noticiário de toda a cidade, um meteoro havia caído no campo de Basebol da escola Homurahara o destruindo e abalou parte da estrutura do edifício e escolar, tendo parte dos alunos liberados das atividades diárias por um dia enquanto os reparos eram feitos para garantir a segurança.
Yan andava tranquilamente pelas ruas familiares a caminho da escola, apesar de não achar necessidade de estudar ainda o fazia por lazer, sua sorte era muito boa, o lado afetado pela luta entre Rider e Saber era o oposto ao de sua classe garantindo que a implantação da barreira não fosse inútil, afinal a principal motivação para a implantar foi devido ao seu tempo gasto ser muito grande durante o dia na escola.
A presença de Yan se destacava na multidão, por um simples motivo, devido à ausência de Sakura, ambos sempre ambos sempre chegariam juntos, durante todo o tempo em que namoraram não houve seque uma vez em que apenas ele veio e isso gerou murmúrios, mas nada que superasse a incorrência que é a queda de um meteoro.
"Aquela é a Tohsaka", diz ele sem surpresa na voz enquanto encara a garota usando uniforme escolar e visivelmente irritada em frente à escola, batendo a ponta dos sapatos no chão murmurando algo, uma aura negra poderia ser vista sobre sua cabeça, os transeuntes fingiam não ver para não atraírem esse incomodo para suas vidas.
"Yan!", escuto um grito de Tohsaka quando estou prestes a entrar e paro no mesmo lugar, não acho incomum ela saber meu nome, assim como sei o dela e parte de seu passado, mas esse não era um assunto para agora.
"Em que posso ajudar?", digo mantendo um rosto assustado.
"Foi você certo, ontem à noite", diz ela se aproximando, ainda furiosa e com curiosidade em seu olhar.
"Pode ter sido ou não, eu preciso mesmo responder?", minhas palavras foram curtas e diretas, se ela não especificar um assunto posso simplesmente responder ambiguamente, não quero ser mal-educado, mas se não quer falar algo em publico é melhor ficar calado do que dizer palavras sem sentido esperando um entendimento divino da outra parte.
"Tudo bem, você não vai me dizer certo?", ela desiste e a ferocidade envolta dela desaparece, "Me encontre no telhado na hora do almoço quero conversar sobre hoje a noite", disse ela passando por mim e entrando na escola ou era esse o plano, mas deu de cara em uma parede invisível que deixou sua testa vermelha e para quem estava de fora pareceu que ela ficou envergonhada depois de falar com Yan.
Eu passei por ela e sussurrei baixinho apenas para que ela escutasse, "eu permito", e continuo meu caminho, alguns poderiam dizer que foi um erro permitir que ela entre na barreira, porém eu tenho confiança em julgar o caráter de uma pessoa e Tohsaka não é alguém que me atacaria na escola e a presença espiritual de seu servo comprova isso, foi o mesmo que auxiliou Saber ontem, mais um ponto a seu favor.
Mais tarde esse evento ficou conhecido na escola como a vagabunda invejosa Tohsaka que esperou apenas uma chance para se confessar para Yan.
Eu passei brevemente na sala dos professores para avisar da ausência de Sakura e Shinji, obviamente eu sabia que ele não viria, já que sem a minha permissão é impossível para ele por meios normais entrar nesse local.
Minha relação com os professores não é boa nem ruim, minhas notas são excelentes, além de trazer vários prêmios de competições de Kendo, porém não sou o aluno mais participativo ou exemplar, o meu visual que é mais similar a um delinquente, na visão dos professores, além de estar namorando de ter sido pego algumas vezes em momentos inadequados com Sakura inúmeras vezes, enquanto bebia seu sangue, o que posso dizer, eu não iria parar minha refeição por causa de um professor intrometido era o mínimo que eles poderiam fazer por mim.
Afinal quando houve o caso do professor chantageando alunas por favores sexuais e até mesmo dopando outras fui eu, por meios legais, que conseguiu as provas para ele ser preso e deixei o caso em segredo para preservar a imagem da escola, mas não, eu nem posso ter um "almoço" calmo ou me divertir na escola quando estou com vontade.
