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O Começo

Eu não me lembro muito dos meus pais, quando eu perguntava às pessoas sobre eles, nunca recebia uma resposta direta.

"Eles? Com certeza estão por aí, eu tenho certeza que vi eles na casa de Márcia. Vamos lá? O café é ótimo".

Era apenas uma forma de me fazer esquecer essa pergunta que eu tinha. Com o tempo, eu simplesmente parei de me importar. Eu não preciso deles, nunca precisei. Eu cresci em uma vila bem calma. Grande parte da minha infância, passei com minha amiga, Márcia. Ela era bem velha, mas independente disso, eu olhava como minha mãe. Ela usava um conjunto de roupas pretas, seus olhos azuis como a água, e o seu cabelo preto, como a noite mais escura que já houve nesse mundo. Talvez seja por isso que eu amo a cor preta, ou é apenas um contraste da minha personalidade, alguém solitário.

Ao acordar da noite de ontem, saio da minha cama, e vou ao banheiro, e logo ao entrar, vejo o espelho. E mesmo sem querer, me vejo. O que eu sou? Olheiras, uma cara morta, os cabelos todos arrepiados. Eu estou horrível.

"Ei, Lucas. Por favor abra a porta, eu tenho algo que quero tratar com você!".

Ao escutar isso, não sei se é um guarda, vindo me prender pelo que fiz ontem, ou é só a morte vindo bater na minha porta.

"Já estou indo".

Termino de tomar banho, visto uma camisa preta, e coloco por cima um moletom. Coloco uma calça que combine comigo, e ponho o meu sapato preferido.

Abro a porta, e para a minha felicidade vejo Liz.

"Você está bem? Eu fiquei sabendo do que aconteceu ontem... Eu sinto muito".

"Fica tranquila, só falei o que penso. Enfim, quer se sentar?".

Embora, eu seja alguém desprezível, sempre fui uma pessoa organizada. Puxo uma cadeira, para ela se sentar, e logo após isso, puxo uma para mim. Pode não ser relevante, entrentanto moro em uma casa pequena, com uma cozinha, um banheiro e apenas um quarto. Recebi essa casa de Márcia, ela disse que era a casa de sua falecida vó. É muito especial para mim.

"Bem... O pessoal está odiando você. Estavam combinando de mandarem você ir embora".

Liz é a filha de Márcia, ela é uma garota da minha idade, é uma das pessoas que mais confio, a gente sempre foi como carne e unha. A gente amava brincar juntos... Até a morte de Márcia.

"Eu já esperava isso, quer saber? Eu mesmo vou embora. Eles são pessoas hipócritas, horríveis, assassinos".

"Olha, Lucas. Eu sei que você os odeia, por causa da forma como eles te tratavam, e como eles te olhavam. Mas você não pode ir embora. Peça desculpas, por favor".

"Liz, você se esqueceu? Eles mataram a sua mãe. Eles deixaram ela morrer no incêndio. Eu vi o Maicon, saindo de lá, momentos antes do incêndio, ele pôs fogo".

"Lucas! Eu sei disso. Mas você não pode fazer nada. Maicon já morreu, e ele é como um ídolo nessa vila".

"Como...? Vocês podem vangloriar uma pessoa tão horrível como ele?".

"É preciso ter uma prova concreta, mas você não tem, Lucas. Por favor, não vá embora. Eu orei por você, pelo o nosso Deus, Dante".

Eu conseguia ver, mesmo sem querer, que ela é uma boa pessoa. Nunca faria mal a ela, porém não posso continuar vivendo em um lugar como esse.

"Agradeço sua oração, Liz. As coisas vão mal para o mundo todo. Depois dos espectros pegarem a vida primordial. Era tudo mais fácil antes".

Logo após Márcia morrer, os espectros, uma organização que se dizem ser "revolucionários", conseguiram a Vida Primordial. Dizem que ela foi um presente dos deuses para nós, Humanos. Todos achavam que era só lenda, até aquele momento. Com o roubo dela, a mágica desse mundo foi com ela, aqueles que conseguiam ainda usar a magia, são chamados de "Linhagem Esquecida". Embora, eu nunca mais encontrei alguém usando.

"Lucas, pense um pouco. Ficaria muito agradecida, se ficasse. Eu tenho que ir agora, tenho um compromisso. Depois me diga a sua resposta".

Ela se levanta e atravessa a porta, e sai da minha casa. Que começo de dia. E eu ainda tô morto, parece que faz anos que eu não durmo. Bem, eu não tenho mais emprego mesmo. Aquele velho idiota, nunca soube me valorizar mesmo.

Eu vou em direção a porta, e fecho ela. E volto até a minha cama. Olhando agora, vejo como ele está uma bagunça. Tem coisa no chão, as portas do armário estão abertas, o lençol está entre o chão e a cama.

"Bem, preciso dormir. Vejo isso depois".

Eu começo a fechar os meus olhos. E a única coisa que vem a mim cabeça, logo após tudo isso: Se deuses realmente existissem, como eles aceitam esse tipo de coisa acontecendo? Isso é inacreditável. Quando criança, me contavam uma história, que no começo não existia nada, só seres que chamamos de deuses. Eles passavam tanto tempo com eles, que após um momento as coisas ficaram chatas, e criaram o universo como uma forma de diversão, um passa tempo. Cada ser criou uma parte. Porém, muitas vezes gostavam de se juntar, e fazer algo, pois cada um tinha sua afinidade, e precisavam de ajuda. Dizem, que o Deus que criou esse mundo foi Dante, junto com outros seres. Mas representações que eu olhava nos livros, Dante era uma pessoa com uma pele branca, cabelos longos de cor branca, e tinha um símbolo no meio de sua testa, o símbolo lembrava a letra X. Se você realmente existe... Cadê você?

Gostou da leitura? Adicione a sua livraria! Caso tenha alguma idéia ou sugestão, por favor me mande!

WendellzDcreators' thoughts