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Ilusão da Floresta

Ao acordar, sinto como se um pedaço da minha memória estivesse faltando, uma parte tivesse se perdido. Estou com a cabeça ensanguentada, não sei quanto tempo se passou e o que aconteceu para estar aqui deitado. Ao olhar para o céu, vejo que está escuro. O que vim fazer aqui? Tento me levantar, mesmo com boa parte do corpo doendo.

"Que droga aconteceu? Essa dor de cabeça infernal."

Ao olhar para o lado, meus olhos se encontram com um livro.

"Eu me lembro dele... Alguém me entregou ele."

O livro, de cor verde com detalhes dourados, está ali no chão. Vou até ele e o pego. No momento em que vou abrir, me deparo com o X de Dante no meu pulso, passo minha mão sobre ele e quase de imediato lembro de tudo o que aconteceu.

"Que merda, Éder. Preciso encontrá-lo."

Olho ao redor e só vejo árvores. Na minha frente, a flor que deveria estar ali não está mais. Pensando melhor, o que vi nela? Era bonita, mas só isso?

"Tantas dúvidas e nenhuma resposta. Preciso fazer alguma coisa."

Estou todo acabado. Como posso me recuperar nesse estado? Mal consigo andar. Será que no livro tem alguma informação sobre minha afinidade com o tempo? Talvez, entendendo melhor, eu possa sair dessa. Ao abrir o livro, encontro uma parte sobre alguns tipos de afinidade.

"Isso já estava aqui antes? Eu não me lembro. Tanto faz, só preciso sair dessa situação e ir atrás do Éder."

Sento perto de uma árvore e tento ler algo sobre o tempo.

[O tempo é algo primordial. O que seria do mundo sem o tempo? Se refere-se a um sentimento de medo, angústia e injustiça. Suas palavras especiais são: Respirar, enfrentar e sentir.]

Só tem isso sobre o tempo. Que merda, como vou usar algo se não tem nada sobre isso? Fecho o livro, e quando percebo, uma gota de sangue cai sobre ele. Meus ferimentos estão piorando. Desde criança nunca gostei de ver muito sangue, não entendo o motivo. Com o passar do tempo, percebi que há situações em que devemos enfrentar coisas que não gostamos.

"Preciso sair dessa. Não vem nada na minha cabeça."

Espera um pouco... "Respirar, enfrentar e sentir"? Poso minha mão sobre a testa e sinto o sangue descendo pelos dedos. Respiro fundo, mas é agonizante sentir cada gota descendo sobre mim. Lembro rapidamente de Mayke e percebo como sou tão irônico.

"Como fiz aquilo com ele? Como o sangue que saiu dele não me fez agonizar de nojo?"

Sou um enigma que nem o melhor detetive pode desvendar. Tenho que enfrentar isso. Já fiz isso uma vez, posso fazer de novo. Respiro fundo e deixo meus dedos ali. Enquanto faço isso, não sinto mais o sangue. Quando coloco a mão na testa, está normal.

"Acho que entendi como isso funciona. Consegui acelerar minha regeneração. Parece que, além de desacelerar o tempo, posso me regenerar mais rápido. Isso é incrível."

Ao perceber isso, tento fazer o mesmo na parte do meu abdômen que estava doendo por causa de Mayke.

"Interessante, consegui me recuperar novamente."

Mas, ao tentar fazer isso em outra parte do corpo, não consigo.

"Talvez haja algum limite de uso. Não, na verdade. Lembro que os magos precisavam descansar para recuperar sua magia."

Deve ser isso. Bem, isso já foi de grande ajuda. Agora preciso ir atrás do Éder. Levanto-me da árvore e pego o livro. No mesmo momento, penso: como vou saber onde ele está?

Enquanto ando, tentando entender como encontrá-lo, acabo pisando acidentalmente em uma folha. Quando vejo, é o mapa que Hugo entregou a ele. Éder deve tê-lo deixado cair enquanto estava com a flor e nem percebeu.

"Isso vai servir para encontrá-lo."

Ao abrir o mapa, não entendo de primeira, mas após alguns segundos, compreendo. Estou na parte oeste da floresta. Pensando melhor, para que vou atrás dele? Ele não vai me trazer nenhum benefício. Melhor ir atrás da Cobra do Leste, terei mais benefícios. Seguindo o mapa ao leste, vejo vários animais lindos, parecem únicos por aqui.

"Que merda estou pensando? Provavelmente a floresta faz o nosso subconsciente pensar isso e acaba nos fixando nela."