Dou um suspiro e deixo de lado meus pensamentos enquanto deslizo a porta e em pouto tempo escuto alguém me chamar, "Yan, ao que devo a honra dessa visita?", a voz era familiar, afinal, ela era minha responsável e respondia em meu nome legalmente, "Taiga-san, eu vim avisar que Sakura e Shinji estão adoentados e por isso não irão vir hoje", digo respeitosamente e sem entrar na sala dos professores que estava cheia de mesas, papeis e computadores, com os docentes ocupados fazendo seus últimos preparativos antes das aulas.
"Entendo, é raro, mas acontece, Sakura não precisava vir hoje, por causa que sua sala foi afetada pelo meteoro, mas obrigado por avisa, eles estão muito doentes?", disse ela visivelmente preocupada, mas eu não queria alongar muito o assunto, afinal mentir demais não é um bom habito para se criar.
"Sakura está bem, apenas um pouco febril e ficou em casa para cuidar dos doentes em casa, eles que precisam, mas amanhã ela já vem caso a ala dela seja considerada segura, quanto ao Shinji não tenho maiores detalhes, desculpe", dou um breve resumo, não quero entrar em detalhes e não menti tecnicamente, ela realmente ficou para cuidar dos doentes na minha casa, não na dela, além disso eu realmente não sei o estado do Shinji, bati bastante nele ontem, mas nada que fosse potencialmente fatal.
"Então tudo bem, vou ligar para os Matou mais tarde apenas por praxe", ela disse calmamente e eu estava prestes a me despedir quando ela continuou a falar, "Você está bem? Soube que estava andando pela cidade com outra garota, eu sei que na sua idade é normal sentir atração por outras garotas, mas não deixe Sakura triste tudo bem?", tinha apenas uns dez minutos antes da aula começar e aqui estava eu sendo taxado de Traidor, provavelmente alguns dos capangas do pai dela pela cidade me viram e a alertaram que eu estava com Mordred, "desde quando a Máfia virou uma vizinha fofoqueira chata?", penso cansado.
"Não se preocupe Taiga-san, eu fiz uma promessa pela felicidade dela, jamais a deixaria triste", digo sorrindo com um olhar amável no rosto, por algum motivo desde criança tive certa facilidade de aprender múltiplas coisas, como se eu já tivesse feito inúmeras vezes, um instinto natural que me ajuda a aprender muito mais facilmente que outras pessoas algo, seja atuar, matérias acadêmicas e até mesmo etiqueta e graças a isso minha mentalidade evoluiu em pouco tempo e por isso consigo fingir amor por Sakura tão facilmente que até mesmo Shinji acreditou depois de um tempo.
Depois de mais algumas trocas de palavras amigáveis eu sai da sala dos professores, mas não sem notar um vaso de flor em cima de uma das mesas da sala, uma pratica comum no Japão para quando alguém morre, e a foto do falecido, "Então o professor Souichirou Kuzuki morreu, meu feitiço ativou corretamente", penso enquanto fecho a porta da sala e vou em direção a minha sala.
Não houve mudanças na rotina escolar seguindo tranquilamente, a falta de Shinji na sala melhorou o ambiente, algumas garotas estavam sorrindo e isso me lembrou de terminar o serviço, minha culpa é inegável sobre o abuso e morte que algumas garotas sofreram nesse último ano, eu precisava de informações e não me arrependo, não conhecia ou interagia com elas para me preocupar, além de que o objetivo final foi alcançado, consegui informações e isso valeu a vida de algumas garotas desconhecidas.
Contudo preciso me redimir um pouco, agora que minha amizade com Shinji acabou e ele me traiu, não preciso mais honrar nossa aposta e posso penaliza-lo por seus erros, pode parecer hipócrita vindo de mim isso, mas não quer dizer que eu vá deixar algo de errado acontecer para sempre sem uma devida punição caso eu posso fazer algo e no momento em que Shinji desistiu da nossa "amizade" foi o ponta pé que eu esperava.
