Reino Ecrom

Não sei se realmente foram duas horas até a chegada ao local. Passei a viagem toda enjoado, pois decidi olhar pelas janelas para ver o que estava nos rodeando. Nos poucos momentos em que consegui ver a linda e aconchegante natureza, isso foi suficiente para me deixar com ânsia de vômito. Enquanto Éder estava maravilhado com as paisagens, eu gostaria de ter a mesma expressão se não fosse por culpa desse enjoo.

Além disso, tive que aguentar Larry e Lawrie brigando e fazendo comentários sobre meu nome, que achavam extremamente bonito.

"Chegamos, podem descer, rapazes."

Dizia o homem que coordenava os cavalos. Éder, que estava mais próximo da porta, logo a abriu. Ele saiu, e fui junto dele. Ao olhar para o lado, deparei-me com um grande portão de ferro, decorado com escudos e brasões do reino. As paredes que flanqueavam a entrada eram altas e fortificadas, construídas com pedras resistentes que demonstravam a solidez e a segurança do reino.

Ao me aproximar mais um pouco, Larry me parou com o ombro.

"Espera um pouco, Dante."

Ao dizer isso, Éder, que ainda estava analisando a estrutura da entrada do reino, apareceu com Lawrie.

"Aqui, ó!"

Larry disse isso e começou a olhar para cima e bater palmas. Ao olhar na direção que ele apontava, vi uma torre de vigia, onde havia um homem que fazia um sinal de joinha com a mão.

"Esperem um pouco."

Ao dizer isso, começamos a escutar uma trombeta e barulhos vindos de dentro. Ao olhar para o grande portão, ele começou a se abrir, e, ao abrir por completo, revelou uma estrada que levava a uma fonte que derramava água de cima para baixo. Ao redor dessa estrada, havia pessoas olhando para nós.

"Vamos, garotos."

Disse Lawrie, enquanto tomava a frente do grupo e passava pelo portão. Logo em seguida, Larry foi sem esperar. Olhei para Éder, com dúvida se realmente deveríamos ir. Ele deu um sorriso.

"Bem, vamos."

Ele disse e foi em seguida. Fui logo após ele. Enquanto passávamos pelo portão, as pessoas jogavam flores.

"Viva a cidade de Ecrom!"

Alguns vangloriavam a cidade.

"A família real é uma bênção!"

Outros vangloriavam a própria família real, e isso sanava minha dúvida. Larry e Lawrie eram membros da família real. Boa parte dos olhares estava voltada para eles, enquanto minha presença e a de Éder passavam despercebidas. Eles são as estrelas, não eu, o que faz sentido, afinal, eles são a imagem daqui. Após chegarmos à fonte, que era feita de pedra, e cuja água era extremamente linda e brilhante, Larry comentou:

"Essa fonte é extremamente bonita, não é? Bem, vamos até o rei."

Disse Larry, enquanto dava uma risada.

"Vamos a pé?"

Perguntei, com certa dúvida.

"Sim!"

Respondeu Lawrie.

"No caminho, vamos explicar o motivo disso."

Éder, que estava analisando a fonte, que agora mais de perto era possível observar melhor. A sua base é ampla e feita de pedras, criando um formato de uma bacia que o seu provável objetivo é recolher e armazenar água. Sendo que o formato da base era circular. No nível superior da mesmas era possível observar uma escultura de Dante, sendo posta na coluna central da fonte.

Éder Ao escutar isso, olhou imediatamente.

"Tudo bem."

Diz ele, enquanto era possível ver os seus olhos, e perceber como estava maravilhado com o que acabou de conhecer.

***

Enquanto andávamos por algum tempo, analisei cada detalhe do reino de Ecrom. Em todos os lugares por onde passávamos, as pessoas jogavam moedas e flores, além de obviamente elogiar o reino, tudo isso para nós. Grande parte das casas dos aldeões era feita de tijolos ou madeira. Mas parecia que aqui não havia desavenças. Mesmo com casas diferentes, empregos diferentes, vidas diferentes... Tudo era belo. Ninguém brigava ou xingava, era como se aqui fosse o mundo perfeito. O que é extremamente estranho, pois deveria ser o cenário totalmente oposto. Afinal, após o roubo da Vida Primordial e o extermínio dos Guardas Reais do reino, algo que Hugo nos contou, era para ser totalmente diferente desse cenário. É como se aqui fosse uma utopia. Onde seria o mundo perfeito. Nesse local não há desavenças e desigualdade social, todo mundo é feliz, e não tem um resquício de corrupção ou outra coisa ruim. É o melhor mundo de todos.

Ao entrarmos em uma parte da cidade onde não havia ninguém, apenas casas de um lado e do outro, Lawrie começou a dizer:

"Vocês sabem por que não viemos com a carruagem?"

Lawrie disse, enquanto caminhávamos em direção a uma casa no final da rua, que lembrava bastante minha antiga vila.

"Não. Por que não viemos?"

Disse Éder, enquanto analisava o local.

"É que... É um pouco engraçado as coisas. As pessoas inferiores a nós."

Éder começou a olhar estranho, e ele continuou.

"Elas acham que podem entrar em qualquer lugar, e o melhor disso... ELAS QUEREM O MELHOR CONFORTO."

Nesse momento, eu e Éder paramos de andar. Larry e Lawrie, ao perceberem isso, pararam e olharam para trás. Larry deu um sorriso e terminou o que o irmão dizia.

"Eles acham que podem duvidar de nós, superiores. Neste mundo, sobrevivem os mais fortes, e os mais fracos ou se submetem aos fortes ou são mortos. Qual é a escolha de vocês?"

Era bom demais para ser verdade.

"Nossa escolha? Bem, a gente prefere... matar vocês."

Disse Éder, enquanto pegava sua espada que estava na bainha.

"Quanta insolência. Se é assim, venham para cima."

Disse Lawrie, enquanto sacava sua espada e vinha na minha direção.

No momento, saquei minha katana, mas, vendo que seria difícil lutar nesse local um pouco mais fechado, decidi ser jogado para longe com o impacto, para conseguirmos lutar sem ser interrompidos.

"Seu merdinha, você não vai fugir. Vou te cortar ao meio. Vou terminar o que começamos no outro reino."

Ele disse isso enquanto me perseguia. Corri para outro lugar e acabei entrando em um beco sem saída.

"Agora você vai morrer. Aqui não tem como fugir."

Disse ele, enquanto aproveitava que eu estava encurralado.

Dei apenas uma risada e olhei para ele.

"Você vai ter uma morte lenta. Bem calma, para compensar esse seu estresse."

Ele apenas riu.