Lembro desse sentimento. Parece que há algum tipo de magia que faz isso com a nossa consciência.

"Tenho que pensar em um jeito de evitar isso. Deve haver alguma forma de ir contra isso."

Talvez no livro tenha algo que ajude.

[A magia se propaga de três formas diferentes: pela audição, pela visão ou fisicamente. A propagação física pode tanto causar dano ao adversário quanto regeneração. A propagação pela audição e visão pode ser chamada de propagação conceitual. O indivíduo pode usar uma área para lançar sua magia e ir embora, fazendo a área afetada ter algum efeito, mesmo sem sua presença.]

"Audição ou visão, certo."

Coloco a mão nos meus ouvidos e deixo cair o livro e o mapa. Mas, enquanto faço isso, os pensamentos não entram na minha cabeça.

"É isso. Parece que descobri como passar por isso."

Antes de qualquer coisa, é melhor levar o mapa dentro do livro. Caso sinta esse sentimento novamente, ponho as mãos nos ouvidos.

Seguindo um pouco mais ao leste, começo a sentir o cheiro de carne.

"Merda, ele está por perto."

Já é noite, o que piora minha visão. Tento prestar atenção ao redor para não ser pego de surpresa.

Enquanto atravesso a floresta indo ao leste, sinto o cheiro cada vez mais perto e vejo, através de algumas árvores, Éder. Ele está de frente para uma caverna, com a flor de antes.

"O que você acha de morarmos aqui, minha linda flor? Aqui é lindo, não acha?"

Ele está completamente hipnotizado. Tento me aproximar por trás dele, sem fazer barulho. Antes, deixo meu livro e o mapa perto de algumas plantas, tornando-os invisíveis, principalmente à noite.

Enquanto Éder está fixado na flor, chego por trás e coloco minha mão nos seus ouvidos.

"Que merda é essa? É você, Lucas?"

Ele cai no chão imediatamente, soltando a flor.

"Consegui, tomara que ele volte ao normal."

Enquanto olho ele caído, meus olhos vão à flor.

"Ela é até bonita, certo? Acho que vou pega... não, tenho que lembrar, não posso deixar isso me controlar."

Coloco as mãos nos ouvidos, e os pensamentos param na hora. No mesmo momento, Éder se levanta.

"Lucas? O que aconteceu? Estou com uma dor de cabeça infernal."

Ele se levanta, mas mal consegue ficar em pé.

"Cara, é o seguinte: tem uma magia nesse ambiente que nos hipnotiza por qualquer coisa desta floresta. A forma de evitar isso é colocando as mãos nas orelhas."

Ele parece incrédulo quando digo isso e olha fixamente para mim.

"Então, quer dizer que fui pego por isso? Que merda, cara. Já está anoitecendo. Por quanto tempo fiquei assim?"

Ele parece visivelmente irritado com a situação.

"Não faço ideia, cara. Mas ainda temos que ir atrás da Cobra do Leste. E acredito que ela está nessa caverna à nossa frente, por causa do cheiro de carne."

Ao falar isso, ele fica surpreso e percebe o cheiro de carne que Hugo mencionou.

"Lucas, peço desculpas pelo que fiz ao seu corpo e pelo soco. Minhas memórias estão voltando agora. Foi mal, cara."

"Fica tranquilo, já passei por coisas piores. Bem, vamos nessa."

Ele parece ser alguém legal. O que teria acontecido se eu não o tivesse encontrado? Bem, nunca vou saber. Éder vai na frente e usa uma magia de fogo para vermos o interior da caverna.

"Você usa magia de fogo?"

"Sim, infelizmente sou um dos únicos que conseguem usar magia. Mas não consigo usá-la por muito tempo. Parece que aquela hipnose estava sugando minhas energias, estou cansado."

Ao falar isso e olhar para frente, conseguimos ver uma cobra enorme. Sua altura chega a 5 metros.

"Éder! Toma cuidado, a cobra está bem na sua frente!"

A cobra, ao nos ver, recua para dentro da caverna.

"Lucas, você deve saber. Porém, não vou recuar. Vamos!"

Consigo ler em sua voz a determinação e coragem, algo que não parecia do garoto que encontrei antes. Adentramos a caverna e chegamos a uma parte onde o chão é feito de pedras lisas, lembrando um quarto muito grande. Lá na frente, a cobra nos espera.

Gostou da leitura? Adicione a sua livraria! Caso tenha alguma idéia ou sugestão, por favor me mande!

WendellzDcreators' thoughts