Passo a aula toda perdido em pensamentos, desde meus planos para a guerra até meus projetos após ela, afinal minha vida não é apenas o agora, tenho meus desejos não relacionados ao Graal e que só vai fazer sentido se for por conquista própria, como por exemplo saber a minha própria origem, visto que não existem sinais de meus pais e parece que eu apenas surgi do nada, além de estudar mais a fundo minha projeção, pois tenho certeza que algo está faltando, uma pequena peça que me impede de usar todo o meu poder.
E falando em poder usar Avalon contra Mordred foi um golpe muito ruim no meu potencial de combate, agora tenho um trunfo a menos para momentos de necessidade, já que a energia remanescente obtida de Arturia Pendragon durante a última guerra do Santo Graal foi gasta impossibilitando a de ser utilizada como catalizador para Criar uma projeção da Excalibur e diminuindo seus efeitos de regeneração quase a zero, servindo apenas para aumentar a vida útil do portador.
O sino do intervalo para o almoço toca me trazendo de volta a realidade, o professor estava saindo e alguns alunos começaram a conversar e essa era minha deixa para sair daqui antes que as putas, digo, amigas da Sakura venham até mim ou outros alunos que não lembro o nome tentem puxar assunto.
Pego minha marmita, feita por mim e dou algumas voltas na escola diminuindo aos poucos a minha presença até não sentir a presença de ninguém e ir ao telhado, eu já tinha notado que havia uma pequena barreira que impedia a aproximação de pessoas comuns.
"Desculpe a demora", digo ao abrir a porta que dá para o telhado e vejo Tohsaka sentada confortavelmente sobre um lençol amarelo em um dos cantos, ao contrario de antes, agora ela estava confortável enquanto me esperava.
"Eu entendo a situação, agora sente-se primeiro, gostaria de falar sobre algumas coisas antes de anoitecer", ela me convida educadamente para sentar e faço o que foi pedido, enquanto abro o meu almoço, por sorte ela sentou próximo a parede e a sombra impedia o sol ao mesmo tempo que os ventos forte refrescam.
"Itadakimasu", digo e começo a comer meu almoço simples, alguns bolinhos de arroz e alguns pedaços de salsicha com ovo, apenas o suficiente para apaziguar a fome até mais tarde, enquanto como Tohsaka fez o mesmo, apesar de ser chato é comum chamar alguém com pouca ou nenhuma familiaridade usando seu nome de família.
"Então, pode começar", digo para ela enquanto como um onigiri.
Ela respira fundo e olha nos meus olhos, ao contrário da fúria que era dirigida a mim todos os dias, ela agora estava fria e seria, seus olhos azuis transbordavam em analise como se tentasse ler todos os meus movimentos, seus olhos azuis são lindos e poderia me fazer cair em tentação agora, mas depois de ver os olhos da Medusa dificilmente vou me encantar por outro olhar.
"Eu sei que você sabe da minha relação com Sakura entre outras informações, 'sigilosas', não sei o quanto, por isso vou direto ao assunto que vem me atormentando a muito tempo", posso sentir a frieza em sua voz, devo ter feito ou saber de algo que a está incomodando muito mesmo para a fazer chegar a esse ponto, o de confronto direto por falta de opções melhores.
"Você costuma ir no distrito da luz vermelha?", ela perguntou seria, mas seu rosto corou levemente de vergonha, agora tudo fazia sentido, o ódio que ela sentia por mim, apesar de nunca termos conversado ou ter feito algo contra ela, em algum momento dos meus passeios noturnos ela me viu entrar em um dos bordeis por Fuyuki, que tem muitas opções se souber procurar.
"Sim, sou um cliente regular", respondo sem medo, daria muito trabalho mentir agora, preciso guardar minha mente para coisas mais importantes e não para uma conversa sem sentido com uma irmã superprotetora.
