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O Escolhido

Logo após acordar, sinto uma sensação estranha. Não faço a menor ideia que horas são, mas tanto faz. Provavelmente, já chegou a minha hora e o que me resta é aceitar. Enfim, se for para morrer, quero comer algo antes. Me levanto da minha cama, e vou em direção a cozinha. A minha casa tem apenas 3 cômodos, o primeiro cômodo que você encontra ao adentrar a casa, é a cozinha, a direita o quarto, e a frente da cozinha, está a porta do banheiro.

Olhando com mais cuidado agora, a cozinha está horrível. Tem pratos que não lavei, coisas em cima da mesa. Como eu não percebi isso, Quando Liz entrou aqui? Que droga, eu gosto de ter coisas arrumadas, principalmente na presença de outras pessoas. Por qual motivo eu sou assim? Eu não devo me importar com o que os outros pensam, entretanto, eu me importo mais do que deveria.

Começo a lavar os pratos, e organizar as coisas. Enquanto lavo um copo, vejo que o mesmo foi um presente de Márcia.

Quando eu tinha 7 anos, ela tinha me entregado como um presente de aniversário. Lembro perfeitamente do dia. Estava brincando com Liz na casa dela, quando ela saiu e disse que já voltava. Fiquei esperando, então quando eu menos esperava...

"Senhor Lucas! Abra a porta agora!".

O som das batidas na porta, e o grito me fazem perder a linha de raciocínio. Que droga, quem é agora?

Ao abrir a porta, encontro Mayke, filho de Maicon.

"O que você que-".

Não tenho nem tempo de reagir, sou acertado em cheio por um soco, sinto como se estivesse carregado de algo, raiva. Caio no chão, e a única coisa que vejo é ele. Mayke, é um dos meus "colegas" de infância, ele é filho de Maicon, e eu odeio ele pra caramba.

"Como você ousa dizer aquilo sobre o meu pai, na frente de todos? Seu idiota, inútil, nunca foi ninguém na vida".

Enquanto sou insultado, ele não perde tempo e começa a mandar um soco atrás do outro, enquanto sou golpeado. A única coisa que vem à minha cabeça, é a sua roupa branca. Ele usa branco do sapato até a camisa.

Talvez seja por isso que eu o odeio tanto, sempre gostei da cor preto, e ele de branco. Cores opostas, sentimentos opostos, pessoas opostas.

A cada soco que eu recebia, eu conseguia enxergar a sua camisa social branca, mudando de cor, vermelho.

A cor mais pura e verdadeira, é a única cor, que só de vê-la, você entende do que se trata: Dor, sangue, caos.

"Você vai morrer hoje, Lucas. Para aprender a nunca insultar minha família".

Porém, em meio a tudo isso, eu não sinto nada. Tudo o que passei na minha vida, é só... Vazio? Nunca gostei de despedidas, morrer assim, é o melhor mesmo. Prefiro isso, do que passar semanas me recuperando, para no fim adiar o inevitável.

Fecho os meus olhos. Estou preparado para o que acontecer. Sempre soube que nunca iria durar muito nesse mundo. Eu fui uma pessoa boa, porém a droga desse mundo te faz ser mal, apenas por não se encaixar no padrão deles.

"Morra! Você é um ninguém".

Adeus, mundo.

De repente, Mayke para de me espancar, e quando abro os olhos novamente, estou sozinho.

"O que foi isso? Uma ilusão? Não tem como, não tem magos por aqui. Cadê Mayke?".

Quando me levanto, foi direto ao banheiro, e me vejo no espelho.

"Como assim?".

Não vejo nenhuma marca de golpe, ou sangue. Pela primeira vez em muito tempo, me sinto extremamente bonito. O meu cabelo liso cai por cima da testa, os meus olhos pretos, sem olheiras. O meu cabelo está tão bonito e bem cuidado. O que aconteceu aqui?

Sem perder tempo, volto a cozinha, e vejo que as coisas que estava lavando, estão limpos. Não só isso, mas ao lado está um bilhete. E ao chegar perto dele, consigo ler o que está escrito.

"Garoto sonhador, você é a minha esperança, para esse mundo. Me encontre na grande árvore".

Ao ler isso, eu começo a sentir uma comceira extrema no meu pulso direito, e quando eu olho para saber o que houve. Vejo o símbolo da testa de Dante, o nosso Deus. O mesmo símbolo X, em verde estava ali. Fincado em mim.

Tento lavar meu braço, mas não consigo tirar. É como se fosse uma tatuagem.

"Que droga tá acontecendo?".

Ele passou por aqui e mearcou. O que eu faço? Um desespero me sobe a cabeça. Será que deveria contar a Liz? Não, talvez seja perigoso. Enquanto minha cabeça está cheio de dúvidas, eu olho para o lado, e encontro o relógio marcando sete e quarenta e cinco da noite. Sem pensar duas vezes, já sei o que vou fazer.

"Bem, não tenho mais nada a temer. O que me resta, é ir até lá".

Ao sair da minha casa, eu sinto um vento bater forte no meu rosto, e ao olhar o céu, vejo nuvens se formando. Vai chover.

Olho em volta, e percebo que todas as casas estão trancadas, sou a única pessoa do lado de fora. Minha casa é a última de uma rua, ao redor dessa rua, há outras casas, feitas de tijolos, e com porta de madeiras. A economia da cidade regrediu desde os últimos acontecimentos.

Enfim, respiro fundo, e vou em direção a grande árvore. A grande árvore fica localizada na entrada da cidade. Enquanto vou indo até lá, vejo várias lembranças minhas, enquanto vou andando e vendo as casas.

Encontro a casa de Ander, o senhorzinho que me encontrou e trouxe até aqui, a casa de Liz, logo após, passar por essas casas, ao olhar o meu lado direito, vejo o antigo estabelecimento de Márcia. Todo queimado... Parece que foi ontem, sinto vontade de chorar, entretanto eu seguro e vou adiante. Não posso perder o foco

Ao chegar na entrada da cidade, finalmente estou na grande árvore, que por acaso mede aproximadamente vinte metros de altura. São tantas coisas na minha cabeça, onde está Mayke? Por qual motivo todas as casas estão fechadas? O que aconteceu?

Enquanto chego no local, vejo alguém debaixo da grande árvore. Ao chegar mais perto... Não pode ser, encontro alguém encapuzado, e olha para mim fixamente.

"Olá, humano".

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WendellzDcreators' thoughts