Isso mesmo, Sakura e Rin são irmãs, enquanto uma foi escolhida para herdar os ensinamentos da Família Tohsaka, a outra foi adota pelos Matou para tornar-se a herdeira devido a deficiência de Shinji em magia, enquanto uma vivia normalmente enquanto desfrutava de um crescimento muito próximo ao comum, a outra era torturada e abusada todos os dias por insetos, além de aguentar a os abusos de seu irmão adotivo até os dias atuais.
Se fosse uma situação comum apenas diria isso e já estaria me arrumando para ir embora, mas tenho que honrar meu acordo com Medusa, afinal o que mais vale em uma pessoa é a sua palavra, alguém sem honra perde toda a sua credibilidade, por isso continuei sentando e observei ela ficar vermelha de raiva, mas antes de começar a falar a interrompo e digo.
"Calma, quero deixar claro que o nosso relacionamento é apenas fachada", minha voz era monótona. mordo o último onigiri e penso na minha prioridade no momento, "coloquei muito sal nesse, mas estava bom", minhas habilidades culinárias estão enferrujadas.
"Como assim falsa? Vocês vivem se beijando em público e até mesmo tem boatos que vocês estavam...", a voz de Tohsaka começa como um trovão que se perde no horizonte ficando cada vez mais baixa até sumir, junto com seu rosto que misturava incredulidade e vergonha, segurando sua cabeça.
"Você pelo acaso é alguma criança? Se não houver beijos ou ter pelo menos alguns boatos como poderíamos ser um casal? Além disso não é da sua conta, afinal ela não é uma Tohsaka certo?", escutando minhas provocações enquanto termino de guardar meus alimentos, a faz se acuar, pois tudo que eu tinha dito era verdade, não gosto de mentir sem necessidade, esse é meu ponto de segurança para não acabar virando um mentiroso compulsivo.
"Eu posso usar isso", penso enquanto espero alguma reação vinda dela, mas poderia ser vista uma nuvem negra e chuva caído sobre sua cabeça e murmura baixinho repetidas vezes, "não é da minha conta".
Me levanto e preparo para sair, limpando pedaços de comida que poderiam ter caído em meu colo e desamarrotando minha roupa, apesar do uniforme ser feio ainda deveria ser o minimamente apresentável.
"Você já perdeu seu posto de irmã, mas ainda pode pegar o de amiga, ela com certeza precisa de uma que não tenha apenas interesses pessoais", termino minhas palavras e me preparo para fechar a porta do telhado atrás de mim, mas paro quando escuto a voz te Tohsaka novamente, "Então qual é a sua relação com ela?", ela me encarou friamente, claramente querendo proteger a irmã.
"A Sakura é meu lanche de emergência", eu digo rindo e fecho a porta e vou embora.
Posso usar esses sentimentos de culpa e proteção ao meu favor, mas é um tanto hipócrita dela tentar ajudar Sakura agora, sendo que em anos que uma se separou da outra nunca conversaram.
O resto do dia foi bastante comum durante as aulas, hoje não iria para o clube de Kendo, pois tinha coisas mais importantes para fazer, esperei o professor sair da sala e peguei meu celular e mandei uma mensagem, "Me encontre fora da escola", fecho o mesmo e vou embora calmamente, passou em frente a mesa de Tohsaka e sussurro baixinho, "Venha a partir das 7", foi uma altura suficiente para ela escutar, apesar de seu humor estar ainda um pouco sombrio.
Eu tinha que tomar medidas contra Shinji o mais rápido possível ou poderia acabar esquecendo, ele é imprudente e pode acabar morrendo a qualquer momento durante o Ritual e não quero isso, por isso preciso fazer alguns preparativos e o primeiro deles era ela.
Uma garota sem traços que se destacam além de seu busto ser grande, uma das alunas da minha escola da sala vizinha me esperava do lado de fora, uma das vítimas de Shinji, porém ela é diferente de outras que tentaram o matar, chantagear ou até mesmo se entregaram, essa garota veio até mim e pediu por ajuda e disse que faria qualquer coisa para proteger sua irmã das garras dele e devido a isso criei um simples Código místico especializado, um anel que faz a irmã dela parecer repugnante para Shinji e apenas para ele a protegendo e em troca pequenos favores vinham sendo pagos e o principal era ela tornar-se o brinquedo pessoal de Shinji.
Ou seja, ele acha que estava abusando de varias garotas diferentes na escola todos os dias, mas na verdade apenas uma estava sendo abusada, apenas ela durante muito tempo, usando um Código místico similar, isso me ajuda a manter ele sobre controle, logico que ele atacou outras garotas, mas o número de vítimas com certeza reduziu muito graças a ela.
"Vasel-san, obrigado por vim, me siga", recebo um aceno dela em resposta, sua determinação era admirável, muitas na situação dela já teriam desistido, tentado suicídio ou matado o seu abusador, mas ela esperou pacientemente até agora, sua atitude silenciosa e tímida natural, foi um dos motivos para ser alvo de Shinji.
Contudo ela é perseverante, depois de uma pequena pesquisa encontrei seu histórico criminal, matou seu padrasto quando tentou abusar da irmã e por isso agora vivem com o tio, após a mãe perde a guarda, pois ela não acreditou em suas filhas mesmo após o vídeo do ataque ser amostrado.
O ponto principal aqui é simples, mesmo que ela matasse Shinji, sua família poderia vir atrás de vingança ou ela acabar sendo presa e ficar longe de sua irmã, ambas compartilham um relacionamento proibido, por isso não queria ficar longe uma da outra.
Depois de algum tempo de caminhada chego em casa e abro o portão, sendo recepcionado por uma Mordred de Camisa regata branca folgada e shorts extremamente curtos, muito linda, pena que sangue não percorre sangue pelo seu corpo.
"Yan, quem é ela?", diz Mordred curiosa olhando a garota que entrou depois de mim e espera minha resposta.
"Ela é Rinka, tenho assuntos a tratar com ela, como você está?", pergunto olhando o corpo dela, enquanto procuro por qualquer coisa fora do normal que possa prejudicar nosso futuro.
"Eu estou pronta para outra, mas Rider vai precisar de pelo menos mais um dia de descanso", Mordred falou arrogante com uma pitada de superioridade em sua voz.
"Entendo, obrigado e como está Sakura?", pergunto apenas por curiosidade, pois já sei a resposta.
"Ela fez todo o trabalho de limpeza da casa, cuidou de mim e Rider e agora está começando a preparar o jantar, mas em momento algum ela demonstrou emoções, ela é algum tipo de Homúnculo?", Mordred relatou, homúnculos não eram incomuns como servos para magos, além de serem usados como recursos descartáveis, por isso muitos deles não apresentavam emoção e sabiam apenas o básico para sobreviver.
"Como esperado, ela não é, vou começar a trabalhar nela agora", entro em casa e quando passo por Mordred acabo acariciando sua cabeça por instinto, ela retira a minha mão e me olha brava, não ligo e entro sem esquecer de tirar meus sapatos e guardar, escutando um leve "Baka" vindo dela.
"Você me espera aqui, eu já volto", digo para Rinka esperar na sala e vejo Sakura terminando de fazer o jantar, Sala e cozinha dividem o mesmo espaço sendo separados apenas por um balcão.
Fui ao meu quarto para vestir roupas mais confortáveis, uma camisa regata branca como a de Mordred e bermudas pretas, roupas extravagantes e coloridas não são do meu gosto, prefiro roupas simples que se encaixem no meu biótipo físico.
Vou até o quarto de Medusa e a vejo deitada na cama, mas diferente de outras vezes estava usando suas roupas de combate, esqueci que não tenho roupas que caibam nela, "Eu só vim avisar que vou começar a recuperação da Sakura agora, espero que não se intrometa desnecessariamente, além disso trouxe uma garota a qual você pode beber o sague e acelerar a sua recuperação, apenas não a mate, ainda vou precisar dela", relato a ela e recebo um aceno de cabeça em resposta.
"Essa vai ser uma noite cansativa", suspiro depois de fechar a porta do quarto e vou para a sala, mal eu sabia que estava certo, essa noite ia ser muito estressante, mais que o normal.